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Nas Entrelinhas de uma Mulher por Jubileu

Ver comentários: 2

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Palavras: 1459
Acessos: 1419   |  Postado em: 21/04/2020

Capitulo 3

 

Só me dei conta que estava de robe quando parei em um semáforo e um cara olhou para mim mordendo os lábios.

- Droga! – e soquei o volante.

A preocupação me pairava e eu me sentia a pessoa mais horrível do mundo. Deixei a garota na mão. Fui de uma insensibilidade única! Pensei até em voltar, mas com que cara eu voltaria. Estava morrendo de vergonha e o celular não parava de tocar.

- Oi...

- Onde você está?

- Fui fazer compras, estou dirigindo. - Por favor Rui, não me venha com sermões agora!

- Quer sair mais tarde?

- Ir para onde?

- Qualquer lugar.

- Pode ser noutro dia? Monize está indo lá pra casa. Hoje é sábado e quero ficar quieta, descansar um pouco, tomar um sol que estou precisando.

- Chego lá em 20 minutos!

- ok como quiser!

E desliguei. Não adiantava falar e falar e falar. Ele não iria entender, nem nessa vida e nem em nenhuma outra, que eu não o queria por perto. Que ranço! Soquei o teto do carro.

- Discar para Monize! – gritei.

- Oi doida, que ta rolando?

- Corre lá pra casa agora!

- Levo o extintor?  Por que você ta gritando?

- Não precisa.  Puta que pariu Mô é sério!

- Seu amigo acabou de me deixar uma mensagem: “ deixe a porta aberta”. Mas que porta? Cara, vocês tão bem fumados hoje!

- Só vai pra lá e eu te explico depois.

- Tô passada loca!

- Beijo, não fura comigo!

 E desliguei.

Devia ter acabado de ser multada, por direção perigosa, por alta velocidade e ultrapassar sinal vermelho. Entrei no estacionamento e sai do carro descalça quase socando o que me viesse à frente. Entrei no elevador ajeitando o cabelo e respirando fundo tentando manter o controle que eu não tinha naquele momento. A porta estava encostada. Abri com o ombro e fui jogando tudo ali mesmo.

- Mô?

- Aqui na cozinha!

- Oi...

E a abracei forte.

- Olha pra mim. Agora me diz. O que foi, o que aconteceu? – disse segurando o meu rosto com as duas mãos e eu comecei a chorar.

- Fiz tudo errado.

- Oh minha linda vem aqui.  A gente vai dar um jeito, eu estou aqui para a gente fazer o certo.

E eu sorri. Quando que ela fazia alguma coisa certa? – pensei.

- Você é um porre minha amiga.

- Vou colocar água na banheira e vou te dar um banho.

- Combinado. - sorri de novo.

- Adorei seu robe, mas vem cá, desde quando você usa isso? – e sumiu entrando no banheiro.

- Puts! – praguejei ao lembrar que nem era meu.

- Você saiu assim? Vai me dizer que foi ao mercado fazer compras! – ela cobriu a boca segurando uma risada.

- O que você acha? – e me despi do robe ficando nua.

Coloquei dentro do cesto com outras roupas minhas e pensei em ir à lavanderia naquela mesma tarde.

- Cadê todo mundo?

- puta que... - e me tampei do jeito que deu.

- Uau... Você esta maravilhosa assim... – e mordeu os lábios olhando para mim.

- Rui sai daqui!  - gritei.

Monize ficou na minha frente até que encontrasse algo para me enrolar.

- ok, estou saindo, foi mau.

- Vai Rui! - Vou buscar uma toalha, espera.

Pensava na Mel e de como ela deveria estar agora. Talvez devesse ligar ou não?

- Não sabia bem o que pegar. Tome. – e estendeu a mão com duas mudas de roupa.

Vesti a camisa, o short jeans e fui para o piso superior destrancando a porta de vidro e abrindo todas as janelas.

- Ei por que você trancou a porta?

- Me deixa em paz Rui! Por favor! Daqui a pouco eu desço.

- Vai mesmo fazer isso comigo?  Eu só quero conversar!

- Já estou fazendo.

E me despi novamente saltando na piscina.

- Posso entrar? – Monize gritou e vi seu vulto atrás do vidro jateado.

- Sim Mô! Quer que eu abra?  Só colocar sua digital!

E a porta se abriu.

- O seu banho vai demorar um pouco. – disse de costas para mim.  Tranco novamente? – e virou-se.

- Tranque. - Tudo bem não se preocupe, não quer entrar? – está uma delicia! - Estava precisando mesmo disso.

- Mais tarde.  Preciso preparar algo para comermos.

- Não. Pedimos fora! Fica de boa.

- Você quer conversar agora?  Trouxe amendoim, quer?

- Não... - e mergulhei até o fundo tocando o ladrinho verde-azulado com a ponta dos dedos.

Segurei a respiração ao máximo que consegui e voltei à tona me debruçando perto da Monize.

- Seu pai deu sinal de vida?

- Deu sim, está na Grécia.

- Ele mexe com drogas, fala sério!  Esse homem só viaja!

- Diz que é um novo projeto. - Bom que fique por lá e suma de vez!

- Não seja cruel.

- Não o perdoarei tão cedo por ter feito o que fez comigo!

- Ele só quer o seu bem. –Entenda! – e colocou um amendoim na boca.

- Quem sabe um dia quando esse “Basset Hound” sair da minha cola.

- Vamos combinar, esse Rui é realmente um bosta às vezes.

- Às vezes? Desde o dia que ele entrou na minha vida, ela só desandou.  Não posso mais freqüentar os lugares de antes. Meus amigos simplesmente desapareceram porque não o suportam!

- Vocês ainda vão se casar. Escreve.

- Deus me perdoe, nem se fosse o último homem na face da terra e precisássemos procriar para dar continuidade à raça humana!

E voltei a afundar na água. Só ouvi a gargalhada abafada.

Nadei até a outra extremidade e voltei.

- Vou ver o seu banho, já venho.

- Já desço.  Estou saindo.

Coloquei um punhado de amendoim na boca e desci. Rui estava sentado na sala com os dois pés sobre a mesinha de centro, mas tirou assim que me viu. “Bom menino! Tome o seu agrado!” – pensei jogando um monte de amendoim na sua direção.

- Está louca? – disse limpando o amendoim do cabelo.

- Você vai me ver realmente louca quando voltar a por essas suas pranchas em cima da minha mesinha!  Eu não responderei por mim!  Estou te avisando!  Disse que não estava num bom dia ou tentei te avisar!

- Comeu jiló no café da manhã? – me percorreu com os olhos até sumir no corredor.

Monize acabava de colocar os sais na água e voltou a me abraçar.

- Seja o que tenha acontecido, tudo se ajeita.

- Espero.  Obrigada pelo seu cuidado de sempre comigo.

- Não tem de que!  Vou por o Rui para fazer um churrasco para a gente.

- Ele não vai conseguir nem acender o carvão, quem dirá assar a carne!

 

Joguei a toalha no chão e entrei na banheira. Penso ter adormecido por que acordei com a espuma entrando na boca. Não tinha noção de que horas eram e a água já estava quase fria.

Vesti um moletom e fui para sala, mas não havia ninguém.

- Mô?

E percorri todos os cômodos, tanto no andar de baixo quanto o de cima.

- No quarto dos fundos!

E corri para lá.

- Cadê o Rui.

- Foi embora.

- Que bom!

- Deita aqui comigo. Você dormiu e eu não quis te incomodar.

- Quase me afoguei!

- Não brinca! Eu acabei de sair de lá para ver se não estava morta no fundo da banheira.

- Engoli espuma.

- Ah isso era esperado, mas dificilmente você se afogaria.

- Ele fez o churrasco? Estou faminta!

- São quase 17:00.  E não, ele não fez a carne, porque quando eu saí, ele já não estava mais na sala.

- Nossa eu apaguei.  E o que você comeu?

- Pizza.

- Não sei o que seria de mim sem você.

- Pedi a sua preferida.  Está na mesa.

- Obrigada!

Mordi um pedaço de pizza e me veio a Mel na cabeça. Num ímpeto de coragem resolvi ligar para ela.

- Mô você viu meu celular?

- Não. - Não está no carro?

- Não me lembro onde o deixei.

- E como falou comigo?

- Com o celular do carro.

- Não tem nada a ver com o Rui tem?

- Não.

- Ele poderia ter levado?

- Ai... - e coloquei a mão na cabeça.

- Você está bem?  Está sentindo alguma coisa?

- Lembrei de onde o deixei.

 

Fechei os olhos e vi meu celular tocando sobre a mesa de madeira na cozinha.

Mas a mesa não era minha, muito menos a cozinha.

 

Fim do capítulo


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Comentários para 3 - Capitulo 3:
Brescia
Brescia

Em: 26/04/2020

            Oi de novo.

 

Quem é esse pé no saco? Bem chato por sinal, ainda não estendi essa liberdade que ele tem no apartamento da Júlia. Vamos adiante,rs.

 

          Baci piccola.

Responder

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thays_
thays_

Em: 24/04/2020

Estou segurando um cartaz aqui gritando "atualiza! atualiza! atualiza!"

 


Resposta do autor:

A pedidos. rs

Obrigada pela força!

Beijo

Responder

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