Capitulo 24 - Dias de luta
A minha vida estava do avesso e eu pedia a Deus que o meu coração não se enchesse de sentimentos ruins. Minha cabeça trabalhava o tempo todo em uma solução. O primeiro passo era pôr a venda a nossa casa.
Não havia uma outra saída e voltar para lá estava fora de cogitação.
- Filha? Teu celular está tocando... - minha mãe se colocou ao meu lado.
Olhei a tela e era Pietra.
- Obrigada, mamãe... - peguei o aparelho, porém não atendi.
- Filha, me conte, o que está realmente acontecendo? - a pergunta me pegou de surpresa.
Diria a verdade?
- Boa noite... - Charlotte chegou, me trazendo alívio. - O que houve?
Seu olhar caiu sobre mim.
Momentos depois, estávamos no sofá da sala. Charlotte passou a narrar exatamente tudo o que estava acontecendo, decidindo abrir o jogo para a minha mãe. Eu me sentia mais aliviada dessa forma, pois esconder tanta coisa de dona Regina estava me fazendo ficar ainda pior.
- Eu sinto muito por tudo isso, dona Regina. Jamais foi a minha intenção trazê-las pra toda essa confusão. - busquei a sua mão.
- Filha, pelo que entendi, você é uma grande vítima disso tudo... - minha mãe sempre foi uma pessoa simples de lhe dar. - Não se culpe jamais... E se eu puder ajudar, me chame. Eu vejo o quanto ama a minha filha e o que verdadeiramente gosta de nós. Vamos estar ao seu lado... O que você está fazendo por meu filho, por nós... - dona Regina passou a lagrimar. - Obrigada...
Dessa vez foi a minha poderosa quem tomou a iniciativa e abraçou minha mãe. Olhei para a escadaria e Cristian acompanhava a tudo. Fui até se encontro, o ajudando a descer e seguimos para a cozinha. Minha mãe e eu passamos a fazer o jantar, enquanto Charlotte havia ido tomar banho.
- Essa casa é muito maneira... - Cristian foi colocado para cortar cebolas. Ele parecia um pouco melhor aquele dia. - O que vai acontecer com a nossa?
- Vamos vende-la... E procurar um outro lugar pra morar. - minha mãe respondeu.
- Mas, fomos criados lá, mamãe... - respirei fundo. - Isso não é justo!
- Sabemos que não, Cris... - me virei para ele. - Mas é necessário.
Durante o jantar, Charlotte contou que William havia ido para Londres e rejeitou o cargo a presidência da Allen. Contou também sobre o momento de reconciliação que tiveram, o que me deixou realmente feliz. Em meio todo aquele caos, algo bom aconteceu.
Depois do jantar, dona Regina e Cris foram deitar, pois aquele dia havia sido duro. Charlotte e eu estávamos na sala, conversando sobre com quem ficaria a presidência da Allen, quando o interfone tocou. Ela levantou para atender e eu busquei por meu celular, percebendo que havia inúmeras ligações e mensagens de Larissa. Algumas me xingando por não responder.
Ri com o drama da ruiva.
- É o Afonso e a Pietra... - Charlotte voltou a sala. Franzi o cenho, estranhando.
Logo a campainha tocou e minha poderosa foi até a porta atender.
- Desculpe o horário, querida... Mas temos algumas coisas pra conversar. - Afonso surgiu em meu campo de visão, acompanhado de Pietra, que sorriu ao me ver, e logo atrás uma mulher que jamais havia visto em minha vida.
Ela era morena, dos olhos claros e muito bonita. Parecia muito uma modelo.
- O que é tudo isso? - Charlotte se colocou ao meu lado. Olhei novamente para a mulher e ela parecia um pouco assustada. Seu rosto estava machucado e os olhos tristes. - Quem é essa moça?
- Ela é uma das meninas que trabalhava na boate do papai... - Pietra se pronunciou.
- E como ela conseguiu sair? - perguntei, me aproximando para ver se algum de seus machucados precisava de cuidados. Ela se retraiu, se escondendo atrás de Pietra.
- Tá tudo bem, Malu... - Pietra usou de um tom ameno. - A Lua é uma boa pessoa... Ela só quer te ajudar...
- Como ela conseguiu escapar? - perguntei novamente. - Espere... Vou buscar o kit da cozinha...
Saí rapidamente da sala, indo em busca do kit que havia visto no armário e logo retornei.
- Pietra voltou há pouco mais de três horas a boate, pra tentar achar os documentos do lugar... Ela me ligou há uma hora, porque encontrou essa moça escondida dentro do seu carro... Me pediu pra ajudar... - Afonso olhou preocupado para a menina. - Imediatamente, pensei em vir até aqui.
- Tá maluca, Pietra? E se alguém te reconhece? Você jogaria tudo no ralo... - Charlotte falou aborrecida. - Precisa ser um pouco mais cuidadosa.
- Eu precisava fazer algo... Papai vai acabar matando alguém, Charlotte. - Pietra falou em um tom mais energético. - Você mesma viu o que ele foi capaz de fazer com a casa da Luane, eu também vi. Eu não posso deixar que ele faça nenhum mal a ela ou a sua família.
Olhei para a morena, que havia ficado de pé e passava as mãos de forma afobada na nuca.
- Poderia ter me comunicado antes... Eu poderia ter ido com você. - minha poderosa estava mais preocupada com a mais nova. Estaria nascendo um sentimento fraterno entre as irmãs?
- Eu não pensei muito... Só agi.
- Esse é o problema... Você não pensa. - respirei fundo, não acreditando que as duas iriam iniciar uma discussão.
- Chega! As duas... Vamos focar no que fazer. - Charlotte e Pietra ficaram em silêncio. Afonso me olhou sorrindo.
- Eu sei onde fica os documentos... - pela primeira vez ouvi a voz da menina.
- Sabe? Então nos ajude a...
- Não me façam voltar lá, por favor... - ela buscou por Pietra outra vez.
- Calma... Ninguém vai te fazer voltar pra lá... - falei. - Conta com calma tudo o que você sabe e deixe o resto com a gente...
Ela pareceu acreditar em mim, sentando novamente para que eu terminasse a limpeza em seu rosto.
- Como sabe onde estão os documentos? - Charlotte perguntou.
- Trabalhei durante alguns meses na limpeza do escritório... - ela sabia se expressar muito bem. - Via que diariamente o Mano abria um cofre que fica atrás de um quadro. Eu tinha acesso a ele...
Ela pareceu hesitar.
- Mano me tinha como sua garota preferida... - sua voz se tornou fria. - Mas depois que tentei fugir a primeira vez, ele me tirou de lá... Mas eu vi vários documentos de propriedade e vi o nome dela em alguns... - ela falava de Pietra.
- Vou procurar alguns amigos... Amanhã à noite iremos a boate. - Afonso ficou de pé. - Você pode nos dar um mapa detalhado de tudo? Qualquer mínimo detalhe.
- Posso... Por todas as meninas que ainda estão lá e pela as que morreram... - seus olhos se encheram de lágrimas. - Contarei tudo ao senhor...
- Onde ela ficará? De onde você é? - perguntei.
- Do Rio Grande... Eu não tenho aonde ficar. A única pessoa que eu tinha foi justamente quem me colocou naquele lugar...
- Há quanto tempo está em Belém? Como ganhou esses machucados? - minha poderosa perguntou, sensibilizada.
Malu respirou fundo.
- Faz dois anos que estou aqui... - Charlotte buscou minha mão. - Meus pais morreram há três anos e meio, logo que terminei a faculdade. Eu estava sozinha e desamparada, pois nunca tivemos uma vida fácil e depois da morte deles, fiquei sem ninguém. Três meses antes de parar nessa cidade, conheci um homem... Beto. Eu me apaixonei perdidamente, pois ele era tudo que desejava. Logo começamos a namorar e ele me chamou pra morar em Belém e eu aceitei. - de repente, sua face endureceu. - Planejamos tudo e quando cheguei aqui, fui diretamente mandada pra boate.
- Deus...
- Há três dias, um grupo de empresários chegou na boate e queriam sex* grupal, mas eu seria a única mulher. Me recusei e apanhei bastante. Aquele lugar é um inferno. Hoje, tive uma oportunidade de fugir graças a algumas meninas. Por favor, ajudem elas... Há mais de trinta meninas naquele lugar.
Charlotte apertou minha mão.
- Faremos de tudo pra ajuda-la, Malu... Isso é uma promessa. - minha poderosa concluiu.
- Ela ficará comigo... - Pietra olhou para a menina.
- Tem certeza, Pietra? - Charlotte perguntou, olhando para Malu.
- Sim... Depois, se ela quiser, posso leva-la pra onde desejar. Tudo bem pra você, Malu? - a menina abriu um grande sorriso. Na verdade, não era uma menina e sim uma mulher feita.
Parecia confiar em Pietra.
- Sim... Obrigada! - sua voz saiu embargada.
- Se precisar de algo, me avise... - Charlotte amansou.
- Sim, eu a procurarei e Lua... - olhei para a morena. - Prometo que meu pai te deixará em paz...
Pietra me olhou por vários segundos.
- E me desculpe por tudo isso... - fiquei sem reação por alguns segundos. - Já te coloquei em tantos problemas...
- Você ganhou uma amiga, Pietra... - segurei as mãos da morena, que fixou o olhar em nosso contato. - Pode contar comigo.
- Eu fico feliz em saber disso... - a abracei.
- Patricinha cabeça de vento... - sussurrei em seu ouvido a fazendo sorrir.
Eles foram embora e Afonso disse que no dia seguinte ligaria para Charlotte, lhe dando os detalhes do seria feito conforme as informações de Malu. Quando minha poderosa e eu ficamos a sós, percebi que ela estava diferente.
- O que houve? - ergui minha sobrancelha.
- Nada... Vamos deitar? Teremos um dia longo amanhã... - Charlotte saiu de minha presença, subindo a escada.
O que se passava?
Fui a sua procura no quarto e ela estava sentada na cama, usava um óculos de leitura e tinha um livro em mãos. Fechei a porta, ficando de pé, esperando uma explicação. Charlotte me encarou.
- Vai ou não me explicar? - ela tirou o óculos.
- Morro de ciúmes de sua aproximação com a Pietra. - abri a boca levemente, ficando surpresa.
- O que? Mas por qual motivo, Charlotte... - minha poderosa ficou de pé, indo para a janela.
- Ela tá apaixonada por você, Lua...
O QUÊ?
- Que história é essa, Charlotte? - me aproximei.
- Ela me confessou há poucos dias... Eu sei, é algo bobo, mas não consigo controlar. Tenho medo que se encante com ela e... - escutei seu suspiro. - Sou uma imbecil, eu sei...
A virei para mim.
- Ah, Charlotte... - lhe envolvi o pescoço e busquei por sua boca durante algum tempo. Amava como nossos lábios se encaixavam. - Coloque uma coisa nessa sua cabeça...
Seus olhos se afundaram nos meus.
- Só há uma mulher que me deixa louca em todos os sentidos e essa mulher se chama Charlotte Mitchell Allen... É dela o meu coração. - beijei a pontinha de seu nariz.
- Eu te amo tanto, Luane... Tanto. - ela me abraçou e aspirou meu cheiro. - E tenho medo...
- Confie em meus sentimentos, meu amor... - sorri. - Eu te amo...
Naquela noite fizemos amor por horas, de uma forma calma e cheia de paixão. Dormi no calor de seus braços, sentindo uma paz maravilhosa. Havia um mundo inteiro de problemas pela frente, mas a minha certeza era Charlotte. Ela estava sendo uma surpresa maravilhosa da vida. Era irônico lembrar como tudo começou.
Talvez estivéssemos predestinadas.
Será que isso de destino existe? Eu não sabia dizer se realmente acreditava nessa palavra, mas seja qual for a natureza que nos fez entrar uma na vida da outra, seria grata eternamente. É bobo pensar assim com tão pouco tempo, mas é assim que devemos fazer, certo? Entrar em um relacionamento cheio de sentimentos com a intenção e desejo que ele dure a vida toda.
Fazer valer cada segundo, cada toque e cada friozinho na barriga. Quero a minha Allen ao meu lado até o meu último suspiro de vida.
Depois de 28 anos, aquela foi a primeira vez que tomei café em família. A cumplicidade, o amor e a alegria, mesmo diante de todas aquelas adversidades, era notória e contagiante. E eu fui incluída em cada ato, risos e olhares. Ao ver tanta união, percebi que havia outra pessoa que também precisava sentir o quão maravilhoso era ter pessoas como aquelas.
Pietra...
Quem sabe a vida estivesse esperando que fossemos em direção uma a outra, para poder iniciarmos o que não tivemos; amor verdadeiro.
- O aniversário da Lua está próximo... - Helena me tirou de minhas divagações. - Pretende fazer algo?
Mordi meu lábio.
- Um jantar e chamar a todos que a amam... - a morena sorriu. - Quero sua ajuda e a de Lari... Quem sabe essa também não uma oportunidade de vocês conversarem com os pais dela...
- Acho que vou me sentir mais tranquila com vocês por perto... - ela me analisou por alguns segundos. Eu odiava quando Helena fazia aquilo. - Você anda distante, Charlotte. Sei que tem tantos problemas pra resolver, mas você não me conta mais nada...
Sua voz estava abarrotada de magoa. Ela tinha toda razão.
- Com tudo que vem acontecendo, acho que não tive a oportunidade de te dizer muitas coisas... - sai de minha cadeira e sentei ao seu lado no sofá. - Me desculpe, grande amiga...
- Só não me exclui de sua vida, Charlotte. - sorri.
- Tá preparada para ouvir o que tenho a dizer? - ela franziu o cenho e se remexeu.
- Deus... Conte.
Passei a narrar tudo o que aconteceu no dia de ontem e sobre as descobertas grotescas sobre Álvaro. Helena ficou horrorizada com todos os relatos, ficando perplexa com o nível de maldade que o meu "pai" possuía.
- Eu quero ajudar, Charlotte. O que eu posso fazer? - a última coisa que desejava era colocar a minha amiga no meio daquele mar de confusão.
- Helena, não quero que se envolva... Você, a Lari. - respirei fundo. - Quero vocês longe de qualquer perigo...
- Mas, Charlotte... Eu sou sua amiga e não é só para os momentos ruins. Por favor, me deixa fazer algo. - droga! - Eu vou ajudar! Pouparei Larissa disso tudo, porém você não me manterá inerte.
- Escuta, daqui a uma hora Pietra e Afonso chegarão para discutirmos o plano. Você poderá ajudar, mas de longe, de um lugar seguro. Está bem?
- Tudo bem... - levantei.
- Ainda temos que decidir quem irá ficar na presidência. Os acionistas precisarão de uma confirmação. - Helena me entregou uma pasta com documentos. - Do que se trata?
- Acho que temos uma nova Charlotte Allen ao nosso lado... - abri a pasta e passei a ler o conteúdo.
Era impressionante.
- Larissa nasceu pra isso, Charlotte. Veja o quanto ela é boa. - Deus, eu estava espantada. - Luane também tem cinquenta por cento de participação.
- Minha mãe morreria... - Helena gargalhou. - Vou adiar a reunião para sexta com o James... Vou repassar tudo isso. Luane e Larissa irão estar presente...
Helena sorriu.
- Então você também pensou o mesmo que eu... - a morena piscou para mim. - Vamos prepara-las antes e saber qual a decisão delas.
- Faremos isso amanhã... - Helena tinha um olho clinico para pessoas com talento. - Acho que Luane já deve ter terminado a sessão... - olhei as horas. - Vamos terminar tudo e esperar por Afonso e Pietra.
- Vou pedir um café para nós...
Foi difícil convencer Larissa a ficar fora de toda aquela situação. Luane já havia lhe contado tudo e a ruiva decidiu que iria nos ajudar também. Então, Afonso e Pietra chegaram e passamos a ouvir todo o plano que meu amigo de longa data arquitetou. Eu pude notar que não era somente por mim que ele estava fazendo tudo aquilo, mas pelo que viu e ouviu de Malu.
Ele havia perdido uma filha, então se envolveu emocionalmente naquilo tudo.
Depois da reunião, apenas Pietra permaneceu na Allen, por pedido meu. Luane e Lari haviam ido para a faculdade e Helena se ausentou para conseguir algo importante para todo aquele plano que mais lembrava um filme de ação.
- Como está a garota? - Pietra escrevia algo em seu notebook.
- Bem... Ela meio que gostou do meu apartamento. - seu olhar caiu sobre mim. - Ficou arrumando tudo... Disse que é uma forma de agradecimento.
- O que pensa em fazer depois que tudo isso acabar? - Pietra ficou em silêncio por alguns segundos.
- Ela não tem ninguém... Acho que posso dar um jeito dela trabalhar e se manter. Você bem que poderia arrumar um emprego pra ela. - não era uma ideia ruim.
- O que ela sabe fazer? - o telefone tocou. - Oi, Paola... Agora? Tudo bem, mande ela entrar.
- Ela disse que é formada em letras. Podia trabalhar como editora... - a porta foi aberta e Sheron entrou.
Respirei fundo.
- Quem é essa? - Pietra ficou de pé.
As duas se encararam.
- Essa é a Sheron, filha de minha sócia. Sheron, essa é a Pietra... - não sabia como chama-la.
- Prazer, Pietra... - a loira estendeu a mão.
Pietra a encarou por vários segundos.
- Não sei porquê, mas não gostei de você. - tive que segurar o riso. Sheron pareceu ficar chocada. - Já vou, querida irmãzinha... Mais tarde nos vemos. Vista algo arrasador.
- Não faça nenhuma bobagem, Pietra... - a morena saiu de minha sala. - Sente-se, Sheron.
- Por que ela te chamou de irmã? - ela fez o que pedi.
- Uma longa e cansativa história. Me conte, qual o motivo da sua visita? - tentei ser o mais breve e imparcial possível.
- Minha mãe pediu que trouxesse esses documentos... - ela me entregou uma pasta. - Pediu que revisasse tudo e mandou se desculpar, pois está gripada e não pode vir pessoalmente.
- Obrigada... Olharei tudo com atenção. - guardei em minha gaveta.
- Você tem um caso com a sua funcionária? - ergui a sobrancelha.
- Eu namoro a Luane, e não temos um "caso"... - não estava com cabeça para aquilo. - Me diga, por que de repente esse interesse todo? Eu não consigo entender.
- Não foi de repente... - ela ficou de pé. - Mas vou mostrar a você o meu interesse...
A menina deixou minha sala, para o meu alívio.
A noite finalmente chegou e com ela, a nossa chance de dar fim àquele pesadelo que vivíamos. Luane e eu nos arrumamos, roupas de gala como pedido pela boate, e saímos de casa logo em seguida. Pietra e Afonso nos esperavam em frente ao prédio. Estava tudo correndo como o planejado.
Era tudo ou nada.
Helena acabará de confirmar que estava no lugar combinado, junto com a sua teimosa namorada. Luane e eu chegamos à boate, pois seriamos a primeira a entrar para não levantar suspeitas.
Aquele plano teve que ser adaptado, pois a loira teimosa insistiu em entrar comigo na boate para cumprir a parte que era minha. Como ganhar uma discussão com ela não era fácil, decidi ceder.
- Divirtam-se, senhoritas... - um grandão colocou em nossos pulsos um carimbo em forma de diamante.
- Obrigada... - adentramos a porta. - Não se separa de mim...
- Tudo bem... - a loira respondeu próximo ao meu ouvido, devido ao barulho incomodo da música que tocava.
Olhei para Luane e ela estava deslumbrante.
- Você poderia ser menos linda... Sabe? Ajudaria. - ela sorriu de um jeito provocante.
Alguns olhares curiosos caíram sobre nós. Todos usando máscara, pois eram incapazes de admitir suas perversões.
- Faz parte do meu plano pra te seduzir. - ela respondeu, provocante.
- Deixem isso pra depois e concentrem... - Pietra alertou pelo ponto em meu ouvido. - Agora é a nossa hora...
- Certo...
Segurei a mão de Luane, olhando ao redor, me sentindo enojada com o tanto de pessoas da alta sociedade compactuando com a prostituição, alimentando lugares como aqueles. O que o dinheiro é capaz de despertar nas pessoas.
- Já estou no andar de cima... Encontrem a menina que Malu descreveu. - ela voltou a falar.
Circulamos por alguns minutos, tomamos alguns drink's mais leves. Não poderíamos simplesmente entrar e sair, porém eu não via a hora de sair daquele lugar. As garotas estavam visivelmente exaustas, mas ostentavam um sorriso para os seus predadores.
- Que lugar horroroso... - Luane comentou.
Saímos em busca da garota e a avistamos próximo ao banheiro, sendo "cortejada" por dois homens. Nos aproximamos, com o máximo de descrição possível. Entreguei um papel para ela, que ficou sem entender nada e fomos para o banheiro.
Ele estava vazio.
Não havia muitas mulheres na boate. A maioria esmagadora era de homens.
- Ela tá entrando... - Luane alertou.
- Isso é sério? - tranquei a porta, tirando a minha máscara e Lua fez o mesmo.
- Sim... Ela está em segurança e pediu para que tirássemos todas vocês daqui. - respondi.
A garota pareceu ficar emocionada.
- Nem acredito que esse pesadelo finalmente chegará ao fim... - Luane e eu nos olhamos.
- Escute... Não temos muito tempo. Em vinte minutos, dois seguranças de nossa confiança irão pagar pra ter todas vocês. - Luane iniciou.
- Os valores já foram acertados... Vá com eles, pois eles as levarão para o beco que há nos fundos dessa espelunca. A uma quadra daqui, há duas vans esperando por vocês. Mantenha a calma... Seja discreta. - concluí. - Vemos vocês em quarenta minutos.
- Obrigada... Obrigada... - ela nos abraçou, saindo do banheiro.
Luane e eu nos olhamos, sorrindo.
- Já estou com todos os documentos... Estou fazendo um reset no computador daqui...
- Não se arrisca, Pietra... Saia logo daí! - a alertei.
- Já estou indo... - respirei fundo.
- Vamos, meu amor...
- Vamos, amor... - Luane me deu um selinho rápido.
Ao saímos do banheiro, demos de cara com Daniela, porém ela pareceu não nos reconhecer, pois estava caindo de bêbada. Ela entrou no banheiro, para o nosso alívio.
- Precisamos sair daqui... - segurei a mão de Lua.
- Fui pega... Saiam daqui! AGORA! - ouvi Pietra falar e em seguida o barulho de algumas coisas se quebrando. - Tem um cara me...
Ela não concluiu sua fala.
- Saí e me espera lá fora... - Luane me puxou discretamente.
- Tá maluca? Eu vou junto...
- Não vai... Vai lá pra fora e espera dentro do carro com o Afonso... Agora! - falei com firmeza.
- Nem a pau que vou deixar vocês duas aqui... Vamos. - a loira teimosa saiu me puxando discretamente, até subirmos as escadas.
Fomos para o escritório, pois já havíamos decorado de tanto que analisamos a planta que Malu nos passou. Ao chegarmos, encontramos Pietra tentado se livrar de um cara com uns dois metros de altura, que a esganava.
Imediatamente, peguei uma estátua de metal, o objeto era pesado, e bati na cabeça do cara, que ainda tentou vir para cima de nós, mas acabou desmaiando e sangrava bastante.
- Vamos...
Saímos discretamente, com todo cuidado para que nossos rostos não aparecessem nas inúmeras câmeras. Voltamos ao primeiro piso, avistando os dois seguranças contratados por Afonso. Eles nos enviaram um sinal que estava tudo conforme o planejado.
- Eu vou sair primeiro... Contem até trinta e saiam em seguida. - Pietra saiu a frente.
- Desejam beber algo? - uma menina, que não parecia ter mais que dezoito anos, nos abordou.
- Não, muito obrigada... - Luane apertou minha mão.
- Se divirtam... - a garota forçou um sorriso. Certamente estava achando que fazíamos parte daquela corja.
- Agora é a nossa vez, amor... - Luane saiu a frente, sem soltar minha mão.
Seguimos para fora daquela espelunca, atravessando a rua e entrando em meu carro. Agora era esperar que o restante fosse feito pelos seguranças. Luane estava ansiosa ao meu lado.
- Espero que dê tudo certo... - ela amarrou seus fios.
- Você é muito teimosa... - a loira me olhou.
- Você faria igualzinho... - sorri. - O pesadelo dessas meninas finalmente irá acabar...
- Graças a vocês... - ouvimos Pietra. - Estou em dívida eterna com vocês... Me salvaram.
- Meninas... As garotas já estão com Larissa e Helena. Saíam daí imediatamente! - Afonso nos alertou pelo ponto.
Dei partida, seguindo para o ponto de encontro. Não demoraria para que eles dessem falta das garotas. Afonso alertou a polícia, denunciando o lugar por consumo e venda de drogas. Eles não possuíam mais os documentos e o lugar certamente seria fechado.
Logo, Álvaro também cairia.
- Graças a Deus! - Luane comemorou ao meu lado.
- Falta pouco, meu amor... Em breve estaremos livres de todas essas ameaças. - sorri.
- Eu te amo, Charlotte Bond... - ela brincou, me fazendo dar risadas.
- Eu te amo, minha loira teimosa!
Fim do capítulo
eeeeeeeeeeeee de volta...
Bom, é o seguinte...
em todas as minhas histórias sempre acabei por colocar todas para narrar, porém dessa vez será um um pouco diferente. Nossas outras irão ter seu momento, porém somente na parte final... sei que muitas gostam da Helena e da Larissa, as duas são importantissímas... Entretanto I want you é para contar sobre Lua e Charlotte.
Houve reclamações em uma das minhas estórias por causa de tantos personagens narrando. A moça disse que era cansativo e por muito sem graça. Bem, levo as críticas bem a sério...
era isso...
momento 007 hoje hahaha
sonhos loucos.
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rhina
Em: 18/06/2020
Somos todos diferentes.
Pode ser que mude mas eu amo e acho importante saber o que acontece com as outras personagens também. Na sua história então que todas tem papel tão importantes. Quando as vidas delas ....seus sentimentos emoções não são relatados ficam parecendo enfeites apenas.....
Eu gosto de saber de tudo de todas.
Rhina.
Tanny Miroma
Em: 16/04/2020
Uauuu que capitulo em, adrenalina segui junto, não tem como não se envolver com tudo, lendo e torcendo pra tudo dar certo com esse plano rsrs, eu estou adorando essa aproximidade de Pietra e Charlotte, a vida prepara o momento certo de aproximar as pessoas.. aguardando por mais emoções..
ps. vou cobrar meu exemplar e foto sim viu rsrs..um abraço autora s2.
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Anny Grazielly
Em: 15/04/2020
Esqueci de perguntar..... será que teremos um pedido de noivado no niver de Lua?!?!?!?! Fora o pedido de namoro de Helena para a familia de Lari?!?!?! Kkkkk... noivado seris babado...
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Anny Grazielly
Em: 15/04/2020
Caraaaaaaaa... agora o bicho vai pegar... quando essa boate fechar e o Álvaro descobrir quem ta por trás disso... vai ser loucura... mas vejo que vai ser tb por isso a aproximação total entre as duas irmãs... Pietra e Charlotte... e essa aproximação ta ficando lindinha... o cuidado ja da Charlotte por Pietra eh fofinho... rsrsrsrs mesmo a mais velha sentindo ciúmes... mas logo isso vai passar, pq minha Lua so tem olhos para minha linda Charlotte e Pietra pelo visto ja eh de Malu...
eeeeeeeee as meninas como presidente e vice presidente da Alen?!?!?! A louca da mae da Charlotte vai morrer com isso... bemmmmmmm que depois disso tudo as meninas(Charlotte e Helena) poderiam ficar na Alen pq aquilo ja tem a cara delas... e o pai da Charlotte poderia mandar pra pqp a esposa... kkkkk... seria perfeito... kkkkkkkkk... sou doida mesmo...
a história ta linda...
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Anny Grazielly
Em: 15/04/2020
Aiaiaiaii que delicia de capítulo.... fico com o sorriso no rosto lendo sobre essas duas...
caraaaaa... sinto que Pietra vai acabar se apaixonando por Malu... seria legal... que bom tb que Charlotte ta começando a querer colocar Pietra em sua vida... vai ser ótimo para as duas...
muito feliz com esse capítulo... rsrsrsrs
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