Vivem em mim muitos
Contradictio
"Vivem em mim muitos"
***
"Quando você sentir o meu calor
Olhe nos meus olhos
É onde meus demônios se escondem...
Não se aproxime muito
É escuro aqui dentro... "
- Imagine Dragons
Era o que Emanuella tentava fazer naquele momento...
"Manter a calma, o monstro escondido!!"
- Você o fará Agente Castiel... - a grave voz soou, fazendo com que a ruiva e a doutora Aragão se voltassem para a porta do escritório- ... Ou não me chamo Pedro Castiel!! - O autoritário homem estava, elegantemente, trajando um terno executivo.
- Ti... titio?!... - A ruiva enrolava-se, pois estava tomada pelo nervosismo.
"Parece que uma tempestade vem aí" - pensava Juliana com um sorrisinho nervoso nos lábios carnudos.
- Cara sobrinha...Doutora Aragão!- Cumprimentou acenando com a cabeça.
O homem alto aparentava ter uns 45 á 50 e poucos anos. Cabelos negros, pele bronzeada e Olhos azuis escuros raríssimos, característica herdada a gerações por membros da renomada Família Castiel, idênticos aos da jovem Emanuella.
Qualquer desavisado acharia que Manu era filha do casal, Luciana e Pedro Castiel, pois a jovem era uma cópia perfeita do Ministro, nem mesmo o filho do Moreno herdara os azuis escuros do pai, mas os próximos da família sabiam que a morena fora deixada, quando era apenas um bebê recém nascido, ás portas da mansão Castiel.
A morena se virou e encarou o Homem parado diante de si.
Mantinha o longo e fino queixo arqueado, embora fosse uma mulher de estatura mediana, entre seus 1,75m, Pedro era mais alto.
Logo Os azuis tempestade cruzaram...
- Olá papai!! - sarcástica, Manu ironizou como um lindo meio sorriso nos lábios avermelhados.
- Oi minha filha... - embora Pedro estivesse ali para obrigar a mais nova a voltar para uma tempestade que á muitos anos tentava fugir, por questão de sobrevivência, não pode se conter...
Saudoso, correu e abraçou carinhosamente a morena!!
Sabia bem como a jovem sofrera por conta de erros do passado, que nem mesmo fora ela que os cometera, não que fosse de todo uma vítima, porém ainda assim, era inocente e agora pagava caro por ações que não eram apenas de sua responsabilidade, grande parte da aquela culpa não lhe pertencia.
A verdade é que nossas atitudes sempre afetam, positivamente ou negativamente, o meio e as pessoas que nele habita, Pedro Castiel sabia bem disso.
- Seja bem vinda de volta ao lar, minha menina!! - sussurrou após beijar o topo de sua cabeça, enquanto sentia a filha ceder aos poucos ao abraço acolhedor, entretanto a jovem logo afastou-se retomando a postura arredia de minutos atrás.
- Não irei mover um centímetro do meu corpo para trazer esse desgraçado de volta- falou entre dentes, temia não conseguir manter o tom de voz neutro - Não me envolverei com os assuntos da maldita família Muller, não cometo o mesmo erro duas vezes!! - Autoritária, a morena disse.
- Isso não é um pedido Emanuella, é uma ordem!! - pontua firme e Arrogante - Você fará, caso ao cotrário pode dizer a deus a essa "palhaçada" que você e Juliana chamam de profissão!! - Desafiou-a com o queixo em riste, sabia bem como jogar sujo e colocando a sobrinha no meio, arriscando o que ambas lutaram tanto para conquistar, a filha não negaria, não era egoísta!!
Luciana e Pedro nunca entenderam o porquê a filha escolhera ser policial, fora preparada desde cedo para assumir o escritório executivo dos Castiel's junto do irmão adotivo. Entretanto Luciana Castiel, ao contrário do marido, sempre apoiara a decisão da Jovem.
- Sabe que tenho poder pra destruir tudo o que você levou anos para conquistar não, é?! - Concluiu com uma das grossas sobrancelhas negras arqueadas, porém logo adotou uma fala mais branda - Não faça por mim ou por Augustos, faça pelo Dr. Tiago!!- O ministro sabia jogar com as armas certas, por mais baixas que fossem.
Emanuella preparava-se para retrucar, quando Juliana, prevendo a guerra que anunciava-se, interrompe-os...
- Iremos encontrar-lo, Tio Pedro, o senhor não precisa se preocupar com a Manu!!- A ruiva sabia que o Ministro não remediaria o cumprimento da ameaça, adiantou-se.
Tinha plena certeza que Emanuella era tão cabeça dura quanto o homem diante de si e poderia se prejudicar mais uma vez por conta da família Muller.
"Céus... Maldita família!?" - pensou.
- Ótimo... preciso dos melhores nesse caso... Meu caro amigo, Augustos, depende disso!! - Pontuou com um sorriso vitoriosos sob os lábios enquanto fitava a filha - Doutora, me acompanhe por gentileza! - a mulher ascente e segue o homem para fora da sala.
***
A madrugada de segunda feira se apresentava com muito estresse para as Agentes Juliana e Emanuella. Nenhuma resposta ou pistas do seqüestro do médico e milionário americano, Augustos Muller, e por maior que fosse o esforços da delegada e das agentes em manter o caso em sigilo, a imprensa já se alarmava e cobrava respostas para o desaparecimento súbito do Homem.
** SONS DO ELEVADOR**
As portas do Elevador abrem-se...
E lá estava a Imponente Investigadora Castiel. Olhar altivo, mão enroscadas nas costas e andar arrogante, caminhou á passos firmes até sua mesa.
- E então... - A ruiva pergunta mirando Manu por sob os óculos de leitura. A morena deixou o lindo corpo cair sobre a cadeira de sua mesa ao lado da parceira - Alguma coisa no Hospital? - Concluiu Juliana.
- Nada... - suspirou fundo e jogou a cabeça para trás enquanto massageava as têmporas. o dia fora demasiadamente estressante emocionalmente e também pouco produtivo para a Arredia morena - Não tem nada na cede do hospital dos Muller's ou na filial de New York... nenhuma maldita informação nova ou pista sobre o motivo do seqüestro, apenas as gravações que a perícia está analisando... - disse frustrada - ... E você, alguma novidade da parte dos seqüestradores? - pontuo voltando-se para Juliana a frente de si.
-Nada !! - arrancou os óculos dos olhos em sinal de insatisfação - Os seqüestradores não entraram em contato...
- Mas já fazem 24h desde o seqüestro, deveriam ter ligado há tempos se o objetivo fosse Dinheiro!! - Concluiu uma morena calculista.
- Concordo, mas nenhuma ligação foi feita para a mansão dos Muller's e... - ponderou se deveria mencionar o integrante da família que estava prestes a dizer - ... Nenhum contato com a filha ou o genro... - Analisou as reações da prima, depois de uma breve pausa, seguiu - ... Talvez eles não queiram dinheiro!! - recolocou os óculos sobre os amendoados -E se isso tiver alguma relação com a morte do Tiago, é muito sugestivos os fatos cronologicamente tão próximos um do outro?!- voltou a investigar minuciosamente os arquivos que tinha em mãos.
- Merdaaa.... - resmungou de forma quase inaudível- Eu estou morta!!! - Manu ajeitou-se melhor na cadeira - ... Essa família tem tantos inimigos que é difícil acreditar que esse seqüestro seja especificamente por dinheiro, mas não acho que a morte de Tiago tenha alguma relação com isso e outra, a Doutora Aragão... - Fez careta ao pronuncia o nome da mulher - Foi bem clara ao dizer que a polícia brasileira não deve se meter nas investigações que estão sob a jurisdição Européia, segundo ela, isso poderia causar uma "guerra"!!- bufou resignada.
A ruiva permaneceu em silêncio.
Ponderava se deveria dizer as ordens passada pela delegada mais cedo....
Castiel, como boa investigadora que era, podia ler nos olhos da prima, percebera o desconforto e o silêncio, que se tratando de Juliana, nunca precedia uma boa coisa.
- Vamos July... - estreitou os olhos em análise e desconfiança e com a grossa e bem delimitada sobrancelha negra direita arqueada - Eu vou ter que descobrir ou vai me dizer o que está te incomodar!? - mirou-lhe os amendoados.
Juliana suspira resignada, sábia bem como era difícil esconder algo de Manu.
Foram criadas como irmãs, sempre dividiam uma com a outra seus medos e frustrações. Depois do que sucedera nos últimos anos, Emanuella não falava mais sobre si, porém sempre estava ali, ao seu lado, para defender-la de tudo e de todos...
Ainda eram inseparáveis!!
Entendia a introspecção da prima e a forma fria que passou a se portar depois dos acontecimentos que a vida impusera á mulher.
Rezava para ter sua “irmãzinha Moleque” e leve novamente, entretanto tinha receio que isso não mais fosse possível.
"A vida é uma bela filha da puta sem coração, as vezes!!" - pensou a ruiva.
- Eu.... eu... - abandonou novamente os óculos e arquivos que tinha em mãos Sob o olhar de inspeção da morena - Eu, quero que vá comigo falar com Iara Muller!! - disse em um fôlego só.
- Creio que você pode fazer isso sozinha!! - tentou esconder-se em uma das suas tantas máscaras... Indiferença... É isso que mostrava todo o seu corpo, pois sábia inibir-lo, entretanto o mar tempestuoso no azul escuro dos seus olhos gritava o antagônico.
- São ordens da Dra!! - alertou-a.
- Foda-se a Doutora, o ministro da segurança e a merd* do mundo inteiro. Eu não o farei!!- Por mais que as palavras escolhidas pela agente fossem pesadas o tom de voz era calmo e cadenciado, finalizou o discurso desviando os azuis dos amendoados inquisitivo.
Juliana, com uma das mão no queixo investigava a reação fria e calculista de Manu e por mais que a prima fosse ótima em esconder-se dentro de si mesma, ela podia ver a velha e destruidora mágoa na morena.
Observou-a....
- O que é?.... - A morena exasperou-se com o silêncio da prima - Que Porr* quer que eu diga, July!? - estava preste a descontrolar-se, esse era o único assunto que não admitia a intromissão da ruiva - O Melhor para todos, seria ela ter voltado para New York depois do enterro de Tiago!! - falou entre dentes.
- Não sei, Emanulla... me diz você!! - Exaltou a ruiva - Aceitando missões suicidas que ninguém com sã consciência aceitaria, passando um ano inteiro perseguindo criminosos, longe de casa!! - a ruiva chateou-se com a forma autoritária e defensiva da prima, afinal tudo que queria era o bem da agente - Você nunca fala... se esconde na porr* dessa máscara de frieza e arrogância e não permite que ninguém te ajude, Nem tia Lucy, tio Pedro, que fazem de tudo pra ver você feliz e bem... agora deu para fazer aquela porr*... - A ruiva parecia cansada em guardar aquele discurso por tanto tempo - Escreve-se nessas lutas ilegais e desmaia de tanto levar pancada , eu sei... não pense que não sei que você apanha de propósito, pois é uma atleta avançada em MMA.... Já se passaram quase quatro anos, Castiel e você continua se destruindo e afastando a todos!!- aumentava o tom de voz.
O andar do prédio estava vazio, apenas alguns policiais ainda estavam ali.
A delegada optara por um grupo menor trabalhando no caso, não queria mais alardes, com a morte do Delegado anterior, que á propósito era o filho mais velho dos Muller' s e o seqüestro de um dos homens mais poderosos do Brasil, não queria arriscar expor a investigação ou seu novo cargo.
- Você pode se meter em meus assuntos com meu pai, quando não solicitada, pode me dizer que devo ir á merd* de uma terapia e até me corrigir nos raros equívocos no trabalho...- mirou os amendoados com os azuis escuros, que agora pareciam negros - Porém não deve forçar sua presença nesse assunto... Não se meta onde não é de sua alçada, Salvatore!! - diz entre dentes e se levanta caminhando dirimente para o elevador.
Fim do capítulo
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