Capitulo 13 - OUTROS RITMOS
A semana iniciou com duas mulheres tensas, ansiosas e com uma vontade insana de se ver. A mais jovem já havia decidido que iria pôr um fim naquele relacionamento ou caso, não sabia bem como definir. A mais velha estava decidida a encontrar a jovem e esperar para ver como suas emoções reagiriam ao contato com a funcionária.
Na manhã de segunda feira a equipe de contabilidade junto com a equipe de advogados tinha uma reunião para definir a diretrizes de trabalho, que organizariam a auditoria realizada na multinacional que havia contratado os serviços da Kramer A.C. Todos os funcionários sabiam que só os coordenadores iriam participar desta reunião. Então Victoria, Tereza, Vinicius e seus dois coordenadores de direito internacional já estavam na sala quando a chefe da contabilidade percebeu que Julia não estava na sala então perguntou para Tereza:
-Tereza por que Julia não está na sala de reunião ainda?
-Por que eu não sabia que ela havia sido convocada para participar da reunião senhora?
-Você acha que ela foi promovida a contadora júnior à toa? Ela fala inglês melhor do que eu e você juntas, por tanto vá chama-la imediatamente.
-Sim, senhora.
Tereza não gostou da forma como a chefa falou consigo, não havia gostado da promoção da jovem, mas sem questionar fez o que ela mandou e com muito contragosto da porta da grande sala onde ficavam os nichos dos contadores falou quase gritando:
-Julia venha pra reunião.
A jovem não entendeu muito bem, mas já pegando um bloco de anotações e um lápis, se levantou e caminhou em direção a sua coordenadora perguntando:
-Mas eu senhora, por que?
E Tereza em um tom meio sarcástico respondeu em um tom de voz alto para todos ouvirem:
-Por que a senhora Victoria te promoveu não é mesmo? Então agora faça jus a sua função.
Julia percebeu o sarcasmo na voz de sua coordenadora e não entendeu o motivo da animosidade que a mesma expressava contra si, afinal ela sempre tinha sido tão educada com Julia, mas pelo jeito não havia gostado da promoção da jovem. Olhou para os lados e viu que alguns colegas a parabenizaram outros a olhavam com inveja, ciúmes, mas o olhar de Carlos foi de profunda raiva o que gelou a espinha da assistente júnior de contabilidade.
Chegando na sala de reunião cumprimentou os presentes, mas quando olhou pra Victoria sentiu um frio na barriga, disfarçou e sentou-se no lugar destinado a ela, uma cadeira de frente para a chefa que mal olhou para a jovem e Julia se sentiu mal por isso.
A reunião começou com Victoria apresentando Julia aos demais colegas, principalmente a equipe de advogados que não a conheciam, pois trabalhavam em outro setor.
Então Victoria e Vinicius apresentaram o contrato e o que precisaria ser feito. Após a explanação dos proprietários da Kramer iniciou-se o processo de construção adotado pelo grupo para realizar a auditória de forma mais eficiente possível. A reunião foi longa, durou toda a manhã, fizeram uma pausa para o almoço e depois retomaram a tarde sem concluir todo o trabalho. As 16:30 Victoria encerou a reunião e dispensou a todos informando que retornariam aos trabalhos amanhã às 08 horas em ponto, todos saíram da sala e Julia voltou para seu nicho onde encontrou uma Tamara exultante de alegria, parabenizando a amiga pela promoção.
-Julia fico muito feliz por você! Você merece essa promoção.
-Obrigada amiga, fico muito feliz por seu apoio, até por que parece que já criei algumas inimizades por conta disso.
-Ah amiga deixa esse povo pra lá, são um bando de invejosos.
As duas riram e Julia completou:
-Amiga eu vou aproveitar que fomos liberados antes pra ver se consigo chegar mais cedo pra buscar Clara na escola.
-Ok amiga vai lá.
As duas se despediram, Julia terminou de arrumar algumas coisas em sua mesa e mandou uma mensagem para Victoria.
“Olá Victoria, você está na sua sala? Posso passar aí para falar com você rapidinho?”
Rapidamente obteve resposta.
“Sim, venha estarei te esperando. ”
Julia terminou de pegar seus pertences, colocou a bolsa no ombro, se despediu mais uma vez de Tamara, saiu em direção ao elevador.
Chegando no andar superior, Neila informou que Victoria estava a esperando. Julia bateu delicadamente na porta e ouviu a autorização de Victoria para que ela entrasse. A jovem entrou e fechou a porta atrás de si, olhou a chefa lindamente sentada atrás de sua mesa em uma cadeira imponente, só de olha-la já sentia sua convicção se esvaindo. Respirou fundo, depositou sua bolsa na cadeira, caminhou até ficar em pé de frente para Victoria, apenas a mesa as separava e a chefa foi a primeira a interromper o silêncio e com um sorrisinho sacana nos lábios, que deixava Julia ao mesmo temo irritada e excitada, disse:
-Então Julia a que devo a honra de sua visita?
Aquele sorriso safado e aquela voz forte a fizeram arrepiar.
Julia tomou coragem, olhou para a chefa e apenas disse:
-Precisamos conversar.
-Ok, imaginei que fosse isso, mas não quer deixar para conversar jantando comigo mais tarde?
-Não Vi, o que eu tenho pra falar é sério e rápido.
Victoria gostou de ser chamada de “Vi” por ela, afinal era a única pessoa que a chamava assim, mas sentiu que aquela conversa caminhava para um lado que não estava a agradando e demonstrando uma segurança que não sentia, pois após vê-la aquela manhã chegou à conclusão que não queria perdê-la disse:
-Sou toda ouvidos.
A jovem ainda em pé, com as mãos dando leve batidinhas na mesa disse:
-Vi, pensei muito ontem e o que aconteceu entre nós no sábado não pode mais acontecer.
As palavras da jovem a atingiram com uma pedra, mas tentou se manter impassível.
-E por que não?
-Por que refleti muito e temos que concordar que relacionamentos no trabalho, podem se tornar conturbados e mesmo você sendo essa mulher linda, atraente, interessante eu não posso colocar meu emprego em risco eu tenho compromissos e responsabilidades.
A mais velha levantou dando as costas para a jovem caminhando até a janela, olhou para o movimento lá em baixo e sabia que precisava agir para não perder aquela menina/mulher que mexia tanto com suas emoções. Sem olhar para a jovem respondeu:
-Mas, eu disse a você que você não precisaria se preocupar com isso? - e virando-se para jovem completou - Que independe do que acontecesse conosco seu emprego estava e estará garantido.
Julia baixou a cabeça e ficou desenhando círculos com a ponta dos dedos na mesa da chefa e apenas respondeu:
-É eu sei, mas...
A jovem estava concentrada no tampo da mesa como se ele fosse o item mais interessante naquela sala... estava tentando esconder a sua real vontade a qualquer custo, pois sabia que se olhasse para Victoria corria sérios riscos de fraquejar e ceder e por estar tão concentrada em negar o que queria e sentia, não percebeu a aproximação de Victoria que se colocou atrás dela sem tocá-la, mas colocando os lábios bem próximo ao pescoço da jovem perguntou:
-Você tem certeza que é só por isso?
Ao sentir a respiração de Victoria próxima ao seu ouvido, Julia suspirou e sentiu sua pele se arrepiando, o que também foi percebido por Victoria que instintivamente levou uma mão aos cabelos da jovem deixando o pescoço mais exposto e depositou a outra mão no quadril, fazendo a pele da jovem se arrepiar ainda mais e então com os lábios tocando a pele do pescoço a mais velha falou:
-Eu entendo e respeito seu medo, mas eu sinto que você quer isso tanto quanto eu – depositou um leve beijo no pescoço da jovem seguido de uma mordidinha no lóbulo da orelha, que fez Julia instintivamente gem*r e empurrar o seu quadril mais para trás aumento o encaixe entre os dois corpos. – Sinta Julia como você quer o meu toque... seu corpo está quente, sua pele arrepiada, sua respiração esta ofegante... nós duas queremos aumentar a intensidade deste contato.. Ahhh menina você me deixa louca de vontade de ter você inteira.
A mais velha então começou a simular um movimento de vai e vem aumentando o atrito com o quadril da jovem, que nesta hora estava com as mãos espalmadas em cima da mesa empurrando mais seu quadril para trás, enquanto isso Victoria puxava delicadamente os cabelos da jovem e beijava e lambia o pescoço e dizia no pé do ouvido: - Como você é gostosa Julia, rebol* pra mim menina, vem!
Julia estava naquele mesmo transe em que havia entrado no sábado quando Victória lhe beijou e lhe tocou na cozinha de sua casa e isto estava tirando a sanidade da mais nova que com um fio de voz, mas ainda rebol*ndo junto ao quadril da chefa, conseguiu dizer:
-Não faz isso, não faz assim comigo Vi por favor!
As duas mulheres estavam entorpecidas, pelo contato, ambas queriam mais e Victoria sussurrou:
-Confia em mim menina.
Virando o pescoço da jovem para alcançar a boca e beija-la.
Mas em um lapso de sensatez, Julia se afasta rapidamente indo em direção a porta, pega a bolsa que estava depositada na cadeira, vira-se para Victoria e com o rosto rubro e com a voz ofegante pela excitação apenas diz:
-Não podemos Victoria me entenda eu tenho uma filha...
Queria dizer mais, porém deixou o restante da informação no ar, apenas virou-se e saiu como um raio.
Neila que estava do lado de fora, estranhou a forma como a jovem passou quase correndo indo em direção as escadas, sendo que normalmente esperaria o elevador.
Victoria dentro da sala irritada deu um soco na mesa. Quando Neila ouviu o barulho se assustou e foi ver se estava tudo bem com sua chefa, nem bateu na porta apenas entrou:
-Vic, esta tudo bem?
Olhou a cara de frustração da amiga e chefa que não a respondeu:
-Vic fala comigo, sou sua amiga.
A empresaria foi até o bar encheu um copo de whisky e tomou puro, a secretária ficou olhando e apenas disse:
-Ok você está me deixando preocupada.
Victoria respirou fundo olhou para amiga e disse:
-Eu não sei lidar com isso.
Neila fez uma cara de ponto de interrogação e completou:
-Lidar com o que?
-Com a rejeição!
A partir disso começou a imaginar o que estava acontecendo.
-Victoria Kramer você não tentou agarrar essa moça força tentou?
-Claro que não! Você está louca? Nunca faria isso, você me conhece.
-Ufa menos mal, por que ela saiu daqui, chorando e rápido com um raio.
-Julia estava chorando? –Perguntou a chefa demonstrando preocupação. - Não, não era para ela chorar.
A empresaria jogou-se em sua poltrona com uma feição de frustração e angustia.
-Victoria quer fazer o favor de me contar o que está acontecendo?
A morena olhou para a secretaria e meio a contragosto começou a falar.
-Em resumo, nós ficamos no sábado. Eu quero continuar e ela não quer.
-E por que ela não quer?
-Julia disse que não é certo a nossa relação, tem medo de perder o emprego e teme ser prejudicada caso nosso rolo não dê certo.
-E você acha que ela está errada?
Victoria olhou indignada para a amiga e disse:
-Você está do lado dela?
-Não amiga estou do lado da sensatez.
-Como assim?
-Ué amiga você sabe que te amo, mas olha seu histórico com mulheres. Vocês se conheceram a pouco tempo, mas você acha que ela não sabe da sua fama de pegadora? Ela é praticamente uma menina ainda Victoria e para piorar ainda tem uma filha pra criar, então se coloque no lugar dela, é óbvio que a garota tem medo.
-Mas eu não quero faze-la sofrer, eu realmente quero fazer dar certo.
-Então é a ela que você tem que convencer disso e não a mim.
As duas ficaram quietas e Neila completou:
-Amiga para de beber, vai pra casa toma uma ducha fria pra acalmar, pensa sobre a situação e depois tenta conversar com ela novamente, mas dê um tempo para ela entender tudo isso.
E foi isso o que a empresaria fez. Perto de umas 22 horas mandou uma mensagem:
“Ju precisamos conversar, prometo que tudo será no seu tempo, apenas peço que não minta para si mesma... eu sei que você quer estar comigo tanto quanto eu quero estar com você. Então, vamos descobrir o que é isso juntas? Pense com calma e conversaremos quando você quiser. Beijos e boa noite.”
Victoria ficou esperando uma resposta que não veio, perto das 23horas viu seu celular vibrar e foi correndo verificar se era a resposta de Julia, mas não, era uma mensagem de Suellen se oferecendo para ir até o apartamento para uma noite de relaxamento e sex* gostoso. Victoria não estava com cabeça para isso, dispensou a mulher e foi para seu quarto para tentar acalmar seu coração e seu desejo e então dormir em paz.
Em outro canto da cidade, Suellen começava a criar conjecturas sobre o que estava acontecendo, afinal desde que haviam se conhecido em uma balada, elas mantinham uma rotina sexual frequente. Sabia que Victoria ficava com outras mulheres e isso não a incomodava, pois a empresaria sempre a procurava ou a convida para passar o fim de semana no iate só as duas ou ás vezes com mais alguma garota, mas o importante era que a mais velha sempre a procurava. O fato é que já fazia mais de um mês que as duas não se encontravam para uma boa trans* e que Victoria não a atendia suas ligações direito e nem retornava suas mensagens. Só de pensar que que Victoria havia encontrado outra preferida fervia seu sangue e conclui: -Eu preciso descobrir o que está acontecendo. Victoria é e sempre será minha.
Na kitinet Julia ao ler a mensagem de sua chefa caiu no choro, mas tentou disfarçar para Clara não perceber. A jovem já havia saído do escritório desesperada por não conseguir controlar suas emoções, sua excitação e seu desejo de ter Victoria e sabia que se desse vazão a tudo isso que sentia estaria irremediavelmente perdida, pois já estava gostando da empresária, porém conhecia a fama de “pega, mas não se apega” da mulher.
Leu a mensagem inúmeras vezes e optou por não responder, precisava ir cortando os laços com ela, manteria apenas o contato profissional, assim na sua ideia preservaria a si mesma e a sua filha que também já havia desenvolvido um carinho por Victoria.
Tentou dormir, mas o sono não vinha, ficava excitada só de lembrar de Victoria aquela umidade entre as pernas estava a incomodando, aquela angustia mais ainda. A jovem começou a recitar o Hoponopono com a intensão de acalmar e dormir, mas não conseguiu. Então foi tomar um banho, primeiro uma ducha fria pra abaixar sua excitação e depois uma ducha quente pra relaxar, sentia vontade de se masturba pensando em Victoria, mas não queria alimentar aquele tipo de pensamento em relação a sua chefa, estava decidida a esquece-la. Tomou seu banho e deitou novamente até que o sono chegou a levando para uma noite conturbada e cheio de imagens estranhas envolvendo Viltora, Kelvin, seus pais e Maria Clara.
Julia acordou exausta, estava com olheiras profundas. Foi a primeira a chegar na sala de reuniões e ficou lá sentada fazendo algumas anotações que das proposições que faria para auditoria. Victoria ao entrar na sala, olhou para a jovem e sentiu seu coração apertar por imaginar que talvez por sua causa a moça tão jovem estava com aquelas olheiras profundas. Se aproximou dela, tocou em seu ombro e perguntou:
-Julia você esta bem? Posso te ajudar com alguma coisa?
Aquele toque e aquele olhar eram profundamente acolhedor, mas a jovem a olhou tentando esconder as emoções e com um sorriso falso apenas respondeu:
-Não, está tudo bem!
Quando na verdade queria mesmo era dizer “como eu faço pra parar de pensar em você?”
Victoria tentando achar alguma forma de agradar a moça, pediu para que Neila ligasse na Starbucks que havia ali perto da empresa e pedisse café para todos e pão de queijo. Em razão disso foi alvo de piada dos demais que participavam da reunião e Julia percebeu que ser tão gentil assim, não era uma prática comum de Victoria, o que levou a jovem a suspeitar que a chefa havia feito o pedido para agrada-la. Quando os cafés chegaram, fizeram uma breve pausa e Julia se sentiu um pouco melhor após sentir o calor no cappuccino aquecendo seu corpo, era uma sensação de aconchego, então a jovem olhou para a mais velha e com apenas um leve movimento dos lábios agradeceu em um “obrigada” sem som. Victoria meneou a cabeça erguendo seu copo com em um brinde para Julia. Gestos estes que foram muito sutis, mas que não passaram aos olhos atentos de Vinicius e de Tereza, que já suspeitava que as duas mulheres tinham um caso, afinal ninguém na empresa havia subido tão rápido como Julia.
Os trabalhos seguiram intensos e no final do dia todos estavam exaustos. As duas mulheres voltaram para casa, uma pensando na outra, mas Julia tentando superar e esquecer e Victoria tentando ter calma para esperar o tempo de Julia.
Na manhã seguinte o café da Starbucks se repetiu, pois Victoria como boa gestora que era percebeu que sua atitude agradou a todos dando animo para o trabalho e que esse gesto simples tinha deixado sua menina com uma carinha menos triste. Ás 09 horas da manhã, Neila bate na porta e entra com um buque de flores do campo na mão e diz:
-Com licença, desculpa interromper a reunião, mas Julia essas flores são pra você.
No momento a sala ficou em polvorosa e começou uma zuação com Julia, apenas Victoria a olhava quieta, mas com um sorriso no olhar que dizia muito.
Julia olha com cara de estranhamento e diz:
-Pra mim?
-Julia Mendes é você não é?
-Sim sou eu.
-Então, tome suas belas flores menina. Se alguém me mandasse flores assim eu não iria nem perguntar se eram minhas mesmo.
Julia se levantou pegou as lindas flores que eram compostas por girassóis, margaridas, algumas gérberas e mosquitinhos as cheirou e apenas disse são lindas. Olhou que tinha um cartão, pegou o cartão na mão e um dos advogados falou:
-E aí Julia conta pra nós de quem é?
A menina corou a abrir o pequeno envelope, pois imediatamente reconheceu aquela caligrafia desenhada, mas tentando disfarçar respondeu o colega:
-Sinto lhe informar, mas não tem assinatura, então vou ficar lhe devendo essa informação.
Tentando controlar a emoção leu o cartão:
“Sua luz aqueceu minha alma e iluminou meus dias.
Que sejamos sempre como um girassol de costas pro escuro e de frente pra luz. Estou te esperando menina! ”
Olhou para Victoria de uma forma breve, pois seus olhos marejaram e buscando uma forma de sair daquele local, para esconder as emoções que afloraram naquele momento, diz:
- Pessoal com licença, vou levar o buquê até minha mesa e colocá-las na água, já volto.
E saiu levando suas flores e permitindo uma lágrima rolar.
Voltou para sala tentando não olhar mais para Victoria para não se entregar, para não mostrar o como aquele gesto, aquela delicadeza a havia afetado.
Victoria ao perceber a reação da moça, entendeu que havia agido certo. Julia era uma jovem romântica e iria dar romantismo, atenção e o tempo que ela precisasse para organizar seus pensamentos e suas emoções.
A reunião seguiu de forma tranquila o trabalho deveria ser realizado com o máximo atenção e depois das flores todos voltaram a sua concentração para o projeto da auditória, claro que para Julia estava sendo mais difícil, mas ela era uma profissional muito séria e compenetrada que não permitiu que aquele gesto de carinho e atenção vindo de Victoria tirasse seu foco no trabalho, mesmo sentindo o calor do olhar da sua chefe sobre si em muitos momentos do dia, o que realmente dificultava a árdua tarefa de ter que trabalhar na mesma sala que Victoria.
Na manhã seguinte a rotina se repetiu, reunião, café Starbucks e... flores novamente! Mas desta vez eram lírios.
E no dia seguinte, orquídeas.
E na sexta o último dia da semana, rosas vermelhas.
Ao ir buscar Clara na escola Giovana viu que a jovem carregava um buquê pelo quarto dia seguido e não perdeu a oportunidade de “brincar” com Julia sobre a origem das flores, então a secretaria saiu da sua sala indo cumprimentá-la.
-Julia, Julia anda arrasando corações por ai heim mocinha?
Julia sorriu e cumprimentou a amiga, com um sorriso tímido.
-Oi Gio, não é nada disso.
-Ah não é... E então temos um admirador? É secreto ou não?
Julia ficou ainda mais vermelha, pois não teria coragem de corrigir que era uma admiradora e também não queria chatear Giovana já que havia percebido o interesse da mulher. Olhou para as flores com um olhar apaixonado, o que não passou despercebido por Giovana.
-Não é secreto.
-Hummm...
Então Giovana olhou nos olhos de Julia e completou.
-Se eu soubesse que gostava de flores eu mesma haveria lhe mandado, um caminhão delas.
Após dizer isso tocou na mão de Julia, que ficou nervosa e não soube muito bem como reagir. Na verdade não estava sabendo como reagir sobre muitas coisas novas que estavam acontecendo em sua vida.
Giovana sustentou o olhar e completou:
-Julia eu não sei qual a sua situação com essa pessoa das flores, mas estou sentindo que se eu não agir rápido vou perder a minha chance então, aceita sair comigo?
A jovem ficou vermelha e tímida, não espera que Giovana fosse ser tão direta em sua investida. Mordendo o canto do lábio enquanto olhava para baixo respondeu:
-Gio eu não sei se é uma boa idéia... Como você pode ver eu estou enrolada com alguém e não que eu ache que isso – e mostrou as flores – vá para frente, mas estou confusa e um pouco perdida, então acho que este não é o momento ideal para termos um encontro.
A funcionária da escola, levou a mão até o rosto da jovem, fez um leve carinho e disse:
-Você é tão linda... não sei se você se interessa por mulheres, mas eu gostaria de ter uma chance com você... mas saiba que se você achar que não é possível gostaria de manter a sua amizade. Estarei aqui se precisar.
Dizendo isso saiu deixando uma Julia, perdida... mais perdida do que já estava.
Ao chegar em casa, Julia já não pensava mais em Giovana, pois a presença de Victoria não deixava espaço para mais nada. A casa de Julia parecia uma floricultura e ela estava adorando aquele colorido, mas isso só piorava sua situação, pois se não bastasse a sua memória que lhe pregava peças e ativava lembranças de Victoria a todo o momento, agora tinha as flores espalhadas por sua casa que a mais velha havia mandado.
Beatriz cada vez que entrava na Kitnet dizia:
-Que inveja que eu tenho de você Julia, um mulherão daquele te querendo e você aí fazendo corpo mole... aí senhor bem que dizem que ”Deus não dá assa pra cobra mesmo”.
Julia nem respondia mais, mas o fato é que mesmo com as flores, com os bilhetes, Victoria nunca mais havia lhe mandado mensagens e Julia também nunca havia ligado para agradecer. Até que na sexta à noite recebeu uma ligação e atendeu sem olhar quem era, deixando no viva voz, pois estava cozinhando apenas disse:
-Alô.
A voz do outro lado respondeu com aquela voz, forte e grave que fez a jovem gelar imediatamente.
-Julia.
A jovem ficou em silêncio:
-Ju este aí? Está me ouvindo?
-Sim sim, desculpa é que eu não vi que era você que havia me ligado, estou cozinha e atendi no automático deixando no viva voz.
-Hummm então quer dizer que se você tivesse visto que era eu não atenderia?
-Não, não é isso... –parou de falar e preferiu ser honesta – é provavelmente não.
-Entendi.
Ficou um silêncio constrangedor, mas Victoria voltou a falar:
-Julia precisamos conversar. O que você acha de você e Clara passarem o dia comigo amanhã? Já pedi pro Vini deixar eu buscar Sophie pra ela ir brincar com a Clarinha, as duas se adoraram e assim a gente passa um tempo juntas enquanto as crianças brincam o que acha?
A mais jovem mordeu o lábio pensando, na delicadeza e no cuidado que sua chefa estava tendo consigo, mas apenas respondeu.
-Eu não sei Vi...
-Vamos Ju será legal e as crianças vão curtir passar um momento juntas e será bom pra gente também... – então em um tom um pouco mais baixou, quase um sussurro a empresária disse – Estou com saudades menina.
Julia suspirou profundamente de forma que a mais velha pode ouvir do outro lado da ligação.
-Então que tal? Eu, você, Sophie e Clara num passeio ao zoológico amanhã.
Neste momento Maria Clara estava entrando na cozinha e ouviu Victoria falando ao telefone e gritou:
-Tia Vic!!!
A mais velha respondeu de prontidão.
-Oi princesa unicórnio como você está?
-Eu estou com saudades... por que você e Sophie não vieram mais aqui?
-É que eu e sua mãe estamos trabalhando muito e estes dias estão muito corridos princesa.
-É foi isso o que a mamãe disse também, mas ela disse que talvez vocês não pudessem ser amigas por que você é chefe dela.
-Ah é sua mãe disse isso?
Julia estava vermelha ouvindo a conversa de sua filha com Victoria
-Sim ela disse.
-Pois saiba que se depender de mim eu e sua mãe seremos muito amigas, agora temos que convencer ela... então que tal irmos passear no zoológico amanhã? Quem sabe resolvemos isso e sua mãe aceita ser minha amiga.
-Ebaaa, vamos levar a Sophie também?
-Claro que vamos.
-Então tá combinado.
Julia interferiu na conversa e disse:
- Heim mocinha nada esta combinado.
-Mas mããããeee!!!
-Maria Clara depois conversamos sobre isso, agora volta lá pra sala que a mamãe tem que terminar de conversar com Victoria.
A criança sabia que quando sua mãe falava seu nome inteiro era melhor obedecer, então saiu correndo com sua pantufa de unicórnio e sua camisolinha de bailarina pulando no sofá. Julia tirou a ligação do viva voz e disse:
-Isso foi jogo baixo Victoria.
A outra deu uma gostosa gargalhada do outro lado da linha e disse.
-Eu jogo com as armas que tenho. – Fez-se um silêncio e então a mais velha continuou - e então posso passar na sua casa às 10 horas pra buscar vocês para o passeio?
Julia pensou mais um pouco e disse:
-Pode.
Victoria sorriu como uma criança, ganhando um doce e apenas respondeu.
-Ótimo, então às 10 horas estou aí e leve uma mochila pra vocês com biquíni e um muda de roupa.
-Por que? Vamos a alguma piscina?
-Amanhã você verá.
-Victoria, Victoria olha lá o que você vai aprontar heim.
-Fica tranquila Ju que eu tenho certeza que você irá gostar.
-Bom, eu preciso desligar, tenho que terminar o jantar de Clara.
-Ok sem problemas, então até amanhã menina.
Ao ouvir Victoria a chamando de Menina lembrou-se de quando ela chamou assim enquanto a beijava seu pescoço e também de como ela escrevia assim nos bilhetes que acompanhava as flores, sentiu uma contração imediata no seu ventre, mas apenas respondeu.
-Até amanhã Victoria.
E sem mais delongas desligou o telefone. Mas não conseguiu mais se concentrar e deixou o macarrão passar do ponto virando uma gororoba, mas que Clara comeu sem reclamar, pois a pequena não era nem um pouco fresca para comer.
E assim passou a noite com as duas mulheres ansiosas para que a manhã chegasse rápido.
Fim do capítulo
Hi Girls
Como prometido segue o extra da quarentena!
Garotas a partir de agora só tenho mais um capitulo pronto, então prometo a vocês que vou aproveitar este tempo "livre" e me empenhar em escrever para terntarmos adiantar a história e termos mais extra, mas como a escrita é uma processo de criação e revisão, as vezes isso demora mais do que gostaríamos, então digo vou tentar colocar extra, mas se não der será só sexta que vem ok?
Mas e aí me contem o que acharam do capitulo.
Essas duas pegam fogo não é mesmo?
E as flores será que amoleceram o coração de Julia?
Julia se mantendo firme no propósito de se manter afastada de Victoria, mas daí vem a Clarinha e "derruba as prancha" dela (gíria do Paraná será que todo mundo entende? hahaha).
E Giovana? ainda esta correndo por fora, tentando ganhar o coração de Julia, afinal vai que rola, não é mesmo?
E esse novo passeio em "familia" aí aí quero só ver...
Se cuidem nestes dias de risco e não saiam de casa só se for extremamente necessário. Pra ajudar a passar o tempo, quem ainda não leu meus dois contos e quiser ler e comentar lá o que acharam, vão me deixar muito feliz, meus contos chamam "Do outro lado da Rua" e "23 d.C"
Beijos e bom Finds!
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Alci
Em: 23/03/2020
O pensamento de Júlia muito maduro. Se resguardar do sofrimento que a mente dela criou para o futuro. Pessimista,mas válido. E incoerente do meu ponto de vista,onde ela a pessoa q recita hooooponopono.
A tensão existe, emana ,expandi e arrepia!!
Como se fosse um recado para si mesmo de um espírito esperando por renascer para amar com acerto. Ele inspira a autora. Para,no momento certo deque ele retorne e leia a verdade do sentimento da chama,perceber onde o medo beneficiou ou atrapalhou!!!
Só que é genialidade emocional da autora!!!
No seu tempo autora!!!
Resposta do autor:
Olá Alci
Seu comentário me emocionou, muito obrigada por suas palavras.
Bom, sobre Julia precisamos lembrar que ela é uma adolescente que precisou se tornar adulta de uma hora pra outra, uma menina querida, amavel, esforçada, excelente mãe, super segura no trabalho e insegura na vida emocional, o que é natural em se tratando do histórico dela. Daí aparece esse furacão chamada Victoria, que mexe com toda as estruturas dessa menina que agora busca meios de se construir, se entender como mulher, que também sente desejo, atração e que quer desenvolver sua sexualidade. Obviamente isso leva um tempo.
A questão é como Victoria ajudará nestes aspectos e o quanto os fatores externos podem atrapalhar (ou não). Pra descobrir isso só continuar acompanho a história.
Beijos mais uma vez obrigada pelo apoio e nos econtramos no próximo capitulo.
Aloha
Em: 22/03/2020
Oi Ana!
Sou daquelas leitoras da moita e não costumo comentar nas histórias que leio (eu sei...deveria mudar...), mas faço questão de fazer isso quando me envolvo bastante com a leitura.
Estou adorando e gosto muito quando a autora aborda os pensamentos, sentimentos e emoções das personagens. Acho que a Julia ainda vai demorar para ceder aos encantos de Victoria e muitas confusões ainda vão rolar com Suellen, Carlos e Tereza!
Bjs e todos em casa!
ah! Vou ler seus outros contos!
Resposta do autor:
Aloha Aloha!
Seja bem-vinda ao comentários! Fiquem muito feliz em saber que você esta gostando da história o suficiente para vir comentar, alegrou meu dia!
Quando eu escrevo tento ser detalhista sem ser chata, quero que as leitoras sintam o que as personagens estão sentindo ao ponto de se emocionarem, ficarem com raiva, com medo enfim..
Sobre nossas personagens só posso te adiantar uma coisa tem muita agua pra rolar em baixo desta ponte.
Beijos e se puder depois me conta o que achou dos outros contos (se ler 23 d.C saiba que em breve saíra em uma versão longa já tenho 7 capitulos escritos).
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Agatha
Em: 21/03/2020
Oie estou amando a estoria, mais gostaria de saber quando é que a Vic vai escobrir q o Carluxo é um escroto e por ele no olho da rua por ele ter jantagiado uma colega de trabalho, seria legal se a Tamara tbm fosse contratada, e esta Suellen agora em, a Teresa tbm tem que tomar um chega pra la.
Anciosa pelo prox. cap
Resposta do autor:
Oi Agatha
Fico muito feliz que esteja gostando da história e sobre esse Carluxo, aí aí só te digo que ele ainda vai aprontar. E a Tamara é uma fofa né? super apoia a Julia, merece algo legal também. E Suellen querendo Vic pra ela e Tereza com ciumes de ascensão de Julia rápido no trabalho, só te digo uma coisa, nossas heroinas terão provas pelo caminho.
Beijos e até o proximo capitulo
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Master
Em: 21/03/2020
Julia tá morrendo de medo de se entregar, mais a vic tá disposta a conquista-lá e se essa suellen vier atrapalhar bom que ela der um chega pra lá já na frente da ju pra ela ver que quer algo realmente sério louca por esse passeio, amei o EXTRA que venham muito mais, ah a gio poderia ficar com a bia né super apoio.
Resposta do autor:
Olá Master
Julia tá se borrando de medo hahaha tadinha você tem ideia que ela é super inexperiente e tem um mulherão com uma fama duvidosa atras dela? Até eu ficaria insegura haha
A Gio é uma fofa, já ercebeu que ta perdendo espaço... mas vamos ver o que a vida reserva pra ela.
Beijos e até o próximo capitulo
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cris05
Em: 21/03/2020
Autora do céu, que química essas duas tem hein! Isso pra não dizer outra coisa...kkkkk.
Ai ai essa Suellen vai dar trabalho, viu.
Assim como Vic e Julia estão ansiosas pela manhã seguinte, nós estamos ansiosas para que chegue logo a sexta-feira...rsrs.
Beijos autora e bom finds! Cuide-se também.
Resposta do autor:
Olá Cris
Menina e não é que Julia e Vic são fogo e gasolina haha Isso que Julia é super inexperiente imagina a hora que pegar a pratica do negocio haha
Essa Suellen tá sentindo que tá perdendo espaço, tudo bem que Victoria nunca prometeu nada a ela, mas pelo menos sexo elas tinham, agora nem isso mais.. vamos ver o que ela vai aprontar.
Beijos e até o próximo capitulo!
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LuaV
Em: 21/03/2020
Parece que agora finalmente vai!!
Já tô sentindo de longe que essa Suellen vai criar bastante problemas!
Autora, estou amando demais essa história! Amei o enredo e a sua forma de escrever. Vai ser um sofrimento esperar até sexta que vem! Volta logo para gente, viu?!
Cuide-se desse vírus também. Beijoss
Resposta do autor:
Oi Lua!
Bom ter seu comentário por aqui e fico muito feliz em saber que esta amando a história e como eu escrevo, para mim este é um feedback excelente já que esta é a minha primeira história longa.
Sobre Julia e Vic... Hummm será que vai? Sei não hahaha, mas dizem que a esperança é a ultima que morre então...
Essa Suellen tá sentindo que tá perdendo Vic e pelo jeito não quer deixar barato, vamos ver o que ela vai aprontar.
Logo logo teremos capitulos novos.
Beijos e até o próximo capítulo
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Mille
Em: 21/03/2020
Ola Ana
Prevejo mais problemas para a Julia, Carlos, Tereza e Suelen.
Vi está cercando a Julia de todas as formas, ambas se quiserem ter algo primeiro tem que haver a amizade e deixa a atração falar ainda mais alto.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille
Pois é menina, teremos problemas com certeza, a questão é será que nossas protagonistas serão forte o suficiente para enfrenta-los? A paixão já existe, será que conseguirão construir o amor?
Beijos e nos encontramos no próximo capítulo
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