Ohana
Minha mente ainda tentava processar aquela informação. A situação por si só já era constrangedora, uma vez que havíamos firmado um pacto de amizade. Quer dizer, ela estabeleceu e eu aceitei, já que não havia outra escolha. Meu corpo estava pegando fogo, não sei se pelo enorme constrangimento da situação ou pela expectativa criada, que também era enorme.
- Você tem alguma preferência de roupa? – Hannah vasculhava suas coisas.
- Apenas as que caibam em mim – Tentei melhorar o clima, mas ela apenas esboçou um sorriso tímido.
- Isso não vai ser difícil, acredito que tenhamos medidas parecidas. Que tal essas? – Mostrou um short jeans e uma blusa de manga.
- Tá ótimo. Acho que os meninos vão trazer roupas limpas, então qualquer coisa eu troco.
- Certo – Hannah mexia as mãos apressadamente. Parecia incerta sobre o que fazer- Então, vamos logo com isso de uma vez?
Hannah me ajudou a ir para o banheiro. No meio da porta ela se lembrou de Aninha e me deixou apoiada no batente pra falar com ela e ligar a TV. Ao voltar pisou em algum brinquedo e segurou o palavrão que com certeza iria soltar na frente da filha; Parou alguns segundos para respirar e se recompor.
- Vou encher a banheira, assim você não fica forçando muito o pé.
Ela não sabia se me segurava ou me deixava ali pra colocar água na banheira e quando se decidiu por me deixar sentada no vaso, derrubou o frasco de sais de banho e por pouco não escorregou.
- Hannah...
A mulher andava de um lado para o outro e dessa vez soltou um palavrão baixinho quando viu que havia se esquecido de tampar o fundo da banheira, causando um desperdício de água. Ela estava uma bagunça.
- Ei, ei! – Estendi-lhe o braço conseguindo a sua atenção – Vem cá.
Ela veio com aquele jeito alucinado.
- Respira, tudo bem? Se acalme. Meu pé já está melhor. Se puder, coloca as roupas e a toalha aqui que eu tomo banho, me arrumo e te chamo pra você me ajudar a sair, ok?
- Você..você consegue? – Sua voz saia meio vacilante.
Estava na cara que a situação tava deixando ela muito desconcertada, o que fez com que eu assumisse uma postura mais prática.
- Claro que sim, só está dolorido. Felizmente não quebrou.
Ela fez o que eu pedi e minutos depois eu já estava submergindo numa água levemente quente. Senti meus músculos relaxarem e um sentimento de paz me tomou. Eu estava no banheiro de Hannah e antes disso no quarto dela. Jamais imaginei que meu dia começaria assim tendo em vista a forma como a noite anterior havia acabado. O cheiro dela estava por toda parte. Não sei se era um cheiro perceptível, mas pra mim ele estava totalmente impregnado em cada coisa que ela já tocou, ou apenas pela sua simples presença no ambiente. Eu estava ficando louca com o cheiro dela desde o dia da toalha usada. “Se eu falasse isso em voz alta soaria como nojeira? Sei lá, tem gente que cheira calçinha usada, cada um com seus problemas”. Pela segunda vez, em tão pouco tempo me senti confortável e grata. Fui acolhida com tamanha intensidade em vista dos poucos dias que as conhecia. Parando para pensar, em menos de duas semanas eu estava ali, goz*ndo da calmaria que essas mulheres do interior estavam me transmitindo e pela primeira vez senti que a vida poderia estar me dando uma segunda chance de quem sabe..pertencer. Fiquei refletindo por mais alguns minutos e resolvi me arrumar antes que pensassem que eu tinha me desfeito junto com a água. Fiz tudo bem devagar e quando fui colocar o sutiã percebi que Hannah havia esquecido de trazer.
- Hannah! – Gritei e nada dela responder. – Hannahhh!
Alguns segundos depois ela entrou no banheiro levemente irritada.
- Calma, já ouvi! Eu não sou...
Ela entrou tão rápido que nem deu pra falar direito. Eu estava com os peitos à mostra e ela me olhou profundamente e eu a encarava à altura. Meu peito subia e descia pedindo o ar que naquele momento me faltava. Estar assim exposta era a coisa mais absurdamente vergonhosa e excitante. Hannah estava igualmente travada.
- Você esqueceu de trazer o sutiã – Continuávamos sem quebrar aquele contato.
- Ã..é...claro – Saiu rapidamente do quarto e demorou mais do a ação exigia.
Quando voltou, apenas colocou o braço por dentro da porta com o sutiã.
- Você poderia entrar um pouco mais? Tá um pouco longe pra pegar.
Ela entrou de olhos fechados e virou de costas quando chegou mais perto de mim, entregando o sutiã. Não resisti e me aproximei o máximo que consegui sem que nossos corpos se tocassem. Sabia que ela estava de olhos abertos tentando me ver de canto. O ambiente ficou mais pesado, meus pulmões puxavam o ar com mais dificuldade e a vontade de vencer os poucos centímetros aumentava loucamente. Bastava uma leve inclinação e meus seios tocariam em suas costas. Meu corpo se atraia ao seu, o magnetismo emitia ondas que sugavam minha pele e instigavam a minha vontade. Eu queria tocá-la desesperadamente, mas não assim, não quando sua vontade se limitava a uma simples amizade. Suspirei vencida e terminei de me vestir.
- Pronto, pode se virar.
Ela o fez parecendo mais aliviada. Não resisti de implicar.
- Até parece que não se divertiu vendo meus peitos. – Pisquei.
Ela corou violentamente, não sei de raiva ou vergonha.
- Então se divirta encontrando uma maneira de sair andando sem ajuda.
E saiu do banheiro, se aconchegando ao lado da filha. Fui alternando entre me apoiar nos móveis e pulando em uma perna só.
- Isso é abandono de incapaz, sabia?
- Pois você me pareceu bem capaz de se virar sozinha.
- Será que poderíamos trocar de lugar? - Ela estava no lado da cama que era mais perto da porta.
- Acho que você deve testar melhor os seus limites.
Bufei dando a volta na cama e me ajeitei no meio dos travesseiros. Aninha que estava aninhada entre nós duas tombou a cabeça para o meu lado enquanto seus dedinhos brincavam com as mechas do cabelo de Hannah. Já no começo do filme meu corpo cobrou as poucas horas dormidas e lentamente fui relaxando até me entregar completamente. Não sei se era o extremo relaxamento ou a falta de noção de espaço, mas em alguns momentos senti a cama apertada, depois ela ficou mais espaçosa, mas tinha um corpinho colado ao meu que eu gentilmente abraçava e de repente tinha bastante espaço.
Despertei com uma leve carícia no rosto, esbocei um sorriso.
- Acordou... mamãããããeeee..acordouuu – Ouvi passinhos apressados se distanciando.
Levantei devagar e meu pé deu sinais de melhora. O piso inferior estava bem barulhento e captei uma gargalhada familiar.
- Veja só quem já está andando, dormir faz milagres – Hannah vinha da horta com Laurinha.
- Talvez eu apenas precisasse do estimulo certo - Pisquei pra ela fazendo alusão ao fato dela n ter me ajudado.
- Veja só quem acordou: a bela adormecida versão drag. – Pedro falou da varanda.
- O que? Como assim?
- Devia dar uma olhada na sua cara. - Leo se aproximou e passou a mão no meu rosto – Olha.
- Sorte sua que só compramos tinta guache.
Laurinha tava escondida atrás de Hannah com uma cara de quem sabe que fez travessuras e suas mãos estavam sujas de tinta. Eu não tinha como ficar com raiva de uma brincadeira dessas. Se um dia eu tiver uma filha como ela, eu vou estar muito ferrada. Não terei moral nenhuma.
- Sorte sua que este soldado está ferido - Apontei pra ela – Precisam de alguma ajuda?
Todos pareciam fazer algo. Dona Laura estava no fogão, Hannah limpando e cortando as carnes junto com Leo e Pedro na churrasqueira. Só faltava Sam e Argos, onde será que estariam?
- Você pode ficar de olho na pequena artista? – Hannah pediu.
- Claro, que tal pintarmos só que desta vez no papel? – Falei me abaixando e ela se aproximou de mim.
- Simmm.
- Filha, porque não mostra o parquinho pra Ali?
Os olhinhos dela brilharam e ela muito feliz já ia me conduzindo.
- Espera um pouquinho, tenho que tirar a “maquiagem”.
- Tem um tanque aqui fora amiga – Pedro apontou.
Limpei meu rosto já suspeitando o que viria a seguir.
- Posso trazer suas malas pra cá se preferir.
- Não entendi.
- Pensei que agora que você esquentou a cama da Hannah ia preferir passar mais tempo aqui. – Falou virando a carne.
- Bicha, a senhora é muito sonsa viu. Para de joguinhos comigo.
- Eu que te peço pra não ficar de joguinhos, principalmente com ela.
Uma raiva tomou conta de mim. Receber essas insinuações e ainda por cima do meu amigo era a última coisa que eu imaginava que aconteceria.
- Primeiro: eu não estou compreendendo a sua atitude tão defensora com ela. A sua amiga sou eu, só pra lembrar, ok? E segundo, eu não estou de joguinhos com ela, muito pelo contrário, estou muito interessada, mas já conversamos e ela estipulou que seremos apenas amigas. – Falei essa parte do amigas com certo desgosto. Era nítido que eu estava extremamente atraída por Hannah, mas ao mesmo tempo tentava entender o que a Sam tinha que também me chamava a atenção. Será que era a aparência? Por elas serem totalmente iguais fisicamente? De certa forma fazia sentido e ao mesmo tempo não fazia.
- Então vocês já conversaram? Que bom, porque ela não merece sofrer mais.
- O que? Como assim sofrer mais? O que aconteceu com ela?
Ele notou que provavelmente havia falado mais do que deveria e também estava mais sério do que o normal. O que a minha bicha sabia?
- Estou apenas supondo, afinal, quem nunca sofreu nessa vida? Ninguém precisa de mais sofrimento, não é mesmo?
- Sei...
Que historia meia boca essa dele, como se eu não o conhecesse.
- Vamos Ali – A minha princesinha me chamou da porta.
- Sim, vamos lindinha - Peguei sua mão e olhei pra ele – Você vai me explicar melhor essa história mais tarde porque eu não engoli nem um pouco o que você disse.
- Eu sou um túmulo, meu amor.
- Quero ver se não vai arrumar um jeito de exumar esse cadáver quando eu pegar seus DVDs da Rihanna.
- Ei, nem pense nisso! – Ele apontou o garfo de churrasco.
- Ótimo, vou considerar isso como um sim – Estendi a mão pra Aninha – Vamos?
Ela sorriu empolgada e segurou a minha mão falando e falando sem parar. Ela quis me mostrar as coisas que ela mais gostava por ali, então primeiro fomos ao parquinho, que se rerume em um playground de madeira, com uma casinha no topo, escorrega, escadinha e um pequeno balanço na parte de baixo.
- Empurra, Ali?
- Claro florzinha.
Ficamos ali por algum tempo. Ela me pedia para brincar com ela e precisei ficar encolhida pra conseguir caber lá dentro. Quando cansou dali, ela foi me mostrar a horta, o seu outro lugar favorito. Vi os pequeninos brotos de verduras que cresciam em uma pequena estufa. Outros já estavam bem crescidos e prontos para serem colhidos. Os morangos eram as coisas mais graciosas ganhando força e espaço. As parreiras pareciam sem vida, provavelmente não estivesse na época de crescimento.
- Ali, me pega – Laurinha estendeu os braços que eu aceitei.
Ela puxou um dos morangos direto da plantação e mordeu um pedaço me oferecendo, o que eu aceitei. Se ela soubesse quanta simplicidade havia em seus gestos. Quando eu imaginei que estaria ali, naquela cidade com ares de interior, comendo uma fruta aleatória diretamente do pé?
O ronco de um motor interrompeu meus pensamentos e provavelmente de quem mais estivesse pensando. Um barulho se formou juntamente com uma sequência de latidos e uma voz bem conhecida gritando:
- Cheguei Família.
Argos entrou voado, correndo em todas as direções, lambendo as pessoas em busca de comida e carinho. Ele só não estava mais feliz do que o clone de Hannah que parecia radiante em suas botas de trilha completamente sujas, o cabelo levemente bagunçado e uma pena vermelha. As laterais do seu Ford também estavam cobertos de lama, o que era estranho já que estava calor.
- Finalmente resolveu dar o ar da vossa graça – Hannah agora amaciava a carne com um martelinho.
- Também é ótimo te ver irmãzinha – beijou a cabeça da sua gêmea – Tá precisando trans*r pra relaxar um pouco.
- Samantha! – Dona Laura repreendeu apontando Laurinha perto de mim.
- Oh, Desculpe mamãe - Deu um beijo nela também – Quanto tempo que você não brinca no playground maninha?
- Samantha! – Dessa vez Hannah chamou sua atenção, começando a bater mais forte na carne.
- Não precisa ficar vermelhinha, eu só quero o seu bem – Falou abraçando sua cintura.
- Por onde esteve Sam? – Hannah cortou o assunto.
Aparentemente Sam não gostou muito do questionamento e tentou se distrair comendo uma maçã.
- Essa pena no seu cabelo já te entregou – Hannah apontou.
- Posso ter encontrado na estrada.
- Algum animal deve estar trocando de penas então, porque você já tem uma coleção. Dá pra fazer um cocar – Pedro comentou entrando na casa.
- Até você? – Sam pareceu não gostar muito.
- Só to falando a verdade.
Ela encarou Pedro por alguns segundos e ele também devolveu o olhar. Ficaram em um silêncio esquisito e do nada começaram a rir e se abraçaram. “Ué, não entendi nada”.
- Eles gostam de fingir que estão brigando – Leo me explicou.
- Tia Sammmm – Laura correu em direção a ela.
- Passarinhooooo.
Sam a pegou e ficou jogando ela para o alto. A danadinha ainda ficou de braços abertos, como assim?
- Voa passarinho, voa. – Ela ria muito feliz – Que tal você ajudar a tia a limpar o carro? Vai ter bastannnte água e pode ser que a gente se molhe bastannnte.
Se você quer ganhar a alegria de uma criança, é só falar que vocês vão brincar com água num evento que não se chame banho.
- Não demorem muito, logo o almoço estará pronto.
- Tudo bem - Ela me olhou no batente da porta e pareceu achar graça – Por acaso você é vampira?
Fiz uma cara de dúvida e ela completou:
- Parece estar pedindo permissão para entrar.
- Estávamos na horta – Expliquei.
- Gostaria de nos ajudar com o carro? Só não posso garantir a sua integridade quando eu der a mangueira pra minha sobrinha.
Esbocei um sorriso e senti os olhos de Hannah em mim. Quando procurei seus olhos ela estava batendo a carne com tal força que já estava bem audível. Dona Laura se aproximou dela silenciosamente e os barulhos foram normalizados.
- Talvez seja melhor não, ainda estou com dor nos pés. – Tentei declinar.
- O que houve com o seu pé? Machucou-se? – Olhou para meus pés procurando por algum ferimento.
- Sim, cai, mas não foi nada demais.
- Vamos Ali! – Aninha chamou.
- Você pode só ficar lá conversando com a gente, não é passarinho?
Vi-me sem argumentos. Eu não queria dizer um sonoro não porque simplesmente não havia motivos para algo assim. Soaria bastante grosso. Sentei em um lugar onde Hannah tivesse uma boa visão de mim e do que eu estivesse fazendo. De algum jeito eu gostaria que ela visse que eu não estava fazendo nada mais do que conversar usando uma distância saudável entre nós.
- Então, por onde andou? – Tentei puxar assunto.
- Estava dando uma volta por ai – Falou passando um pouco de sabão no carro.
- Deve ter sido uma bem animada por sinal.
- Por acaso está com ciúmes? – Ela fez uma cara safada.
- Não, só comentando o óbvio.
- Pois eu aposto que você está... – Sam me deu um olhar de predadora preparada para atacar.
Um frio na barriga me atingiu em cheio e senti vontade de correr dali. Ela se aproximou e sem me encostar sussurrou no meu ouvido.
- E está doida para me beijar.
Eu não a respondi. Fechei meus olhos como quem espera o inevitável. Aspirei o seu cheiro e ele era agradável, mas não era o que havia impactado e arremetido as minhas sensações. Eu queria outro e essa certeza não me assustou, pelo contrário, fez todo sentido, de um jeito irremediável.
- Oi irmãzinha, tudo bem?
Meu coração quase parou e gelei. Essa mulher só aparece nessas horas inapropriadas. Fui pega feito uma criançinha fazendo merd*. Suspirei e virei em sua direção. Encaramos-nos e seus olhos pareciam raivosos. Samantha percebeu o clima tenso que havia surgido.
- Tudo bem garotas?
Hannah não lhe respondeu e saiu bufando. Mais uma vez soltei um suspiro e passei a mão nos cabelos. Samantha ficou em silencio por alguns segundos, me analisando de um jeito bem sério, o que não aparentava ser o seu normal e entrou na casa.
- Fica de olho neles. – Se referindo à Laurinha e Argos que já estavam completamente molhados. Ela estava rindo de se acabar com ele tentando morder os jatos de água. O carro, por sua vez, estava repleto de sabão. Pelo visto lavar carro com eles não é o jeito mais certo de se economizar água. Resolvi dar continuidade ao trabalho já que minha cabeça tava fervilhando. Elas provavelmente foram conversar e eu não estava com a menor vontade de pontuar essa tecla com elas agora. “Você não estava fazendo nada de errado”, eu dizia na minha mente como um mantra. “Você é solteira e desimpedida”, eu continuava repetindo, quem sabe uma hora eu realmente acreditasse nisso. Esse discurso até colaria se não estivéssemos falando de duas irmãs gêmeas. Suspirei já cansada e procurei me distrair. Achei uma bacia grande e enchi com um pouco de água, tirei a roupinha de Laurinha, deixando ela só de calçinha e a coloquei ali. Arrumei um balde com água e fui esfregando, quem sabe meus pensamentos também se clareassem. Um tempo depois Samantha surgiu e eu já tinha passado sabão e terminando de jogar água.
- O lance do pé era mentira pra não lavar o carro? - Sua expressão estava mais suave.
- Não, era verdade, mas eu estava precisando organizar os pensamentos.
- E ajudou?
- Mais ou menos
- Que bom, porque eu só tenho uma pergunta e você só vai precisar dizer sim ou não.
- Você também sente o mesmo por ela?
Sam jogou assim: na lata. Gostaria de dar uma resposta madura, mas sabia que a voz ia dar uma falhada. Só confirmei o que eu já havia constatado minutos atrás. Balancei a cabeça afirmativamente e desviei o olhar envergonhada. Ela ficou um tempo sem responder.
- A minha família é tudo pra mim. Embora eu me sinta um espírito livre, até os passarinhos tem o seu ninho. Se eu tivesse percebido o interesse dela antes, eu teria agido diferente. – Disse seriamente, mas isso pelo visto não fazia parte do seu repertório, porque logo em seguida ela começou a me provocar – Tava tentando sair no 2 em 1 né..
- Acredito que você não teria problemas com isso. – Rebati.
- Com certeza não – Sam gargalhou e me deu um olhar sedutor – Mas ela se importa e eu me importo com ela. Não vou ficar no meio do óbvio.
- Como sabe que é óbvio?
- Você viu a cara de assassina que ela me deu? Se ela matasse pelo olhar vocês já estariam fazendo o meu velório.
Não pude deixar de achar graça. Sam oscilava entre falar sério e fazer piada de tudo.
- Vocês conversaram? – Tentei não parecer ansiosa.
- Sim. Na verdade, no começo foi mais um monólogo de eu tentando controlar a raiva dela.
- E o que você disse?
- Ei, é coisa de irmã.
- Mas achei que estivesse apoiando.
- E estou, mas ela é minha gêmea. Sempre vou tender para o lado dela – Falou tocando no meu ombro – O que eu posso te dizer é que eu deixei claro pra ela que não vou ficar no caminho. Agora cabe a você fazer o gol. Já te passei a bola.
- Meninas, vamos almoçar. Já está pronto, só falta colocar a mesa.
- Que vocês deviam ajudar né. Deixaram o trabalho todo pra nós – Pedro reclamou.
Ele, Leo e Hannah estavam carregando uma mesa de madeira pura para o gramado.
- É, uma ajudinha cairia bem aqui, viu.
Fomos ajudá-los enquanto dona Laura tirava Aninha da bacia com uma toalha. Quando fiz menção de ir em sua direção, Hannah me olhou tão feio que fui para o outro lado.
- Ela deve estar me odiando. – Comentei com Sam quando voltamos para buscar as panelas.
- É assim que se chama ciúme de onde você veio?
- Quando que você começou a ficar debochada assim?
- Eu devo te alertar que conviver com a minha irmãzinha traz alguns danos permanentes.
Esbocei um sorriso pensando que não seria problema algum estar intoxicada por Hannah e suas manias. Durante o almoço tentei puxar assunto com ela, mas fui ignorada completamente. Em algum momento Aninha sentou entre nós duas, pedindo ajuda pra abrir seu suquinho.
- A mamãe abre filha.
- Eu quero a Ali.
Pronto, se eu tinha esperança de tentar falar com ela, tudo caiu por terra.
O final da tarde começava a cair, trazendo consigo um friozinho gostoso e algumas taças de vinho. Conversávamos animadamente, mas em nenhum momento consegui abordar Hannah individualmente. Talvez fosse melhor dar um tempo até ela se acalmar. Um som de sirene foi se aproximando e um carro de polícia parou próximo à casa. Com exceção de mim todos fizeram uma cara esquisita. Hannah, que voltava para a varanda, pareceu se assustar com o que viu e deixou sua taça cair.
- Papaiii – Laurinha gritou.
Fim do capítulo
Oi pessoal, tudo bem? Mais um capítulo na mesa de vocês. Espero que gostem.
Comentem o que acharam da história e obrigada pela sua leitura.
bjos
Comentar este capítulo:
SPINDOLA
Em: 12/04/2020
Bom dia.
Capítulo intenso e delicioso de ler.
Amo Alisson com Hannah, Sam pode ser apenas uma amiga, a não ser que está pensando em fazer um trio, será, só o tempo dirá, já que está com medo de responder os comentários por medo de dar spoiler.
Hannah assustada com o ex, aí tem, por um acaso ela sofria violência dele.
E o passado da Ali, quando saberemos o que aconteceu?
Que tal um extra pra fazer nossa alegria.
Feliz Páscoa
Bjs de chocolate
Resposta do autor:
hahaha eu tenho certo receio de responder comentários mesmo. Não quero estragar a experiência de vocês com algum spoiler, mas eu amo receber esses feedbacks. Fico muito feliz com essa troca, então muito obrigada pela sua leitura. Sobre a história, acho que em breve vamos saber o que aconteceu com a Ali. É bem provável que o arco de Hannah apareça primeiro porque vai fazer parte da narrativa.
Vou ficar devendo esse extra porque o próximo capítulo ainda está sendo desenvolvido. Sou meio lenta na hora de escrever kkk
Feliz Páscoa!
Mille
Em: 12/04/2020
Oi Maya
Sam saindo e deixando o caminho para a Hannah.
Agora é com a Alisson conquistar uma mulher braba com ciúmes .
Pai da Aninha aparecendo e surgindo em Hannah apreensão.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oi Mille, obrigada pela sua leitura e pelo comentário! Tem muita coisa pra descobrir no próximo capítulo. Vou tentar terminar logo pra jogar aqui pra vocês, mas a Hannah é meio ciumentinha mesmo. kkk levemente insegura, mas com o tempo a personalidade delas vai fazer mais sentido.
Feliz páscoa!
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Anny Grazielly
Em: 12/04/2020
Genteeeeeeee... como eu amo essas três: Hannah, Ali e Laurinhaaaaa.... minha familia lindaaaaa... quero sempre momentos delas juntas...
Sammmmm... te gosto um pouquinho mais agora só pq vc entendeu que o nosso casal lindo eh Hannah e Ali... vc merece uma pessoa com o espírito livre para viajar muitooooo... vc eh comédia demais
Caraaaaaaa... ja estou preocupada com a presente do pai da Laurinha... eu sei que ele fez muito mal para Hannah... agora... o que foi?!?! So espero que ele nao prejudique a relação da Hannah com Ali...
Amei o momento do banheiro... ja louca pra ver o primeiro beijo delas e tb a primeira noite de muitooooooooo amor....
Resposta do autor:
hahahaha eu adoro as 3, mas gosto muito da Sam tbm. Cada uma tem suas particularidades. A sam gosta muito de flertar, da paixão. Eu imagino ela como uma pessoa muito bem resolvida no quesito interesses amorosos. Se ela quer, ela se insinua..corre atrás.
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