As Amazonas por RAY F
Oi queridas, como estão? Espero que bem.
Temos 2 capítulos de As amazonas pra hoje.
Aproveitem e me digam o que acharam
bjinhos
Capitulo 4 - Terça-Feira, 20 de maio
A luz adentrava o quarto enquanto as cortinas eram escancaradas por Aline, sua criada particular ao mesmo tempo em que Camila acordava tentando se desvencilhar do corpo de Isabella que dormia enroscada com ela.
- Bom dia princesa!
- Bom dia nada Aline, manda o sol apagar. Acabei de dormir não é possível que já tenha amanhecido.
- Eu falei pra você vir pra cama cedo, mas como tudo que falo com você desde criança entrou por um ouvido e saiu pelo outro, né? Agora sem moleza vamos levantar! Seu café. – Entregou a ela a caneca fumegante de café amargo que tomava todos os dias antes de levantar da cama.
- Mas eu obedeci completamente, vim pra cama cedo e se estou cansada a culpa é toda sua que não explicou que era pra vir dormir, falou que só que era pra vir pra cama e eu vim com a Bella. – Falou fazendo troça com a criada que sabia ficar envergonhada com seu jeito leve e fanfarrão de falar de sua intimidade.
Com o rosto enrubescido Aline, se encaminhou á sala de banho sem responder á provocação, colocou a banheira para encher e se pôs a despejar os sais e óleos na imensa banheira.
Conhecia a princesa desde bebê quando foi responsabilizada pelo cuidado com esta e dedicou a sua vida completamente a vê-la uma mulher saudável e feliz, uma espécie de terceira mãe, sentia um carinho indizível por ela e não conseguia conformar-se com a vida que ela levava.
Não entendia o relacionamento dela com aquela mulher superficial que era Isabella e esta estava sempre provando seu descuido em relação ás necessidades de Camila. Inclusive no dia anterior tinha quase a obrigado a ir em um jantar de aniversário de uma jornalista amiga dela e a princesa chegou em casa tarde e ainda trans*ram como se ela não tivesse que sair rumo a uma batalha no dia seguinte.
Camila também conhecia e amava aquela mulher como amava as mães e ficava mortificada ao ver a decepção com que lhe olhava cada vez que ia acorda-la e ela estava acompanhada de Bella, ou mesmo nas manhãs em que chegava ao castelo furtivamente após uma noitada com outras mulheres, pois nunca levava suas amantes ao castelo, suas mães não permitiriam que ela o fizesse jamais.
Apesar de saberem do comportamento reprovável da filha, deixavam bem claro que não tolerariam que ela o tivesse na presença delas, respeitavam demais o amor e acreditavam em lealdade acima de tudo, era dessa forma que mantinham um relacionamento de 40 anos e não admitiam desrespeito ao lar que elas construíram.
Perdida, era assim que se sentia ao ver os olhares das 3, a sensação de querer pra si o que elas queriam e o que suas mães tinham a invadia, ao mesmo tempo em que estava cansada de procurar por isso, era em busca desse amor que tinha se machucado tanto, foi por acreditar que podia ser amada e feliz ao lado de uma só mulher que sangrou como se nunca mais fosse possível que seu coração voltasse a ficar completo. Mas, não queria pensar mais nisso, levantou e terminando de solver o liquido da caneca se encaminhou para a sala de banho.
-Desculpa pela brincadeira Aline, eu sei que você só fala essas coisas porque se preocupa.
- Minha menina, eu não consigo lhe ver assim, não entendo esse relacionamento de vocês, ela sabe das outras e nem liga, você fica com outras e não é feliz. Agora mesmo você se esforçou pra levantar sem acordá-la e é sempre assim como se vocês só tivessem uma vida juntas a noite. É perceptível o quanto são diferentes, você mal pode aguentá-la enquanto conversam sobre qualquer assunto - Falava enquanto esfregava as costas da princesa que já aproveitava o banho. - Eu nunca tive uma companheira, mas, vejo as suas mães. À essa hora, a rainha deve estar enganchada no pescoço da dona Júlia enchendo ela de carinho e recomendações e dona Júlia apesar de amar a batalha, fica nos braços dela até os últimos momentos possíveis e viaja já morrendo de saudades da esposa e a rainha Mariana fica aqui de coração na mão enquanto não vê os olhos delas quando ela se levanta depois de depositar a bandeira do país conquistado ou a espada da batalha perdida aos pés da rainha. E após a cerimônia de retorno, é amor, cuidado e atenção de uma com a outra como sempre vemos nos corredores. Isso é felicidade Camila, você precisa disso, de uma mulher que lhe faça não querer sair pra batalha sem se despedir e que te faça ansiar por voltar pros braços dela, o que aconteceu você era assim com a ...
- Vamos enxugar logo, que esse assunto já deu e eu tô atrasada já são 09:30 e partimos ás 10 horas - A princesa cortou o assunto, era sempre assim desde que terminaram nunca permitia que dissessem o nome dela, um exercício inútil para esquecê-la.
Enxugou-se e se vestiu com uma calça de montaria, uma blusa segunda pele preta e o casaco com as insígnias do reino, uniforme de batalha, por cima. Um escravo veio e por ordem de Aline calçou-lhe as botas. Não acordou Bella de fato não tinha vontade de se despedir e sabia que a outra era capaz até de brigar se o fizesse, pois odiava acordar cedo.
Na escada encontrou as mães que também desciam para o desjejum e a cena era a mesma descrita mais cedo pela criada, Julia era abraçada de costas pela rainha que já tinha os olhos vermelhos e marejados e enchia o pescoço desta de beijos.
-Bom dia minha filha – Falou Júlia, a primeira a notar sua presença.
-Bom dia mães! – Respondeu depositando um beijo no rosto de Júlia e um no de Mariana e sendo retribuída em seu carinho por elas.
Júlia era uma loira de olhos azuis e 1,80 de altura, estrategista do exercito desde jovem, formada em engenharia bélica, amava a batalha, mas, amava a calmaria das paredes do castelo e dos braços de sua Mariana, ou melhor amava tudo que lembrasse Mariana.
Começaram a namorar ainda na escola e estavam juntas até hoje, ela já sentia os sinais da idade cada vez que tinha de abandonar o conforto de casa pelos acampamentos e batalhas afinal já era uma senhora de 55 anos, apesar do corpo conservado e ativo pelo treinamento para as batalhas, pensava em entregar o comando do exercito á filha, mas hesitava, não que duvidasse da capacidade e habilidade da filha, pois estas eram incontestes apenas achava que ela ainda precisava se encontrar antes dessa responsabilidade.
Mariana, não era em nada o padrão da mulher frágil que a partida de Júlia para as batalhas lhe fazia parecer.
Sua majestade com seus 53 anos muito conservada assim como a esposa, vê-la era o mesmo que ver a filha com 5 centímetros á menos e olhos azuis. Lutou ao lado de Julia com o exercito até seus 43 anos quando a morte precoce das duas mães em um acidente de carro fê-la ascender ao trono sendo obrigada a permanecer no palácio enquanto via sua filha e esposa partirem, pois na tradição amazônica as guerreiras lutam e trazem a terra conquistada como tributo á rainha, que é vista como uma espécie de deusa, que abençoa a partida para o combate e as recebe no retorno sob sua responsabilidade.
Ficar e vê-las partir fazia seu coração doer, sabia a guerreira experiente que era a esposa e apesar da juventude, sabia da habilidade da filha, mas, a ideia de não vê-las no retorno enchia seu coração de pesar e os olhos de lágrima na partida e não permitia tranquilidade, sono ou fome durante a ausência. Fazia tudo no automático até ter ambas de volta em seus braços e quando acontecia a cerimônia de retorno parecia uma eternidade apesar de durar minutos por ser o tempo que a separava de tomar Júlia em seus braços e percorrer com as mãos aquele corpo pra se certificar de que são apenas arranhões e que tudo está bem.
As três tomaram o desjejum ao som das recomendações de Mariana a uma e á outra. Na porta anterior ao pátio de concentração, o último abraço antes de vestir a máscara de autossuficiência e confiança que era esperada de sua majestade. Um abraço duplo, na filha e na esposa.
- Eu não quero nenhuma vitória à base do sacrifício de vocês, me ouviram? Filha cuida da sua mãe por mim – Colocou seu cordão-amuleto na filha - e amor vigia a nossa menina, comprei ontem pra você, tem nossas iniciais e uma foto minha e uma da Camila – falou colocando um relicário no pescoço da esposa. - amo vocês meus tesouros. Voltem o mais rápido possível pra mim.
Elas saíram e se juntaram ao exercito enquanto a rainha enxugava o rosto e vestia o manto, a coroa e a espada para a cerimônia. Surgindo dez minutos depois, majestosa como tinha de ser.
Sentou-se no elevado onde estava o trono e esperou a general se ajoelhar para receber a espada do reino das Amazonas, que as acompanhava em batalha desde quando lideradas por Helena venceram a primeira batalha, mesmo que hoje usassem também armas de fogo e outras tecnologias o peso da tradição se mantinha.
Júlia se ajoelhou perante sua rainha e recebeu de suas mãos a espada. Beijou-lhe a mão e se virou montando seu cavalo e abrindo caminho para tomar a frente do numeroso exército enquanto dava ordens para a partida.
A última soldada cruzou os portões do palácio e a rainha deixou o trono no pátio para o abrigo do interior do palácio, estava começando mais uma batalha das amazonas para libertar algumas mulheres da tirania.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Sem comentários
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook: