Capítulo 5 - Amigos e surpresas

Seguimos de carro ao "Italiano" meu restaurante favorito, o almoço foi prazeroso, regado a uma conversa agradável, depois de aproximadamente uma hora voltamos a empresa, passei o restante da tarde finalizando a arte e designer de um novo personagem, que agora precisava de uma história, fui pessoalmente falar com nosso redator, um amigo que tinha em comum com Helena desde os tempos da faculdade, Guilherme Mendes, 38 anos, solteiro, formado em comunicação, praticamente foi intimado a ser nosso redator na TomGamer, nos conhecemos numa dessas festas de faculdade e nunca mais nos separamos,  Gui,Helena, Tom e eu. Invadi a sala eufórica quase gritando:

_ Guiiiiii, o Terremotis está pronto!

_ Aiiiiiiiiii! Sua louca, quer me matar do coração, já ouviu falar em bater antes de entrar?

_ No seu caso não, que graça teria? (risos) - depois adoro arrancar esse seus gritinhos de bicha, que adoro. 

_ Mas é mesmo muito idiota!  Mania de achar que todo gay tem que ter trejeitos, se depender de você o mundo todo é gay, vestindo pink, com plumas e paetês, aliás você podia  parar de fazer isso no game? Sério, cada personagem que tu cria, ou anda, ou fala, ou batalha como um, último era totalmente sei lá fashion, como vou fazer a redação de um guerreiro forte, poderoso, másculo, com bíceps horrendos, com toda peruada que ele faz nos saltos em combate.

_ Oh! Guilherminho, confessa que tu adora um desafio - dou uma gargalhada.

_ Deixa, te mostrar o que criei, vem aqui vem, senta do meu ladinho que sei que tu gosta, venha pro seu santo sofá, abro meu notebook e começo a explicar todos os detalhes do personagem, das armas, magias e golpes, dando dados e informações necessárias para que ele crie um roteiro.

_ já vi que o foco do personagem é habilidade com o elemento terra e a maioria dos feitiços estremecem a terra, me pergunto porque será que deu esse nome?

_ Viu, porque te amo, já pegou a sacada do nome - risos, passo o resto da tarde apresentado  o meu mais novo guerreiro de classe a Guilherme.

Depois de um tempo, já cansado decreta:

_ Chega, já estou a par de tudo que preciso para dignificar um roteiro para o seu mais novo queridinho, Tetramotis.

_ Argh, "Terremotis", para de arrumar apelido para os personagens que faço, oh? implicante! - fecho o notebook indicando que finalizamos.

_ Okay, agora me conta, conheço muito bem quando fica aí toda impaciente, segurando pra não falar o que realmente quer, o que foi?  Desembucha! não pretendia entrar nesse assunto, mas sendo seu amigo e sendo você a irmã que não tive, me conte, a consulta hoje é 0800.

_ Cara, você tem 3 irmãs, doido.

_ Tenho, fato! Mas nenhuma delas é lésbica! Nenhuma é do clube, por isso você é a irmã que não tive.

_ Besta! - reviro os olhos.

_ Sim, isso você também é! - retruca - mas voltando ao assunto principal que é: Helena - me olha ressabiado de canto de olho, esperando pra ver qual seria minha reação ou se teria alguma tipo de ataque de fúria, percebendo que fico calada e pensativa, continua:

_ Então, Tone, já está mais do que na hora de você resolver esse seu problema, não acha?

_ Gui, já disse a você, não tenho problema algum a resolver com Helena, meu único problema é o ignóbil do Marcos. 

_ Fala sério Tone, para com essa negação, porque só convence você mesma e a mais ninguém - preste atenção, estendeu a mão a minha frente e de forma teatral começou a contar destacando os dedos:

_ Um, você é apaixonada por ela e morre de ciúmes dele, embora concorde com você dele ser mesmo um ignorante. 

_ Dois, você é apaixonada por ela e três? - sorri triunfante -  você é loucamente apaixonada por ela.

Balanço a cabeça negativamente enquanto respondo também contando nos dedos:

_ Um, o seu primeiro ponto tem duas afirmativas em uma, não conta como um somente um ponto, dois e três possuem a mesma de uma das afirmativa do primeiro, assim sendo temos um ponto, sendo este falso em uma das afirmativas, logo uma única afirmativa é verdadeira, conferindo a sua pontuação 3 afirmativas falsas, uma verdadeira e uma falsa, das quais uma discordo, o que posso certo? não concorda?

_ Gzuis mulher, não dá pra conversar com você, para de tentar fugir da verdade e confundir minha cabeça, que começou a doer, o ponto é e fato verdadeiro que você é apaixonada por ela e precisa resolver isso, aliás vocês precisam resolver isso e logo, porque vir aqui utilizar meu sofá para consulta e não tomarem atitude é errado, me deixem fora disso pelo menos.

_ Por que diz isso? - pergunto assustada - Helena te falou algo? como assim deixar você fora desse assunto? ela te procurou, bicha que informação você tem e não me deu? - num impulso seguro seu colarinho me jogando em cima dele -  com olhar inquisitivo e o deixando acuado, consegue esquivar o corpo e sair reclamando.

_ Não, não e não, já falei até demais, nem adianta tentar suas chantagens, nem sob tortura conto o que Leninha conversou comigo deitadinha aí no meu santo sofá, é sigilo profissional - dá as costas e sai bufando em direção a sua cadeira.

_ Ah tá, desde quando é sigilo profissional conversa entre amigos? você sabe que, o fato da gente deitar nesse sofá e conversar com você para ter uma de suas loucas opiniões ou para desabafar,  isso não se trata de um tipo de consulta, né? como se você fosse um psicólogo ou coisa parecida, aliás, você nem é psicólogo, psiquiatra, médico ou coisa do tipo que exige sigilo baseado no tratamento médico x paciente?

_ Uai, toninha, psicólogo não sou mesmo não, mas guru pra essas coisas do core, ah isso eu sou doutorado, mestrado e afiado, e dos bons, o sofazinho que o diga minha flor de abóbora, só vive cheio, tá bom? inclusive você mesma é frequentadora assídua, agora por que não aproveita e deita um pouquinho pra gente terminar essa sessão da maneira correta? - disse  empurrando fazendo meu corpo cair de costa no sofá - deita ordenou - agarro o bob esponja, a almofada que faz decoração junto com o sofá amarelo e rendida pergunto:

_ Okay, em parte sei que está certo, mas não é justo esconder o que sabe de Helena - falo  aborrecida fazendo carinha triste de cachorro abandonado.

_ Maninha, nem adianta fazer essa carinha, não vou falar nada, minha boca é um túmbalo do rei tutancâmon pra essas coisas de sigilo profissional, mas independente da outra parte não poder ser dita, sério florzinha, você já se segurou demais, guardou demais, negou demais os sentimentos? ainda é tão confuso, ou difícil, ou improvável falar deles para quem precisa escutar?

_ É complicado Gui - falo com o coração doendo - lá atrás isso já era complicado, depois desse idiota ficou ainda mais complicado - fecho os olhos na tentativa vã de segurar uma lágrima - não dá, não consigo.

_ Ai Tone meu amorzinho, assim você me mata - desaba o corpo deitando do meu lado - chega pra lá vai, me abraça, estou triste demais, conheço vocês a tanto tempo e ver vocês complicarem o que era pra ser tão simples me deixa tão down, viu? tô precisando de conforto, sou sentimental demais pra aguentar ver tudo isso sem sofrer junto - ele me faz sorrir - vem bicha, deita aqui seu tonto - sei que o abraço é mais ele oferecendo que o inverso - amo você Gui, obrigada por me ouvir sempre - digo baixinho.

_ Vai dar tudo certo, Tone, uma hora ou outra as coisas vão se ajustar, vão se encontrar, tenho certeza que vocês são como o povo fala: almas gêmeas, a metade da laranja, a azeitona da empada, a tampa da panela, a  cereja do bolo uma da outra..

_ Besta, só você para me fazer rir sobre isso.

_ Eu som bom - o convencido brada satisfeito - mas olha, não vai demorar muito pra ela acordar e descobrir que aquele  aquele tiranossauro não vale nada. 

_ Quem dera Marcos pudesse ser o homem na vida de Lena que torna tudo tão complicado, Tom estará sempre presente tornando isso impossível - digo baixinho, quase um sussurro e o abraçando ainda mais apertado - agora fica quietinho aí, quero curtir também esse aconchego.

Nesse momento minha sobrinha bate a porta, que faz Gui gritar um alto e sonoro:

_ Entraaaa!
_ Pode entrar! Mas vou logo avisando, não tem vaga no sofá agora, consulta agora só com hora marcada, isso aqui anda movimentado demais - ele termina rindo e eu gargalhando.

_ Oi - era minha sobrinha

_ Oi, pekena - Gui e eu falamos juntos

_ Aff, sério gente? a fase de pequena passou, carai, tenho 1,70 e já sou crescidinha - Gui e eu gargalhamos, Bia odiava o apelido.

_ Olha a boca menina - Gui retruca - vou falar pra Helena proibir você de sair com a Tone, viu? - para mim debochado, diz: 

_ Olha a má influência que você está se tornando - me dá um tapinha forte.

_ Ai, peste isso doeu! - reclamo massageando o braço.

_ Tia, se não soubesse que você é lésbica e ele gay, sei não viu? essa agarração toda de vocês seria muito suspeita. 

_ Cruzes, uiiii! - Gui dá seus famosos gritinhos - pode parando projeto de gente, sou tão gay que tenho certificado de ter sido um nas minhas 300 últimas encarnações e continuarei sendo, porque sou uma alma que somente evolui, viu? - diz levantando de supetão me derrrubando no chão.

_ Desgruda Tone, sessão de conforto acabou, Bia tem razão já deu, muito tempo abraçado com mulher, mesmo sendo você integrante do vale das sapas, é demais para meu status gay.

_ Tia, estava te procurando, estamos precisando de você na sala de teste, pode vir comigo agora?

_ Posso sim - levanto do chão esfregando o  bumbum direcionando um olhar mortal ao Gui - tem volta Guizinho, me aguarde.

_ Vamos Bia, só tenho uma hora no máximo pra isso, depois vou meter o pé, a noite hoje promete ser muito boa.

_ Hummm, encontro com Anne, em plena segunda? Posso ir com você? - sorri maliciosa.

_ Bia, Bia, toma tento garota!!! Partiu, vamos ver o que vocês andam aprontando no coliseu.

O coliseu era como carinhosamente apelidamos a sala de teste,  isso porque foi projetada para ser oval na parte onde ficavam os monitores, sofás e cadeiras para teste dos jogos, nela trabalha a equipe de tester de aproximadamente 20 pessoas em turnos intercalados, sendo alguns deles líderes de equipe, Bia era uma, havia 4 pessoas na sala, entre elas Rafaela, campeã nacional em games individuais ou dupla, minha sobrinha tem uma queda por ela tipo cachoeira foz do iguaçu, mas pelo que conseguia perceber não saia de olhares.

_ Toca aqui Rafa - dei um soquinho em cumprimento - fala que bug deu que precisou a mocinha aqui me buscar? 

_ Uma das missões da pedra esmeralda, está dando bug direto bem quando travamos combate com o guardião da sala principal, precisa modificar o código, a geniazinha aí parece ter uma solução, mas aí já não é minha praia você sabe - levantou e cedeu lugar a Bia ficando apoiada por trás bem perto do seu ouvido - Anjinho, mostra aí pra sua tia deixei pausado bem no ponto do bug - Bia corou de imediato, já eu segurei o riso preso nos lábios.

_ É "anjinho" - frisei para tirá-la do sério  - mostra o bug e depois vamos estudar o código juntas, se for bom mesmo e der certo ganha estrelinha e como prêmio, quem sabe consigo convencer sua mãe deixar você passar o carnaval em búzios com a família da Rafa - pisquei pra Rafa que estava batendo palminhas de felicidade.

_ Rafa, pode confirmar com seus pais que vou, com esse código ganho estrelinha, emoticon e medalha - disse satisfeita e para mim _  Tia Tone vai ter que se virar nos trinta e convencer a dona encrenca, boa sorte - sorriu e piscou zuando minha cara.

Meia hora depois, o código estava completo, Bia fazia uma dança esquisita na sala comemorando a ida para Búzios no carnaval, enquanto euzinha pensava na maneira que teria para convencer Helena de permitir 

_ Estou muito fu..., sua mãe vai me matar dessa vez, bom crianças parabéns, excelente trabalho, vou nessa, não esqueçam de desligar tudo e juízo vocês duas - mirei dois dedos dos meus olhos em direção as duas como quem diz estou de olho.

_ Hahahaha - Rafa gargalhava _ sou completamente sem juízo Tone, a verdade é que nem sei o que é isso.

_ Pode deixar tia, o que ela não tem de juízo eu tenho de sobra.

_ Beijos meninas 

Saí apressada em direção ao elevador conferindo o celular. enviei mensagem para Anne confirmando  que estava tudo certo e iria chegar no horário combinado, passo em minha sala, desligo tudo e pego minha bolsa conferindo as chaves, quando estou saindo encontro com Helena.

_ Já está indo?

_ Sim, lembra? falei no almoço, tenho um encontro com a Anne hoje - digo constrangida. "Porque estou constrangida?" o pensamento invade. 

_ Ah, é verdade tinha esquecido, posso pegar carona com você? - pergunta ressabiada - Prometo não demorar, de manhã Marcos acabou me me deu carona, pretendia voltar com você de qualquer forma, mas se não puder tudo bem, pego um Uber ou Táxi.

_ Não, tudo bem claro que posso esperar alguns minutos - digo sorrindo.

Helena demorou uns dez minutos e partimos para o estacionamento, já dentro do carro:

_ Música? pergunto.

_ Sim, claro, sempre! Adoro.

Liguei o multimídia tocava um vídeo do Nando Reis com AnaVitória cantando "Relicário" -  o silêncio tomou conta enquanto a música mexia com as emoções reprimidas.

_ Amo essa música! - suspira

_ Sabe que a voz da Vitória lembra muito a sua? - coloca a mão sobre  minha coxa, o que faz meu corpo tensionar na hora.

_ Lembra quanto tocou e cantou no luau em búzios? Foi a primeira vez que escutei você tocando e cantando para uma platéia, acho que a última também, nunca mais se aventurou a repetir.

_ Claro que lembro - limito a dizer lembrando daquela noite, foi a noite que venci a timidez e aproveitei a desculpa de estar pagando uma aposta, para tocar violão e cantar, pretendia depois dizer que cantei pra ela, escolhi a música que demonstrava exatamente o que sentia por Helena  "Apenas mais uma de amor" do Lulu Santos, eu estava tímida e nervosa, ela estava linda aquela noite em um vestido branco estilo tomara que caia, soltinho e rodado na altura dos joelhos, linda com o cabelo preso e alguns fios cacheados soltos caindo pelo rosto, o que deixava seu pescoço amostra, os azuis dos olhos brilhavam sob o luar de búzios, lembro que enquanto cantava a buscava com o olhar e eram nos dela que conseguia toda calma para levar a música até o final, seu olhar iluminanava mais que a lua, minha intenção era mais tarde confessar que cantei pra ela, no entanto isso nunca chegou a acontecer, pra ela tinha sido apenas uma garota pagando uma aposta.

_ Foi lindo, você estava tão tímida, fiquei encantada, não sabia que cantava tão bem e que voz? rouca, doce! - ela parou nesse momento, como quem escolhia palavras continuou - realmente me surpreendeu aquela noite Tone, você foi perfeita e estava linda! Deveria vencer essa timidez e nos felicitar com mais apresentações, foi um dia especial.

_ Você exagera, mas foi especial sim - digo saudosa lembrando que também foi naquela noite também que Tom e Helena começaram a namorar - Talvez, quem sabe, qualquer dia desses esteja muito bêbada e repita toda aquela loucura, sabe que não curto muito platéia.

_ Chegamos, enfim, "lar doce lar" - brinco, mas antes de sair do carro sou impedida por Helena que me surpreende com um beijo no rosto, quase nos lábios,  e com ele ainda colado diz baixinho:

_ Gostaria muito disso, Tone! -  ela se afasta encarando meus olhos assustados por uns segundos - tento disfarçar a minha falta de reação e digo:

_ Comigo bêbada claro! Quem sabe um dia! - fujo do seu olhar tentando descontrair.

_ Sóbria, em um dia especial como aquele - ela diz me encarando 

_ Tem mesmo que ir ao seu encontro? Você esqueceu, né? Era o nosso dia, ficamos de assistir Bird Box juntas, lembra?

_ Hum, desculpa, realmente preciso ir, podemos fazer isso outro dia, Anne e eu estamos precisando de um tempo juntas.

_ Claro! - ela suspira - Anne é mais importante agora - diz parecendo incomodada e parte entrando  em casa.

_ Eiiiii! - corro tentando alcançá-la - o que foi?  - digo quando consigo estar de frente a ela na cozinha, onde estava bebendo água.

_ Tone, melhor você ir, vai atrasar e não é legal deixar sua namorada impaciente!

_ Ela vai entender tenho certeza, conheço você Lena, o que está acontecendo? que bicho te mordeu? 

_ Nada Tone, só estou cansada e lembrei do filme, pretendia espairecer um pouco.

_ Não precisa esperar por mim, pode assistir esse sozinha, depois escolhemos outro para assistirmos juntas - digo achando que a chateação é por querer assistir o filme hoje, as sessões de cinema era algo nosso que tinha virado uma rotina sem dias certos.

_ Não, depois marcamos outro dia, vou tomar banho e voltar para  cuidar do jantar, mais tarde vou tentar terminar um livro que estou lendo, boa noite! - ia saindo da cozinha.

_ Não entendo você sabia? Devia ficar feliz por mim estar com alguém já há algum tempo e de estar preocupada em dar atenção a ela - Helena retorna o corpo em direção a mim

_ Está gostando dela a esse ponto? - pergunta surpresa e aproximando-se

_ Não sei dizer, okay? Mas sim estou pensando em ir para uma próxima etapa do namoro.

_ Oh! E qual seria? continua caminhando em minha direção e para fugir do seu olhar escondo a cabeça na geladeira fingindo procurar algo, digo:

_ Morarmos juntas! 

Sinto meu corpo ser puxado da geladeira ficando de frente para Helena, que franzia a testa tentando compreender o que acabara de lhe dizer,  confusa pergunta:

_ Onde? Como? Quando decidiu isso? Foi você ou ela que propôs? Quando iria me contar? Melhor pretendia contar em algum momento? Não acha precipitado? Isso não é bem você Tone, ceder a pressão de namorada.

_ Ohhh! calma, muitas perguntas, pouco tempo para responder, até fiquei confusa - digo esquivando do seu corpo,.

_ É sério isso Tone? - pergunta num tom mais baixo e triste.

_ Não sei Lena, okay? não sei, e sim, pretendia falar com você sobre mas não assim e não agora, olha nem sei direito sobre isso ainda, estamos amadurecendo a ideia ainda, é só algo que Anne e eu andamos conversando, mas sem cobranças de quando ou como - falo tensa andando de um lado a outro na cozinha - de qualquer maneira falar sobre isso com você não é simples, você sabe!

_ Por que, não é simples?  - agora em um tom de surpresa.

_ Por que? porque você vive implicando com Anne,  é evidente que você não gosta dela - digo de forma acusadora.

_ Não se trata de gostar ou não, é que - ela pausa, eu espero e ela não termina. 

_ Ah! quer saber, Tone? Vai ver sua namoradinha e esquece essa conversa, melhor falarmos dessa loucura em outra hora, tenho certeza que o tema vai render - passa por mim furiosa em direção a escada, me deixando atordoada na cozinha - "o quê? Alguém pode explicar isso produção?! Será que devo ir atrás? - penso olhando para o vazio deixado por onde Helena partiu - "Ah Helena se você soubesse a bagunça que anda meu coração, inferno"

Fim do capítulo