Capitulo 19 - Só me abrace
Já se passava das oito da noite e estávamos voltando para Belém. Pietra foi transferida depois da transfusão e encontra-se muito melhor. Não foi necessário fazer qualquer tipo de cirurgia. Desde que Charlotte voltou de sua conversa com ela, a poderosa estava calada e pensativa. Eu tinha muitas perguntas a fazer, porém decidi me manter em silencio e não incomoda-la. Acomodada em seu ombro, sendo cativa por sua mão em minha cintura, resolvi fechar os olhos por alguns minutos.
O meu corpo ainda estava exausto.
Queria entender como aquilo tudo acabou em três mortes. Era coisa demais para uma cabeça só. O meu desejo era de apenas poder chegar em minha casa, dar um abraço apertado em minha família e na minha melhor amiga. Eu jamais estive tão próximo da morte quanto dessa vez. Deus estava sendo em demasiado generoso comigo.
Pietra...
Descobri um lado seu que jamais julguei existir. Ela sempre se mostrou superficial, mesquinha e mais recentemente, uma mulher perigosa, entretanto, a garota salvou a minha vida. Sim, porque aquela bala que ela se colocou a frente deveria ter me atingido e agora... Eu estaria morta.
“Ainda sinto as minhas pernas tremerem. Droga!”
- Me desculpe... – falei, de olhos fechados. – Eu não deveria ter contado.
Ouvi o seu suspiro forte.
- Não vamos falar sobre isso agora. Em outro momento conversaremos, mas por agora, só estou feliz que você esteja bem. – abri meus olhos e os castanhos lindos me miravam.
Eu sempre perdia o ar quando os seus olhos encontravam os meus.
- Fica em casa essa noite... Dorme comigo e não vai mais embora. – era cedo para dizer que a amava com tudo que havia em mim, mas eu tive tanta vontade de gritar aquilo.
E ela sorriu.
- Você me quebra toda vez que me olha dessa forma, senhorita Oliveira. – torci o beiço com o tratamento.
- Odeio quando me chama assim... – Charlotte tocou em minha face.
- Adoro te ver zangada... – se me dissessem há um mês que eu iria estar caída de amores pela Charlotte Allen, certamente acertaria um tapa nesse alguém.
- Então aceita meu convite de dormir na minha humilde cama de solteiro. – dei o meu melhor sorriso.
- Vamos poder usa-la para outras práticas? – ela sorriu cafajeste.
- Charlotte! – a repreendi, pois Afonso estava sentado bem a frente e havia mais duas pessoas no carro.
A minha poderosa riu, me fazendo esconder o rosto em seu peito.
- Sua idiota... – murmurei.
- Claro que aceito... Agora descansa um pouco. – fechei meus olhos e aspirei o seu cheiro. – Vai precisar de energia pra mais tarde.
- Charlotte! – um dos seguranças limpou a garganta e eu quase morri de vergonha.
Quando desci do carro, minha família e a de Larissa me esperavam bem na porta. Minha mãe veio até a mim e me abraçou forte, chorando bastante. Afundei meu rosto em seu pescoço e deixei as lágrimas correrem livres. Cristian se juntou a nós, também chorando. O meu coração estava aliviado e naquele momento não parava de agradecer a Deus e a meu pai por terem me protegido.
- Você salvou a vida da minha filha, Luane. – dona Claudia segurava a minha mão. – Eu jamais poderei te agradecer o suficiente.
Olhei para a ruiva e ela estava com os olhos rasos.
Eu só queria que ela se salvasse, porque quando ouvi os três dizerem que nos matariam e nos jogariam em qualquer mata, lembrei de todos os sonhos que a ruiva sempre me disse que queria poder realizar. Larissa não merecia nada daquilo e o instinto fraterno falou tão forte que quando percebi, já havia destravado a porta e a empurrado para fora. Eu não era nenhuma heroína. Só fiz o que qualquer amiga faria.
- Não me agradeça, dona Claudia... Larissa é minha irmã. – a ruiva me abraçou forte e chorou baixinho.
- Obrigada, Lua... – respirei fundo, sentindo o coração mais calmo.
- Você faria o mesmo... – cochichei em seu ouvido.
- Sem pensar duas vezes... – ela respondeu. Eu sabia que sim.
Depois de um banho longo, Charlotte, minha mãe e eu estávamos conversando na sala. Meu irmão dormia no sofá, depois de ter se recusado a ir para o quarto. Vi a minha poderosa tão à vontade, que a impressão que eu tinha era a de que ela sempre esteve ali, sempre fez parte daquela família.
Talvez estivesse na hora de deixar claro para a minha mãe os laços que me prendiam a Charlotte Allen.
- Mamãe... Há algo que preciso te contar. – dona Regina me olhou sorrindo. Charlotte apenas esperou o que viria.
- Diga minha filha... – mordi o lábio, criando coragem.
- Charlotte e eu estamos juntas... – surpresa tomou conta da face de minha mãe, assim como de Charlotte.
- Juntas como um... Casal? – coloquei a mão sobre a nuca.
- Sim, mamãe... – fiquei apreensiva.
Minha mãe olhou para Charlotte e seu silencio estava me deixando com medo.
- Filha, é algo novo para mim. Eu não pensei que você gostasse de mulher. – Charlotte segurou a minha mão sobre a mesa.
- Foi algo surpreendente para nós também, dona Regina. Luane e eu nos apaixonamos sem perceber e bem... – ela me olhou. – Se a senhora não se opor, eu quero muito poder namorar a sua filha...
O meu coração veio a boca e um frio gostoso se instalou em meu estomago.
- Filhas, de forma alguma iria me opor... – encaramos minha mãe. – Claro, é algo novo pra mim, mas não poderia desejar alguém melhor pra minha menina. – minha mãe segurou o rosto de Charlotte entre as mãos. – Você é uma ótima moça e cuida da minha filha. Não posso exigir mais nada.
E naquele momento, toda a preocupação se dissipou.
- Gosto muito de você e estou feliz que faça parte da nossa pequena família. – e surpreendendo até a mim, minha mãe abraçou Charlotte e eu pude ver os olhos da minha poderosa marejarem.
Os meus também o fizeram.
- Obrigada, dona Regina... – sorri, vendo as mulheres que eu amava em um momento tão bonito.
Domingo, 22 de setembro de 2019.
Charlotte e eu capotamos assim que deitamos. Eu estava tão exausta, que nem ao menos percebi quando adormeci e só acordei no dia seguinte, com ela me abraçando de forma protetora. Olhei para a face tão bonita e por alguns segundos me imaginei acordando daquela forma todos os dias.
Sorri diante de tal pensamento.
Levantei com todo cuidado para não acorda-la e fui para o banheiro tomar banho. Me peguei pensando no garoto que nos salvou. O que teria acontecido com ele? Esperava que estivesse bem e que não levasse a culpa pelo irmão.
“E como deve tá a Pietra? O que Charlotte e ela haviam conversado? Espero que tenham se entendido... Ou era querer demais? Nem acredito que ela tomou um tiro por mim...”
- Você tá de brincadeira, Luane? De onde tirou isso? – ela me encarava com perplexidade.
- É a verdade, Pietra... Charlotte é a sua irmã. Seu pai e você estão tentando prejudicar alguém que compartilha o mesmo sangue de vocês... – a garota ficou muda por vários segundos.
- Se isso fosse verdade... Meu pai já teria me falado. Ele jamais me esconderia isso. – sua voz ficou alterada.
- Ele também não sabe, Pietra... Ele nem faz ideia. Ainda há tempo de desistir dessa guerra que declararam a Charlotte. – em seus olhos eu podia ver uma agonia que me fez ficar arrependida de ter dito algo.
- Eu tenho uma irmã... – ela passou a mão sobre a cabeça e fechou os olhos. – Como você sabe disso?
Respirei fundo.
- Charlotte descobriu há pouco tempo... Logo após a festa da Allen. Um amigo da família contou a ela tudo sobre o passado dos Allen e seu pai. – Pietra me encarou.
- Meu pai não pode saber disso... – franzi o cenho.
Desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e voltei para o quarto. Charlotte ainda dormia, então decidi fazer o café aquele dia e para a minha surpresa, Cristian estava sentado à mesa, fatiando um bolo. Ao notar a minha presença, ele ficou de pé e veio até a mim, me abraçando forte.
- Pensei que jamais voltaria a fazer isso. – sua voz estava embargada. – Não tem ideia do quanto eu te amo, maninha... – franzi o cenho. – Por favor, não faz mais isso... Fica longe de problemas, Lua... Mamãe e eu quase morremos de preocupação.
Senti meus olhos se encherem de lágrimas e a minha voz não saiu.
- Posso me juntar nesse abraço? – minha mãe se aproximou e nos abraçou.
- Eu amo vocês... – tentei segurar as lágrimas, mas não consegui.
Olhei para a porta da cozinha e Charlotte estava parada, com os braços cruzados sobre o busto, nos olhando com um sorriso lindo. Minha mãe ao perceber sua presença, pegou a minha poderosa desprevenida e a trouxe para aquele abraço. Ela tentou esconder, mas vi seus olhos lagrimarem.
Depois do café da manhã, Charlotte voltou para o apartamento de Helena, sob os protestos de minha mãe e Cristian. Eu também não queria que ela fosse, porém sabia que ela tinha de fazê-lo. Havia muitas coisas que ela precisava resolver.
- Lua, você poderia ter pulado comigo. Por que ficou no carro? – Larissa e eu estávamos em seu quarto. A ruiva havia me convidado para assistir filme.
Ela estava visivelmente traumatizada e eu não podia culpa-la, porque também me sentia da mesma forma.
- Você arriscou sua vida por ela... Por quê? – coloquei o balde com pipoca de lado.
- Durante o ocorrido, eu pude conhecer uma Pietra totalmente diferente. – olhei para as minhas mãos e em meus pulsos estavam as marcas das cordas. – Ela não é tão ruim assim, Lari... Senti que não poderia deixa-la sozinha naquela situação...
- Mas se fosse ela... Teria deixado você. – encarei minha amiga.
- Aquela bala que atravessou a coxa da Pietra deveria ter sido em minha cabeça, Lari... – a ruiva colocou a mão sobre a boca em perplexidade. – Ela quase morreu pra me salvar.
- Não consigo acreditar nisso, Lua... Por que ela fez isso? Logo a garota que quase espalhou um vídeo intimo seu... Que mandou te roubar e quer destruir a Charlotte. Eu não consigo entender isso. – respirei fundo.
- Talvez Pietra só precise de boas influencias... Ela é sozinha. – mordi o lábio. – Eu não sei o que dizer, ela me confundi, mas no fundo eu sinto que ela tem um bom coração.
- Espero de verdade que você esteja certa, Lua. – Larissa pousou sua cabeça sobre meu ombro. – Acho que vou ter que agradecer ela por ter salvo sua vida, assim como você salvou a minha.
- Faria quantas vezes fosse necessário, Lari. Eu amo você. – ela me abraçou, escondendo sua face entre meu pescoço.
- Eu amo você, Lua... – sorri.
- Ganhou muito cafune da sua Helena? – tentei mudar o foco de nossa conversa.
- Ela foi tão fantástica, sabe? – a ruiva se afastou e me encarou. – Disse que eu sou muito importante para ela e que queria poder demonstrar isso de uma forma que não restasse dúvida.
Franzi o cenho.
- E que forma seria essa? – Larissa voltou a ter brilho nos olhos.
- Ela me convidou para um jantar hoje à noite... – minha amiga suspirou. – Disse que iria chamar a Charlotte e você, então finge surpresa quando ela convidar.
- Um jantar? – mordi meu lábio. – Estamos preparadas?
- Temos que seguir a vida, Lua... Não podemos ficar presas no que aconteceu. Não está sendo fácil dormir, pois desde sexta tenho pesadelos e não consigo atravessar a rua sozinha. Eu não quero que isso afete a minha vida. Vou a esse jantar com a mulher que estou apaixonada e nada mais importa. – sorri, vendo o quão forte Larissa é.
- Você tem toda razão... Não podemos deixar nada disso ditar as regras. – lembrei de Charlotte abraçada a meu corpo.
- Essa cara de safada ai? – Larissa ergueu a sobrancelha. – Matou a saudade? Olha, não acredito que mandou ver na mesma casa que a sua mãe mora.
- Cala boca, Lari... – a ruiva gargalhou. – Não fizemos nada...
- Quando planeja contar a sua mãe? – sorri.
- Já contei. – minha amiga abriu a boca.
- Sério? Quando? Onde? Me conta tudo...
- Você é muito curiosa...
A minha cabeça se reversava entre pensar em Luane e lembrar da conversa que tive com a Pietra. A minha vontade era de entregar ela e o pai para a polícia, mas havia algo que me impedia de fazê-lo.
- Então somos irmãs... – havia um sorriso de deboche em sua face.
- Luane te contou então... – senti ciúmes ao perceber que a loira havia compartilhado aquela informação com Pietra.
- Não acredito que isso esteja acontecendo. – a mirei. – Queremos destruir alguém que possui o nosso sangue.
- Não é do meu agrado, Pietra... – me encostei na porta. – Não acredito que tive tanto azar em ter duas famílias igualmente tóxicas... – ela riu. Sua face estava pálida e a perna imobilizada. – Você pagou a fiança da Luane. Por quê?
- Ela salvou a minha vida... Duas vezes. Eu não sei o que há naquela garota...
- Mas ela desperta o melhor em você, não é mesmo? – Pietra me olhou por vários segundos.
- Ela te ganhou totalmente. – ergui a sobrancelha. – Sua fama de coração de pedra não é tão verdadeira assim. – lembrei do sorriso da loira.
- Parece que não é somente a mim que ela ganhou. – me aproximei. – Não estou nada feliz de ter um parentesco com Álvaro e você, que fique claro.
- Algo que compartilhamos... Só faço um pedido a você, irmãzinha. – a vi expressar dor. – Deixa a Luane o mais distante possível do nosso pai. Mesmo que ele saiba que você é filha dele, ele não parará até conseguir o que quer... Destruir todos os Allen. Então ele não sentirá remoço algum em ferir qualquer pessoa que você ame. Ele está obcecado com vocês...
- E por que está me dizendo isso? Até onde sei, você também está fazendo tudo que pode pra me destruir. – a vi baixar o olhar.
- Não é por você... É pela Luane. – trinquei meu maxilar. – Não diga nada disso a ela...
Respirei fundo.
- E então... O que achou da casa? – o corretor me olhava em expectativa. Olhei novamente para o quarto de casal.
- Eu adorei... Bem localizado, seguro e próximo do centro. Quando podemos assinar os documentos necessários? – ele sorriu.
- Amanhã levarei os documentos em seu escritório. Preciso somente dessa noite para organizar tudo e entregarei as chaves também. – olhei para o relógio.
- Então o negócio está fechado... Agora preciso ir. – apertei sua mão.
- Perfeito, Charlotte... Obrigada pela confiança outra vez.
Sai do condomínio e fui para o apartamento de Helena. Aquele dia foi longo e depois de passar a tarde vistoriando os imóveis, estava feliz por finalmente ter encontrado algo que se encaixava em tudo que eu necessitava.
- São cinco horas... Reservei para as sete e meia. Estou tão... Nervosa. – Helena andava por toda a sala.
- Vivi para te ver nervosa por conta de uma mulher... Helena, bem-vinda ao mundo colorido, querida. – a morena me jogou uma almofada.
- Para, Charlotte. Tá piorando meu estado. – gargalhei. – Você já ligou para a Luane?
- Mandei uma mensagem antes de chegar aqui. Pedi para ela se arrumar, pois irei busca-la. – sorri.
- Parece que você tem algo pra me contar... – ela sentou à minha frente. – Soube que foi aceita pela sogra...
- Você anda muito bem informada, não é mesmo? – Helena sorriu.
- Deixe de enrolação e me conte... O que a dona Regina disse? – repousei meu queixo sobre meu punho.
- Ela disse que sou da família... – fechei meus olhos. – Jamais me senti tão... Querida.
Encarei Helena.
- Eu fico tão feliz que tenha encontrado algo assim, Charlotte. Também senti a sensação de ser querida. – a morena sorriu. – Os pais de Larissa me tratam como se eu fosse da família. Acredita que a dona Claudia me ligou hoje só pra perguntar se eu já havia almoçado?
Era maravilhoso vê-la daquela forma.
- Espero que ela não seja contra o meu relacionamento com Larissa. – ergui a sobrancelha.
- Então já é um relacionamento? – Helena sorriu.
- Não, mas ainda hoje será... Agora vamos nos vestir, pois temos um jantar para ir. – fiquei de pé.
Fui para o banho e me permiti ficar na banheira, sentindo a água morna relaxar o meu corpo inteiro. Em meus pensamentos, Luane estava presente. Não pensar nela era uma tarefa impossível. Eu ansiava por estar em sua presença.
- Garota insolente... – sorri.
Quando terminei de me arrumar, olhei-me no espelho e gostei do que vi. Peguei minha carteira e celular, saindo do quarto. Helena estava sentada no sofá, ela sorria olhando para o nada.
Ela estava linda.
- Pensando na Lari? – ela me olhou imediatamente.
- Jamais me senti assim... – ela mordeu o lábio. – Você está linda.
- Não tanto quanto você. – minha amiga ficou de pé. – Vamos busca-las?
- Vamos!
Já dentro do carro, liguei o rádio e tocava uma canção que fazia recordar de Luane. Sorri, lembrando do dia em que a fiz ser demitida. A loira quis me esganar e eu pude ter uma leve noção de sua irritação.
Chegamos em frente à casa de Luane, descemos do carro.
- Minha cunhada é tão linda. – Cristian chegava em casa. Ele estava com algumas sacolas em mãos.
- Não tanto quanto o meu cunhado com esses olhos azuis maravilhosos. – ele sorriu.
- Helena... Boa noite. – ergui a sobrancelha para o jeito galante do mais jovem.
- Boa noite, Cris... – tirei minha atenção dos dois e quase perdi o raciocínio quando vi Luane surgir na porta.
Não importava quantas vezes a visse, em todas elas a sua beleza me tirava o fôlego.
- Você está... Linda. – as pernas longas estavam de fora, a blusa social vermelha se destacava na pele branca. – Vou adorar tirar cada peça mais tarde... – seus olhos estavam fixos nos meus.
Luane se aproximou de meu ouvido.
- Adoro te ver de terninho. Dá vontade de te morder inteira. – senti o meu sex* reagir. – Você está maravilhosa... – a abracei pela cintura, aspirando o perfume delicioso que se desprendia dos fios loiros.
Mil e uma malicias se passaram em minha mente.
Entramos no carro e logo muitos assuntos foram iniciados. Luane sentou-se de lado, enquanto me olhava. Larissa estava a falar suas pérolas, fazendo todas rirem do seu jeito espontâneo.
- Lua... Lembra daquela vez que a sua mãe descobriu que andava namorando pela escola... – olhei rapidamente para a loira.
- Ah, não Lari... Não me lembra disso. – franzi o cenho.
- Estou curiosa, conte mais Larissa. – incentivei, vendo Luane rolar os olhos.
- Foi assim...
- Ai, meu Deus... Se você contar sobre isso, falo pra Helena sobre a vez que você se tornou uma mocinha...
- Golpe baixo, Luane... – a loira gargalhou.
- Agora eu quero saber sobre essa história... – Helena tomou a frente.
Passei a rir das bobagens que as duas contavam uma da outra. Helena não estava diferente, colocando lenha na fogueira. Em um determinado momento, Luane buscou minha mão, segurando-a com carinho. Ela nem ao menos havia notado seu gesto. O fez como se fosse algo que sempre fizéssemos e eu amei aquela sensação.
Eu estava boba de amor.
Chegamos ao restaurante de comida italiana que tinha a melhor massa da nossa cidade. A mesa escolhida ficava próxima a uma janela enorme com vista para a cidade. O restaurante ficava em uma cobertura de um luxuoso prédio comercial, mas não era o luxo do lugar que lhe dava a majestosa fama e sim sua excelente localização.
- É tão lindo... – Luane olhava tudo com admiração.
Respirei fundo, lhe olhando sem que ela percebesse.
- É lindo mesmo... – foi quando ela me olhou e por um momento esqueci de onde estávamos.
- Ora... Que coincidência. – Luane segurou a minha mão. – Boa noite.
- Boa noite, Daniela... Parece que estamos sempre nos encontrando. – olhei para ela. – Alessandra...
Senti meu sangue ferver.
- Charlotte, Helena, Larissa... Luane. – seu olhar para a loira me fez ter vontade de lhe esganar.
- Olá... – a resposta seca de Luane me fez sorrir.
- Acho que vamos ser vizinhas de mesa... – Daniela piscou para nós e sentou bem ao lado.
- Perfeito! – a loira exclamou.
- Não vamos dar importância a elas... Vamos curtir essa noite. – Helena disse, segurando minha mão que estava sobre a mesa. – Viemos aqui pra isso. Certo?
- Certo... – sorri. – Vamos pedir vinho...
Fizemos os nossos pedidos e voltamos a conversar, esquecendo a incomoda presença de Daniela e Alessandra. Eu nem ao menos sabia que as duas se conheciam, mas resolvi não dar importância para nada daquilo.
- Um brinde a Charlotte e sua nova casa! – Helena ergueu a taça de vinho e Luane me encarou com surpresa.
- É sério? – ela sorriu.
- Fechei o negócio hoje... Amanhã assino os documentos de compra e a casa será oficialmente minha. – Luane segurou minha face entre suas mãos, me fazendo fixar os olhos nos seus.
- Estou muito orgulhosa de você, meu amor... – sua boca grudou na minha, me pegando de surpresa. Fechei os olhos, sentindo o selinho demorado em meus lábios. – Muito orgulhosa...
- Você me fascina, Luane... – toquei sua face. – Aonde você estava esse tempo todo? – ela sorriu e o meu coração acelerou.
- Talvez, te esperando... – eu me sentia em outro mundo.
- Chega, né? Lembrem que estamos aqui também. – Larissa comentou, nos fazendo rir.
- Desculpe, querida amiga... – olhei para a ruiva, que ficou surpresa. – O que foi?
- Você me chamou de amiga? – ela sorriu. – Me considera sua amiga?
Ri da expressão da ruiva.
- É claro que é a minha amiga, Larissa. – busquei sua mão que estava sobre a mesa. – Ainda tinha dúvidas disso?
Ela corou.
- Você é mesmo incrível, Charlotte. – Helena olhava de forma boba para a mais nova. – Amiga... Então um brinde a sua nova conquista. – ela levantou a taça e a imitamos.
- Salud!
- Estão oficialmente convidadas para me ajudar com os moveis... – sorri.
- Luane adora decoração... Se ela não fosse publicitária, seria uma ótima decoradora. – Larissa comentou.
- Esse fim de semana, estou disponível. Vamos as quatro deixar a tua mansão incrível. – Helena riu.
- Não é uma mansão, Helena... Não seja exagerada. – olhei rapidamente para a mesa ao lado e Alessandra não tirava os olhos de nossa mesa.
- Larissa é uma ótima paisagista. Conte a elas do seu lindo jardim... – Luane cutucou a ruiva.
- Deus, não me lembre disso... – ela gargalhou. – Foi um desastre...
Passamos a conversar enquanto comíamos. Jamais rir tanto em minha vida como naquele momento. Estar na presença delas me fazia tão bem. Me perguntei se de fato era digna de tanta felicidade.
Em um determinado momento, pedi licença para ir até o banheiro. Retoquei a maquiagem, lavei minhas mãos e quando me virei, Daniela estava bem a minha frente. Rolei os olhos, prevendo as mesmas conversas tolas de sempre.
- Estamos sempre nos encontrando pelos banheiros de Belém. – ela se aproximou, me encurralando na pia.
- Quanto azar, não é mesmo?! – ironizei, tentando sair. – Saía da minha frente.
Ela colocou a mão sobre minha coxa, a apertando.
- Não sente saudades das noites que transávamos até a exaustão? – ergui a sobrancelha, segurando o seu pulso, fazendo-a parar o ato que me causava repugnância.
- É sério isso? – olhei para a porta e Luane estava parada, com os braços sobre o busto.
Daniela se afastou.
- Luane, querida... – respirei fundo. Infelizmente, aquela noite tão perfeita chegou ao fim.
- Você não cansa, Daniela? Charlotte nem lembra mais de sua existência... – fui para o lado de Luane.
- Vamos, meu amor... Não dê importância para essa mulher. – segurei sua mão, fazendo-a me olhar. Os azuis estavam carregados de raiva.
- Sabe, Luane... Um passarinho me contou que você iria ser usada para acabar com o meu casamento. – a loira olhou para Daniela e depois para mim. – Você sabia que ela iria fazer você seduzir a minha noiva e me fazer pegar ambas no ato?
Luane se desfez do meu contato.
“Droga!”
- Acho que essa noite acaba aqui, Charlotte... – Luane saiu do banheiro, sem olhar para trás.
Respirei fundo.
- Ops! – Daniela riu.
Fui até ela e lhe acertei um tapa com o máximo de força que consegui.
- Isso é o que você merece, sua puta!
Sai do banheiro, voltando para a mesa e o clima estava péssimo. Helena me olhou, buscando alguma resposta. Apenas fiz um sinal que depois explicaria. Pagamos a conta e Luane saiu em disparada a frente. O silencio dentro do carro era mortal. Somente quando nos aproximávamos do apartamento de Helena, que a loira disse algo.
- Quero ir pra casa... – franzi o cenho, não lhe dando ouvidos e continuei o trajeto até o apartamento de minha amiga. – Eu disse que quero ir pra casa!
- Vai depois que conversarmos. – falei, entrando no estacionamento.
Helena e Lari saíram do carro, mas a loira se recusava fazer o mesmo. Dei a volta, abrindo a porta e lhe tirando de lá.
- Me solta, sua bruta! – ela reclamava, enquanto lhe puxava para o elevador. – Solta!
- A gente vai conversar... E ponto! – Lari e Helena nos olhavam com surpresa, mas nenhuma ousou dizer nada.
- Eu não quero falar nada agora! – lhe encarei.
- Mas eu quero falar muitas coisas e pronto! – chegamos ao andar de Helena.
Luane entrou a contra gosto, reclamando e me chamando de arrogante e selvagem. Entramos no quarto de hospedes de Helena, o qual eu ocupava, tranquei a porta e encarei a loira que bufava.
- Como você sequer ousou pensar na possibilidade de me usar dessa forma? – ela veio para cima de mim, tentando me bater. Segurei seus pulsos, lhe empurrando contra a cômoda que estava ali. – Me solta!
- Não! Se acalma e vamos conversar... – Luane trincou o maxilar.
- EU TE ODEIO! – ela passou a tentar se soltar de todas as formas. Soltei um de seus pulsos, segurando em seus cabelos e fazendo-a me olhar.
- E eu amo você...
Luane parou imediatamente, me encarando com surpresa. Olhei para a boca bem desenhada e lhe tomei, de forma calma. A senti morder com força o meu lábio, mas não parei e continuei a beijando com mais afinco. Ela tentou barrar as minhas investidas, mas ao poucos a senti ceder. O meu sex* reagiu e o meu corpo implorou pelo dela.
E quando me dei conta, travávamos uma guerra para tirarmos as roupas uma da outra de um jeito nada carinhoso.
Fim do capítulo
haha
próximo cap vai ser louco...
boa noite, meus amores...
saiam da moita!!!
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Andreia
Em: 18/01/2021
Nossa quando vai acabar os problemas para elas em, quando elas vão ter um pouco de paz, quando não é mãe de Charlotte é pai prefeito com Pietra e quando não são eles é ex da Charlotte com Alessandra fazendo inferninho para o casal.
Charlotte deveria ter contado antes tudo para Luane agora vai.ter que rebolar para se explicar para a Luane tbm não a culpo tanto problema que nem sobrava tempo p nda.
Vamos ver como o casal se resolve.
Bjssss.
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fabsales
Em: 28/03/2020
Aí lasca parar mesmo no momento hot kk Também quero hot de Helena e Lari kk Amo muito sua histórias
Resposta do autor:
Aaaaaaah vocês me acabam com esses comentários... Sério â¤ï¸ðŸ˜Š
Tô muito feliz... Obrigada por isso â¤ï¸
É muito importante para mim. Volto em breve com seu hot 🔥
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Dessinha
Em: 28/03/2020
Linda, eu adoro ler o que escreve. Muito bem escrito, bem estruturado. Obrigada por nos ofertar com tão boa leitura. Um grande abraço, cuide da sua saúde. :)
Resposta do autor:
Aaaaaaah
Dá até um friozinho na barriga ao ler um comentário tão fofo 😊
Muito obrigada, meu amor. Está sendo maravilhoso escrever para vocês. A forma como abraçaram essa estória tem me feito muito feliz.
É uma honra dividir com vocês esse trabalho â¤ï¸
Cuide de sua saúde também. â¤ï¸
Um super beijo e obrigada por me deixar tão feliz com seu comentário.
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PHoenix_72
Em: 27/03/2020
Te mete!
Adorei o capítulo de hoje. Continue nos abençoando com mais dessa excitante estória. 😘🌹â¤
Resposta do autor:
Haha
Vou continuar sim, porque amo escrever pra vocês. Tá sendo um imenso prazer sentir a receptividade de vocês... Fazia tempo que não me sentia tão a vontade â¤ï¸
Obrigada por isso ðŸ™
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