Capitulo 16 - UNÍÃSSONO
Duas semanas se passaram após aquele momento especial entre Victoria e Julia, o tempo parece que voou e as duas mal conseguiram se falar durante estes dias. Havia muito trabalho a ser feito em razão da auditoria da multinacional que estavam cuidando, por isso foi impossível se encontrar fora do ambiente de trabalho, mas trocavam mensagens várias vezes ao dia e olhares furtivos cada vez que se encontravam pelos corredores da empresa. A saudade estava apertando, mas realmente a rotina estava insana.
Julia estava assumindo cada vez mais responsabilidade na auditoria, porém por duas vezes teve seus arquivos de análise dos dados da empresa auditada corrompidos e precisou trabalhar dobrado para conseguir arrumá-los sem que os prazos de entrega fossem descumpridos. Esta situação obrigou a contadora a levar trabalho pra casa, fazendo com que não conseguisse encontrar com Victoria e isto a estava deixando frustrada e ansiosa.
A jovem contadora começou a se preocupar achando que alguém a estava sabotando, pois, perder os arquivos uma vez, ok pode ter sido azar ou falta de atenção, mas perdê-los duas vezes e justamente antes de reuniões importantes, com certeza não teria sido por acaso. Como precaução conversou com Tamara e tudo que fizesse a partir dali seria encaminhado no e-mail dela e seria salvo na pasta dela de arquivos, para que assim Julia se assegurasse e tivesse dois backups do trabalho feito, além dos que mantinha no próprio notebook e como confiava cegamente na amiga, pediu que ficasse de olho caso alguém chegasse perto do seu computador enquanto ela estivesse fora ou em reunião. Entretanto ninguém tirava da sua cabeça que aquilo deveria ser coisa de Carlos, ele nunca gostou dela sempre tentou agredi-la e realmente tinha ficado furioso com a sua promoção, apesar de ainda não ter falado nada diretamente para ela, sabia que ele andava falando dela pelos corredores da empresa.
Victoria apesar da saudade que sentia da sua menina, ficava extremamente feliz e orgulhosa, pois Julia se destacava visivelmente nas suas atividades laborais. Percebeu que a jovem estava trabalhando muito e além do horário do expediente, o que a fez acender uma luz amarela de atenção, pois não queria que Julia ficasse sobrecarregada já que ela e Tereza deveriam dividir as funções e orientar os demais funcionários. Victoria como uma boa gestora e observadora que era, também percebeu que várias vezes Tereza tentava destituir Julia da sua capacidade profissional, inclusive algumas vezes a própria Victoria teve que intervir o que visivelmente deixou a coordenadora insatisfeita. A empresária fez uma anotação mental, para chamar a Tereza para tentar entender o que estava acontecendo, pois não compreendia aquela postura já que ela sempre havia sido uma profissional exemplar.
Na semana seguinte, teriam uma reunião em São Paulo, junto ao setor de contabilidade da multinacional e iriam as três contadoras mais um dos advogados, por isso precisavam acertar os ponteiros para que o trabalho fluísse da melhor forma possível e assim que tivesse oportunidade tentaria aparar qualquer aresta que poderia ter surgido dentro de sua equipe de trabalho.
Victoria estava trabalhando em seu escritório analisando alguns relatórios, mas sua cabeça estava em um certa jovem, loirinha de olhos verdes que vinha roubando sua atenção e concentração. Sem pensar muito pediu para que Neila a chamasse em sua sala, a mandasse entrar direto quando chegasse e informou que não gostaria de ser interrompida por ninguém durante sua conversa com a contadora. Neila fez o que foi solicitado e em menos de 10 minutos Julia batia na porta:
- Com licença Dona Victoria a senhora mandou me chamar?
Julia olhou sua chefa que a devorava com o olhar e ficou aguardado a resposta.
-Entre Julia e feche a porta.
A jovem fez o que foi solicitado, caminhou até a frente da mesa e ficou aguardando que Victoria dissesse algo, mas ela não falava, apenas a olhava com aquele olhar safado que demonstrava o fogo que era aquela mulher.
Julia então começou a sorrir percebendo que aquele chamado não havia sido nada profissional, mas ainda assim tentou manter a compostura, mesmo já sentindo o seu ventre formigar, pois a força e a beleza de Victoria a entorpecia.
-Então senhora em que posso ajudá-la?
Victoria levantou devagar e sem tirar os olhos de Julia, a fitando como se a moça fosse uma presa a ser abatida, caminhou até ela. A jovem se virou apoiando se na mesa, mantendo o olhar em sua chefe. Victoria chegou mais perto e sem tocá-la apenas aproximou-se do seu pescoço, inalou o perfume da jovem e disse:
-Deliciosa!
Julia tremeu.
Victoria apoiou as duas mãos espalmadas na mesa deixando-as na lateral do corpo da jovem, mas sem encostar nela, passou os lábios pelo pescoço da loira e viu sua pele arrepiar e percebeu uma leve respiração ofegante.
Julia sentia seu corpo responder a Victoria e ela ainda nem havia lhe tocado. Sabia que ela estava apenas provocando-a. Então, com uma voz rouca e baixa resolveu questionar:
-Vi o que você esta fazendo? Combinamos que não teríamos nada dentro da empresa.
Victoria que olhava em seus olhos enquanto a jovem falava, voltou a colocar o nariz no pescoço dela cheirando-a e agora também beijando-a. Grudou o seu corpo no de Julia, que gem*u quando os seios se tocaram e os quadris se pressionaram. Ainda sem tocá-la com as mãos, ao pé do ouvido, respondeu:
- Menina, você tem me evitado a duas semanas, se eu não te chamasse aqui corria sérios riscos de ficar sem poder me aproximar de você neste final de semana de novo.
A jovem gem*u ao sentir uma leve mordida no lóbulo da sua orelha, seguido de uma mordiscada de pescoço e buscou forças para responder enquanto sua chefe a torturava... e ela era muito boa em torturar a mais nova com seus toques e beijos.
-Vi não é isso, houve erros nas planilhas, precisei refazer tudo, por isso tive que negar nossos encontros, caso contrário não conseguiria cumprir os prazos.
-Hummm entendi. – e dando um leve beijo no rosto e olhando nos olhos verdes disse – Mas agora você esta aqui, eu estou aqui, estamos sozinhas nessa sala.
Enquanto falava levou as mãos ao quadril da jovem, depois desceu para o bumbum da mesma e a pressionou grudando-a mais em si. E Julia gem*u, mas disse:
-Vi pode entrar alguém aqui.
A mais velha sorriu e respondeu:
-Não vai entrar ninguém meu anjo, pedi para Neila não nos interromper.
Com essas palavras a insegurança de Julia sumiu e a jovem se libertou daquele desejo que estava refreando dentro de si. Jogou seus braços sobre o pescoço da mais velha e tomou-a em um beijo urgente, cheio de saudades que foi prontamente correspondido pela mais velha.
Vitoria levantou Julia, fazendo-a se sentar sobre a mesa e alojou-se entre suas pernas. As mãos exploravam-se demonstrando como uma havia sentido falta da outra. Ficaram assim, se tocando, se beijando se cheirando, como se tudo isso ainda fosse pouco, pois ambas queriam mais.
A empresária aproveitou que Julia usava saia e levou a mão entre as pernas de Julia, sentiu o tecido delicado da peça íntima e começou a estimulá-la com carinho e delicadeza no seu centro, logo passou a fazer movimentos circulares, massageando o nódulo de prazer. Mesmo por cima da calcinha era possível sentir o calor que emanava do corpo da jovem, que envolvida naquele clima de sensualidade, tesão e saudade levou as duas mãos no rosto de Victoria segurando-o. Ficaram fitando-se profundamente. O fogo presente no olhar das duas era latente, mas havia muito mais sentimentos presentes ali, porém nenhuma das duas ainda estava pronta pra nomear o que era aquele algo a mais que ambas sentiam.
Victoria então quebrou o silêncio:
-Eu estava com tantas saudades de você minha menina.
Julia sorriu com o olhar, como quem responde sem palavras.
A mais velha segurou a jovem pelo cabelo e puxou a cabeça da jovem para trás expondo o pescoço que foi tomando e sugado, enquanto a mão continuava os carinhos na intimidade da jovem, porém agora com um toque mais firme e mais urgente.
Julia sentia seu sex* encharcado e sabia que a qualquer momento goz*ria, ali totalmente entregue. Victoria nem precisava tirar suas roupas para lhe dar prazer e em um misto de saudades, desejo, paixão e loucura a jovem anunciou:
-Vi eu vou..
A mais velha calou-a com um beijo forte e Julia se derreteu gozou para Victoria. A jovem ainda sentia os espasmos do seu momento de prazer quando sentiu seu corpo ser abraçado e acalentado por Victoria. Se deixou envolver e sentia que ali era o seu lugar, que ali sentia-se em paz.
Ficaram assim por alguns minutos se curtindo, se sentindo até que a mais velha se afastou um pouco e falou:
-Passa o final de semana comigo?
- O que você tem em mente? Quer ficar na minha casa ou na sua?
-Em nenhuma das duas. Pensei em descer para o litoral, tenho uma encomenda para receber lá amanhã de manhã e eu gostaria que você e Clara fossem comigo.
-Acho que ela irá adorar.
-Só ela irá adorar?
As duas sorriram e Julia respondeu:
-Claro que não sua boba, adoro cada momento com você. – desceu da mesa ajeitando as roupas e em um tom de brincadeira, mas falando sério completou. - Mas isso que aconteceu aqui, nesta sala nessa mesa, não pode virar rotina viu senhora Kramer? – Se afastou um pouco da chefe continuou. –Imagina se alguém entra aqui Victoria?
Victoria puxou Julia novamente e encaixando-se atrás dela e abraçando-a apenas completou:
-Ninguém seria louco de entrar nessa sala sem minha autorização. Ainda mais com Neila sabendo que você está aqui dentro.
Julia virou-se surpresa pela fala de Victoria e olhando-a questionou:
-Como assim?
-Neila sabe da gente. - Julia ficou surpresa com a revelação, pois as duas haviam acordado que não contariam pra ninguém do escritório que estavam ficando e então a empresária completou. – Neila é minha amiga desde a época da faculdade e aquele dia que você esteve aqui e que saiu fugida da minha sala ela ficou preocupada e acabou achando que eu havia tentado te agarrar a força e por isso queria me xingar e me dar uma lição de moral, daí eu contei que nós havíamos ficado e eu queria continuar ficando e você não então... confia em mim quando digo que ela não deixaria ninguém entrar nesta sala sabendo que estamos só nós duas aqui.
Julia ficou olhando-a processando a informação e quando a ficha caiu se soltou de Victoria e colocou a mão no rosto apenas dizendo:
-Aí meu Deus, que vergonha! – Victoria começou a rir e Julia continuou – Isso quer dizer que ela provavelmente sabe o que nós estávamos fazendo nesta sala?
Victoria ainda rindo apenas balançou a cabeça positivamente e fazendo charme completou:
-Ju, nós somos pessoas adultas, solteiras, trabalhamos muito, pagamos nossas contas, não devemos nada a ninguém, já esta quase no final do nosso expediente... é óbvio que pessoas que estão ficando trans*m e Neila não é nenhuma idiota, bem pelo contrário, sei cada história dela que te deixaria de cabelo em pé, então não precisa ficar com vergonha ok?
Julia olhou indignada para ela como quem diz “como assim” e respondeu:
-Victoria parece que vou sair dessa sala e a Neila vai ler o carimbo na minha testa que esta escrito “acabei de goz*r no escritório da minha chefa”.
Victoria deu mais uma gargalhada e abraçou e disse:
-Ju relaxa isso não é um problema tá bom, nós trans*mos, ela trans* então fica tranquila.
Julia suspirou, pois não havia mais o que fazer mesmo, saiu dos braços de Victoria e perguntou:
-Posso usar seu banheiro?
-Fique à vontade.
Julia entrou no recinto se higienizou dentro do que era possível fazer, afinal Victoria havia arruinado sua calcinha e ela não tinha outra para trocar. Se olhou no espelho e enxergou nos seus próprios olhos um brilho diferente, não entendia muito bem tudo o que estava sentindo, mas não se importou muito, pois sabia que estando com Victoria tudo estaria bem.
Saiu do banheiro viu Victoria sentada no sofá ao canto, tomando um whisky. Ela estava linda, concentrada lendo algum documento e seu coração mais uma vez se encheu de algo bom ao olhá-la. A empresária percebeu a presença da jovem ali, abriu um sorriso lindo e disse:
-Já esta quase na hora de irmos embora, que tal você ir lá buscar sua bolsa e voltar aqui para eu te dar uma carona até em casa?
Julia amou a ideia, mas tinha que buscar Clara na escolinha.
-Eu acho ótimo, mas preciso buscar Clara.
-Ótimo, então vamos juntas e fazemos uma surpresa pra princesa unicórnio, podemos tomar um café lá na padaria e combinar como faremos amanhã pra descer pro litoral, o que acha?
-Ok, Clara ficará super feliz em te ver, afinal não sou só eu que estava com saudades suas. Aquela baixinha não para de falar de você.
Victoria se levantou beijou Julia e com um sorriso malicioso disse:
-Quer dizer que você estava com saudades de mim é?
Julia revirou os olhos e não respondeu. A empresária insistiu:
-Heim, diz pra mim é isso mesmo que ouvi? Você estava com saudades de mim?
Julia virou de costas e caminhou em direção a porta, mas Victoria foi mais rápida e a segurou insistindo:
-Vai Ju responde pra mim, se não vou te fazer cócegas que nem aquele dia no zoológico.
-Não por favor, cócegas não.
-Então diz pra mim... ficou com saudades é?
Julia a olhou nos olhos e o ar mudou de brincadeira para desafio e disse:
-Do jeito que g*zei fácil pra você, o que você acha heim?
Depois que sua voz saiu Julia corou, pois não conseguia acreditar que tinha verbalizado em voz alta o que tinha pensado.
Victoria se sentiu feliz em ouvir aquilo, mas ela ainda não havia dito o que a mais velha queria ouvir.
-Eu sei o que eu acho, mas quero ouvir de você.
E Julia então respondeu.
-Sim senhora Victoria Kramer eu senti saudades suas nestas duas semanas em que nós não estivemos juntas. Pronto estas satisfeita?
Victoria com um olhar de vencedora respondeu:
-Sim, estou muito satisfeita senhorita Julia Mendes. Agora vá buscar sua bolsa e vamos buscar nossa princesa unicórnio.
Então a jovem caminhou e quando encostou no trinco para abrir a porta, Victoria a chamou:
-Julia. – a mais jovem se virou e então ela concluiu – pode ficar tranquila que amanhã vamos matar toda essa saudade.
A jovem sorriu e saiu indo até o andar inferior.
Chegando em sua mesa, viu que seus colegas já arrumavam suas coisas pra sair então que se deu conta do horário, mas como hoje iria de carro com Victoria não corria o risco de se atrasar para buscar Clara.
Mandou uma msg para Victoria dizendo “tô pegando minha bolsa e desço para a garagem e nos encontramos no seu carro, pode ser? Assim é mais difícil alguém nos ver saindo juntas”. Logo recebeu a resposta apenas um “ok, nos vemos no carro”.
Tamara então se aproximou de Julia e perguntou:
-E aí amiga o que a chefona queria com você?
-Nada de mais só rever os números do relatório pra próxima reunião?
Tamara que já estava ligada no que acontecia, resolveu brincar com a amiga:
-Hummm número dos relatórios?? E esse ch*pão aí no pescoço? Surgiu agora?
Julia perdeu a cor.
-Ch*pão? Que ch*pão guria tá louca?
-Esse que tá bem aqui ô. – e apontou com o dedo o pescoço da amiga.
-Sério mesmo que ficou um ch*pão aí?
-Não amiga, eu só joguei um verde com você e você caiu, mas pode ficar tranquila que você sabe que seu segredo está bem guardado comigo.
Julia olhou a amiga indignada.
-Eu não acredito que você fez isso comigo?
Tamara ria da indignação da amiga.
-Não fique brava amiga, eu quero que vocês sejam felizes. - e se aproximando mais do ouvido da amiga disse – E eu particularmente acho que vocês formam um casal lindo, mas se eu reparei outras pessoas também repararam então se vocês querem ser discretas precisam se cuidar mais.
Julia abraçou a amiga e apenas disse:
-Ok vamos nos cuidar mais e muito obrigada pela dica. E amiga enquanto estive fora você viu se alguém se aproximou do meu computador?
-Não amiga, ninguém se aproximou de sua mesa, mas vamos continuar atenta.
-Isso mesmo, agora vou indo porque tenho uma carona me esperando.
-Hummm isso aí vai lá, namorar um pouquinho por que ninguém é de ferro.
Julia já com a bolsa no ombro e se afastando:
-Nós não estamos namorando.
Tamara sorriu e apenas completou:
-Por enquanto Julinha.
As duas sorriram e a jovem encaminhou para o elevador. Tinha a esperança de entrar no elevador sozinha, assim poderia ir direto para o estacionamento no subterrâneo, caso contrário teria que descer no térreo dar uma enrolada e depois descer pela escada. Parece que a sorte não estava com ela, pois enquanto a porta fechava Carlos colocou a mão para segurar o elevador e poder entrar. Julia olhou-o, fez uma cara de tédio, mas não disse nada, porém o rapaz não perderia a oportunidade de importuná-la já que estavam só os dois naquele pequeno espaço e disse:
-Olha só quem esta aqui... a nova vadiazinha da chefa. Você dever ser realmente boa nos serviços que presta depois do expediente ou durante ele, afinal até ganhou um cargo por isso, mas não se anima muito não, por que logo ela arruma outro brinquedinho. – e se aproximando mais de Julia disse – Mas se estiver a fim e quiser saber o que é prazer de verdade estou a disposição.
Julia a olhava com nojo, com raiva e com uma cara de poucos amigos disse:
-Não me importa o que você pensa ou deixa de pensar sobre mim, sobre o que me fez conseguir a promoção ou o que você pensa sobre sex* entre duas mulheres. Quando olho pra você, só vejo um macho escroto, fraco e incompetente que não tem a menor condições intelectual de competir comigo e por isso fica tentando me atacar pelo viés da intimidação, então Carluxo pelo seu bem eu te digo, se afaste de mim ou terá que arcar com as consequências de seus atos.
Então a porta do elevador se abriu e Julia saiu e caminhou parando em frente ao balcão de recepção, fazendo de conta que iria conversar com as meninas que trabalhavam ali, mas era só pra dar tempo de Carlos sair do prédio e deixa-la em paz. As recepcionistas então olharam para ela e viram que ela estava pálida como uma folha de papel e com as mãos levemente trêmulas:
-Julia você esta bem?
-Estou bem meninas, foi só um nervoso.
-O que aconteceu?
As meninas haviam percebido que Carlos passou encarando-as e uma delas perguntou:
-Esse idiota do Carlos fez alguma coisa contra você?
-Não, não... na verdade ele fica me atacando sempre que pode por quê tem raiva que eu ganhei a promoção e ele não.
-Mas então você precisa falar com alguém, com a dona Tereza ou com a própria dona Victoria, você não pode ficar deixando esse babaca te intimidar.
-Ele não me intimida. – Julia percebeu que as recepcionistas também não gostavam dele e perguntou – Mas e vocês por que não gostam dele?
Uma das garotas respondeu:
-Por que ele é um idiota sempre nos trata mal e tentou agarrar a Stela da faxina a força, só não conseguiu por que ela foi mais esperta e deu chute no saco dele e fugiu.
Julia ficou indignada com o relato das colegas.
-Meninas isso é muito sério, vocês precisam levar isso para os seus coordenadores de área.
-Mas que prova nós temos?
Julia ficou pensativa, pois esta era a mesma questão que tinha sempre que pensava em contar para Victoria sobre a postura do Carlos, mas acha perigoso fazer as acusações sem ter como provar.
De repente Julia viu seu telefone tocar era Victoria, atendeu e uma Victoria impaciente disse:
-Ju onde você esta?
-Tive um imprevisto, mas já estou descendo, um minutinho.
-Ok estou te esperando.
A jovem contadora olhou então para as recepcionistas e falou:
-Meninas vamos voltar a falar sobre esse assunto e vamos dar um jeito de desmascarar esse crápula. Agora preciso ir pois minha carona, está me esperando. Continuamos este assunto amanhã.
-Ok Julia. Até amanhã.
E Julia saiu dirigindo-se para a escada
Victoria que a pelo menos uns 10 minutos aguardava Julia no carro já estava ansiosa, primeiro por que queria ter um tempo maior com sua menina, segundo por que sabia que tinham horário para buscar Clara na escola, resolveu ligar para ver onde ela estava. Olhou pelo retrovisor e viu Julia saindo pela porta da escada, já ligou o carro e destravou a porta esperando-a entrar.
Julia caminhou rápido, pois não queria ser vista entrando no carro da chefe, não que tivesse muitos problemas caso soubessem do relacionamento delas, mas estavam querendo evitar confusões. Na verdade, as palavras de Carlos a haviam afetado mais do que ela gostaria e isso a incomodava, sem contar que Julia já estava sendo hostilizada por alguns colegas por sua ascensão rápida na empresa e ela acreditava que isso tinha a ver com o que Carlos andava espalhando sobre ela, entretanto queria evitar animosidade com os colegas e julgamentos desnecessários, queria que as pessoas enxergassem sua competência e não que sua promoção tivesse sido um prêmio por ser um “caso” da chefa.
Julia entrou no carro e Victoria na hora percebeu que havia algo errado.
-Ju o que aconteceu? –e tomando as mãos da jovem entre as suas completou - Você está pálida e tremendo.
-Nada.
-Como assim nada, você saiu do escritório bem só para ir buscar sua bolsa e chega aqui neste jeito, não é possível que não tenha acontecido nada.
-Vi estamos atrasadas pra buscar Clara, então vamos indo, deixa eu me acalmar e daí conversamos.
-Ok, mas eu vou querer saber o que aconteceu.
A empresária então saiu com o carro da garagem e se dirigiu para a escola de Clara seguindo as orientações de Julia.
As duas recepcionistas que ainda estavam em seus postos de trabalho viram o carro da chefa saindo e uma delas perguntou:
-Será que a carona de Julia era com a Dona Victoria?
A outra em um tom meio despretensioso respondeu:
-Bom, a Julia é uma mulher muito bonita e todo mundo nesta empresa sabe que nossa “querida” chefinha tem um fraco para mulheres bonitas, mas pelo que eu sei ela nunca teve nada com nenhuma funcionária e olha que pelo o que eu sei muitas tentaram, mas não me surpreenderia se os boatos que ouvi por aí sejam verdades.
A outra em um tom de curiosidade e querendo saber da fofoca se aproximou mais e em um tom de voz baixo perguntou:
-Que boatos?
- Que Julia esta tendo um caso com nossa chefa e por isso teve uma promoção tão rápido.
A outra deu um sorrisinho sarcástico e perguntou:
-Será?
-Bom, eu acho que sim, mas isso não nos interessa não é mesmo? Julia e senhora Kramer sempre nos trataram muito bem e com respeito, então se elas tiverem juntas eu fico é até feliz, pois formam um lindo casal e tem outra coisa chefe feliz não incomoda os funcionários.
-É verdade você tem razão... mas, quem me dera ter tido uma chance com nossa chefinha, sempre achei ela linda.
-Ué nem sabia que você gostava de mulher?
-Pois é, não gosto, mas por ela até que eu passaria a gostar.
As duas deram risadas e enceram o assunto, desligando os computadores para poder encerrar mais aquele dia de trabalho.
Dentro do carro tentado quebrar aquele clima estranho e buscando mudar um pouco de assunto, quando passaram em frente ao ponto de ônibus no qual Victoria sempre via a jovem trocando os sapatos por tênis ela falou:
-Muitas vezes passei por aqui e vi você sentada naquele banquinho trocando seus sapatos por tênis e confesso que isso me intrigava. Por que você fazia isso?
Julia olhou para Victoria e apenas respondeu:
-Por que é mais fácil caminhar 5 km de Tênis do que de salto alto.
-Ué mas achei que você ia de ônibus.
Julia meio encabulada respondeu:
-Não Victoria, quando você me via fazendo isso é por que eu não tinha dinheiro pra pagar o ônibus... ou eu pagava as passagens de ônibus ou fazia a compra do mercado, as duas coisas não cabiam no orçamento e naquela época eu ainda não tinha recebido meu primeiro salário daqui.
Victoria ficou sem saber o que responder, pois jamais imaginou que fosse esse o motivo, na verdade naquela época não sabia nada sobre ela, achava-a apenas uma bela jovem excêntrica.
-Sinto muito que tenha que ter passado por isso. – e tocou a mão da jovem lhe fazendo um carinho. Saber disso só deixava Victoria ainda mais encantada pela força da jovem mulher.
-Eu também sinto, mas confesso que tudo pelo que passei só me deixou mais forte.
Victoria levou a mão da jovem aos lábios e com um beijo cálido concluiu.
-Eu não tenho dúvidas sobre isso, mas um dia quero ouvir sua história inteira, por que sinto que ainda sei muito pouco de você.
Chegaram na escola e Victoria fez questão de descer e ir com Julia até a sala de Clara. Logo na entrada passando pela secretaria, Julia viu Giovana que atendia um casal e a cumprimentou de longe apenas com um aceno.
Aquela bela mulher que acompanhava, Julia e que fazia questão de manter sua mão na cintura da jovem, não passou despercebida aos olhos de Giovana que sentiu uma pontinha de ciúmes e tristeza ao ver que Julia aparentemente estava bem com ela. Não que quisesse a tristeza de Julia, de forma alguma, mas queria ela ser o motivo da felicidade da jovem.
Quando chegaram a sala de Clara e a pequena viu a mãe na porta esperando, a criança correu pegar a sua mochilinha colocou-a nas costas deu um abraço na mãe e então Julia disse:
-Tenho uma surpresa pra você.
-Oba, adoro surpresa o que é?
Então Victoria saiu de trás do pilar que estava escondida e disse:
-Surpresa!
A criança deu um gritinho e pulo dos braços de Victoria.
-Tia Vic que saudades!
-Eu também estava com saudades minha princesa, então resolvi vir te buscar na escola e conhecer onde você estuda.
A menina desceu do colo da mais velha, pegou-a pela mão e disse:
-Vem conhecer minha sala e minha profe.
Victoria foi puxada para dentro da sala de aula e apresentada para a professora como Tia Vic, então a criança puxou-a mais uma vez para ver seus desenhos e suas colagens que estavam penduradas na parede da sala de aula e ficou explicando tudo o que faziam ali. Clara realmente estava feliz com a presença de Victoria na sua sala de aula.
A professora então virou-se para Julia e disse:
-Você e sua irmã não parecem nada uma com a outra.
Julia sorriu e respondeu meio sem jeito:
-Victoria não é minha irmã, mas Tia Vic é a forma carinhosa que Clara encontrou para chamá-la.
-Ah entendi... e pelo jeito Clarinha gosta muito dela.
Julia que estava com os olhos brilhando, vendo-as interagir apenas respondeu:
-Sim, elas se dão realmente muito bem.
Então a conversa foi interrompida por uma Clara animada e muito radiante pela surpresa.
-Mamãe vamos tomar um chocolate quente com a Tia Vic?
Julia olhou sua filha grudada nas pernas de Victoria que também exibia um sorriso contagiante e respondeu:
-Vamos sim, este é o combinado.
Então se despediram da professora, que não deixou de notar a mão de Victoria colocada na cintura de Julia enquanto levava Clara no colo segurando-a com um braço.
A professora observando-as ir embora sorriu e pensou: formam uma família linda!
As três saíram da escola felizes e conversando sobre o olhar atento de Giovana. Realmente a secretaria entendeu que havia perdido o jogo, não tinha como competir com aquele nível de sintonia e cumplicidade que já haviam construído. Secou uma lágrima e desejou que Julia fosse muito feliz.
Chegaram na Padaria sentaram-se em uma mesa ao canto, Beatriz veio atende-las. Brincou um pouco com Clara, cumprimentou Julia com um abraço caloroso e esperou ser apresentada oficialmente para Victoria e as duas se cumprimentaram como se fosse a primeira vez que se viam, nenhuma das duas iria comentar sobre aquela primeira conversa, por que no final das contas o que as duas queriam era o bem e a felicidade de Julia.
Fizeram seus pedidos e então começaram a combinar o passeio do dia seguinte e quem começou o assunto foi Victoria:
-Então Clara, o que você acha de ir pra praia amanhã?
-Eu nunca fui pra praia? –e com uma carinha de dúvida completou. - Eu acho.
Julia então interferiu.
-É você nunca foi mesmo, mas o que acha de ir amanhã?
-Eu, você e a Tia Vic?
Olhou para as duas mulheres que confirmaram fazendo um movimento de sim com a cabeça, levantou os bracinhos e disse:
-Yupiii eu vou ver a praia amanhã.
E saiu correndo para contar pra Beatriz que preparava o chocolate quente e os dois cappuccinos.
Julia tocou a mão de Victoria por cima da mesa e disse:
-Obrigada por proporcionar isso a ela. Clara sempre quis conhecer o mar, mas até então ainda não tinha sido possível eu levá-la.
Victoria fez um carinho na mão da mais jovem e respondeu:
-Se depender de mim, vocês nunca mais vão passar necessidade, eu sempre estarei ao lado de vocês duas.
-Vi, não diz essas coisas que meu inexperiente coração acredita.
As duas se olhavam profundamente e Victoria respondeu.
-Mas é pra acreditar.
E então um furacãozinho chamado Clara voltou correndo e cortanto aquele clima, sentou no colo de Victoria, queria saber mais sobre a praia, sobre quando iam, quando voltavam, como era lá, se iria poder nadar, se veria peixes, baleias e golfinhos... a criança parecia uma metralhadora de perguntas e Victoria respondeu a todos com muita calma.
Começaram então a combinar os detalhes até que Victoria sugeriu:
- Por que não saímos hoje daqui? Agora são 18:30 se sairmos até umas 20:30 chegamos em Camboriú perto das 11:30. O que acha?
Julia ficou pensando e Victoria emendou:
-Se formos hoje, passamos mais tempo juntas e aproveitamos melhor o final de semana eu acho uma boa ideia. E você Clara, o que acha?
-Simmm.
-E você Julia?
A jovem sorriu e respondeu:
-Ok vamos hoje.
Então se despediram e foram arrumar as coisas para passarem mais um final de semana juntas.
Fim do capítulo
Olá Garotas,
Seguimos ainda com tempos de paz e amor entre nossas protagonistas que estão se conectando cada vez mais; teremos capitulos lindos e cheio de carinho nesta nova familia que esta se formando, mas as fofocas no ambiente de trabalho começam a surgir e isto é algo dificil de lidar e pra ajudar ainda tem alguém sabotando nossa Julinha.
Contratempos começando a aparecer...
Pois é tomara que Julia consiga resolver estes problemas no trabalho em breve.
Beijos garotas e nos vemos no próximo capítulo e não se esqueçam, continuem se cuidando na quarentena!
Comentar este capítulo:
lis
Em: 05/04/2020
Ai ai cada vez mais apaixonada por sua escrita, elas são lindas juntas, espero que a Julia consiga desmascar o Carlos pois com certeza ele ta tentando sabotar ela, Vic cada dia mais apaixonada pelas duas.
Resposta do autor:
Oi Lis
Desculpa não ter te respondido antes, mas eue stava ocupada com a escrita, acho que com o capitulo 17 você vai se apaixonar mais um pouquinho pela história.
Beijo e até mais
Mille
Em: 04/04/2020
Oi Ana
Carlos está na hora de pegar esse cara escroto, que não é só a Julia que ele implica tem a questão de assédio sexual e moral. Bora meninas se juntem e acabem com essa pose dele.
Teresa parece que está se corrompendo pelo egoísmo e inveja, espero que não seja ela nesses arquivos deletados.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Oi Mille
Pois é né menina, esse Carlos é um macho escroto, concordo totalmente com a Julia quando ela o chama assim, mas agora a Julia sabendo que não é só com ela, essas garotas não se organizam para acabar com ele? Tomara né!
A Tereza tá com ciúmes sempre foi a estrelinha, a funcionária exemplar, mas agora chegou alguém tão competente quanto ela e a coordenadora não está sabendo lindar com isso, mas tomará que ela não se perca no meio deste caminho, pois ela parecia uma pessoa legal no começo da história, mas agora não tanto, então o que será que vai prevalecer?
Eu particularmente gosto e acredito na sororidade, mas não sei o que vair rolar entre Tereza e Julia não...
Beijos e até o próximo capítulo
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Master
Em: 03/04/2020
Esss carlos é um doente mesmo julia tem que tomar cuidado com ele tomara que ela consiga logo arrumar provas pra entregar ele a vic deve ser ele que tá sabotando ela, adoro quando elas estão juntinhas assim que família linda que os contratempos que surgirem elas consigam ser mais fortes que ele e sejam mais fortes juntas.
Resposta do autor:
Oi MAster
Pois é, mas agora Julia sabe que a perseguição de Carlos não é só com ela, vamos torcer para que as mulheres daquela empresa se unam pra botar esse escroto no lugar dele não é mesmo?
E eu estou amando essa familia linda, uma familia, um casal dos sonhos.
Beijos e até o próximo capítulo
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Marta Andrade dos Santos
Em: 03/04/2020
Eita o parquinho pegou fogo.
Resposta do autor:
Oi Marta
Eu não sei você, mas eu adoro esse parquinho pegando fogo e olha não querendo dar spoiler, mas to achando que nessa viagem esse parquinho não vai pegar fogo ele vai é explodir hahaha
Beijos e até o próximo capítulo
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cris05
Em: 03/04/2020
Ainnn...pra variar eu amei o capítulo!
Esse fim de semana promete! Clarinha vai ficar louca com o mar.
Ai autora, tenha peninha desta pobre leitora. Meu coração ainda não está preparado pra esses contratempos. Pode escrever mais uns 10 capítulos de amorzinho enquanto eu me preparo kkkkkkk.
Beijos
Resposta do autor:
Oi Cris
EU não sei como colocar coraçãozinhos aqui, mas pense que estou mando um monde de coraçãozinhos pra você hahaha pq eu também amei esse capitulo, mas confesso que o proximo será ainda melhor.
E mais 10 capitulos amorzinhos? Acho que não rola, mas ainda teremo momentos fofos, momentos amorzinhos e momentos hots e tudo o que deixa uma leitora feliz hahaha
beijos e até o próximo capitulo
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