Contradictio

"Love is pain"

***

 

 

“Por que  frases de amor encantam, mas viver um amor as vezes machuca...”

 

 

 

- Mas que merd* está acontecendo aqui...?- O tom grave e arrogante da voz masculina fez-se ouvir,

 

Emanuella desviou os olhos de Angel em direção a figura Autoritária e imponente que estava á porta do refeitório, os azuis perderam o tom natural, tornaram-se negros carregados de em rancor e mágoa.

 

 A raiva queimou o seu interior...

 

- Ficou muda, Iara?!- Tornou a dizer, irônico.

 

O Homem de traços fortes, olhos cor de mel, cabelos claros, acompanhado por barba rala na mesma tonalidade e porte atlético era Alguém muito conhecido delas.

Castiel, orgulhosamente, endireitou a postura. Arqueando o alongado mento, cenho franzido  em desafio, a áurea autoritária e em riste não escondia seu desagrado e raiva.

 

- Não se aproxime dela!- o Homem bradou- Tire suas mãos nojentas da minha filha, sua assassina! - vociferou o Advogado, ameaçador. 

 

Bom, estava difícil para Emanuella assimilar a situação minutos atrás, agora era basicamente impossível... 

 Não estava preparada para aquele encontro inusitado e propositalmente evitada por quatro longos anos.

 Nunca cogitou que aquele pequeno Anjo poderia ser filha de seu famigerado irmão adotivo, muito menos de Iara Muller.

Agora lá estavam; duas pessoas que mais a feririam e que evitara todos esses anos ter qualquer tipo de contato, paradas a sua frente e uma delas a acusando de assassinato.

 

“Destino ou não,  a situação não poderia ser mais irônica!”

 

Dra. Iara acabara de ter mais uma surpresa, apesar de não conseguir classificar a primeira, a segunda, verdadeiramente não lhe agradara.

Não esperava ver o advogado ali, nem se quer discorreu a possibilidade de avisar-lo que estava no Brasil.

 

- O que faz aqui, Vithor??? - A jovem médica pronuncia-se assustada e surpresa.

 

- Oh...  cara esposa - Falou em tom de provocação- Depois conversaremos melhor sobre viajar sem avisar que levaria minha filha pra longe...- voltou a mirar o azuis tempestuosos - ... Mas agora meu assunto é com minha querida e assassina Irmãzinha!! – Cruel, destilou seu veneno.

 

A morena sentiu o sangue ferver, caso não fosse a pressão do aperto de Angel em seu ferimento, lembrando-a de que a pequena estava no meio daquela gritaria, teria partido em direção de Vithor. Mostraria todos os demônios guardados  nos recantos da sua alma negra.

 

Exasperou-se quando o irmão partiu, como um touro ferido, em direção a pequenina, assustando-a ainda mais.

 

Angeline encontrou refúgio, mais uma vez, nas longas pernas da policial que estranhou a reação da garota, afinal aquele homem era seu pai, certo?!

Buscou Iara com os olhos e a mulher parecia temer tanto quanto ela, parecia uma presa acuada pela imponência do predador.

 

- Eu não aconselho a se aproximar mais, Vithor!! - falou firme e Altiva.

 

Emanuella não compreendera, porém fora tomada de um instinto protetor que a assustava á cada minuto passados junto de Angel.

 

- Tire as mãos da minha filha, assassina!!! – vociferou, aproximando-se mais - Acha que não sei de tudo?! – sorriu maquiavélico - Que deixou o irmão de minha esposa morrer e armou para ele...?! - Kath sentiu vontade de regurgitar o precário conteúdo de seu estomago ouvindo as palavras "minha" e "esposa". Atingindo se objetivo, continuou -Que não o fez a menor questão de encontrar o meu sogro com vida e não contente, deixou-o morrer diante de seus olhos?! -  Deu mais um passo em direção a policial.

 

- Eu não lhe devo satisfações do meu trabalho... - Falou entre dentes, buscando o ar que parecia faltar- Sei que está vibrando com isso, Vithor,  pois sua falha de caráter não permitiria sentir-se mal com a morte do Pai da sua mulher e o avô da sua filha... – Os azuis faiscavam -Você é egoísta, sempre foi... - Mirava-o de baixo para cima, já que o homem era um pouco maior que ela, entretanto isso não intimidava a jovem - E quanto a Tiago?!- Pontuou- Lave sua boca imunda para falar do meu “irmão”!! - Cuspiu com ódio.

 

- Achei que já tivesse superado o fato de ser uma corna, irmãzinha... - Rebateu esnobe,  com sorriso carregado de sadismo.

 

Iara assistia a tudo sem reação alguma, nem sábia dizer se respirava, não que não soubesse aferir seus próprios sinais vitais, mas naque momento teve impressão de estar em um de seus piores pesadelos.

 

Os olhos semicerrados e cenho franzido, maxilar comprimido, punhos fechados e ombros alinhados a sua postura ereta, revelavam uma Emanuella prestes a perder o  embate entre suas emoções mais primitivas e seu autocontrole. 

Deu um passo á frente em desafio...

 

O movimento assustou a pequena Manu que correu para a seguranças dos braços da mãe e escondeu o rostinho no pescoço de uma loira assustada com o enredo que se desenvolvia.

 

- O que posso fazer se sempre gostou das minha sobras?! - A morena sorrio em desafio, entretanto, mesmo que a feição do irmão revelasse que o as palavras desferidas alcançaram seu objetivo, arrependeu-se ao encontra os verdes de Iara...

 

Ela não tinha dimensão para mensurar como aquelas simples palavras feriram a loira!!

 

Iara não tinha direito de reclamar, sabia disso... Era merecedora do desprezo da mulher, mas o fato não faziam o gosto amargo e a impressão de terem lhe acertado um soco na boca do estomago, serem menos sufocantes.

 

- Sua... 

 

 Não fora pelas ofensas serem direcionadas a mãe de sua filha, mas porque seu orgulho fora miseravelmente ferido pela agente, que Vithor desferiu um golpe certeiro na direção da morena. 

 

Acertou em cheio os lábios feridos pelo atirador, causando o rompimento dos pontos e trazendo uma dor ainda maior para a policial.

A dor, misturada a emoção da Raiva,  foram suficientes para fazer a jovem abandonar o pouco autocontrole que lhe restara... 

 

Partiu em direção a Vithor e com brutalidade o agarrou pela jugular pressionando-o  contra a parede...

 

 Estava cega pela dor, pela raiva, por todas as emoções que dormiram sua alma por todos esse anos, entretanto, agora pareciam despertar como um Darão faminto por sangue...

 

 A pressão aplicada no golpe era tamanha que a sua face tremia com todos os músculos de seu corpo....

 

-M-Me... Me... Sol...solta...sua I-imbecil.... – Vithor, mesmo com dificuldade ao tentar se expressar, disse. Entretanto as veias saltando no topo de sua testa evidenciavam que Castiel não tinha a menor pretensão em lhe atender. 

 

-Esta gaguejando por que, animal? – Zombou com frieza, possuída por fúria.

Não se lembrava mais da pequena e assustada Angel, só queria acabar com o que começara á quatro anos, Mas a mãe impediu-a, suplicando pelos deuses que não o matasse.

 E lá estava o desfecho procurada por Vithor...

 O fogo queimava a alma da morena e entorpecia seus sentidos!!

Os  azuis nos cor de Mel do advogado, prendendo o brilho e o rubor da pele, revelavam q o homem perderia a lucidez á qualquer momento.

 

- Kath... - a voz doce de Iara- P-Por favor... Kathe... - A pronúncia de seu nome vindos daqueles lábios, tirou Emanuella da  escuridão... - Por favor,  Kath... Solte-o!! – pediu calma, com a mão no ombro direito da morena, como quem amansa uma fera descontrolada .

 

 Iara não poderia permitir que a mulher que um dia fora seu  "anjo de cabelos negros" pagasse por erros alheios mai uma vez.

 

Não poderia deixar-la estragar sua vida novamente!!

 

Conseguia enxergar a dimensão do estrago que atos do passado causara na jovem, por mais que Juliana tivesse a alertado, não poderia imaginar.

Não reconhecia a Emanuella diante de si... A Katherine que um dia amou nunca dera indícios de tal agressividade, sempre fora pacífica e nunca recorria á violência se não fosse a última opção e por um bom motivo.

 

 A sobriedade pareceu retornar a ela, com a pequena pressão das mão da loira em seu ombro e a suavidade da voz doce, foi soltando o aperto. Furtivamente o irmão foi ao chão, buscando ar entre tosses...

 

Emanuella cambaleou para trás alguns passos, até encontra apoio em uma mesa antiga no centro do refeitório...

Só agora se lembrou da dor que sentia nas costelas e do filete de sangue quente nos lábios... Levou a mão enfaixado ao lado direito do tronco, a respiração descompassada faziam com que o local doesse mais.

 

Iara tinha lágrimas finas nos olhos, fez o que pode para acalmar a filha, mas julgava ter falhado, pois a garota encolhia-se em seu braços.

 

- Que merd* está acontecendo aqui, agente Castiel?! - Dra. Débora Aragão, acompanhada de uma July de feições preocupada, adentram o ambienta esbaforidas. Foram alertadas da gritara no andar- ... Estão achando que minha delegacia é a casa de vocês? - o tom de repreensão veio acompanhado de um olhar de advertência direcionado a agente - Dr. Castiel, queira se retira por gentileza... Sua presença ainda não foi solicitada nas investigações e creio que esse ambiente não é propício para encontros familiares!! - mirou o homem que tentava ajeitar o nó da gravata, porém não aparentava estar totalmente recuperado da asfixia.

 

- Mas a vítima era meu sogro, eu tenho mais direitos de estar aqui do que a assassina! -Tentou argumentar com um olhar sádico para a irmã.

- Eu entendo sua raiva, entretanto o senhor conhece as regras do jogo. Poderia ser sua mãe, se não foi solicitado, não deveria estar aqui... E quanto acusar minha agente de assassinato sem provas, creio que sabe a pena para perjúrio, Doutor Castiel!! - Autoritária, rebateu- Isso é uma delegacia federal, não a casa da mão Joana!- pontuou com firmeza.

 Vithor, caminhou até Emanuella, que sustentou olhar duro e arrogante do irmão.

 

- Isso não acaba aqui... - ameaçou e guiou-se para a porta, mas antes de sair direcionou o mesmo olhar ameaçador para Iara- Não acaba!- sorriu maléfico - Olá querida priminha!! - desdenhou, referindo-se a Juliana e sem mais nem menos se retirou.

 

- Na minha sala... Agora!! - Disse a delegada girando sobre os calcanhares e marchou para longe. 

Juliana estava estupefata com a situação...

Ao entrar na sala de Aragão mais cedo e encontrara a loira ali, torcera para Emanuella não encontrar-la, pois sabia bem que o mundo despencaria sobre suas cabeças.

Castiel mal olhou a prima, caminhou  até Iara, sem lhe dar a menor atenção, encontrou com os azuis da criança assustada.

- Me desculpe, não queria te assustar, bolinha! – afagou as madeixas negras, depositou um beijo demorado no topo da sua cabecinha e caminhou á passos duros para a saída.

 

 

***

 

 

As mulheres se entreolharam, surpresas com a atitude de Emanuella, ambas achavam que ela afastar-se-ia e rejeitaria a sobrinha quando sua existência tornasse conhecida, mas o que acabaram de presenciar contrariava todas essas certezas.

 

- O que foi isso, Iara...? - July  quebra o silêncio.

 

 Somente agora a loira percebera-se segurando o ar que prendera ao sentir o calor da morena tão próxima de si, o cheiro emadeirado que emanava da agente  era inebriante.

 

- Você... – pigarreou - Você poderia levar a Manu para casa ?? - disse ignorando as indagações da ruiva -Eu preciso resolver algumas coisas com a Dra. Aragão e irei em seguida!! - pontuou ainda com os verdes perdidos na porta.

 

- Claro.. Claro que posso!- Disse em quanto se aproximava para pegar Manu - Um conselho... É melhor ficar longe dela!! - A troca de olhares que veio a seguir não poderia ser decifrada.

 

Juliana sabia bem que a prima era capaz de ferir muito mais a Iara, de forma fria e calculista, pois presenciara a raiva nos olhos da mulher sempre que tentava tocar no nome da jovem cirurgiã.

 

- Vá com a tia July, Filha... - entregava-lhe aos cuidados da Amiga - Mamãe, já estará em casa! - Falou carinhosa.

 

- Oi meu bem, a tia vai te levar par casa... - July afagou-lhe as madeixas, ao contrário de sua prima sempre tivera um lado maternal aflorado. Adorava interagir com criança e por Angeline, tinha  verdadeiro carinho - Lembre-se... Katharine mudou muito, Iara!! – Alertou antes de se despedirem...

 

 

Fim do capítulo