Capitulo 4
Procurei não prestar atenção na Bruna a minha frente. As pessoas conversavam entre si animadas, eu fiquei apenas observando tudo ao meu redor, senti um cutucão na costela e ouvi Carol me chamando.
- A ch*pa uber não tira os olhos de você – minha irmã disse discretamente no meu ouvido e eu não consegui segurar o riso, todos da mesa olharam pra mim.
- Carol pelo amor de Deus – falei tentando parecer seria – de onde você tira essas coisas?
- Por ai – deu de ombro – ela tem cara de que ch*pa uber pra pagar corrida.
- Carol – chamei sua atenção de novo, mas achei graça do comentário dela.
- Está bem, eu paro – ela falou - mas que ela está te secando, isso ela ta.
- Problema dela – falei rancorosa – quero que ela se exploda.
- Deus foi generoso demais com você irmã e você nem reparou – não entendi o que ela quis dizer – nossa Cami, você nasceu quarta feira?
- Carol que papo estranho é esse? – ela deu um tapa na testa, me olhou como se não estivesse acreditando que perguntei aquilo – o que?
- Cami as vezes eu fico pensando que eu deveria ser a lesbica da família – ela falou pensativa.
- Você ta bêbada? – perguntei sem entender nada do que ela estava falando.
- Que tentação é essa mulher – Carol falou – eu não gosto da fruta, mas aprendia a comer fácil.
- Que mulher? Que fruta você quer comer? – perguntei perdida.
- A Rafaela Camila – ela falou mais alto do que pretendia e todos olharam novamente pro nosso lado, inclusive a Rafaela.
- O que estão falando de mim? – ela perguntou prestando atenção em nós.
- Nada, Rafa – ela disse com a cara mais cínica do mundo – to aqui falando pra Cami, que ela deveria aprender a comer frutas novas – eu estava bebendo um pouco de vinho e quase morri engasgada ao escutar aquilo – só come coisa errada essa menina.
- Que tipo de fruta você recomenda que ela coma? – se eu era perdida no assunto, a Rafa era esperta até demais – as vezes posso ajudar.
- Tenho certeza que você pode dar alguma coisa pra ela comer – eu olhei abismada pra Carol que riu divertida.
- Quem sabe eu não dou – senti um frio na barriga quando ela disse isso, agora eu tinha entendido o que a Carol tanto falava, nem ousei olhar pra ela.
- Ela tem muita sorte em namorar você – Carol disse por fim.
- Eu que tenho muita sorte de namorar a sua irmã – Rafa falou gentil. Fixei meus olhos nos dela e me permiti ser invadida por aquela sensação boa que era olhar pra ela.
- Que baboseira – Bruna disse antes de tomar um gole de água, nos tirando daquele momento.
- O que você disse Bruna? – Rafa se fez de sonsa – não entendi.
- Nada – ela sorriu cínica – não disse nada.
Foi o jantar mais longo da minha vida e olha que não durou nem uma hora. Rafa se manteve ao meu lado o tempo todo, as vezes ia falar algo comigo e fazia questão de pegar na minha mão ou colocar a cabeça no meu ombro, de rabo de olho eu percebia que a Bruna ainda mantinha sua atenção na nossa conversa.
- Essa empresa a muito tempo vem formando famílias – meu tio disse empolgado – já temos até bebês que foram feitos lá – todos riram, menos eu – agora descubro que minha sobrinha está namorando uma das nossas, se não a melhor colaboradora.
- Nós nunca tivemos nada dentro da empresa tio – eu disse constrangida – Rafa sempre respeitou muito todos e o local de trabalho dela.
- Calma filha, eu não quis insinuar nada – ele disse – e eu sei o quanto a Rafa faz um bom trabalho dentro daquela empresa, já me salvou várias vezes inclusive e sei o quanto é profissional.
- Só faço a minha função Senhor Emanoel – ela respondeu tímida.
- Pode me chamar de Tio filha – ele disse amorosamente – estamos em família e como você agora faz parte dela, como eu já havia suspeitado, não precisamos de formalidades aqui.
- Como assim já suspeitava? – perguntei curiosa – por isso o senhor mandou convidá-la ao invés de mandar como fez com os outros? – agora eu estava ligando os pontos.
- Claro. Não poderia vir ao noivado do Maurício sem sua namorada – ele falava e todos já estavam prestando atenção na conversa, eu deveria estar um pimentão já, a Rafa estava rindo simpática, ouvindo-o gritar pra todo mundo que ela era minha namorada. Comecei a apertar minhas mãos e ela colocou a sua em cima, automaticamente eu segurei a mão dela e ficamos assim.
- Está tudo bem, não se preocupe – ela cochichou no meu ouvido – acho que a noiva vai ter uma síncope a qualquer momento ou vai voar no meu pescoço – e deu um sorriso, sorri junto com ela, mas nem ousei olhar pro rumo da Bruna.
- Vocês passavam tempo demais dentro daquela sala – ele continuou sua narrativa – e sempre estavam juntas em tudo, sempre tinham que ter a opinião da outra.
- Eu estava fazendo meu trabalho, sou apenas a assistente, todas as instruções vem da Cami – pela primeira vez ela me chamou pelo meu apelido, eu sorri por isso e ela me olhou – falei alguma coisa errada? – ela perguntou baixinho, fiz que não com a cabeça e ela continuou a conversa – não posso tomar decisões sem a autorização de um superior, no meu caso a Camila.
- E você Camila?
- Eu o que? – assustei com a pergunta.
- Porque precisava tanto da opinião da Rafaela? – não sei aonde meu Tio queria chegar com aquele questionamento todo.
- Porque tio, eu não conheço um profissional mais capacitado que a Rafa dentro daquela empresa – eu estava falando a verdade – ela se dedica muito mais que qualquer um de nós que somos os donos, ela sabe como funciona cada departamento mesmo não trabalhando em todos, consegue resolver todos os rolos que eu faço – sorri pra ela em sinceridade, ela me sorriu de volta – e eu gosto de escutar a voz dela – ela me olhou surpresa e seus olhos tinham um brilho diferente, senti sua mão apertando a minha e enlacei mais meus dedos ao seu. Eu não estava mentindo em nada, Rafa sempre teve a minha admiração em todas as áreas que ela atuava.
- Acho muito lindo como vocês demonstram que estão apaixonadas – foi só ele falar isso pra eu ficar vermelha de novo.
- A quanto tempo estão juntas? – foi a vez da Bruna nos questionar. Rafa deu outro aperto na minha mão e eu entendi que ela queria responder. Ela gostou de me apertar só pode.
- Era só o que faltava – Carol falou discretamente pra mim.
- Faz alguns meses que venho interessada na Cami, mas ela sempre foi respeitosa comigo na empresa, somente a alguns dias que começamos a conversar e resolvemos nós conhecer melhor – como ela conseguia mentir tão bem? – e vocês? A quanto tempo estão juntos? – ela fez a pergunta que martelava na minha cabeça o tempo todo, mas eu não era corajosa o suficiente pra perguntar ou só estava com medo da resposta.
- Tem uns seis meses não é amor? – Maurício respondeu na frente da Bruna que me olhou e abaixou a cabeça, eu não tinha mais forças nem pra ficar brava. Seis meses? Santo Deus, eu estava vivendo uma mentira, seis meses eu planejava algo que nunca teria porque ela estava trans*ndo com meu primo também – Foi assim que ela entrou na empresa, confesso que eu era um cara que dava em cima de todas, mas me apaixonei na mesma hora que a vi – pro inferno isso tudo pensei, ele se apaixonou por ela do mesmo jeito que eu, merd*. Não prestei mais atenção na conversa, não me interessava mais nada que era em relação a eles.
Terminamos o jantar e fomos todos para a salão de festas. Meu tio havia organizado uma sobremesa e vinhos para serem degustados. Pedi licença dos convidados e fui em direção ao banheiro, precisava jogar uma água no rosto pra dispersar a raiva que eu estava sentindo. Estava terminando de secar minha face quando a porta abriu e a Bruna entrou com a cara mais irada do mundo.
- Você me julgou por sair com seu primo, mas você também estava se esfregando com sua assistente na mesma época que estava comigo – ela cuspiu as palavras – ainda tem coragem de aparecer aqui com aquela vadia.
- Escuta aqui Bruna – eu coloquei o dedo na cara dela – você não ouse falar mal da Rafaela na minha frente, ela é mais digna de respeito que você – eu não aceitaria que ela ofendesse a Rafa de forma alguma – ela foi convidada e ela vai aonde ela bem entender.
- Ela sabe que você está mentindo pra ela? Que me ama? – ela perguntou presunçosa.
- Você se acha mesmo ne Bruna? Eu gosto da Rafaela – falei firme, pedindo a Deus pra não gaguejar.
- Eu duvido que você goste dela da mesma forma que gosta de mim – ela veio aproximando seu corpo do meu – eu sei que você está com ela só pra me passar ciúmes, eu vejo como você me olha – ela beijou meu rosto e foi descendo pelo meu pescoço, suas mãos apertavam minha cintura, meus pelinhos do braço se arrepiaram – seu corpo me quer, ele não mente – ouvimos minha irmã conversando com alguém do lado de fora do banheiro e ela se afastou de mim.
Sai do banheiro feito uma bala, o que eu estava fazendo? Como eu permiti que ela chegasse tão perto e que merd* meu corpo reagir a ela dessa forma. Encontrei minha irmã e a Rafa conversando e comendo um bolo no salão, assim que me viram fizeram gestos para que eu fosse até elas.
- Estava te procurando – Carol falou me entregando um pedaço de bolo.
- Fui ao banheiro – respondi passando a mão no cabelo. Rafa se afastou um pouco do lugar que estava sentada para que eu me sentasse perto dela.
- Está tudo bem? – fiz que sim – sei que está nervosa, quer conversar? – ela conseguia me ler perfeitamente.
- Quando eu for te levar pra casa falamos sobre isso – disse querendo mudar de assunto.
Já passava das duas da manhã quando nos despedimos do meu Tio. Carol preferiu ir com nossos primos pra uma balada que estava tendo na cidade, eu sabia que ela estava interessada em um deles. Nos despedimos das pessoas e caminhei com a Rafa ao meu lado até o carro.
- Pronta meu amor? – falei assim que entramos e torci o nariz.
- Pronta meu bem – ela virou- se pra mim e disse sensualmente – na minha ou na sua ? – eu fiquei paralisada, não sabia o que falar, o que fazer, a única coisa que consegui foi ficar em um tom de vermelho que acho que nem existe na escala cromática – Meu Deus Camila, você é muito tímida – sua gargalhada podia ser ouvida de fora do carro – eu estou brincando com você.
- Eu..eu – eu não conseguia falar, ela ria tão gostoso que ri junto com ela. Ficamos rindo um bom tempo, que até tinha me esquecido que estávamos indo pra casa. Liguei o carro e fui em sentido a sua residência. Ela se encostou no banco e fechou os olhos, liguei o som do carro para poder tirar aquele silêncio que tinha se instalado. Ela cantava a música baixinho e mantinha os olhos fechados, eu olhei pra ela e pensei em como seria fácil me apaixonar por ela. Seus movimentos delicados e sua boca carnuda se moviam de acordo com que a música tocava, ela era sexy até cantando aquela musica.
- Sabe que isso é assédio sexual – ela disse me pegando de surpresa, abriu seus olhos e ficou me olhando.
- O que? – me fiz de sonsa e voltei minha atenção para o caminho, ela sorriu e voltou a fechar os olhos.
Fiz o resto do caminho todo olhando pra frente, não queria olhar pra ela e ser pega novamente. Eu trabalhava diretamente com ela a quase um ano e ainda ficava impressionada com esse poder que ela tinha de pegar as coisas no ar. Chegamos em frente à sua casa e ela abriu os olhos.
- Coloca o carro na garagem – ela disse abrindo o portão automático, fiz uma cara de interrogação pra ela – não vou deixar você ir embora depois de beber vinho e estar com sono.
- Não precisa se preocupar, minha casa não é tão longe – tentei argumentar.
- Estou esperando, está tarde e é perigoso ficarmos na rua – ela disse impaciente – anda logo.
Estacionei ao lado do seu carro na garagem. Sai do carro e ela me esperava na porta com a chave na mão, entramos e pela primeira vez eu pude conhecer um pouco da minha assistente.
Sua casa estava perfeitamente arrumada, sua decoração era simples, mas ao mesmo tempo sofisticada, não sei explicar direito, mas eu não me surpreendi com a organização. Ela deixou a bolsa na escrivaninha que tinha perto da porta e me disse pra ficar à vontade que ela iria se trocar.
Na parede da sala havia um quadro seu pintado a tinta óleo, ela estava sentada e me parecia que estava nua, seus braços impediam de ver qualquer parte do seu corpo que não aquelas ali pintadas, achei linda sua expressão retratada.
- Como consegue ser linda até em uma pintura? – pensei alto.
- Gostou? – ela perguntou atrás de mim e eu pulei de susto. Meu susto foi logo trocado por surpresa pra não falar calor , ela estava parada na sala com um baby Doll branco que deixava várias áreas do seu corpo descobertas, engoli seco quando ela me chamou pra ir na cozinha e virou de costas, ela estava brincando comigo só pode, aquela bunda dentro daquele micro short era pecaminoso demais.
- Quer comer alguma coisa? – ela perguntou assim que entramos no local, só se for você eu pensei – não tenho nada pronto, mas posso fazer alguma coisa pra você.
- Não precisa – eu disse – tá tudo bem – ela bebeu um gole de água olhando fixamente pra mim, meu Jesus eu já estava suando frio com aquela cena.
- Tá com calor? – ela perguntou com um sorriso cínico nós lábios – tá bem quente – ela frisou o quente - hoje mesmo.
- É, deve ser essa época do ano – que época do ano uma ova, era ela mesmo – acho que preciso de um banho.
- Eu te mostro onde é o banheiro, me acompanhe – meus olhos automaticamente foram para a bunda dela assim que ela passou por mim, me desculpem, mas vocês também olhariam. Ela caminhava graciosamente e eu já podia sentir a umidade no meio das minhas pernas.
Eu até tinha me esquecido da Bruna, pode ser pelo tesão que estava se instalando no meu corpo ou eu tinha sofrido tanto hoje que meu cérebro estava bloqueando a lembrança dela, pra que eu não me sentisse mais lixo do que eu já estava sentindo. Terminou minha tortura quando ela parou na frente do banheiro que ficava no quarto de visitas, me deu uma toalha nova e disse que arrumaria algumas roupas limpas pra mim.
- Fique à vontade, já volto – disse e saiu.
Tomei um banho demorado pra tentar tirar aquele fogo que meu corpo estava, várias lembranças da Rafa naquelas roupas justas e agora com aquele mini pijama estavam brincando na minha cabeça, como eu nunca tinha me interessado por ela esse tempo todo? Acho que ela nunca deixou ninguém daquela empresa chegar perto dela, só o Renato com aquela língua em sua boca.
Sai enrolada na toalha e ela estava sentada na cama me esperando, peguei a roupa de sua mão e ela continuou lá sentada me olhando. Dessa vez não tive pudor ao deixar a toalha cair do meu corpo. Ela manteve seu olhar em mim à medida que eu ia vestindo a roupa. Meus olhos também não saiam dos dela e vi um brilho diferente passar por eles. Ela desceu seus olhos pelo meu corpo e um arrepio percorreu minha espinha.
Não sei se estávamos embaladas pelo vinho da festa, mas tudo estava conspirando pra aquele clima que estava formando entre nós duas. Ela me instigava com aqueles olhos, me devorava descaradamente e vi surgir um sorriso safado naqueles lábios vermelhos.
- Gosta do que vê? – perguntei, acho que minha timidez tinha ido pro espaço.
- Muito – ela levantou e veio caminhando em minha direção – Você é linda de todas as formas Camila – minhas pernas bambearam ao escutar sua voz tão sensual. Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, não desviei meus olhos dos dela. Ela percorreu meu braço com os dedos até chegar a minha cintura, o seu perfume era inebriante. Ela aproximou seu rosto do meu e umedeceu os lábios, meus olhos acompanharam seu movimento.
- Quando alguém fica olhando muito pra boca de outro alguém é porque ela está com vontade de beija-la – ela disse sensual – tá com vontade de me beijar?
Ela estava fazendo um jogo sensual comigo e eu estava adorando cada minuto, eu não conhecia essa mulher a minha frente, tão direta e sagaz. Sorri diante da sua frase e segurei sua cintura.
- Tô morrendo de vontade de beijar você – disse no seu ouvido e vi os pelinhos do seu braço se arrepiarem – você é muito cheirosa – disse aspirando o cheiro bom que vinha do pescoço dela.
- Quer comer uma fruta? – ela perguntou safada, lembrando da conversa com a Carol.
- Quero comer você – falei sem rodeios.
- Faz o que está com vontade de fazer – ela passou os braços em volta do meu pescoço.
Não precisou nem pedir duas vezes, colei meus lábios nos dela e senti a maciez daquela boca gostosa. Deixei minha língua se enrolar na dela em uma dança sensual e prazerosa. Fui empurrando-a em direção a cama e cai por cima dela. Pressionei minha perna no meio das suas e ela soltou um gemido entre meus lábios. O beijo não estava mais delicado, nossas bocas buscavam um contato cada vez mais urgente, eu gemia só de sentir o calor que estava no meio de suas pernas. Interrompi o beijo para explorar seu pescoço, beijei e lambi como quis, ela era o pecado puro. Minha mão estava subindo pela sua cintura e um barulho nos tirou daquele momento de prazer. Ignorei o barulho, mas meu telefone não parava de tocar.
- Seu telefone está tocando – ela disse entre um beijo e outro.
- Deixa tocar – continuei beijando seus lábios.
- Às vezes pode ser importante – ela disse pegando o aparelho na mesa ao lado - acho melhor você atender – sai de cima dela contrariada.
Olhei no visor. Mas que inferno era aquele, tanta hora pra Bruna ligar e tinha que ser logo agora? Desliguei a ligação e a Rafa já havia saído do quarto. Procurei ela pela casa e a encontrei na cozinha abrindo uma garrafa de vinho.
- Desculpa por aquilo – disse sem jeito.
- Pela ligação ou por termos quase trans*do? – ela falava tudo com tanta naturalidade e eu ainda ficava espantada. Ela me olhava com um sorriso cínico e tomou um gole do vinho – não se preocupe, está tarde e você cansada, pode dormir naquele quarto mesmo, as roupas de cama estão limpas – terminou sua bebida e estava passando por mim, segurei seu braço.
- Ei, tá tudo bem? – perguntei com medo de tê-la magoado.
- Esta sim – ela disse soltando seu braço delicadamente da minha mão – Boa noite Camila.
Deitei na cama e fiquei olhando pro teto, não tinha como dormir depois de quase ter trans*do com a Rafa. Rolei de um lado pro outro pensando em como ela estaria. Meu corpo ardia de desejo e o gosto dos seus lábios ainda estavam na minha boca.
Minha cabeça estava uma bagunça. Naquela noite eu tinha descoberto toda a vida dupla da Bruna e ainda tinha envolvido a Rafa na situação. Respirei fundo e tentei dormir pra acalmar as emoções daquele dia.
Acordei no Domingo sentindo o cheiro de café fresco, meu corpo doía da noite mal dormida. Fiz minha higiene e fui pra cozinha na esperança da Rafa não estar magoada comigo. Ela estava sentada lendo jornal, assim que entrei ela levantou seus olhos pra mim.
- Bom dia Camila – ela fechou o jornal e o colocou na mesa – dormiu bem?
- Dormi – menti. Ela deu um meio sorriso, minha cara com certeza não estava sendo uma das melhores – que cheiro bom de café.
- Tome – ela colocou um pouco na xícara – vê se você gosta – tomei um gole e realmente era delicioso, acho que nunca tinha provado um café tão bem feito.
- Muito bom – disse tomando outro gole – você quem fez?
- Foi – ela disse satisfeita – você só toma aqueles expressos, deveria provar esses mais naturais.
- Muito bom mesmo – eu queria tentar fugir, mas uma hora ou outra eu teria que tocar naquele assunto. Mexi na cadeira e ela que estava mexendo no celular meu olhou curiosa.
- O que te incomoda? – ela continuava me olhando.
- Olha Rafa, eu não quero de forma alguma magoar você e..- ela levantou a mão e entendi que era pra parar de falar.
- Eu não sou uma criança Camila, eu sabia dos riscos quando eu aceitei participar desse jogo todo, não se preocupe se vai ou não me magoar – seu celular fez um barulho de nova mensagem e ela foi conferir o que era.
- Eu sei Rafa, mas eu ainda gosto da Bruna e não quero usar você pra esquecer esse sentimento – eu disse me sentindo um aperto no coração – se possível não quero ver a Bruna tão cedo também.
- Impossível – ela disse voltando a me olhar.
- Eu posso trocar ela de departamento, aliás acho melhor ela ficar junto com o noivo dela – disse com raiva – já ficava lá dentro trepando com ele mesmo.
- Que palavra horrível – ela disse torcendo o nariz – mas não é por isso meu bem – ela estendeu o celular pra eu ver a mensagem que ela havia recebido, assim como eu já tinha feito com ela.
- Isso não pode tá acontecendo – eu levantei da mesa, passei as mãos nos cabelos e ela mandou que eu me sentasse – inventa uma desculpa, sei lá. Não podemos ir – disse por fim.
- Você aceitou ser madrinha ontem e hoje já vai mandar uma mensagem cancelando? Qual a desculpa? Ah não, deixa eu ver o que podemos dizer – ela fingia que digitava – Querido primo, não poderei aceitar ser madrinha porque eu estou morrendo de amores pela noiva e também estava trepando com ela – ela disse com sarcasmo, usando minhas palavras.
- Seria a verdade – disse seria.
- Seria mesmo, mas agora existe uma terceira pessoa, que não tem nada haver com essa putaria toda que ela estava fazendo – lembrei da gravidez dela – Olha Camila, eu não imagino a dor que você está sentido, mas ela não te assumiu antes, não vai ser agora que ela vai desmanchar um casamento por você, me perdoe por dizer isso.
- Você não está mentindo – me sentei cabisbaixa – eu tenho que esquecer a Bruna de uma forma ou de outra, mas não irei usar você nisso.
- Você não está me usando, porque não sou um objeto – ela tinha uma segurança na voz – eu vou te ajudar a esquecê-la, mas não iremos ter qualquer envolvimento sexual pra isso.
- Mas... Ontem... A .. – eu gaguejava.
- Ontem nós estávamos embaladas pelo clima e pelo vinho. Você não tem psicológico algum pra se envolver com qualquer pessoa no momento – ela se levantou – bem, então já que iremos ser madrinhas de casamento, já temos que combinar algumas coisas – ela saiu em direção a sala – pra minha sorte, eu sei tudo o que você gosta, já você vai ter que aprender algumas coisas.
- Tipo? – sentei no outro sofá.
- Tipo a cor de lingerie que eu gosto de usar, se durmo nua ou não – ela falava provocante – qual a posição que mais gosto no sex* – eu abri e fechei a boca umas duas vezes, ela gargalhou gostoso – Meu Deus, você não pode ser tão tímida em relações a nós.
- Não posso controlar – disse sem graça.
- Ok. Com o tempo vamos vendo isso – passamos a manha falando sobre nós, por incrível que pareça nada que eu falava era novo pra ela. Falamos sobre hobbys, gostos culinários, sobre outros relacionamentos. Fiquei chocada ao saber que a Rafa era lésbica, como eu nunca percebi nada e olha que meu gaydar não falha com frequência.
- Nunca em toda minha vida mortal eu imaginaria que você gostava de mulher – disse surpresa.
- Porque? – ela arqueou uma sobrancelha e ficou esperando minha resposta.
- Não sei, geralmente eu percebo algum detalhe e eu te vi beijando o Renato aquele dia no pub, as vezes você sorrindo com umas cantadas do Maurício, sei lá – dei de ombro – acho que porque você sempre foi muito discreta na sua vida pessoal.
- Mas eu não tinha que ficar me expondo realmente – ela disse – minha vida particular não dizia respeito de ninguém naquela empresa e lá às pessoas sem saberem já conversam demais.
- É nisso você tem razão – concordei com ela – mas porque beijou o Renato?
- Porque eu queria beijar outra pessoa, mas ela não estava disponível e o Renato me deu uma cantada que gostei. Vamos mudar de assunto – eu já ia perguntar em quem ela estaria interessada, mas resolvi não insistir.
Ficamos conversando até a hora do almoço, a convidei pra almoçar comigo e ela prontamente aceitou. Fomos a um restaurante que eu costumava ir com meu pai, a comida lá sempre foi a melhor da cidade. Fizemos nossa refeição e ela me pediu pra deixa-la em casa. Cheguei na minha e fui tomar um banho, aquele fim de semana estava sendo digno de uma novela mexicana.
Já passava das nove da noite quando recebi uma mensagem no meu celular da Rafa, perguntando se ela poderia chegar um pouco atrasada no outro dia.
- Claro que pode, eu dou conta de passar umas horas sem seu maravilhoso trabalho – enviei pra ela.
- Será mesmo? – ela respondeu.
- Você é muito prepotente mesmo – sorri olhando o celular.
- Ok. Então até amanhã, caso precise de alguma coisa estarei com o celular ligado.
- Tudo bem. Devo ser uma namorada curiosa e perguntar aonde a moça vai ou melhor não?
- Boa noite Camila, durma bem – ela me ignorou.
Já vi gente misteriosa, mas a Rafa ganhava de qualquer pessoa. Descobri algumas coisas sobre ela, como que ela gostava de assistir esportes, sua cor preferida era o verde, que seus pais eram divorciados e que ela mantinha contato só com a mãe. Sua vida parecia não ter sido fácil, mas eu preferi não entrar em detalhes, deixaria que me contasse quando fosse confortável pra ela.
Resolvi arrumar algumas coisas para o outro dia, já que não teria a Rafa na parte da manhã. Mandei uma mensagem para o Maurício falando que remanejados a Bruna para o setor dele, com a desculpa que seria melhor por conta da gravidez, ele aceitou e agradeceu pela preocupação... Se soubesse o real motivo. Terminei de organizar algumas coisas e me deitei pra dormir.
A Segunda feira já estava sendo o bicho, perdi minha chave mais uma vez, acho que vou ter que por uma cordinha nelas, meu carro furou o pneu e tive que ficar esperando alguém me ajudar pra trocar. Cheguei na empresa com uma hora de atraso.
- Bom dia filha – senhor José me sorriu – parece meio nervosa?
- O dia hoje não está brincadeira Senhor José – disse um pouco irritada – as coisas já estão pipocando e não são nem oito da manhã.
- Tome – ele me entregou um copo de café – vai te fazer bem – agradeci e fui para o escritório.
Subi rumo a minha sala e esbarrei em uma moça que estava vindo com uns papéis, xinguei ao sentir o café quente na minha pele e a menina ficou espantada.
- Não moça, não é com você – me desculpei e fui pra minha sala. Esbravejei mais uma vez porque tinha esquecido que mandei minhas roupas pra casa, liguei pra lavanderia e pedi pra mandarem uma blusa pra mim. Estava tirando minha blusa e minha porta foi aberta bruscamente.
- Você não pode me tirar daqui – Bruna estava vermelha de raiva – foi aquela sua namoradinha que mandou?
- Bom dia Bruna, estou bem e como você está? E o bebê está bem? – disse com ironia.
- Não tô com tempo pra suas gracinhas – ela disse ainda nervosa – não quero ir para o departamento do Maurício.
- Deveria querer ele é seu noivo – disse tranquila até demais – Simone pode me trazer uma aspirina por favor – pedi pelo telefone.
- Amor, eu quero ficar aqui com você, poxa Camila, não é possível que você já esqueceu o que vivemos – ela só podia tá me zoando.
- Você só pode tá doida né Bruna? – minha paciência já estava se esgotando – você vai ficar junto com o Maurício que é seu noivo.
- Não me interessa quem ele seja, eu não quero ir. – disse autoritária.
- Mas você irá – eu disse batendo a mão na mesa de raiva – se é só isso você pode sair, Rafaela já deve estar chegando.
- Olha amor – ela disse manhosa – eu sei que você me ama e tá fazendo isso porque eu não te falei sobre o Maurício, mas nós podemos ficar juntas ainda – ela falava com uma cara de Santa que não existia ali – eu sei também que você está só usando a Rafaela pra me fazer ciúmes, esse namoro de vocês é pura falsidade – ela falou com um sorriso irônico.
- Olha Bruna, meu dia já não começou muito bem – eu já sentia minha cabeça dar as primeiras pontadas de dor – eu não estou com tempo pra aturar sua falta de profissionalismo.
- Falta de profissionalismo o caramba – ela já começava a gritar e graças a Deus aquela sala ter acústica que impedia o som de sair – eu sei muito bem o que você está fazendo, quer me tirar daqui pra poder se esfregar naquela vagabunda da Rafaela – ela mal terminou de falar e a porta abriu, hoje não era o meu dia. Rafaela nós olhava como se não estivesse entendendo nada, eu só de sutiã parada com a mão na cabeça e a Bruna igual uma louca gritando pra Deus e o mundo.
- Atrapalho? – ela perguntou olhando diretamente pra mim.
Fim do capítulo
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Faah
Em: 14/04/2020
Oii autora quero saber quando vai ter o próximo cap.?
Ah e outra coisa to sentindo falta de ver a foto das personagens para formar um rosto ao ler rs. Beijão. To amando muito a Rafa e a Cami
Resposta do autor:
Oi Faah.
Então, hoje era dia de postar a história, mas esqueci meu computador no trabalho, postarei amanhã. Vou recompensar vocês por isso, prometo.
Quanto ao rosto, eu nem me atentei a esse fato, mas vou pensar seriamente nisso nas próximas histórias. Pra te ajudar a pensar nelas enquanto lê, usei a referência da Rafa Kalimann pra formular a Rafaela e da Bruna Marquezine pra compor a Camila.
Obrigada pelo comentário, me ajudou bastante.
Bjokas
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Brescia
Em: 14/04/2020
Boa noite mocinha.
A Rafa é tudo, inteligente,sagaz e o melhor,sabe colocar a Cascavel da Bruna e de quebra acho que ela gosta da Cami. Estou aqui só na espera do próximo capítulo,rs.
Baci picccola.
Resposta do autor:
Oi Bacci :)
Obrigada por ler viu, fico muito feliz. Rafa é uma deusa mesmo. Camila tem que abrir o olho e dar uma chance pra ela logo.
Até o próximo capítulo.
Bjokas
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Marta Andrade dos Santos
Em: 14/04/2020
Vixe barril.
Resposta do autor:
Oi Marta :)
Olha o pipoco kkk
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Aurelia
Em: 14/04/2020
Poxa uma baita sacanagem essa Bruna fez e ainda chama de meu amor, vai atrás do seu noivo oh embuste. Que sintonia essa da Camila com a Rafaela, delícia de ler viu, a Rafa deu um monte de indiretas sobre já gostar da Camila a tempos, larga mão de ser boba e corre atrás de quem te quer e gosta. Abraços
Resposta do autor:
Oiê Aurélia.
Essa Camila ta perdendo tempo, a Rafa tá super na dela e ela fica dando bola p essa Bruna. Muito Obrigada por acompanhar essa história.
Até logo.
Bjokas
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