Hope
Contradictio
"Hope"
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"Os miseráveis não têm outro remédio a não ser a esperança."
- William Shakespeare
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Batidas apressadas na porta fez a mulher assustar-se, espalhando o monte de papéis que tinha nas mãos pelo retângulo de cedro.
- Entre! – a entonação usada, evidenciava toda a sua irritação.
- Doutora, temos um problema!! – entrou despejando sobre a mulher e as feições da ruiva não negam sua exasperação.
- Mas que merd*! - Estava á dois dias ininterruptos atrás de pistas para resolução do caso Muller, a mídia e todo o escritório do Ministro Pedro Castiel cobrando soluções rápidas e definitivas. Isso corroborava para seu péssimo humor - É melhor que seja importante mesmo, caso contrário fará companhia para sua parceira em licença administrativa! - falou com uma sobrancelha arqueada, enquanto mirava a ruiva por de trás de seus óculos.
- E-Eu e a... – Limpou a garanta na intenção de ganhar tempo e avaliar se estava prestes a cometer uma grande burrada. Notando ser um pouco tarde para isso, seguiu. - Agente Catiel, estávamos estudando melhor o caso do assassinato do Muller... - falou Salvatore e logo ganhou a atenção da oriental - Nós... – Engoliu em seco sobe o olhar assustador da delegada – Nós, meio que...
- Pelo amor de Deus, fale de uma vez, Agente! – cortou, afobada com a demora por parte de Juliana.
- Ela sumiu! – falou de uma vez – Nós recebemos algumas informações e duas noites atrás, Emanuella, me pediu ajuda para averiguar a veracidade de algumas dessas informações, mas agora ela sumiu e não atende ao telefone ou se quer está em casa! – completou temerosa ruiva.
O silencio por parte da mulher adiante não era, nem de longe, tão assustador quanto sua carranca.
- Primeiramente... – levantou-se – Não vou me ater ao fato de que a Senhorita Castiel está de licença administrativa, portanto não deveria “meter o nariz” onde não foi chamada! – pontua se aproximando da assustada agente – Segundamente, não falaremos sobre sua insubordinação e falta de ética profissional fornecendo informações á um agente temporariamente afastado! – parou á centímetros de Juliana, que usava todas as suas forças para não fechar os olhos assustados quando o “hálito do dragão” tocou seu rosto – E por fim, contudo não menos importante, por que permitiu que ela fosse “averiguar”, seja lá qual for a informação, sozinha?- completa tragando uma lufada de ar e soltando em seguida.
- D-Digamos que e-ela sempre foi meio In-impaciente, Senhora! – Soltou retendo o ar.
“Por deus?! Esse trabalho ainda me mata do coração!” - Aragão tentando não hiperventilar os pulmões, leva as mão nervosas à face de concreto.
- Você tem doze horas, Agente! – rilhou por fim, desistindo de tentar se acalmar – Vá e não volte sem a localização de sua parceira, caso contrário não precisará mais regressar!– furiosa, retomou sua posição anterior em frente ao computador e a montanha de papeis espalhados sobre a mesa.
- T-Tem mais um pequeno d-detalhe!- Juliana, quase sussurrou prevendo a explosão – Iara Muller também desapareceu... - Fechou os olhos e completou- Á duas noites atrás!
- Por tudo que é mais sagrado, o que há de errado com a família de vocês?! – Gritou.
“Bem, poderia ter sido pior!” – confortou-se a ruiva pobre.
***
“Prender ou não o ar?”
Eis a questão que agora lhe atribulava o pouco juízo restante.
Castiel já tinha perdido a noção de quantas vezes havia estado submersa naquele – Bem, ela não sabia ao certo - contudo parecia-lhe um barriu.
A água gelada queimava seus pulmões, possivelmente eles nem funcionavam mais.
A verdade é que estavam sim, entretanto não restava dúvidas de que seria por pouco tempo.
E lá estava ela mais uma vez. Ponderando. Tentar ou não tentar a apenei?
Mas para que, se o sistema respiratório já estava inundado pelo líquido. Não sabia mais se era quente ou frio.
Apenas “apreciava” quando descia rasgando seu interior.
Ouvia a voz do torturador ao fundo, mas era impossível assimilar as palavras. Os lábios se moviam e moviam e olha que surpresa... Continuavam a se moverem, entretanto nunca entendia o que eles diziam. Logo depois, uma nova imersão, como um ciclo vicioso a água invadia-a deixando o rastro ardente em sua traquéia, brônquios, bronquíolos; enfim, deu para compreender.
- Vamos! - Gritou o homem ao retirar a mulher de dentro do líquido - Me de o que eu preciso e acabamos logo com essa merd*! – completou, enquanto as tosses e a respiração agônica da agente enalteceram sua tarefa.
- E-eu J-já d-dis-se que n-não sei n-nada! – Tentou dizer, mas os dentes batiam um contra o outro por conta da hipotermia.
- Ora, sua vaca.... – Possesso pela raiva e frustração, violentamente puxou-lhe as madeixas negras e mirou os azuis opacos.
Estava pronto para enfiar a cabeça de Castiel no barril de água mais uma vez, entretanto parou abruptamente ao notar um anel prateado, atado a uma corrente na mesma cor, escapulir para fora da camisa ensangüentada.
- Ho-ho-hooh... - Gargalhou debochado - Você ainda se importa com ela, não é?! - Completou com um sorriso vitorioso ao notar, pela primeira vez, O pavor inundar os azuis de tempestade.
O anel, que agora dançava nas mãos do homem, tratava-se da aliança que um dia pertenceu a Iara Muller.
Era a única coisa das quais a policial não conseguiu se desfizer, dentre os objetos que a loira abandonou sob sua tutela.
“Não, Não, Não, Não, Não!” – ofegou a morena ao sentir o pânico emergiu sem qualquer permissão.
- Então... –O homem entoa, largando-a com violência – Vejamos! – parou diante da morena, levando o colar em direção dos azuis – Você tem duas opções... –Sorriu sádico - Ou me diz o que preciso saber e morre logo depois! – tonificou a última parte – Ou eu mato você e a vadia, dona disso aqui... – Emanuella não desviou o olhar em momento algum – Mas não sem antes fazer-la gritar seu nome por socorro, enquanto você assiste de camarote! – concluiu.
- Se tocar nela eu acabo com sua raça, seu verme maldito! – gritou Katherine espumando em ódio.
- Kath, Kath... – nasalou em reprovou-a - Ok! – Indiferente, caminha até uma porta de aço que, só agora a policial havia notado - Se prefere o jeito difícil, por mim tudo bem!- sentencia enquanto sinalizava com três toques.
Quando os azuis encontraram a figura que era empurrada para dentro do galpão, seu mundo ruiu e por mais cruel que possa parecer, bem sobre sua cabeça.
- Iara... – balbucio, tomada pelo o horror e inconfundível desespero ao reconhecer o corpo curvilíneo.
-Oh... - Sínico, Gargalhou– Você á conhece bem, não?! - Maquiavélico – Agora chega de palhaça e me responda caso contrário a doutorazinha ali... – assinalou em direção a figura que tremelicava em temor, com um capuz sobre a cabeça – Arcará com as conseqüências!- ameaçou.
- Está blefado!- o mento de Kath convulsionava exatamente como seu corpo, mas agora não era o frio o agente causador e sim a raiva.
- Se essa é sua escolha... – deu-lhe as costas largas - Podem começar!- ordenou e assim dois homens de aparência nada gentil e sorrisos igualmente horrendos, aproximaram-se da mulher banhada pelo pavor – Só não sejam indelicados com a dama, em!?- e com uma piscadela, afastou-se em direção á porta de onde os dois surgiram.
E lá estava o primeiro grito acovardado, implorando por socorro!
- Kath, por favor!– o segundo em forma de suplica, assim que os azuis encontraram os verdes, entre os chutes cônscios e perfurantes.
Não fora capaz de ouvir-los mais...
Sua consciência gritou junto ao coração desregulado. Parecia que á qualquer momento a cabeça explodiria com a pressão em que o sangue era empurrado para seu cérebro. Respirou algumas vezes na tentativa de se acalmar... Estava completamente sem reação.
E como se implorasse por isso, o grito veio rasgando sua garganta!
-Para!!!
Seu algoz quedou-se, satisfeito, com as mãos á centímetros da maçaneta.
- Eu falo... – Disse engasgando em sua gola por oxigênio- Eu falo... Falo tudo que quer saber!
As lamurias e suplicas de Iara não tiveram fim imediato, mas a morena havia ganhado a atenção do torturador chefe, que parou no mesmo instante voltou-se á ela.
- Tudo que quiser saber sobre minha mãe biológica ou qualquer outra merd*, eu direi!- esforçava-se, mas não pode impedir as lágrimas grossas e quentes de banharem sua face derrotada – Só... Só tire eles de perto dela! – implorou.
Cada chute ou soco que era desferido contra a menor parecia lhe doer na alma.
Estava esgotada de tudo!
Não queria mais lutar, desde que Iara ficasse bem, não se importaria em morrer.
- Sabe qual é o problema, docinho? – Disse ele voltado para junto da morena – Agora eu não quero mais!- agarrou os cabelos negros, impedindo os azuis de se desviarem do show de horrores. – Você vai assistir tudo, até o final! – rosnou e sinalizou para os outros dois, que sem qualquer oscilação ou receio, intensificaram ás agressões.
Sabe aqueles momentos em que a vida passa como um filme em nossa memória?
Certamente era esse momento para as mulheres ali.
Castiel desistiu de esforçar-se para desviar os azuis dos verdes, que agora estavam vermelhos e inchados com nunca. Não havia mais soluções, apenas conformava-se com sua inutilidade e impotência, ao faltar para a mulher de sua vida, como fizera no passado.
Contudo, como dizem os poetas...
A esperança é a ultima que morre, meus caros (as)!
- Ok, já chega!- A voz fez-se ouvir, enquanto a figura surgia da penumbra para a luz, como um cavalheiro - nesse caso “cavalheira”- de armadura reluzente - Eu disse, JÁ CHEGA! – Gritou ela, antes de sacar de sua arma e atirar para o auto.
Bom, se a intenção era ganhar a atenção dos que ali estavam presentes, objetivo alcançado!
Apenas o ressonar da cápsula entrando em atrito com o chão e o vento que uivava despreocupado do lado de fora, foram ouvidos em seguida.
Os dois covardes homens (horrendos) permaneceram imóveis, congelados nas orbitas esbugalhadas de seus olhos para a inusitada recém chegada.
- Nem sonha com uma estupidez dessas, oh grandão!- Cortou a intenção do torturador chefe em empunhar sua arma que estava nas costas - É um prazer conhecer-la senhorita Castiel!- o sorriso largo desenhou-se sob os lábios vermelhos da mulher ao encontrarem a ferida policial mais abaixo.
Os azuis começaram sua inspeção de baixo para cima, encontrando os scarpins pretos e brilhantes. Seguindo seu caminho para o vestido (modelo tubinho) igualmente negro e por fim, acompanhou o rebol*do elegante que favorecia o corpo magro, porém bem desenhado sob a peça de alfaiataria, aproximarem-se dela.
- Quem é você? – Castiel se apressou em questionar, quando a mulher equiparou-se a si. Face com face.
As orbes amendoadas não escondiam o ar de superioridade.
-Oh...- um sorriso sexy desenhou-se sob os lábios vermelhos vibrantes – Primeiro, Perdoe-me pela demora, sabe como é... –respirou fundo e despreocupa – Vôos e seus atrasos! – Afastou-se da maior - E quem eu sou, no mento, não é relevante! – pontuou e logo Castiel sentiu o peso da gravidade esmagando-a.
Isso mesmo que você imaginou. A “Salvadora”, sem qualquer cerimônia, destravou as correntes que mantinham a policial suspensa e ela foi, literalmente, com a cara no chão.
– O crucial agora... - volta á sua posição inicial, diante da maior - É pegarmos sua garota e darmos o fora daqui! – calmamente, assinalou, enroscando as mãos nas costas. - Me diga que ainda consegue andar, por favor!– Auxiliando na tarefa frustrada de Castiel em ficar sobre os pés.
- Olha se isso for um seqüestro dentro de um seqüestro, vou logo adiantando que não tenho condições de oferecer resistência! – Katherine diz ao apoiar-se na figura salvadora.
- Que isso, agente... – suspirou tomada pelo desapontamento - Assim você me ofende! – Arqueou o mento, entortando o nariz fino.
“Familiar!” – divagou a maior.
-Você! – apontou a arma crápulas que se entre olharam confusos – Isso... Você mesmo, Idiota! – falou para o da direita – Larga ela! – referia-se a Iara. Que assim que liberta correu para a policial, chocando-se contra seu o ensangüentado e agarrou-se a ela tentando conter os soluços que hora ou outra escapavam no pescoço pálido.
Alivio!
Essa era sensação que a inundou assim que recebeu a mãe de sua sobrinha nos braços. Fechou os olhos e apertou-as como se pudesse expelir toda dor e angústia que sentiu de sua memória. Ela Estava viva, isso que importa.
Depois de quase desistir, ela estava ali em seus braços.
Beijou-lho o topo da cabeça afundada em seu peito, apoderando-se do ar com maios força na tentativa de acalmar seu corpo.
- Está tudo bem, nada mais de ruim vai acontecer!- sussurrou para a loira fundida a si – O que vem agora? – perguntou a mulher que assistia a interação de ambas com notável ar “apaixonado” e respeito.
- Ah sim, claro... – despertou de seu momento - Agora a gente sai daqui, o mais rápido possível! – Afirmou simples ofertando uma arma, saída sabe-se lá de onde, para a policial. Assim que Iara a libertou de sua “prisão”, pegou recebeu-a da desconhecida de bom grado.
- Por que está nos ajudando?- Questiona Iara á mulher, que pelas característica físicas, julgou ser italiana.
- Achei que nunca perguntaria, doutora! – empolgada, sorriu para a menor – Eu fui enviada pelo o alto escalão Italiano para realizar a proteção das Senhoritas, a sua em especial... - sentencia em direção da loira – Mais infelizmente as questões burocráticas atrapalharam um pouco o meu Time! – o sorriso amarelo nasceu no rosto da morena.
-Co...
- Olha doutora... – Cortou-a – Não quero ser deselegante, mas receio que essa conversa ficará para mais tarde!
Iara estava prestes a gritar ao ter deslumbre do cano de aço em sua direção, contudo o urro esganiçado escapou antes de notar, surpresa, que o remetente não era ela.
- Eu tinha dito JÁ CHEGA! -falou quando o corpo do fétido agressor foi ao chão.
-Puta que pariu... –Uma pálida Iara, murmura.
- Oras! – a morena protesta- Fale mal da minha doce mãe mais uma vez e da próxima deixarei que esses Uomos (homens) covardes... - gesticulou com a mão que empunhava a arma para a cena do homem caído sobre a poça de sangue que nascia rapidamente - Te acertem com uma faca nas costas! – e mais uma vez arqueou o mento em desagrado, tendo uma desacreditada Iara a diante.
“Estranhamente familiar!” – De novo, Manu.
- A gente não estava com pressa?! – Castiel interrompe o momento, nada cômico devido as circunstâncias atuais.
- Certamente! – concordou a italiana desfazendo a carranca e caminhando em direção ao lugar que fora palco de sua entrada triunfal – Natanael nos espera! – Completa arriando uma enorme porta de ferro e a luz brilhou majestosa em toda sua gloria, mutilando as retinas da jovem policial.
- Mas que mer....
-Bem vinda ao aeroporto de Sicilia, Itália! – pontua a maior, interrompendo mais uma vez a embasbacada médica – Kath, o que...
Dessa vez, não fora ela que interrompeu e sim o estrondoso urro do pobre “torturador chefe”.
- Se chegar perto da minha mulher mais uma vez... – rosnou no ouvido do homem que era agarrado pelo trapézio- A bala que está aí no teu rabo terá a rota reprogramada para o meio dessa sua cara de merd*!- completou endireitando-se e empurra o homem contorcendo-se em dor, que logo foi ao chão.
Um fato importante sobre Katherine Emanuella Castiel, ela nunca quebra uma promessa. Segundo fato importante, ela jamais esquece o rosto de quem lhe causa dor.
- Santo Dio Della Misericordia (Deus santo da misericórdia)... – E desde que chegou ali, essa foi a primeira vez que o medo desenhou-se nas orbes amendoadas da Italiana.
- Não estávamos de saída? – Indaga a morena, apoiando-se ao corpo menor de uma Iara igualmente boquiaberta.
Sem sombra para dúvidas, essa era a ultima vez que estariam naquele hangar, constatou a Jovem mulher. Partindo assim, á passos duros - e mancos também, mas sem perder a pose aristocrata- para a aeronave que as aguardava e junto á ela seu fiel escudeiro, o piloto Natanael.
Fim do capítulo
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