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Onde eu desconheci você? por elagabriela

Ver comentários: 1

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Palavras: 1769
Acessos: 651   |  Postado em: 19/04/2020

Notas iniciais:

Este capítulo é muito importante para que possamos conhecer alguns aspectos importantes da vida das nossas personagens, principalmente a Lara. Afinal de contas, tudo o que fomos, tudo o que nos aconteceu, de um modo geral, contribui para a nossa formação enquanto ser humano.

Combustível

 

P.O.V. Lara Araújo 



Entrei no quarto sem esperar que ela viesse atrás. Honestamente, nos últimos tempos eu tenho sempre esperado o pior da parte dela. Diante da minha solidão, vários pensamentos se avizinhavam e traziam um quê de drama àquele sábado de isolamento social.  



Sabe aquele momento da vida em que a verdade está desenhada bem diante de você e no auge da covardia você se recusa a vê-la? Bem, eu me encontrava bem aí. Falei com tanta veemência para a Natália que ela tinha medo de admitir que o trem estava descarrilhando, mas me recusava a aceitar a parcela de responsabilidade que eu tinha. Afinal, não era só ela que estava adiando o inadiável. Seria crueldade colocar nela a culpa por tudo.  



Não era como se eu tivesse arrependida de tudo o que vivemos. Nossa, ela me ensinou tantas coisas! Me deu uma perspectiva de vida, me fez acreditar que eu não precisava viver pela metade para sempre. Quando meu pai se foi, a minha vida se tornou uma paisagem em escala de cinza. Ele era meu amigo, minha razão de viver. A última imagem que guardo dele vivo, naquela cama de hospital, me persegue desde então e sua função por vezes se mostra ambígua; ao passo que me entristece saber que nunca mais o verei, pensar nele durante muito tempo foi a minha fonte de coragem para seguir vivendo.  



Eu era uma garota comum do interior do Ceará, cursando o segundo ano do Ensino Médio e, nesse momento, aos quinze anos de idade, eu experienciei verdadeiramente a solidão. Aonde eu iria? Minha mãe nos abandonou quando eu tinha apenas três anos de idade para viver com outra pessoa e a partir de então eu a via com menos frequência que via o dia vinte e nove de fevereiro. Trocávamos pouquíssimas palavras, como se fosse apenas uma questão contratual. Eu preferia que me olhasse com ódio. Seu olhar, no entanto, era frio e me provocava sensações dilacerantes. Cresci apenas com o meu pai e ele se desdobrava para que nada me faltasse, em nenhum sentido. No dia do seu velório, eu chorava diante daquele corpo estirado, mesmo sabendo que ali já não estava o meu pai. Eu implorava, olhando para o seu cadáver na minha frente e dizia aos prantos: 



– Não me deixa sozinha, por favor!!! 



Quando ele morreu, minha mãe estava morando em outro estado e nem me ligou para perguntar como estava, que dirá para sugerir que eu morasse com ela. Ali, todo o vazio que a falta do seu amor causava no meu coração transformou-se em um ódio forte e genuíno. Desejei que ela morresse. Desejei que eu morresse. Mas não morri. Sobrevivi. Um sobrevivente nada mais é do que um não-morto, um por-pouco-vivo. Meu processo de sobrevivência passou por uma efetiva mudança. Aceitei o convite da tia Regina, irmã do meu pai, para morar com ela e a família em Fortaleza. Ela foi receptiva ao máximo. Na sua casa, dividia o quarto com a minha prima Letícia, que também me acolheu com muito amor. Seu irmão, Filipe foi igualmente acolhedor.  



Então, tudo novo. Cidade nova, escola nova, amigos novos, mas a sensação de solidão era familiar. Aos poucos, ela foi dando espaço para um outro sentimento: a revolta. Ao contrário da solidão, que era fria e em tons azuis, a revolta era quente e em tons avermelhados. A solidão me paralisava; a revolta me movia. Aos poucos, a minha vontade era de externalizar ao máximo essa revolta que orbitava o meu pensamento. Comecei tingindo o cabelo com um vermelho vívido. Depois, fui fazendo vários piercings pelo corpo. Primeiro, furei algumas partes das orelhas. Depois no septo e aos dezesseis anos decidi colocar também nos mamilos.  



Tia Regina assistia silenciosamente às minhas transformações, apesar de ser visivelmente contra as minhas escolhas. Eu sentia que ela tinha medo de me confrontar por ainda sentir dó de mim, por tudo o que aconteceu. Todos naquela casa pareciam me tratar como coitada e aquilo me revoltava ainda mais. Contudo, eu não queria causar transtornos, visto que àquela altura temia voltar para o interior e ter que morar com vovó, que certamente seria bem mais rígida. Então, não discutia com eles por motivo algum, ajudava nas tarefas domésticas e no que mais fosse preciso, mantinha notas boas na escola e tentava mostrar a todo custo que eu era uma pessoa normal e não uma pobre coitada. Mas às vezes era impossível me manter na linha. 



Dessa forma, fui criando uma personagem que evitava demonstrar fraquezas, dores, angústias. Eu me sentia muito autossuficiente, mas o fato é que todo adolescente precisa de limites e tia Regina só percebeu isso quando me viu chegar em casa completamente embriagada em uma sexta à noite. Ali ela sentiu que eu precisava de freio, caso contrário, acabaria me perdendo completamente. Ela passou a tentar controlar os meus passos, minha alimentação, minhas amizades. Qualquer atitude minha era motivo de desconfiança para ela. Eu tentava não confrontá-la porque, afinal, ela não era obrigada a me dar um lar, comida, roupas e tudo mais. Por mais que ela não gostasse de admitir isso, no fundo todo mundo sabia que ela estava me fazendo um favor. Talvez alguma dívida moral com o meu pai, de quem sempre foi muito próxima. Sim, tia Regina me amava e esse não era o problema. Ela tinha dinheiro e esse também não era o problema. O problema é que eu caí de paraquedas na família dela e alterei completamente a vida naquela casa. Embora parecesse inconsequente, eu tinha plena consciência disso e no final das contas me sentia um peso, da qual todos tentavam se livrar. 



Em meio a tantos problemas, eu ia me tornando uma mulher adulta. Ao final do Ensino Médio, com dezessete anos, tive que me decidir por um curso de graduação. Sem me preocupar com a opinião de ninguém, optei pela licenciatura em História e via SISU consegui a vaga. Tia Regina foi efetivamente contra. Em uma das nossas conversas, em que ela tentava me convencer a escolher um outro curso, chegou a me perguntar se eu achava que era isso que o meu pai queria para a minha vida. Definitivamente, aquela mulher não o conhecia, pois ele certamente me apoiaria nessa decisão e em qualquer outra que não fosse nociva para a minha vida ou para a vida de terceiros. Então, eu novamente frustrei a mulher que me acolheu da melhor forma possível, quando tudo o que eu tinha como perspectiva era a solidão. Frustração maior, no entanto, foi quando eu contei a ela sobre a minha orientação sexual. Eu já tinha dezoito anos e, portanto, da parte dela não havia nenhuma obrigação em continuar me sustentando. Porém, apesar de discordar e de me fazer constantes palestras sobre como isso era errado e pecaminoso, ela acreditava que era uma fase, que isso era mais uma reação minha a tudo o que me aconteceu. Esse era outro ponto que me chateava bastante; todos acreditavam que tudo o que eu fazia é porque fui abandonada pela minha mãe e fiquei órfã do meu pai. Era como se eu não pudesse ter autonomia sobre meus sentimentos e ações, estando tudo amarrado ao meu passado traumático. De fato, esses acontecimentos moldaram parte do meu caráter e me fizeram ver a vida a partir de outra ótica, mas eu estava cansada de usar essa dor como muletas. Eu precisava andar com minhas próprias pernas, traçar o meu caminho e viver – não apenas sobreviver.  



Na graduação eu aprendi muito sobre muitas coisas, mas as principais lições certamente tangenciam os vários conceitos de tempo. Aprendi que diferentes sociedades estabelecem diferentes sentidos de temporalidade. Muito mais do que a maneira de medir o tempo, os vários grupos humanos desenvolvem diferentes formas de se organizar a partir dele. O que isso tem a ver com a minha vida, particularmente? Foi meu amor pela Natália que me conferiu a possibilidade de ampliar o meu horizonte de expectativa e pensar que, pela primeira vez desde que o meu pai se foi, eu seria feliz. Ou seja, um futuro de esperança, superando o meu passado de tristezas. Ela me devolveu o que há tempos tinha se perdido: o sentido de viver. Isso é lindo, de fato, mas pensar em perdê-la antecipava em mim a sensação do terceiro abandono. Definitivamente, o pior de fazer de uma pessoa o seu tudo é que uma hora ela se vai e sobra apenas o nada. Eu desaprendi a viver pelo nada.  



Hoje o meu cabelo já retornou ao castanho natural, parte dos piercings eu já retirei – deixei nos mamilos porque a Natália acha sexy – e as tatuagens que carrego são símbolos de felicidade ou mero apetrechos estéticos – não mais poesias de revolta. Hoje eu sou mais livre. Livre do ódio que eu sentia da minha mãe. Livre da inconformidade de ter perdido o meu pai – claro que ainda sinto saudade, mas até ela é livre. Também estou livre da culpa de ter frustrado minha tia – que hoje, apesar de não concordar com a minha orientação sexual já respeita a minha autonomia, respeita o meu relacionamento. Só uma coisa ameaçava toda essa minha liberdade: ficar sozinha de novo. Foi então que eu percebi que talvez eu não fosse tão livre quanto pensei. Eu me entreguei demais e agora me recuso a 1acreditar que voltei à estaca zero. O amor que vivi ao lado dela era como a minha força motriz, o alimento que me mantinha de pé e olhando para o futuro, o meu combustível... Bem, acho que alguém já escreveu sobre isso antes. Como diria a poetisa, o enredo de um bom melodrama sapatão nunca é inédito. Para ser ainda mais caricato, só se fosse uma repetição de alguma música da Ana Carolina. Não resisti; precisei reproduzir a canção e cantar a plenos pulmões: 



Fiz de você meu combustível, 
Meu horizonte, meu abrigo 
E num momento mais sensível 
Quis ter você sempre comigo. 



Não vou deixar cair o nível, 
Te transformando num castigo. 
Eu, que pensei ser invencível, 
Não me dei conta do perigo. 



 



No final das contas, tanto a Natália como eu nos tornamos o tudo uma da outra. Eu era tudo dela nesta cidade e ela era tudo de mim nesta galáxia. No fundo, ela sentia a responsabilidade de representar o elo mais significativo que eu tinha de família. Enquanto isso, eu sentia a responsabilidade de fazer valer a pena a mudança total que ela fez para que pudéssemos viver o nosso amor. Foram tantos erros e nesse momento eu precisava externalizar de alguma forma esses sentimentos. 



 



Sei que fui fanática, suicida, 
Abri mão da própria vida. 
Fui refém e fui bandida, 
Por querer te amar demais. 



Quase entrei num beco sem saída, 
Mas depois da despedida 
Volto ao ponto de partida, 
Pra encontrar o amor em paz. 



 



Será que ainda é possível voltar ao ponto de partida? Será que ainda há chance de encontrar o amor em paz? 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Música do capítulo:

https://www.youtube.com/watch?v=24v1F7FiX8Q

Me falem se estão gostando!


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Comentários para 3 - Combustível:
thays_
thays_

Em: 19/04/2020

Sua escrita é muito poética, tem um quê de melancolia que faz com que a gente sinta isso pelas palavras, é bem envolvente. Ansiosa pelo próximo capítulo!


Resposta do autor:

Muito obrigada!!! Fico feliz por você estar gostando. 

Já tem um capítulo novo!

Beijo!

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