O dragão
Contradictio
“O dragão”
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“Uma guerra é justa quando é necessária.”
- Nicolau Maquiavel
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- Eu não entendo... - A loira falava para uma Emanuella inquieta com o momento da decolagem se aproximando. Estavam na primeira classe da aeronave, pois esperar pelo avião particular prolongaria ainda mais a estadia das mulheres na Itália e isso era tudo que a jovem agente não queria – Por que estamos indo para o Brasil antes do prazo delimitado pela senhorita d’Angelis? - franziu o sendo em uma careta e rolou os verdes em desagrado ao mencionar a Italiana mais nova.
Katherine a mirou por um instante, caso não estivesse preocupada com seu medo irracional de voar e com a segurança da esposa e filha, acharia cômico a cisma hiperbólica que a loira nutria pela a outra.
- O que? - Indagou Iara, sem compreender o sorriso torto sob os lábios da morena – “Aquela mulher é intragável, Kath, pelos deuses! – completou cruzando os braços e colocando um encantador bico nos rosados lábios.
- De onde saiu tudo isso, Iara? – Gargalhou quando a loira estapeou seu ombro em protesto - Deu para encrencar com as Italianas sexy, que por um a caso, é nossa “salvadora de armadura reluzente”?- Indaga com uma das sobrancelhas arqueadas, mantendo o sorriso maroto nos lábios.
- Ela é uma mulher horrível e sem coração, Emanuella! – os verdes, fervendo em ciúmes, foram para os azuis zombeteiros, indignada.
- Um monstro cruel, obvio! – Dramatizou com uma careta cênica.
- Só não virei "amiginha" da alguém que a obrigou a casar-se com a pessoa que mais odeia no mundo!- sem medir o peso das palavras, Iara desabafou- Dê minha filha aqui! –Ordenou, inclinado em direção a Angeline. A menina dormia tranquilamente enroscada em seu “colchão humano”.
Emanuella respirou fundo, condenando-se um pouco mais ao perceber o tamanho da mágoa nos verdes.
- Respondendo sua pergunta, Doutora... – Fechou-se em seu casulo novamente, apagando qualquer leveza de sua postura - Estamos voltando mais cedo para participarmos do aniversario de casamento dos meus pais! – omitiu o primeiro e mais importante motivo- E ao que parece o plano de casamento deu certo, todos já sabem!- Completou, desviando os azuis de Iara e mirando o horizonte pela pequena janela da cabine.
Ouviram a voz do piloto e logo em seguida o avião começou a decolar.
Castiel tentava manter-se firme e não demonstrar o pequeno pavor que lhe tomava. Não era só pela decolagem e sim pelas palavras da Senhora d’Angelis.
“-Olhe para mim, Katherine! – Diana diz segurando-a pela face banhada em ódio - Olhe nos meus olhos, figlia (Filha) e me prometa, prego (por favor)... – azul com azul em um encontro de almas – Prometa que não irá atrás deles! – implorou – Prendi tua moglie e tua figlia e vattene, para o mais longe que puder! – rogou em suplica.”
A uma guerra estaria á caminho, só não sabia ao certo os motivos e quem era o mandante maio, contudo descobriria e quando o encontrasse, o destruiria.
Iara olhou a mulher pelo canto dos olhos, notando o desconforto da mulher, tomou a mão gelada da Agente, que apertava o descanso para os braços como se quisesse partir-lo.
- A gente vai ficar bem, não é? – indagou com os verdes nos azuis.
- Eu prometo! – sussurrou apertando a mão da menor na sua.
***
O ministro Pedro Castiel concentrava toda sua atenção na pequena tela a diante. Acomodado confortavelmente em sua cadeira, trabalhava incessantemente para lucilar seus objetivos.
A ambição por mais poder, impulsionava seu labor. Não mediria esforços para alcançar o topo. Entretanto, acabou entrando em um cabo de guerra com alguém mais forte e igualmente sagaz.
- Maldita mulher! – rosnou injuriado, jogando os óculos á mesa.
Arrependia-se profundamente do dia que a desejou.
“Uma feiticeira sobe disfarce de Afrodite.”
O celular tocou, roubando a atenção dos azuis escuros.
- Olá querido! – a voz aveludada, bailando ao sensual, tão natural á ela – O seu tempo está acabando! –gargalhou.
- Eu já disse que darei um jeito, Merida! –rosnou enraivecido.
- E por que ainda não encerrou essa maldita investigação? – gritou perdendo a paciência.
O cerco estava se apertando para ambos e não seria beneficio á nenhum se toda a podridão sobe o tapete viesse ao conhecimento publico.
- Eu disse que resolveria! – pontuou – E o que fez?- pergunta retórica – Você seqüestrou as duas herdeiras das famílias mais poderosas que existe, vaca maluca! – rosnou em ódio.
- Sugiro que mantenha a compostura, Ministro! – advertiu – De nós dois, você é quem terá mais á perder se formos pegos e... – O tom de voz voltou á normalidade – Jamais machucaria minha “filinha”! – soltou sarcástica, fingindo-se de ofendida- Agora faça o que eu mandei, ou acabo com a sua raça! – ordenou, deixando um Pedro com a linha muda em companhia.
****
As mulheres desembarcaram e em quarenta minutos já estavam na mansão Muller. Por hora Katherine ficaria ali, até tudo se resolver preferia estar por perto.
Castiel olhou ao redor.
Tudo parecia igual!
Augustos não havia mudado muita coisa desde a época em que a policial costumava freqüentar aquele espaço, primeiro por Iara e depois por Tiago, tendo em vista que a de olhos azuis não era bem vinda.
Lembrava-se com pesar das vezes que o sogro tentara fazer-la se afastar da médica. Era tão inescrupuloso que ofereceu uma pequena fortuna á Emanuella para deixar a filha. Jamais aceitaria uma filha que não pudesse controlar e manter a "boa Imagem" e reputação da poderosa família Muller.
Os azuis escuros caíram sobre a loira saindo de seu campo de visão no topo da longa escadaria que levava ao andar superior. Suspirou resignada e adiantou-se pelos degraus.
Caminhou com Angel nos braços, não sabia onde era os aposentos da criança, então continuou no encalço de Iara mais adiante. Enquanto em sua mente traçava as tarefas do dia. Falaria com a segurança e contrataria mais alguns homens de sua confiança e...
“Deus... Que bunda é essa!”
Por água á baixo foram os planos que traçava, por que novas idéias tomavam sua imaginação ao assistir a loira inclinar-se no berço para tornar o mais confortável possível para Angel.
Precisava andar pela mansão e conhecer os mecanismos de defesa da casa, isso sim.
“Concentração animal!”- repreendeu-se mentalmente, mais ainda tinha o olhar cobiçoso no largo gradil da menor.
Deixou a filha no conforte de seu quarto e com um beijo nas madeixas negras, saiu apressada para o “seu”.
- Mandarei alguém arrumar suas coisas no quarto de hospedes, é de frente com o da Manu!- falou Muller enrolando os loiros em coque frouxo, enquanto caminhava até o enorme closet, voltando em seguida com uma maleta de primeiros socorros
- Obrigada! - diz a agente acompanhando a mulher retirar de lá todos os matérias que julgava necessário.
- Sente-se e tire a camisa! - Iara ordenou parando diante da mulher.
- C-Como é? – Perguntou Castiel e a loira acompanhou um leve rubor pintar as bochechas pálidas – Por que faria isso, doutora?– Replicou em uma postura rígida, percebendo seu deslize.
Não sei se notaram, entretanto as duas pessoas que estavam presas a aquele casamento e conseqüentemente ao quarto, eram os seres mais teimosos e orgulhosos que os deuses poderiam produzir, ou umas das criaturas mais cabeças duras que já criaram.
- Olha Katherine... - suspirou cansada – Não torne as coisas mais complicadas do que já estão, ok?! - aproximou-se da maior, depositando a maleta sobre a cama - Sei seus pontos abriram!- apontou-lhe o ombro.
O rosto bronzeado assumiu um tom avermelhado quando se lembrou do motivo deles terem se rompido. O fato não passou despercebido pela policial, que fiz um esforço homérico para não gargalhar da cena encantadora que era Iara envergonhada.
A loira, querendo livrar-se do constrangimento, voltou à postura autoritária e continuou a dizer.
- E se não refazer-los, o ferimento pode inflamar, sei que não gostará nada de ter que ir ao hospital para limpar-lo. Então por favor, tire a camisa e senta essa bunda linda nessa cama!- Pontua, já estava perdendo a paciência com os azuis estreitados em zombaria para si.
A gargalhada que Kath tanto lutou para conter, rasgou o ambiente. Só então Iara percebeu suas ultimas condenações aos glúteos alheio e o leve vermelho em sua delicada face passou para rubro.
- Bunda linda é doutora? – o sorriso malicioso veio acompanhado de uma sobrancelha arqueada em sugestão.
- Cala a boca e senta logo, sua idiota! – com o cenho franzido a menor ordenou por fim, repreendendo-a.
Castiel, sem mais questionamentos ou réplicas, caminhou resignada até a cama e sentou-se na beira, retirando a camiseta em seguida.
Todos os seus movimentos eram acompanhados pelos verdes mel, que interromperam o percurso que faziam, estancando em uma das patas do dragão saindo da cintura de Emanuella até o abdômen.
- Achei que não fosse adepta á idéia de marcar o corpo de forma permanente! - Iara quebra o silêncio ao passo que colocava as luvas para iniciar a sutura.
A loira lembra-se bem da fala da maior sobre tatuagens, dizia que estava em constante movimento e que muito provavelmente se arrependeria de marcar a pele com algo tão definitivo que dificilmente poderia ser alterado.
- Eu também achei!- Os azuis acompanhavam a mulher a frente - Mas precisava de algo que anestesiasse um pouco do ódio que cultivava em mim e me lembrasse dos demônios que alimentei todos esses anos!- contou em um tom rouco e cadenciado, enquanto assistia a esposa aproximar-se.
Perdeu o ar ao sentir o calor que emanava do corpo curvilíneo, tão perto do seu.
-E porque um dragão? - indagou a loira, tentando se concentrar no trabalho que desempenhava. Estava em pé entre as pernas da maior, o que tornava seu objetivo impossível
Os verdes pararam nos azuis intensos e escuros esperando pela resposta, mas essa não veio
- Não tenho pomada para anestesiar a dor, você agüenta? – desviou os verdes voltando-se para o ombro ferido.
- Já sobrevivi a dores, piores! – Respondeu sem tira os azuis do rosto da bela Muller.
E envolvida pelo silêncio, Iara pôs-se a trabalhar. A cada beijo do hálito quente de Kath em sua face, sentia os pelos da nuca involuntariamente arrepiarem.
- O dragão... – sussurra o rouco de Castiel – É o que me tornei!- agora com os verdes voltados para si – E assim que eu sou quando ninguém está olhando, uma fera fria e calculista! - desviou os azuis para os lábios grossos e úmidos da doutora - Me faz lembra que não devo deixar-la sair, jamais! - completa aproximando-se ainda mais o rosto do de Iara, podia sentir a respiração descompassada da mulher.
- E-Eu sinto muito, meu anjo de cabelos negros!- Iara diz e seria impossível Emanuella ouvir-la, caso não estivessem tão próximas.
Os avermelhados rosaram de forma sensual nos lábios da loira, que já tinhas os verdes fechados e aguardava sofregamente pelo contato. Katherine suspira cansada e afasta-se um pouco, Iara já sentia o arrependimento por ter aberto a boca ao ver atitude da mulher, porém surpreendeu-se com o que veio a seguir.
Castiel acomodou as mãos na cintura fina da mulher, uma em cada lado, repousou a testa sobre o abdômen da menor e com os olhos fechados respirou fundo, sendo tomada pelo cheiro doce e agradável de Iara. Apreciou o raro momento de calmaria que aquele contato lhe proporcionava.
Iara sentiu um aperto tomar-lhe o peito, ao perceber a fina malha que constituía sua blusa, melificando-se.
Ela estava chorando?
Sim, o dragão havia sumido, dando lugar á frágil e humana Katherine. Uma mulher de desamores e muitas cicatrizes. Não havia mais a orgulhosa e autoritária Castiel, apenas um anjo com as asas cortadas. Um dragão que se transformava em frágil filhote.
- Eu estou tão cansada, amore mio! - a voz rouca saiu abafada.
De forma lenta e com certo receio, que seus movimentos pudessem afastar-la, Iara levou os dedos para as madeixas negras e começou uma caricia delicada e cheia de carinho, como se pudesse amansar a tempestade no interior da jovem. Tudo que queria era proporcionar um pouco de alívio para a mulher.
Sentiu as lágrimas tímidas e quentes fugir-lhe dos verdes, fechou-os com força. Sabia como era se sentir á ponto de afogar, sem ar e sem forças para lutar. Com o braço livre, circundou-lhe os ombros e permitiu-se sentir o calor do corpo de Castiel contra o seu.
Estavam em casa. Aquele abraço era seu lar.
- Vai ficar tudo bem, meu anjo! - sussurrou a doutora sem interromper o contato.
Castiel sentiu as lágrimas molharem a dura face, apertou os olhos com força e cerrou os dentes, como se assim pudesse desfazer o nó que se formou em sua garganta.
Ficaram nesse abraço por alguns minutos.
- Pode me perdoar? – A pergunta veio, trazendo interrogação para os verdes.
- Pelo o que? – indagou confusa – Achei que eu deveria pedir isso á você! –completou.
Emanuella afastou-se da loira e os azuis vermelhos foram para a face delicada. Passeou com os dedos gelados ali a contornando delicadamente.
- Por não estar com você quando nosso bebe nasceu... – soluçou – Por não ter cumprido com minha palavra e por não te proteger daquele homem doentio! – chorou em amargura.
- Quem te contou isso? – Iara afastou-se abruptamente – Quem, Katherine? – Gritou.
- Meu amor... – disse aproximando-se, mas a loira recuou rejeitado seu toque.
- Não Castiel! – gritou chorando – Será que não vê que eu não mereço seu amor, muito menos seu perdão? – indagou aos prantos e a morena pode jurar que seu coração havia se partido um pouco mais – Eu sou uma mulher quebrada, que jamais voltará a ser amada! – completou dando as costas para a jovem.
- Isso não é verdade! – começou, engolindo sua angustia – Você é a mulher mais linda, forte e inteligente que eu já conheci. Sua pureza e bondade me constrangem e quando você sorri... – um mínimo sorriso surgiu nos avermelhados lábio – Quando você sorri, Iara o meu mundo todo se desfaz e tudo que eu quero e ser uma mulher digna dele! – Aproximou-se dela e parou a centímetros do corpo menor – Eu sempre vou te amar, por que para mim você é a única garota do mundo! – sussurrou contra a pele exposta do pescoço.
- Vai embora Kath, por favor! – implorou entre soluços de um choro amargo, ainda de costas.
Afastando-se cabisbaixa, Castiel caminhou para fora sentindo o familiar gosto da rejeição.
***
O sorriso sedutor era coadjuvante para as palavras falaciosas, porém convincentes, aos ouvidos da jovem mulher, que sem qualquer consciência do caráter de seu “predador”, enrolava-se em sua teia de encantos. Os olhos castanhos claros, tão claro como mel, focados em seu objetivo, direcionavam-na á se embrenhar ainda mais naquele jogo perigoso e como um breve selar de lábios ele afastou-se, convicto de que sua marca havia sido deixada na próxima vitima.
O homem guia-se até o carro e engrenou para seu destino. Já no estacionamento, saiu do mesmo, batendo a porta com força e travando-a em seguida.
Com passos presunçosos, caminho arrogante para o elevador. Parou na cobertura, sua casa, entrou pelas portas armando o alarme, assim que passou pela entrada e cerrou-a atrás de si.
“Lar, doce lar!”
Sorriu convencido de seu poder ao olhar ao redor e mesmo na penumbra o luxo do ambiente não passaria despercebido. Ainda no escuro, resolveu ser uma boa comemorar seu poder e riqueza com uma doze do melhor conhaque de sua adega, e assim o fez. Serviu-se de uma generosa quantidade, porém seu deslize veio ao acionar o receptor do lustre que costumava iluminar o ambiente.
A respiração parou. O sangue sumiu de sua face quadrada, concentrando-se totalmente nos grandes músculos, como conseqüência, seus órgãos digestores “param” de peristaltar, o frio na barrida foi eminente. Adrenalina caiu na corrente sanguínea, seu coração galopou com maior velocidade e pressão. Se celebro totalmente focado ao menor sinal de perigo eminente ao redor.
Extinto de sobrevivência acionado, isso tudo em menos de meio segundo.
- O-o que faz aqui? – a voz tremula ousou se impor á presença marcante, sentada confortavelmente em sua poltrona favorita.
O silencio em respostas só atenuava sua ansiedade por uma resposta.
Os azuis, cintilantes como raios, não abandoava os seus, agora negros pelas pupilas dilatadas, arregalados em sua direção.
Ele temeu.
Tudo piorou quando o rouco sombrio e cortante como o frio resolveu quebrar o silêncio.
- “Lex talionis” – disse ela, a calma de sua respiração era desesperador.
- Como? – Indagou ele, tomado pela confusão.
- Ora... – sorriu diabólica – Não me diga que também matava as aulas de latim, “maninho”? – desdenhou em um sorriso macabro.
- É melhor sair daqui sua imbecil... – enfrentou-a, mesmo tomado pelo pavor que a visão da mulher lhe causava – Ou vou chamar a segurança! – ameaçou.
A gargalhada sem qualquer sombra de humor irrompeu o ar, entrando como cascalhos de vidro em seu cérebro.
A morena levantou-se calmamente e com a mão enroscada nas costas, caminhou até a pequena mesa com algumas garrafas de bebida, servindo-se do mesmo conhaque que o homem. Suspirou, assim que o sentiu queimar seu interior.
- “Lex talionis”... – continuou, ainda de costas para ele – A Lei do Talião! – os azuis cintilantes, voltaram-se ao loiro – Creio que conhece, não é Vithor? – outro sorriso que fez os todos pelos do loiro eriçarem.
- O que quer, Emanuella? – replicou em uma firmeza falsa.
- Te matar! – disse simples – Mas não sem antes arrancar as suas bolas, picar-las em inúmeros pedacinhos e fazer você engolir uma á uma! - A neutralidade em sua postura desapareceu, e nesse momento lá estava ele... O “dragão”, frio e calculista, com ódio saindo das ventas em forma de chamas – Contudo, por hora, me contento em socar essa sua cara de merd*, até afundar seu crânio no cérebro! – cuspiu tudo, sem qualquer resquício de brincadeira.
-Ah... – não se deixou abalar – Então aquela vadia te contou como costumávamos nos divertir? – adotou a postura de enfrentamento. Cínico e sagaz – Eu adorei foder ela enquanto ela implorava para eu parar, como uma puta! – o veneno escorria de suas palavras – Ela chorava e gritava por socorro, implorando que você fosse salvar-la! – completou cruel.
- Cala a boca! – Soletrou Kath em um rosnado cadenciado e baixo, lutando para controlar sua fúria e não partir para cima do irmão.
- Va-di-a! – Disse soberbo com os pulmões estufado.
Mas a reação da morena não veio como o a explosão esperada.
-Essas são suas últimas palavras? – perguntou sorrindo.
O Castiel maior, em um ataque de fúria, atirou o copo na direção da mulher que se esquivou prontamente e em um rompante correu lhe em direção.
E esse foi o inicio de um embata tão esperado, por ambas as partes.
Com um “direto” ligado ao mento quadrado, Emanuella viu o homem cambalear para trás. Esse não se fez de rogado e devolveu um soco na altura do abdômen da maior que perdeu o ar por alguns segundos. Tempo suficiente para Vithor pular o balcão que dava acesso a cozinha.
A morena o seguiu, pulando com uma joelhada nas costas largar, o que fez o homem urrar de dor.
Talvez tivesse quebrado uma ou duas costelas. Virou-se com gana, potencializada pela dor, de revidar, contudo era tarde.
Um. Dois. Três e por ai vai. Os socos desferidos contra seu rosto, sem qualquer delicadeza ou arrependimentos ardiam.
Katherine sentia as mãos doerem, mais isso não se comparava a dor do seu coração.
Cada hematoma em Iara, cada lágrima, tudo isso estava ali.
“– Eu sou uma mulher quebrada, que jamais voltará a ser amada! – completou dando as costas para a jovem.”
Não queria aplacar sua fúria, não queria se acalmar, apenas fazer o homem sentir toda a dor e mal que causou.
“- Vai embora Kath, por favor! – implorou entre soluços de um choro amargo”
O ódio a dominava, conseqüentemente á cegou, pois só percebeu tarde, o aço de uma panela qualquer indo em direção á suas têmporas.
O “dragão” foi ao chão e o “inescrupuloso” pôs-se sobre ele, devolvendo os golpes que recebeu. Contudo esse não seria o fim, não hoje, pois os motivos que guiavam a mulher eram mais sinceros e inflamáveis que os do homem.
Com um jogo de pernas, Katherine trocou de posição com ele, mas o grande erro de Vithor foi achar que ela voltaria retribuir os golpes, isso não aconteceu.
O homem sentiu a traquéia sendo esmagada por dedos raiventos. O ar não chegava mais em seus pulmões, como um efeito dominó, nem aos tecidos do seu corpo e ao cérebro.
Ela viu o desespero nos castanhos, ela os assistiu implorar por ar, mas não podia para. Todo que ela escutava era as batidas aceleradas do próprio coração e uma respiração acelerada.
A verdade é que ela não queria parar e como o azul tempestuoso colado aos castanhos, viu-os se fecharem e todo o corpo sob o seu ceder.
Fim do capítulo
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