Capitulo 23 - Sangue contra sangue
- Mamãe anda tão preocupada... Sinto como se já estivesse morto...
- Nunca mais fala isso, Cristian... - ele escondeu a face no travesseiro. Estávamos deitados na mesma cama.
- Desculpe, Lua... Eu só. - ele me olhou. - Me sinto tão mal. Em poucos dias já perdi tanto peso... Eu...
- Calma... - o trouxe para mim. - Não desista, por favor. Estamos lutando junto com você, maninho... Por nós, não desista.
- Por que comigo, Lua? O que eu fiz pra ser castigado assim? - ele chorava, soluçava e eu me sentia impotente diante daquela explosão.
- Para... Estamos com você...
- Eu sei que vocês choram quando eu não estou, Lua. Eu já vi vocês chorando escondido... Eu não queria causar essa dor, maninha. Eu...
- Xiii... Amamos você e quando você tá mal, nós ficamos também. - lhe encarei. - Somos a tua família, Cristian e vamos estar aqui sempre...
Tentei acalma-lo de todas as formas, até que conseguir fazê-lo dormir. Levantei, porque eu precisava de um pouco de ar. Fui para o pequeno quintal e chorei como nunca havia feito na vida.
Chorei me sentindo inútil.
- Filha...
Minha mãe me abraçou forte, deixando que eu permanecesse ali, colocando para fora todas aquelas emoções que há dias estavam presas. A mínima possibilidade de todo o tratamento não ser eficaz, me sufocava.
- Calma, meu amor... Calma.
10 de outubro.
Cheguei cedo a Allen àquele dia, pois quase não pude dormir a noite inteira. Falei com Charlotte por telefone e ela me pareceu preocupada, distante. Eu podia sentir que ela estava com algum problema.
Mas por que não compartilhou comigo?
Estava em sua sala, terminando alguns relatórios e adiantando algumas tarefas para o dia de posse de William. Esperaria ela voltar da reunião com os acionistas, que estavam enfurecidos com a sua saída "repentina".
- Lua? - tirei minha atenção do documento e encarei Helena. Nem havia notado a sua entrada.
- Oi, Lena... Senta aqui. - ela sorriu e fez o que pedi. - Aconteceu algo?
- Não... Na verdade eu queria lhe perguntar algo. - Helena estava estranha. Não era do perfil daquela mulher ser tímida.
O que a deixou fofa e engraçada.
- Diga, cunhada... - ela riu e pareceu ficar mais relaxada.
- Queria oficializar o que Larissa e eu temos. Queria poder falar com os pais dela e aprensenta-la ao meu pai...
- Tá com medo da tia Claudia e do tio Julio, não é? - ela acenou em positivo e me fez gargalhar. - Helena, eles vão estranhar a princípio, mas tenho certeza que não serão contra. - segurei sua mão. - Faz o seguinte... Quando você for falar com eles, leve cerveja pro tio Julio e dê flores pra tia Claudia...
- Sério? - ela fez uma expressão confusa.
Ri alto.
- Luane... Para. - ela me deu um tapinha no ombro.
- Desculpe, eu não resisti. Olha, vou te dizer algo que talvez te deixe mais tranquila. - lhe encarei. - Eles vivem falando bem de você. Todas as vezes que vou até eles sempre me perguntam se você está bem e até se anda se alimentando direito. Eles não vão se opor... Só vá lá e seja sincera...
- Obrigada, Lua... - ela me abraçou. - Isso realmente me tranquilizou... Obrigada mesmo...
- Só faça a minha ruiva feliz e estamos quites. - Charlotte entrou no escritório. - Depois quero os detalhes...
- Pode deixar... - ela foi até Charlotte, lhe abraçando. - Melhore essa cara, senhora presidente.
- Viu um passarinho verde, Helena?
- Ruivo, meu bem...
Helena saiu da sala e então o olhar de Charlotte caiu sobre mim.
- Tem mais alguma reunião hoje? - lhe questionei.
- Por hoje não... - apontei para a poltrona ao meu lado. - O que houve?
- Você quem vai me dizer... - Charlotte franziu o cenho e sentou. - Sei que tá escondendo algo...
Ela respirou fundo.
- Charlotte, pensei que confiasse em mim... - me senti magoada.
- Amor, não é nada disso... - ela segurou em minhas mãos. - Eu não que você se envolva em mais problemas. Não vê como já está sobrecarregada?
- Charlotte, você faz parte da minha vida agora e eu quero saber o que se passa. - segurei sua face. - Somos um casal, somos uma da outra e eu quero o pacote completo. Não esconda coisas de mim achando que vai me proteger. Quero que divida seus problemas, não importa o quão difíceis sejam...
Charlotte sorriu.
- Tudo bem, meu amor... - ela foi até a porta, trancando-a e depois voltou a sentar de frente para mim. - O que tenho pra contar é muito pesado.
Franzi o cenho, segurei suas mãos para que ela prosseguisse.
- Ontem a Pietra veio aqui... Ela me abordou no estacionamento. - Charlotte não deixava de me encarar. - Pedi a ela que se livrasse de tudo que estivesse em seu nome, tudo o que não fosse conquistado com trabalho real e assim eu a ajudaria na campanha à prefeitura.
Fiquei surpresa.
- Ela conseguiu se desfazer de quase tudo e doou o dinheiro para vários lugares, inclusive o hospital onde o Cris faz tratamento... - então era sobre isso que ela se referiu.
- Continua, amor...
- Durante as verificações de seus bens, ela notou que havia um imóvel em seu nome e que não fazia ideia do que se tratava, então ela foi investigar e descobriu algo ainda mais sujo sobre o Álvaro... - aquele velho idiota tinha de estar envolvido.
- O que, meu amor? - Charlotte passou sua mão sobre a nuca.
- No lugar funciona uma boate para o alto escalão da política e há meninas de outras cidades trabalhando como prostitutas, mas não é de livre e espontânea vontade, Lua... - abri a boca levemente. - Elas estão mantidas ilegalmente naquele lugar.
- Mas... Como? Charlotte, por que a Pietra envolveu você em algo assim?
Charlotte respirou fundo.
- A investigadora está em sua cola e ela ficou sem saber o que fazer. Me procurou pra ajuda-la, para pedir ao Afonso que fizesse algo. Quando chegamos lá, liguei para ele e ele foi ao nosso socorro. Entramos naquele lugar...
- Charlotte, você se arriscou demais... - o meu peito apertou.
- Calma, meu amor... Pra entrar naquele lugar é preciso adquirir um passe e máscara. - Charlotte ficou de pé e passou a andar de um lado para o outro. - Precisamos fazer alguma coisa...
Respirei fundo, buscando alguma solução.
- Se está no nome da Pietra, então ela pode vendê-lo, não é mesmo? Fechar aquele lugar e deixar essas mulheres voltarem pra casa...
- Não é tão simples assim... Há um gerente no lugar e pelo que pude perceber, ele mantém Álvaro informado. Não acredito que ele colocou a própria filha em uma situação como essa... - passei a olhar para os meus pés.
Pietra precisava de ajuda.
"Ela quer mesmo se redimir... Ah, patricinha cabeça de vento."
- Eu quero ajudar... - Charlotte me olhou como se eu fosse alguma louca.
- Isso está fora de cogitação... - fiquei de pé.
- Eu vou ajudar, Charlotte... E não mudarei de opinião...
- Por que você é tão... - Charlotte fechou os olhos e passou a respirar com rapidez, até diminuir o ritmo. - Você tem tanta coisa pra se resolver e mesmo assim quer ajudar a Pietra. - ela sorriu. - Como pode ser tão maravilhosa?
Ela se aproximou, segurando minha face com ambas as mãos.
- Você é a mulher que amo, Charlotte... Seus problemas são os meus problemas. - franzi o cenho. - Vamos fazer um acordo, sim?
- Adoro negociar... - ela sorriu, beijando rapidamente meus lábios. - Qual é o acordo?
- De agora em diante tudo o que acontecer na sua vida, não importa o quão ruim seja, compartilha comigo. Não poderei ajudar em todos, sei disso, porém quero estar presente e te dar todo o meu apoio.
- Prometo que assim será, meu amor... - lhe envolvi o pescoço. - Vamos pensar em algo pra ajudar aquela garota... Juntas.
Alguém bateu na porta.
- Eles adoram nos interromper, não é mesmo? - mordi meu lábio.
- Você não me escapa... - Charlotte arregalou os olhos quando lhe dei um tapinha na bunda.
- Espero mesmo que não... - abri a porta.
- Charlotte, o William está na recepção. E Lua, a Sheron pediu pra te chamar... - franzi o cenho.
"Que ótimo."
- Obrigada, Paola... - olhei para a minha poderosa e saí de sua sala. Will estava sentado na poltrona. Ao me ver, ficou de pé e veio até mim.
- Bom dia, Luane... Como vai? - ele estava diferente. Sua face estava sem expressões.
- Bom dia, Will. Estou bem. Você está bem? - William me abraçou forte.
- Espero que um dia me perdoe por tudo que disse. Saiba que ainda te amo, Lua e acredito que sempre irei amar... - ele falou baixinho. - Nos vemos pela faculdade...
William me soltou, entrando no escritório de Charlotte.
- Tá tudo bem, minha diva? - Paola colocou sua mão em meu ombro.
- Sim, estou bem, Paola Bracho... - ela sorriu. Tínhamos adquirido intimidade ao longo daquele mês em trabalho na Allen.
- Vá na sala dos funcionários. A Sheron te espera. - apenas acenei em concordância.
"O que essa garota quer agora? Estou sem nenhuma paciência pra isso..."
Quando a minha vida havia se tornado aquela novela toda? Deus ainda estava me testado, mesmo depois de nossa conversa.
Meu celular tocou e eu parei no meio do corredor para atender.
- Oi, tia Claudia... Como? - senti meu corpo inteiro gelar. - Não me diga uma coisa dessas, tia. Cadê a minha mãe e o Cris? Ok, tia... Eu estou indo pra lá...
"Quando tudo isso vai acabar, meu Deus?"
Mudei a direção, indo para o elevador, tendo dificuldades em apertar o botão do primeiro andar. Aquela estava sendo uma verdadeira prova de fogo. Eu não estava acreditando nos golpes que a vida estava me dando.
Chamei o Uber mais próximo.
Quando cheguei em frente à rua de minha casa, pude ver as viaturas e alguns vizinhos curiosos acompanhando tudo. Desci do carro com o coração na mão. Os pais de Larissa falavam com um dos policiais. Me aproximei, vendo a porta de casa no chão, as janelas quebradas e algumas telhas tiradas do lugar
Meu celular voltou a tocar e era um número desconhecido.
- Você foi a culpada da minha filha me abandonar... Tenha isso em mente. - a ligação foi encerrada.
- Desgraçado... - olhei ao redor, me sentindo desorientada.
De repente, a minha visão escureceu.
- Filha? Filha?
- Lua? Você está bem?
Tentava focar a minha atenção na voz de minha mãe, mas estava sendo difícil. Mantive meus olhos fechados até que finalmente consegui abri-los. Minha mãe e os pais de Lari estavam ao meu redor.
Eu só queria poder acordar daquele pesadelo.
- Filha... Bebe isso. - minha mãe me entregou um copo com água.
- Mãe... Como aconteceu isso? - bebi o liquido.
- Também não sei, filha. Quando voltei do supermercado, a casa estava daquele jeito. Levaram algumas coisas e as outras quebraram filha. Quem seria capaz de tamanha crueldade?
Fechei os olhos.
"Desgraçado! Você irá pagar por isso."
- A polícia já foi... - tio Julio sentou ao meu lado. - O Cris tá no quarto... Vamos até lá arrumar tudo.
- Não... - coloquei o copo na mesinha de centro. - Não podemos voltar pra lá.
Eles me encararam com curiosidade.
- Mãe, a gente não vai mais ficar naquela casa. Eu vou pensar em algo, mas não podemos voltar pra lá...
- Mas filha, aquela é a nossa casa. Não temos outro lugar pra ir. - respirei fundo.
- Vamos por a casa a venda... Só confia em mim, mãe. - meu celular tocou. - É a Lari... Vou avisar no trabalho que não poderei voltar. Não se preocupe mãe, eu vou dar um jeito.
Atendi a chamada de Lari e resumi o que havia acontecido, ocultando a ligação que havia recebido de Álvaro. Pedi a ruiva que avisasse Charlotte do ocorrido, pois não queria ligar e interromper sua reunião com William.
Entrei em minha casa e absolutamente tudo estava quebrado. O telhado estava fora do lugar, as lâmpadas estilhaçadas. Meu coração apertou, pois foi ali que fui criada, era ali que estava todas as minhas memórias da infância. Fui ao meu quarto e os colchões estavam rasgados, o guarda-roupa no chão e as roupas cortadas.
- Infeliz... Infeliz... - chutei o guarda-roupa. - Infeliz...
Meus pais também resolveram se juntar a William, que se mostrava quieto e inexpressivo. O cargo estava mesmo afetando sua vida, sua saúde mental. James e Joanne falavam e falavam, incapazes de notar que o seu amado filho estava a um passo do precipício.
- Na segunda-feira seria um dia mais apropriado. O que acha? - tirei minha atenção dele e olhei para Joanne, que me encarava esperando por uma resposta.
- Acho perfeito... - eu deveria interferir? Por que mostrar piedade a alguém que jamais me deu a mão?
Luane aprovaria a minha falta de sensibilidade?
- Acho que tenho uma solução temporária. Só até ele entender do oficio e puder andar pelas próprias pernas. - Joanne e James me encararam em curiosidade.
- Diga, filha... - senti o meu olho tremer com o tratamento.
Ele ainda me chamava de filha.
- Tenho um funcionário brilhante e com um futuro promissor... - fiquei de pé. - Diego pode ser o vice de William. Darei o prazo de um ano e depois disso, ele irá voltar a trabalhar comigo.
- Jamais outra pessoa que não leve o sobrenome Allen irá ocupar tal cargo. - Joanne como sempre intragável.
- Me parece uma excelente ideia, Charlotte... - James sorriu.
- O que? EU NÃO IREI ADMITIR! - minha mãe bateu na mesa.
- Dessa vez a sua opinião não conta. William, o que acha da ideia? - ele finalmente pareceu acordar.
William me olhou demoradamente.
- Resolveram pedir a minha opinião? - ele riu. - Agora eu tenho voz?
Fiquei observando a sua pequena explosão.
- Filho...
- Filho o cacete... Eu não quero esse cargo e eu não serei obrigado a aceita-lo. Procurem outra pessoa, mas eu estou fora. - eu o aplaudia internamente. - Por anos a Charlotte se dedicou a esse lugar... Ela sim merece está aqui. Nem mesmo vocês são dignos de ocupar a presidência da Allen.
- Olha o respeito, Will... - Joanne estava rubra.
- Me deixa falar, mamãe... - ele olhou para mim. - A vida toda me coloquei em um patamar acima de você, Charlotte. Fingia que não via a forma fria que nossos pais sempre te trataram. Principalmente a mamãe...
Tentei não demonstrar nenhuma emoção.
- Fui igualmente cruel e nunca te defendi... Nem mesmo quando a mamãe te disse coisas horríveis. Eu me mantive inerte... Depois da última conversa que tivemos, eu pensei muito e quero mudar, Charlotte... - William se aproximou de mim. - Tomei uma decisão, mas antes preciso te pedir que me perdoe, minha irmã...
Ele segurou minhas mãos, me deixando em um beco sem saída.
- Me perdoe por ter sido um monstro... - eu não estava preparada para aquilo. William me abraçou, chorando compulsivamente. - Perdoa por não te socorrer enquanto você sofria...
Suas palavras me atingiram fundo.
- Me perdoa...
Meus braços o envolveram e naquele momento notei que não havia mais magoas ao seu respeito. Passar uma borracha no passado e orar por um futuro melhor, esse era o certo a se fazer. Notei também que há dois meses, nada daquilo me comoveria e que minha vida era outra depois que Luane havia entrado nela.
Sorri.
- Acho que também devo um pedido de perdão a você, Will... - ele se afastou, secando suas lagrimas e me olhando com espanto.
Era a primeira vez que o chamava pelo apelido.
- Negligenciei a sua existência e jamais me coloquei no seu lugar. - coloquei uma mão sobre o seu ombro. - Se liberta dessa família e seja qual for a sua decisão, tem meu apoio.
- Isso é um absurdo! James, faz alguma coisa... - Joanne esperou por uma reação.
- O que pretende fazer, William? - James perguntou, calmo.
- Quero morar em Londres, papai... Quero ser escritor. Esse é meu sonho e vou correr atrás dele. - a cara de Joanne foi digna de uma fotografia.
- Você quer me matar de desgosto igual a sua irmã... O que eu fiz pra merecer isso, Lord?
- Charlotte sempre foi uma grande mulher, mamãe. - franzi o cenho. - Seu preconceito bobo nunca lhe deu chance... Você condenou a minha irmã por um erro seu. Você não é a vítima dessa história. Charlotte quem é... Ainda hoje irei pra Londres. Tranquei a faculdade ontem e reservei minha passagem. Vou viver a minha vida e não o que a senhora quer.
- Eu te levo ao aeroporto, meu filho... - James sorriu.
Aquele dia estava sendo bizarro.
- Escute, Charlotte... Você é uma grande mulher. Um dia desejo recuperar o tempo que perdemos. - William ganhou a minha admiração.
- Teremos tempo... Vá atrás dos seus sonhos e só volte quando os alcança-los, irmão. - o abracei. - Estou orgulhosa de você.
- Obrigada, irmã... Obrigada. E faça a Luane feliz... Ela ama você.
William me olhou por alguns segundos e depois deixou o escritório, acompanhando de James.
- Viu o que você fez? - Joanne veio até a mim, segurando meu braço.
Sorri, aumentando a irá na face cheia de plástica.
- Por favor, Joanne... - tirei sua mão do meu braço. - Se poupe... Você não tem mais nenhum efeito sobre mim. Saía da minha sala... Agora.
Joanne saiu de minha presença visivelmente nervosa. Sentei em minha cadeira, me sentindo leve e feliz. William foi uma grata surpresa e eu desejava de todo o meu coração que ele conseguisse ter êxito em seus sonhos.
- Charlotte? - Larissa entrou em minha sala.
Sua expressão fez um alerta soar em meu peito.
- O que aconteceu? - a ruiva se aproximou.
- A casa da Lua foi invadida... Ela pediu pra avisar que não poderá voltar hoje.
- Invadida? Roubada? - Larissa confirmou.
- Shit... - peguei minha bolsa e meu blazer. - Lari, pede pra Helena assumir tudo aqui... Por favor.
- Me avise qualquer coisa, Charlotte...
-Deixe seu celular ligado...
Saí da Allen às pressas, tentando ligar para a loira, mas as ligações não eram atendidas. Joguei o celular no porta luvas, me sentindo frustrada. Por que ela não havia me ligado?
Por causa do trânsito, só pude chegar a sua casa uma hora e meia depois. Fiquei boquiaberta ao ver o estado que a pequena construção estava. Quem teria feito tamanha barbárie?
- Charlotte? - o senhor Julio me abordou. - Elas estão em minha casa. Venha querida...
Entrei em sua casa e ao chegar à sala, Luane veio até mim.
- Por que não me avisou? - ela escondeu a face em meu pescoço.
- Não queria atrapalhar a sua conversa com o Will. - a apertei em meus braços.
Seu Julio e dona Claudia saíram, nos deixando a sós.
- O que aconteceu, meu amor? - a fiz sentar e me olhar.
- Destruíram a minha casa, amor... - Luane estava desolada. Era tão injusto tudo que estava acontecendo com ela. - Quebraram tudo...
- Meu Deus... - respirei fundo.
- Foi ele... Foi ele quem mandou. - franzi o cenho.
- De quem você está falando? - Luane assumiu uma expressão dura.
- Álvaro Cavalcante... Ele me ligou e disse que eu o afastei da Pietra. - fiquei de pé, sentindo uma irá gigantesca crescer.
- Desgraçado! Eu vou acabar com ele! - tentei abrir a porta, porém Luane me abraçou pelas costas.
- Não! Você não vai enfrentar ele assim... - a minha respiração ficou irregular. - Por favor, Charlotte! Temos outros meios de fazê-lo pagar por isso...
Fechei meus olhos, absorvendo suas palavras.
- Por favor...
- Ele precisa pagar... - ela me fez olha-la.
- E ele vai, mas será da forma correta. Me escuta...
- Vocês não irão mais pra lá, Luane... - a fiz sentar. - Precisam de um lugar seguro para ficar...
- Minha mãe e eu estávamos conversando sobre isso... Vamos alugar uma casa em outro bairro. Infelizmente, não há nada para levarmos... Nem nossas roupas.
- Vocês irão morar comigo... - Luane franziu o cenho.
- Charlotte...
- Não há discussão, Lua... Vocês irão morar comigo pelo tempo que for necessário. Sei que você é uma mulher independente, mas me deixa fazer isso. Vou me sentir mais aliviada. - ela ficou muda.
- Charlotte... - dona Regina entrou na sala. Ela veio em minha direção, me abraçando.
- Dona Regina... Sinto muito por tudo isso que está acontecendo. - a mais velha me encarou.
- Não é culpa sua, minha filha... - senti meu coração falhar naquele momento.
Busquei pelo olhar de Luane.
- Estava dizendo a Luane que vocês fiquem em minha casa... Lá poderão ficar protegidas. - voltei a encarar minha sogra. - E não aceito um não como resposta...
Sorri.
- Não queremos te incomodar, filha... - ela se afastou sem romper nosso contato. - A gente vai alugar um cantinho.
- Dona Regina, por favor... - a fiz me olhar. - Aceitem! Somente até decidirem o que fazer.
Luane e ela se encararam.
- Tem certeza, minha filha? - sorri.
- Absoluta! Vamos hoje mesmo... - olhei o relógio e o mesmo marcava uma da tarde. - As deixo em casa...
Esperei por uma resposta positiva.
- Tudo bem, filha... Mas será até conseguirmos um lugar.
- Me sinto mais aliviada dessa forma...
Antes de irmos, Luane e eu fomos até sua casa para tentar salvar algo, porém não havia nada. Sua tristeza era evidente, assim como a sua irá e tudo isso só aumentava a minha culpa.
Quando chegamos a minha casa, mostrei os quartos que dona Regina e Cristian iriam ocupar. Havia ligado para Melissa, a moça que fazia as limpezas diárias, e pedi para que preparasse os cômodos.
Dona Regina estava descansando e Cristian dormia. O tratamento o fazia ficar sem energia.
- Preciso voltar para a Allen, mas as cinco estarei de volta. - Luane estava sentada na pequena escadaria que levava ao jardim.
- Obrigada por nos acolher... - em seus olhos eu podia ver uma força que me tocou fundo. - Serei eternamente grata, meu amor...
A trouxe para mim.
- Prometo que tudo isso irá acabar, meu amor... Ele vai pagar pelo mal que te fez...
- Não sei o que seria de mim sem você, Charlotte. - a loira me encarou. - Eu amo você com tudo que há aqui dentro... - ela apontou para o próprio peito.
- Eu te amo... E vou estar com você em cada momento seu... Ouviu? Nada e nem ninguém será capaz de te tirar de mim...
Beijei seus lábios com toda paixão e devoção que tinha a ela. Luane tomou para si todo o meu coração. Desde que entrou em minha vida, a loira deu sentido a tudo. Agora eu era parte dela, assim como ela de mim.
Ela me fazia ficar brega e emotiva.
"E eu amo isso..."
Voltei para a empresa, tranquilizando Helena que soube o que se passou por Larissa. Quase não pude me concentrar, pois a imagem da humilde casa toda destruída não me saía da cabeça. Álvaro iria pagar por tudo, não importava os laços sanguíneos que nos ligavam.
Recebi uma mensagem e era de Pietra.
"Soube o que aconteceu... Como ela está?"
"Destruída e a culpa foi do Álvaro. Ele quem mandou fazer aquilo e ainda ligou para dizer a ela que foi a culpada em te afastar dele. Sei que não queria vê-lo preso, mas chegou o momento dele pagar por tudo que fez. Depois de desvincularmos você daquela boate, entregarei todas as provas que tenho a justiça."
- Droga... - soquei a mesa.
"Dessa vez, conte comigo."
Foi somente o que ela respondeu. Disquei um número já conhecido.
- Você pode vir em meu escritório?
Fim do capítulo
oie meus amores... último cap da semana...
bom, nada vai se tranquilizar tão facilmente... há um longo caminho a ser percorrido e pessoas a serem superadas...
ainda temos uma bela jornada.
então, no prox irei explicar algumas coisas referentes a estória...
beijooooos e até terça...
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Aurelia
Em: 14/04/2020
Essa estória é eita atrás de eita. Um sufoco atrás do outro, o bom é que as duas agora estão juntas e que permaneçam assim por muito tempo, muito belo o posicionamento da Luane em apoiar a Charlotte e vice e versa. Assim que tem que ser, sem mentiras. Bjim e inté.😘
Resposta do autor:
Intensidade ligada no 220.. haha
Lua e Charlotte se amam e estão buscando se entender até em sua adversidades...
Isso só irá se fortalecer, dado a maturidade que ambas expressão quando o assunto é sério...
aaaaaaaah
beijos meu bem...
Master
Em: 12/04/2020
Tadinha da lua tá passando por tanta coisa ainda vem esse álvaro,pra fazer isso mais a Charlotte vai ajuda-lá é bom que servirar pra deixa-las mais fortes e unidas para o que vem pela frente, agora a lua vai morar longe da lari ah não eles não se desgudram.
E helena com medo dos sogros kkkkk quero ver esse pedido de namoro, eles já adoram ela pelo visto tomara que dê tudo certo.
Resposta do autor:
oooie
Luane é forte pra caramba... Ela é um exemplo de mulher. Tentando seguir os passos dela também... Lari vai sentir bastante essa distância sim, mas é necessário...
KKKK Helena tá vivendo tudo o que jamais imaginou kkkk vai ser bem louco esse momento...
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Anny Grazielly
Em: 11/04/2020
Caraca... capítulo fodaaaaa em todos os sentidos... kkkk
Primeiro: QUE AMOR LINDO O DE CHARLOTTE E LUA... amo esse amor verdadeiro delas... sempre juntas e unidas serão mais fortes para vencer tudo... claro, ai da tenho medo de alguém conseguir fazer a desconfiança aparecer entre elas... mas espero que nao passe de meu medos... rsrsrsrs
Segundo: que massa esse momento entre familia do Will e do pai dele não escutando a louca da mae e da esposa... pelo visto Charlotte poderá contar no futuro com um pai e um irmão verdadeiramente... odeio essa mae dela... olha la se ela nao se ligar com o Alvaro para acabar com a família dela...
Terceiro: espero realmente que Pietra se saia dessa loucura toda e se junte com Charlotte e seja feliz em família. Encontrando tb uma pessoa que ela ame, sem ser Lua, claro... kkkkk
Quarto: quero matar essa filha da socia das meninas... será que a mae dela nao percebe que a filha eh do mal?!?! Ou a mae tb eh má?!?!?! Aiaiaiaiaia
Quinto: doida para ver Helena pedindo Lari em namoro aos pais dela... kkkkk... vai ser babado...
eeeeeeeeee, por fimmmmmmmmmmm.... que lindo Charlotte levando a familia toda para morar com ela... nao esperava outra atitude dela...
Lindo e lindo esse capítulo, apesar dos babados...
Resposta do autor:
aaaaaaaaaah a minha leitora mais animada...
Cara, acho massa a forma como você pega todos os detalhes e os destaca... fico absolutamente besta quando leio os seus comentários... amo demais...
você desvenda tudo,,, saca coisas que muitas não percebem aaaaah é muito legal isso...
foi extramente perfeita em suas colocações... mal posso esperar para ler seu comentário sobre o próximo....
tô mega feliz...
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