Pizza de Margherita e vinho
Contradictio
"Pizza de Margherita e vinho"
***
“Todas as cartas de amor são ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras, ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser ridículas.
Mas, afinal, só as criaturas que nunca
Escreveram cartas de amor é que são ridículas. ”
- Fernando Pessoa
***
A morena de lábios fartos, olhar provocante e corpo malhado caminhava ao lado de Emanuella.
Para um olhar desatento, até passariam por um belo casal.
“Colher informações, colher informações” – E lá estava o mais novo mantra da policial.
Inspirou com dificuldade...
Não é como se não achasse a mulher agarrada em seus braços atraente, havia prometido a si mesma não se dar ao luxo de cair na áurea sedutora da repórter.
“Que os deuses me ajudem...”
Pôs-se á “rezar”, ou o que fosse, quando os azuis foram (“despretensiosamente”) para o vale de seios medianos.
Provocadora, a menor morde os lábios notando a atenção que recebia.
- Então... – Limpou a garganta- Dizem que a repórter mais bela de toda São Paulo poderia ajudar com algumas informações “confidências”, por assim dizer?! – Emanuella completa lançando seu melhor sorriso galanteador.
- Oh, Baby... – decide entrar no jogo – Nem me levou para jantar e já quer conhecer minhas “confidências?!” – um sorriso, no mínimo maldoso, arrastou-se nos lábios rubros.
- A noite é uma criança, Bella Donna- devolveu em um rouco provocante
“Que comecem os jogos!”
***
- "Mamãe posso blicar lí?"- Manu pergunta apontando para um pequeno cercado, onde algumas crianças brincavam.
A menina tinha apenas três aninhos de idade, estava aprendendo a articular melhor o vocabulário, mas era uma muito esperta e ativa, sempre mantinha a curiosidade nos grandes e expressivos olhos azuis escuros.
-Claro, docinho! – divertida com a fala embolada, diz a maior - Apenas tome cuidado para não machucar, ok?! - Pontua carinhosa.
-"blidadu" - fala a menina, depositando um beijo estalado no rosto da mãe, antes de correr dispara até seu destino.
- Ela é uma criança incrível.... – Observa, ganhando um suspiro em troca – Por que eu estou aqui, Muller? – resolveu ir direto ao ponto, a ruiva.
Mais cedo recebeu uma mensagem da menor, para que se encontrassem ali. Não pode negar depois de captar a urgência nas palavras.
Outro suspiro....
- Tem algo que preciso contar a você, Juliana... – Desviou os verdes da filha para encontrar a interrogação nos da ruiva. - Mas não pode dizer á Katherine!! – Condicionou.
- Não posso prometer, e você sabe disso! – rebateu ainda sem compreender a situação.
- A vida dela depende disso, Salvatore – apressou-se em dizer – Precisa me prometer, July... - Suplicou- Prometa que não dirá nada!- Completa Iara sentindo seus olhos transbordarem – Por favor! – suspirou.
Juliana analisou-a de cima a baixo....
Resignada, encenou para que a loira desse início a narrativa.
***
Entre jogos sedutores, flertes e algumas “mãos bobas” a noite da Policial se desenrolava.
Natalia Almeida, âncora de um dos telejornais com maior audiência do país, não era tão ingênua quanto seu “rostinho” tentava dizer.
Sagacidade era uma de suas virtudes, além do poder informacional que os anos de experiência lhe proporcionava. Não importa quem, quando, onde, ou poder aquisitivo por traz da personalidade, ela tinha todas as informações que desejasse. Desde transições bancárias de valores bilionários a desvios de hábitos mais esdrúxulos, no fim do dias, quem “desse o maior lance” levaria a melhor.
- Está certa disso, baby?! – questiona com um leve arquear das sobrancelhas – Receio que seu pai não gostará de saber onde está se “enfiando” ! – riu da piada ambígua.
- Onde eu me “enfio”, ou deixo de me “enfiar”, Não diz respeito ao Ministro – rebateu sugestiva, Castiel – A questão é... – inclinou o corpo na direção da mulher – Temos um acordo?- o perigoso e temido meio sorriso, desenhou-se nos sedutores lábios da agente.
Então o xeque- Mate veio...
- Será um prazer Baby! – completa.
***
- Quer dizer que seu pai e Vithor estão envolvidos na morte de Tiago? – Leva a mão aos fios ruivos, exasperada- Céus, Iara... Isso é muito grave!
- Não foi isso que e disse... – a loira a repreende com o olhar para baixar o tom de voz. Afinal estavam em local público – Apenas disse que há uma possibilidade, possibilidade, sim?!- corrigiu.
Negando com a cabeça, Salvatore suspira na tentativa inútil de manter os neurônios em temperatura ambiente. As novas informações fervilhavam á ponte de explodir.
Buscou um volume maior de ar para ventilar as idéias...
- E quanto á parte de Angel?! – Indagou – Sabe que, cedo ou tarde, ela vai descobrir. Eu falando ou não! – observou. Conhecia bem a prima para deixar a “ingenuidade” domar suas preocupações.
- July, você prometeu! – Suplica Iara em desespero.
Não queria imaginar o que a jovem Castiel faria de si se soubesse.
Salvatore mirou a mulher...
-Por que não conversou com ela antes de tudo isso?- questionou.
- Talvez um dia te conte essa história, Agente! - disse mirando as mãos sobre a mesa, enquanto esfregava uma na outra.
- Vai dar tudo certo... - falou carinhosa mirando os verdes rasos de água.
Por mais que quisesse crer nas palavras da “amiga”, não consegui. Não haveria uma forma de se libertar de tudo aquilo.
“O mundo é um lugar perigoso para os q ousam ter esperanças!”
O olhar de Iara voltou-se para a pequena Manu...
Sentiu um aperto na alma!
Jamais se perdoaria, caso algo acontecesse ao seu anjinho. Tão doce e inocente!
***
“- Amor, a pizza vai esfriar.... - Iara gritou da cozinha, estavam em seu apartamento.
Distraída como sempre, não notou a morena encostada no batente da porta.
Emanuella Sorriu frouxo, negando com a cabeça. Amava ver a loira tão à-vontade, ela estava com uma de suas camisas, dava na altura das coxas. A parte de baixo era composta por uma minúscula calcinha e os loiros em um coque desgrenhado.
- Calma futura doutora... – fez-se notar. A menor deu um “gritinho” assustado.
- Céus, Katherine... Assim você me mata do coração! – repreendeu ainda se recuperando.
- Sei sabichona... – abraça a menor pelas costas, depositando um beijo no pescoço esguio - Pizza de Margherita e vinho...!? - O cheiro do alimento estava brincando com sua fome - Eu juro por todos os deuses, não sei como você consegue comer tanto assim. Parece que “abriga” um dragão aí!- gargalhou.
- Para, Não fale assim do meu estômago, Kath!- falou manhosa - Ele não tem culpa da dona ser uma esfomeada!- Disse terminando de organizar os talheres sobre a mesa - Sabe que eu amo a culinária italiana... – sentou-se na cadeira que a morena puxou para ela - Mamãe adorava preparar pratos típicos!! – Lembra saudosa.
Iara adorava a cultura italiana, tinha verdadeira fascinação pelas origens. Seu pai era Inglês e sua mãe italiana. Angeline Muller sempre compartilhava seu mundo com os filhos, as histórias de ninar eram recheadas das lendas e contos de origem italiana.
Quando a mulher morreu, as histórias e raízes eram a ligação mais real que Iara tinha. Elas mantinham sua mãe viva em seu coração.
Emanuella podia ver a saudade nos olhos da jovem, sabia como sentia a perda da mãe. O fato de ter-la perdido tão precocemente, tornava a necessidade de conexão ainda maior.
Nunca conheceu a sogra, mas sentia-se íntima de Angeline, quando ouvia o que a namorada narrava da infância ao lado da mulher, com profundo carinho e respeito.
- Sei La Donna più bella Del mondo, amore mio (Você é a mulher mais bonita do mundo, meu amor) - O tom rouco que Iara tanto amava, veio acompanhado de um nervosismo incomum.... - L'unica ragazza AL mondo (A única garota do mundo) !! - Completou mirando intensamente os vedes que tanto amava.
Há três meses começou o curso de língua italiana, estava se preparando para surpreender a namorada. Aprendera a língua para que Iara se sentisse mais próxima das origens, de sua mãe.
Gostaria de retribuir todo amor e carinho que recebia e cumprir o compromisso, que fizera consigo, de fazer-la sentir como...
"A única garota do mundo!!!"
A loira ficou sem palavras diante da adorável surpresa, comentara com a estudante de direito que sempre achou fascinantes os “ragazzos” que falavam a língua. Isso causou uma pontada de ciúmes na maior, diga-se de passagem. Agora ali estava, não um rapaz qualquer, mas a mulher de sua vida, presenteando-a de forma tão delicada e peculiar.
Não pode deixar de notar, com encantamento, o rubor e nervosismo da jovem, pois só Iara Muller era capaz de abalar a confiança de Castiel.
Levantou-se de seu lugar e foi de encontro a Emanuella, que a recebeu em seu colo, por fim, beijou-a profundamente, pois nem mesmo os maiores poetas podiam descrever o que sentia por seu anjo de cabelos negros.
- Auuu... - O grito contido de Kath fez-se presente - Iara, isso dói sabia?! - reclamou levando a mão no lábio, seguido do bico que a loira julgou ser lindo.
- Nunca mais minta para mim, Katherine Emanuella Castiel. Sabe como odeio surpresas!!- falou séria, o que fez uma confusão tripudiar na mente de Manu - Não pode me dizer que está ocupada nas noites de sexta, durante três meses. Depois me impressionar com um sotaque italiano perfeito e achar que não terá retaliação!! - completou jocosa, ainda com a face bem próxima a boca da maior.
- Mas... - tentou se explicar.
- Sem mas... - interrompeu - E ponto! - Delicadamente, depositou um beijo sobre o local onde minutos atrás aplicara a mordida.
- Sim senhora!! - completou a morena, sorrindo entre os lábios rosados da sua garota. "
***
- Manu, volta aqui!!!
Uma Iara em desespero gritou quando viu a pequena “exploradora de mundos” correr para longe do grupo de crianças que brincavam na praça de alimentação.
Irritada, seguiu atrás da travessa menina, mas perdeu-a de vista.
***
Emanuella estava impaciente...
Teve a impressão que a “fome” estava focada no objetivo de “devorar” o seu estomago de dentro para fora, mas a fila parecia interminável.
Natália havia saído para atender o celular e a missão de aguardar os pedidos estava sobre a morena.
Bufou impaciente!
- “Kath!!!”
Katherine girou sobre o calcanhar e o que avistou arrancou-lhe um lindo sorriso.
O pequeno anjinho de cabelos negros, que aquecera seu gélido coração desde o primeiro contato, corria de forma desajeitada e "cambiante" em sua direção. A sapeca menina se aproximou agarrando a perna da morena, para logo soltar e encarar-la de baixo para cima.
- Oi Tia Kath!! – repetiu como os azuis arregalados. O sorrisinho torto nos minúsculos lábios avermelhados não havia abandonado a criança.
- Vejo que o sorvete estava saboroso... - Emparelhou-se a Angel e sorriu, afagando as madeixas negras que estavam amarradas em duas "Chuquinhas" com franja moldando-lhe o rosto alvo.
Não pode deixar de se divertir com a forma “lambuzada” de Angel. Era o resultado de sua gana por sorvete.
- “Era de chocolate...” - lançou-lhe um sorrisinho sapeca, enquanto segurava as mãos entrelaçadas nas costas e inclinava a cabeça para o lado.
- Estou vendo, bolinha!- gargalhou a maior.
- Manu, Pelo amor de Deus, minha filha! Você precisa para de..... - Iara se interrompeu abruptamente, só agora a loira enxergava o motivo da fuga da filha.
- Boa noite, doutora! - Disse Emanuella se levantando. Mirava intensamente os verdes surpresos.
- Boa noite, agente... - respondeu em um sussurro, quase inaudível.
- “Mamãe, eu tavo falando para a Kath que cumii solvete de chocolate!” - a menina tinha o rosto inclinado para cima e mirava as mulheres, alheia do significado daquela troca de olhares.
- É sorvete, meu anjo... - desvio os verdes dos azuis - E você pode falar com a agente Castiel quando quiser, mas não deve sair correndo dessa forma! - Corrigia a criança pelo rompante.
- “discus.. dicus.."- a pequena tentava, entre algumas caretas, pronunciar a palavra de forma correta.
- Desculpa... - A voz rouca de Emanuella veio em auxílio de Angel.
- "isso... Desculpa mamãe. É que eu tavo com saudade da Kath...” - completou cabisbaixo, fitando as mãozinhas rechonchudas.
- Tudo bem, amor... - a loira se compadeceu da pequena, não admitiria em voz alta, mas também estava morrendo de saudade de Kath. Nas últimas semanas não vira a mulher, nem mesmo quando fora ao departamento da polícia federal apurar sobre as investigações - Mas não faça mais isso. Dá próxima vez haverá castigo, combinadas?! - finalizou serena.
- Combinado mamãe! - o sorrisinho seguido de um brilho peculiar voltou ao rosto redondo.
Por mais que a presença da loira causasse tensão á policial, a morena estava feliz por encontrar a sobrinha. Não entendia o motivo, mas Angel lhe aquecia o coração.
- E então... - uma jocosa Emanuella pronunciou-se - Por que a pequena fugitiva ainda não me deu um beijo?- levanta-se com Angel nos braços e depositando um beijo demorado nas madeixas negras.
Os bracinhos envolveram o pescoço da policial em um carinhoso e aperto, a morena sentiu o afago e fechou os olhos para apreciar a nova sensação que inflamara seu coração.
"Amor?"- não sabia dizer, entretanto resolveu que deixaria para pensar depois, agora queria apreciar o que o momento estava lhe dando.
O gesto da policial surpreendeu Iara. Não sabia se ficava feliz ou se preocupava com o afeto que vira se desenrolar entre ambas...
A verdade poderia destruir o que parecia nascer entre Angel e Katherine.
"ela me odiaria eternamente!" - Pensou aflita.
Fim do capítulo
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Rose_anne
Em: 25/03/2020
Até agora não entendi muito
Sei que Manu e Iara tiveram um relacionamento e que Iara se casou com o irmão adotivo que é crápula
Mas as vezes vem a teoria que a Manu é fica da Emanuela e não entendo muito bem. Mas a história em si é envolvente
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