Mediatário - Aquele que é mediador de algo ou situação.
Capitulo 3 - Mediatário
A garota pressionava o saco de steak congelado na bochecha de Charlie enquanto ela segurava os cubos de gelo, envoltos por um pano branco, que agora já estava coberto de sangue devido aos cortes nos seus lábios.
Charlotte demorou um tempo para assimilar o que tinha acabado de acontecer. Depois de uma noite de insônia no Grand Hilton Hotel, ela decidiu ir tomar um café no Joe's Coffee Bar. Se lembrou que naquele horário não havia quase ninguém no estabelecimento. O plano era perfeito, ela passaria despercebida e ainda mataria a saudade do café da manhã do Joe. Era uma das únicas coisas que Charlie sentia falta naquela cidade. Só não contava em encontrar o Mike Collins logo cedo.
- Griffin! - Joe voltou ao estabelecimento, ele havia saído arrastando o Mike nos braços juntamente com a outra garçonete, o expulsando da cafeteria. - Cuide da Charlie! Eu vou ter uma conversa séria com o Collins agora!
Joe estava eufórico e preocupado, mas a funcionária, que estava assustada e pálida olhando para Charlotte, só conseguiu assentir com a cabeça.
Ela era uma mulher bonita, a pele um pouco bronzeada indicava que não havia nascido em Hilton. Os cabelos, meio liso ondulado, lhe caia um pouco a baixo dos seios. Os olhos cor de mel combinavam com os cílios bem definidos. Tudo nela era alinhado, inclusive a boca que era avermelhada e convidativa.
Charlie não soube dizer se ela tinha mais de 18 anos, mesmo quando reparou no par de seios fartos, ligeiramente salientes sobre uniforme azul marinho, onde podia-se ler Claire Griffin.
- Você está bem, senhorita Claire Griffin? - Perguntou temendo que a menina estivesse tendo um colapso nervoso depois da briga.
Claire a olhou confusa, estranhando a pergunta, mas enfim respondeu:
- Es... Estou sim! - Disse depois de respirar fundo, provavelmente para recuperar a sanidade. - E você, senhorita Charlie?
- Charlotte Sanders... - Estendeu a mão. Claire a apertou e Charlie pode sentir um toque suave. A garçonete tinha mãos macias. Mas para sua infelicidade, o contato durou pouco tempo. - Pode me chamar de Charlie, é assim que todo mundo me chama.
- Sendo assim, você pode me chamar de Claire. - Ela sorriu e a Sanders acompanhou seus lábios - E então, você está bem? - Perguntou apontando para o rosto de Charlie.
- Sim... O steak ajudou bastante. - Brincou enquanto apontava para a carne que Claire ainda pressionava na sua testa.
- O Joe vai me matar quando souber que estraguei 2 dólares. - Ela riu entrando na brincadeira.
- Aposto que ele vai te obrigar a fazer hora-extra por causa disso.
- E a entregar todas as minhas gorjetas! - Completou em um falso tom dramático.
Não era habitual encontrar pessoas com bom humor em Hilton. E ali estava, diante de Charlie, uma mulher espirituosa.
Ficaram um tempo em silêncio, se observando.
"De onde Claire havia saído? Ela tinha traços latino, tudo nela negava aquela cidade pacata. Ela teria nascido em San Diego ou no Texas?" Pensava Charlie.
- Você é a neta da Anna Sanders? - Claire perguntou quebrando o silêncio e me tirando dos meus pensamentos.
- Sim. - Respondeu convicta de que se ela soubesse de todo drama envolvendo o seu nome, era melhor descartar qualquer contato no início.
- Eu sinto muito pelo seu avô... O Will era um senhor incrível!
Foi como um soco no estômago. Às vezes, Charlotte se esquecia daquela realidade. Seria assim toda vez que alguém apresentasse seus pêsames? Ela não estava preparada para aquilo.
- Ele era um grande homem.
- Ele era meu melhor cliente aqui no Joe's. - Ela sorriu, provavelmente lembrando de algo que Charlie havia perdido durante esses 10 anos. - O seu avô sempre vinha aos sábados assistir o fisher cats jogar e sempre me pedia a torta de framboesa da casa.
- Costumávamos assistir os jogos juntos no estágio Northeast Delta.
Era dolorido lembrar desses momentos, e todos os outros que havia perdido por causa daquela maldita cidade. Sentiu suas unhas cravarem na palma da mão, ela havia fechado o punho muito forte e sequer tinha notado.
Claire mordia o lábio, provavelmente tentando conter alguma pergunta que estava rondando na sua mente desde que Mike socado Charlie. E então ela disparou:
- O que houve entre você e o Mike? - Ela voltou a morder os lábios - Digo, eu sei que o Mike não é violento... Ele não é desse jeito.
"Eles eram amigos?"
Charlotte pensou enquanto levantava uma sobrancelha.
- Esse é a forma do povo de Hilton dar boas-vindas. - Respondeu dando de ombros e já se levantando.
- As pessoas aqui não são assim. - Ela respondeu ríspida. Havia se magoado?
- Verdade... - A Sanders sorriu, sarcástica – Elas podem ser bem piores.
- Tenho certeza que existe uma explicação para as atitudes do Mike!
- Eu é que não ficarei esperando para entendê-las.
- Você vai fazer alguma denúncia contra ele? - "Ela estava com medo?" Charlie se questionava.
A forasteira deixou o pano no balcão e se virou para observar Claire. A garota ainda segurava o steak já derretido e lhe fitava apreensiva.
- Eu deveria. - Seu olhar suplicava clemência. - Mas eu já estou acostumada com a hospitalidade de Hilton.
Claire soltou os ombros e voltou analisar a mulher à sua frente. Tinha algo mais que ela desejava lhe dizer, mas provavelmente sua coragem havia se esvaído.
- Obrigada pelo gelo. - Ela apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça. - Foi um prazer, senhorita Griffin.
Charlotte se apressou em girar o calcanhar e caminhar até a saída da cafeteria, mas ainda pude ouvir sua voz suave dizer:
- Até breve, Charlotte Sanders.
*
Mediatário - Aquele que é mediador de algo ou situação
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Brescia
Em: 16/04/2020
Oi de novo.
Ainda estamos no mistério absoluto,mas já temos as primeiras peças do quebra-cabeça.
P.S: bem que a senhora (Rita) poderia alongar mais os próximos capítulos,rs.
Baci Piccola.
Resposta do autor:
Cada capitulo vai ser uma nova descoberta se você ler nas entrelinhas!
E eu tentarei me demorar mais nos capítulos!
Grande abraço!
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