Capitulo 12 - ENSAIO
Após a partida de Victoria, Julia voltou para sua kitinet entorpecida com o que havia acontecido. Entrou, fechou a porta e se encostou nela, levando a mão nos lábios como se tentando acreditar que aquilo realmente havia acontecido. Ainda meio em transe, foi até o quarto de Maria Clara verificar se a filha estava bem e seguiu direto para o banheiro se movimentando meio no automático, pois ainda não compreendia todas as emoções que habitavam seu ser.
Ao entrar no banho começou a ensaboar seu corpo que imediatamente reavivou a excitação estimulada por Victoria minutos a trás. Fechou os olhos e as lembranças vieram como um flash. Tocou o próprio seio, não como se estivesse apenas tomando banho, mas repetindo os gestos que Victoria havia feito em si anteriormente, hora apertando vigorosamente todo ele enchendo a própria mão e hora estimulando apenas o biquinho. Enquanto isso a outra mão desceu pela barriga acariciando-se, escorregou pelo quadril, pelas coxas até encontrar o seu sex*.
Ao tocar na própria vagin* teve a percepção do quanto realmente estava excitada, pois parecia que litros de um liquido viscoso havia sido derramado ali. Julia nunca havia tocado aquela parte de sua intimidade, a não ser para se lavar ao tomar banho, pois após sua mínima experiência sexual, a gravidez e a tragédia que se sucedeu, sua sexualidade foi um aspecto deletado da sua vida, entretanto Victoria em apenas alguns toques, trouxe à tona um lado seu desconhecido e isto foi tão intenso ao ponto da jovem estar ali naquele pequeno banheiro se tocando, se descobrindo se permitindo conhecer seu próprio corpo e as sensações que ele podia produzir.
Julia continuou a exploração, movimentava os dedos entre suas pernas, para cima e para baixo, as vezes fazendo pequenos círculos imaginado as mãos de Victoria ali. Ter esse pensamento, causou uma leve dor originada por sua excitação intensa, levou sua mão instintivamente para a entrada da sua vagin* como que querendo aplacar aquela sensação nova, mas não se penetrou, ficou ali estimulando a entrada de seu corpo até que seus dedos se concentraram no seu clit*ris que estava extremamente inchado e sensível, porém pedindo para ser tocado. A jovem que descobria novas sensações, percebeu que o movimento em círculos alternado com uma fricção rápida aumentava a sua sensação de prazer, então enquanto uma mão continuava acariciando e apertando o próprio seio a outra, investia no seu nódulo de prazer. Quando veio em sua lembrança a voz sensual de Victoria falando em seu ouvido “Eu quero te ch*par inteira”, a jovem se derreteu e foi atingida por um orgasmo intenso, forte que fez seu liquido viscoso escorrer e as pernas fraquejarem enquanto a respiração estava descompassada pelos gemidos, pelo esforço feito e pela sensação de pela primeira vez na vida ter sentido um orgasmo.
Julia ficou encostada na parede no banheiro, enquanto esperava a respiração voltar ao normal e seu corpo se acalmar. A água quente, ajudou para isto acontecer. Sentiu seu corpo mole e fraco, um leva tontura ainda se fazia presente, se lavou rapidamente, saiu do chuveiro e enquanto se secava olhou seu corpo refletido no espelho. E algo chamou sua tenção, reparou na vermelhidão que havia sido impressa em seu seio pela força do próprio toque, achou aquilo bonito e pela primeira vez se enxergou como uma mulher atraente e sensual, e não apenas como uma adolescente que havia engravidado precocemente. Ficou se admirando como se olhasse pela primeira vez a própria imagem refletida. O que mudou não era seu corpo, por que ele continuava o mesmo, magro, mas agora contava com a cicatriz da cesariana e uma barriguinha mais saliente do que tinha quando dançava. Naquela noite a mudança foi mais profunda e alterou a percepção que a jovem tinha sobre si mesma e sobre sua sexualidade, estava começando a se reconhecer como mulher e ao mesmo tempo que isso a amedrontou a instigou.
Terminou de se secar, foi até seu quarto colocou um pijama e deitou para dormir. Ficou ainda pensando em Victória e nas descobertas que havia feito. Quando estava quase dormindo viu que seu celular acusou o recebimento de uma mensagem. Pegou o dispositivo para olhar e viu que era Victoria, abriu ansiosa para ler a mensagem:
“Não paro de pensar em você e não vejo a hora de estarmos juntas novamente... Eu quero mais, muito mais... Beijos minha menina”
Julia sorriu como uma boba ao ler as palavras da mais velha e sem pensar muito respondeu:
“Eu também quero mais! Beijos meu anjo”
Então o cansaço, o vinho, as emoções e o orgasmo venceram Julia, que foi embalada em um sono leve povoado por uma morena linda com olhos cor de mel.
Na manhã seguinte, Julia acordou com Clarinha pulando em cima dela:
-Acorda mamãe, acorda!
Julia estava sentindo uma dorzinha de cabeça, virou para o lado olhou para o celular e viu que já era 9:30 da manhã, nunca dormia até tão tarde, pois Maria Clara acordava cedo todos os dias. Então a jovem se virou rapidamente como que dando um golpe de judô em Clarinha e a derrubando sobre o lençol, e começou a fazer cocegazinhas na criança que ria pedindo para a mãe parar.
-Para mamãe, para!
-Aqui é o mostro das cocegas, criança que pula em cima da mamãe passa pelo monstro da cócega.
E levantando as mãos como se fosse um monstro, atacou novamente a barriguinha fofinha de Maria Clara fazendo a criança ficar com as bochechas vermelhas de tanto rir.
Ficaram na cama brincando mais um pouco até que Clara pergunta para a mãe:
-Mamãe quando vou ver Sophie novamente?
-Não sei meu amor, por que?
- Ahhh mamãe gostei muito dela, ela é uma amiguinha muito legal.
-Que bom que você gostou dela meu anjo, mas a Sophie é sobrinha da chefe da mamãe, então acho que talvez seja um pouco difícil você reencontrá-la novamente.
-Por que mamãe? A Sophie me chamou pra ir na casa dela tomar banho de piscina.
A filha não entendia muito bem o que a mãe queria dizer, na cabecinha dela tudo era tão simples, não havia diferença de classes, não havia patrões e empregados, não havia diferenças de cor, gênero ou sexualidade, apenas sabia que havia gostado da nova amiguinha e isso bastava.
-Bom meu amorzinho é que nós nos encontramos por acaso no shopping certo?
-Certo!
-Mas isso não quer dizer que somos amigas entende princesa? Victoria que é tia da Sophie é chefe da mamãe e em geral chefes e funcionários não se misturam muito.
A menina ficou pensativa, tentando entender, mas não conseguiu então perguntou:
-Por que chefes e funcionários não se misturam muito? Chefes e funcionários não podem ser amigos?
Julia respirou fundo, sua filha estava na fase dos “por ques” e as vezes era difícil faze-la entender algumas coisas.
-Amorzinho chefes e funcionários, podem sim ser amigos, mas eu não sei se Victoria ou se os pais de Sophie querem que sejamos amigos entende? Para duas pessoas serem amigos ou amigas as duas precisam querer e eu não sei se eles querem. E sem falar que a mamãe recebe ordem deles no trabalho e as vezes os chefes não querem se misturar com os funcionários, para não misturar o pessoal com o profissional.
A criança fez uma carinha de decepcionada e completou:
-Puxa que pena! Tia Vic foi tão legal ontem, eu acho que ela quer ser sua amiga... – então acriança abre um sorrisão e conta para a mãe - e a Sophie é muito divertida. Você sabia que ela dança ballet, faz aula de piano, natação e também estuda inglês mamãe? Ela sabe tudo isso igual você... – a criança ficou pensativa e emendou a pergunta – você sabe tudo isso, será que um dia eu vou poder aprender essas coisas também mamãe?
O coração de Julia se apertou, por ainda não poder ofertar essas atividades para sua filha, mas estava se esforçando para isso... apesar de que em uma capital como Curitiba para pagar aulas de ballet, inglês, natação e piano precisaria tirar no mínimo uns 1.000 reais do seu orçamento, sendo que essa era a renda total da jovem até um mês atrás, e agora que ganhava melhor ela ainda não podia comprometer todo esse valor da sua organização mensal. Julia ficou pensando sobre a pergunta da filha e outra questão surgiu na sua cabeça, achou ótimo Sophie e Maria Clara se darem bem, mas sua filha ficar convivendo com uma criança extremamente rica, poderia aguçar na criança vontade de coisas que ela enquanto mãe não poderia dar... hoje clara estava perguntando sobre aulas de inglês, piano, natação e ballet e quando se tornar maiorzinha o que será? Tênis, roupas e mochilas de marca cara? Viagens com a turma pra fora do país? E aquele medo de não conseguir ofertar a filha os bens culturais e materiais aos quais ela teve acesso voltou com força total. A criança que ainda aguardava uma resposta chamou:
-Mamãe, mamãe.
Julia então saiu dos seus pensamentos e respondeu a criança:
-Amorzinho você sabe que a mamãe arrumou um emprego melhor agora, estou recebendo um salário melhor, mas a mamãe ainda não pode te colocar nessas aulas, quem sabe ano que vem quando a mamãe conseguir organizar as contas, você pode escolher uma dessas atividades pra fazer.
-Só uma mamãe?
Julia sorriu e respondeu.
-Sim meu amor, temos que ir com calma, vamos começar só com uma atividade extra e se as coisas melhorarem daí pensamos em outra, pode ser?
-Simmm, começo semana que vem?
-Não meu anjo, a mamãe falou só no ano que vem e se a mamãe conseguir colocar as coisas em ordem.
A menina baixou os olhinhos e fez um beicinho e respondeu:
-Tá bom mamãe.
E foi saindo da cama e indo para o seu quarto.
Julia ficou na cama com o coração em pedaços, pois sua filha não estava pedindo algo supérfluo como um brinquedo ou uma roupa, estava pedindo para aprender coisas novas e que Julia sabia ser de suma importância da formação humana e intelectual de uma pessoa.
Durante a curta vida de 4 anos de Maria Clara a pequena já tinha escutado mais “não” do que “sim” e aquela carinha de tristeza e ao mesmo tempo conformismo, não pareciam ser certa estar presente no rosto de uma criança. Julia pensava que nenhuma criança no mundo deveria ter negado o acesso à cultura, educação, aos esportes, saúde, a alimentação, mas ao mesmo tempo a vida fez Julia aprender que neste sistema em que vivemos isso era muito mais comum do que as pessoas imaginavam.
A jovem mãe foi até o quarto da criança que estava sentada no tapetinho, brincando com sua imitação de Barbie, ficou a vendo a criança brincar, simulando como se a boneca estivesse dançando ballet enquanto a pequena falava os poucos nomes de passos de ballet que sabia em francês “plié” “sauté” lelele e inventava palavras como se tentando falar em francês. Maria Clara merecia mais do que Julia estava podendo dar, mas ao mesmo tempo com o bom salário que começou a receber no novo trabalho sabia que as coisas estava se encaixando e a vida das duas estava dando uma guinada. Então a mãe interrompeu a brincadeira infantil e sentou-se do lado da pequena e disse:
-Meu amor, a mamãe promete que ano que vem, você poderá escolher qualquer atividade que você queira fazer tá bom? Ballet, natação, inglês, francês, judô, piano, violino, o que você quiser, mas será só uma por isso você tem que pensar bem qual escolherá, tá bom?
Os olhinhos da criança encherem de um brilho vivo e a pequena pulou no pescoço da mamãe dizendo:
-Te amo mamãe. Isso será muito legal!
-É será mesmo meu amor. Agora que tal tomarmos um café delicioso heim? Vou pegar “carolinas” de chocolate ali na padaria o que acha?
A criança deu um pulinho e um gritinho -Eba!
E as duas saíram do quarto da pequena dando por encerrado aquele assunto.
O dia transcorreu normalmente, mas com uma Julia ansiosa lutando para não olhar a todo momento para o celular esperando uma mensagem de Victoria. A tarde Beatriz apareceu na casa da amiga para elas levarem Maria Clara na pracinha para se divertir um pouco no parquinho.
No parquinho Clara encontrou umas amiguinhas de escola e ficaram brincando enquanto os responsáveis ficam conversando sentada nos bancos observando as crianças.
Beatriz e Julia sentaram-se em um banco mais afastado e a atendente disse:
-Vai desembucha o que aconteceu que tá com essa cara?
Julia olhou para amiga e perguntou:
-Como você sabe que aconteceu alguma coisa?
-Amiga te conheço, vai conta logo.
Então Julia contou tudo o que havia acontecido na noite anterior.
Com uma cara de espanto a jovem apenas respondeu:
-Amiiiiga to Bege! E ela beija bem?
Na hora Julia corou.
-Bom pela cara não precisa nem responder, mas me diz e aí como você está com tudo isso? Como está se sentindo?
-Aí amiga não sei, está tudo muito confuso na minha cabeça.
-Mas você gostou de ficar com ela?
Julia ficou em silêncio e o rosto corado.
-Amiga me conta, Victoria foi sua primeira experiência lésbica, me conta o que tá sentindo... sabe que não precisa ter vergonha de mim não, porque você sabe aqui – e passou a mão na lateral do próprio corpo - é mais rodada que fusca véio –e deu uma gostosa gargalhada - se tem uma coisa que eu tenho nessa vida é experiência, então conversa comigo e deixa eu te ajudar a se entender.
Julia ficou olhando a amiga respirou fundo e apenas respondeu:
-Eu nunca senti nada parecido com o que senti com Victória.
Beatriz toda animada e disse e tom de satisfação.
-Ihaaa mais uma vindo para o lado colorido da força,
Julia bateu no ombro da amiga que se fez de ofendida.
-Serio Bia, não brinca com isso, você sabe que eu não tenho muita experiência neste aspecto sexual e sentimental.
Beatriz interrompeu dizendo:
- Amiga vamos corrigir, você não tem nada de experiência. Transar três vezes e engravidar não te deu muito parâmetros para as coisas.
Julia fez uma careta e continuou.
-Como eu ia dizendo, mesmo eu não tendo muita experiência o que eu senti com Victoria ontem foi intenso, muito intenso, me tirou os sentindo e parecia que só existia eu e ela naquela cozinha. – Julia ficando mais vermelha do que já estava completou – eu fiquei tão excitada que quando ela foi embora eu não resisti e me toquei durante o banho e tive o meu primeiro orgasmo na vida.
Beatriz rindo e tirando sarro da amiga disse:
-Eita lasquera além de vir pro lado colorido da força agora também virou Dj hahaha.
-Aí Beatriz não dá pra conversar sério com você. –virou de costas pra amiga ficando emburrada.
-Ju desculpa, só estou trazendo um pouco de humor, por que sei que para você é difícil falar destas coisas.
A jovem continuou de costas ignorando a amiga.
-Ju desculpa sério mesmo. Termina de me contar prometo que não faço mais nem uma piada.
Julia precisava conversar com alguém e Beatriz definitivamente era a pessoa mais indicada para isso, pois apesar de jovem a amiga era bastante experiente e dona de um bom senso incrível. Então virou-se para a amiga e disse:
-Se você fizer mais uma piadinha eu vou embora e te deixo aqui falando sozinha.
E cruzando os dedos em frente a boca fazendo um sinal de X a atendente diz:
-Juro juradinho que não vou mais fazer piada.
A jovem apenas sorri e balança a cabeça em sentindo negativo.
-Então como eu te disse ontem foi tudo muito intenso, talvez eu tenha me deixado levar pelo vinho o que potencializou tudo isso, mas amiga... estar nos braços de Victoria foi a sensação mais maravilhosa que já tive na vida.
-Mas então do que você tem medo Ju?
-Amiga ela é minha chefe... e se isso não der certo? A única prejudicada sou eu, você me entende?
-Entendo Ju e não julgo o seu pensamento, pois eu sempre pensei que “onde se ganha o pão, não se come a carne”.
-Então amiga, pra Victoria eu posso ser só mais uma conquista, ela pode ter a mulher que quiser, pode fazer o que que quiser, se você fizer uma pesquisa sobre ela na internet verá que ela só fica com mulher tipo top model – lembrou das fotos que havia visto de Victoria, suspirou e completou - a minha realidade e a dela são muito diferentes Bia.
-Mas amiga, você não acha que pode ter a possibilidade dela gostar de você de verdade?
Julia ficou pensando e se lembrou da mensagem recebida na noite anterior que diz eu “eu quero mais”.
-Não sei amiga, de verdade não sei... ela me disse que queria mais do que tivemos ontem, mas ontem nós quase trans*mos na cozinha e isso é só sex* não é? E tem outra coisa, ela está acostumada a ficar com aquelas mulheres tipo capa de revista e se tivéssemos trans*dos, quando ela tirasse minha roupa veria essa cicatriz enorme da cesárea da Clara, provavelmente iria brochar.
-Aí que exagero Julia, nem é tão grande assim. Ficou um pouquinho mais escura por que você não sabia como cuidar, mas se isto te incomoda tanto saiba existe tratamento pra clarear.
Julia ignorou a fala da amiga e continuou.
-E tem mais hoje pela manhã, Clara acordou me perguntando se algum dia eu iria matricular ela no ballet, no inglês, na natação e no piano. Amiga até mês passado eu mal podia pagar a conta de luz. Como vou deixar minha filha convivendo com Sophie que é uma criança linda, super querida e educada, mas que nasceu em berço de ouro?
-A Ju você esta no trabalho novo, as coisas estão melhorando pra vocês, você esta ganhando melhor.
-Sim Bia, mas nem que eu trabalhe a vida toda 24 horas por dia eu vou poder dar pra Maria Clara o que Sophie tem e se elas seguirem com essa amizade eu tenho medo que Maria Clara comece a me pedir coisas que eu não posso dar.
Beatriz via no olhar da amiga a angustia e o medo.
-Se eu permitir continuar nessa loucura com a Victoria, se eu permitir essa amizade entre Maria Clara e Sophie, você entende que se isso der errado, as únicas que de fato vão sair feridas somos nós? Eu preciso, preservar a minha filha e preciso preservar o meu emprego, então por mais que eu tenha gostado de ficar com Victoria, por mais que ela tenha despertado coisas em mim que eu jamais achei ser possível sentir. Não dá pra levar isso adiante.
-Amiga, calma não é pra tanto. Respira fundo não precisa ficar tão nervosa... Você não disse que a Victoria falou que seu emprego estaria sempre preservado caso esse lance de vocês não desse certo?
-Sim ela disse. Mas e se não der certo o que eu faço comigo mesma? Como vou ficar olhando pra ela todo dia? Imagino que pelo histórico dela deve ser normal ficar com uma essa semana, com outra semana que vem, mas pra mim não é.
Beatriz olhou para a jovem a perscrutando e perguntou:
-Julia você esta apaixonada por ela?
A jovem baixou o olhar e não respondeu. Beatriz abriu um sorriso e conclui.
-Amiga você tá apaixonada!
Julia já meio irritada com a suposição da amiga concluiu.
-Claro que não Bia, mas eu preciso ter responsabilidade emocional. Victoria aparece na minha vida e na vida de Clara como um anjo, agrada clara e a trata com todo carinho e cuidado, faz eu sentir coisas nunca antes imaginada e depois vai embora. Daí ficamos só eu e Clara como sempre foi... a minha filha que é super mega esperta vai chegar assim pra mim: - Mamãe a cadê a tia Vic? E eu vou responder o que pra ela? Vou olhar pra minha filha e dizer: sabe o que que é amorzinho, tia Vic cansou da mamãe e foi comer outra por aí. Faça me o favor né Bia eu não posso me expor e nem expor Clara a isso.
Julia arfava e estava vermelha só de cogitar tudo isso.
Beatriz entendeu a seriedade da questão e a intensidade dos sentimentos de Julia por Victoria. Pessoalmente a atendente achava que Julia deveria se permitir, mas não adiantava falar isso agora pois conhecia bem a amiga e ela não a ouviria neste momento.
-Bom Ju, eu entendo você e entendo seu medo, mas a questão é o que você pretende fazer agora?
-Amanhã mesmo, vou procurá-la e dizer que o que aconteceu entre nós não pode se repetir, que eu sou muito grata ao apoio que ela me deu no hospital, a oportunidade de trabalho, mas que eu tenho uma filha pra criar e não posso colocar meu emprego em risco.
-Ok, está certo, se você decidiu está decidido.
Julia estranhou a postura da amiga, tão passiva e perguntou:
-Sério mesmo? Você não vai tentar me convencer do contrário?
-Não, não vou. Por que você gostaria de tentar ser convencida do contrário?
Julia fez uma postura de quem estava na defensiva e respondeu:
-Não, claro que não.
-Então é isto decisão tomada.
E então fez-se um silêncio entre as duas amigas que ficaram refletindo sobre a conversa.
O Sol já estava baixando e Julia chamou Clara par irem embora. Beatriz se despediu da amiga, pois havia combinado de ir a um barzinho com uma “crush”.
-Nos vemos amanhã princesa. – disse Bia olhando para Clara. Logo olhou para Julia e completou – E você pensa melhor sobre aquele assunto, não vai deixar sua felicidade escapar por medo!
Após dizer isso virou as costas e se foi deixando Julia com seus próprios pensamentos.
No domingo Victoria acordou e seu primeiro pensamento foi mandar uma mensagem de bom dia para Julia, mas não quis se mostrar ansiosa de mais para falar com a jovem novamente e controlou a vontade que tinha de conversar e ter a jovem mais perto de si.
Levantou, fez sua higiene matinal, chamou Sophie que dormia no quarto de hóspedes, tomaram um café animado e a criança não parava de falar na nova amiguinha e dizia que estava ansiosa para revê-la.
Como combinado com Vinicius e Jasmim, Victoria chegou na residência da família um pouco antes do almoço. Sophie estava super animada contado para os pais sobre a nova amiguinha. Quando Vinicius foi para churrasqueira cuidar do almoço da família, Victoria o acompanhou, abriram uma cerveja enquanto o irmão cuidava da carne.
-E aí mana, já ouvi a versão de Sophie que adorou a amiguinha nova, mas e você, também adorou sua “amiguinha” nova?
Victoria sorriu da ironia do irmão e jogou a tampinha da cerveja nele.
-Seu idiota... Julia não é uma “amiguinha” nova... Julia é diferente.
-Diferente como?
-Não sei, mano ela só é diferente...
-Hummm, Vic aquele dia brinquei que você estava apaixonada por ela, mas aparentemente você esta gostando dessa garota de verdade... Apenas te peço, tenha cuidado pra não magoá-la minha irmã, pois ela tem muito mais a perder do que você.
-Mas eu não quero magoá-la Vini!
-Eu sei que você não quer isso, mas e se daqui um mês ou dois, você achar outra mulher mais interessante ou que te atraia mais? Nos dois sabemos que você não tem um histórico muito bom em relacionamentos e essa jovem, essa Julia parece uma guria gente boa, trabalhadora, honesta, tem dois empregos pra criar a filha sozinha e eu imagino como isso deva ser difícil, pois se eu e a Jas cuidando da Sophie juntos as vezes já é difícil, imagina fazer isso sozinha... Vic quero que você tenha consciência que se você se relacionar com essa moça, saiba que ela vem com um pacotinho loirinho, muito fofa, mas que dá um trabalho danado e ter filhos não é brincadeira.
-Mas eu amo crianças veja meu relacionamento com a Sophie me dou muito bem com ela e também estou me dando bem com Clara.
Vinicius revirou os olhos, pois Victoria na verdade ainda não tinha noção da seriedade que era criar, educar e garantir segurança a uma criança.
-Vic ter filhos não é brincar de casinha, não é igual você vir aqui e pegar a Sophie pra dormir na sua casa uma ou duas vezes no mês. Você esta disposta a ter isso todos os dias da sua vida?
- Aí também não é pra tanto né Vini... eu não estou pedindo Julia em casamento.
-Pois é Victoria, mas se você ficar com essa moça, fazer essa moça se apaixonar por você, fazer essa criança confiar em você e gostar de você como se fosse uma outra mãe, será dois corações que você deixará despedaçado depois quando decidir ir embora ou quando achar alguém mais atraente.
Os dois trocam olhares profundos. Victoria não estava gostando do que ouvia, mas sabia que o irmão tinha razão.
- Vic vocês realmente formam um casal lindo e aquela foto que me mandou de vocês juntas prova isso, só me promete uma coisa: não vai brincar com essa moça, ela não merece isso ok?
Victoria ficou quieta, pensando nas palavras do irmão.
A tarde passou tranquila e não voltaram a tocar no assunto novamente. Victoria sentia uma vontade insana de falar com Julia, mas como ela não mandou nenhuma mensagem e depois da conversa que teve com seu irmão achou por bem deixar as coisas como estavam e deixar para falar com Julia pessoalmente e sentir como suas emoções reagiriam a presença da mais jovem.
Fim do capítulo
Olá Garotas
Como estamos nestes dias de quarentena? Espero que se cuidem para podermos voltar a nossa rotina novamente em breve, mas enquanto isso segue um capitulo gostosinho e cheio de emoções e descoberta e informo que amanhã teremos extra... Sim extra da Quarentena!
E aí me contem acham que esse propósito da Julia de se afastar de Victoria dará certo?
E o medo dela em relação a Clara o que acham?
Lembre-se nossa heroina e bem jovem esta se descobrindo e tem medo de tudo o que Victoria representa...
Beijos e até amanhã com nosso extra!
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Master
Em: 20/03/2020
Elas são lindas juntas não podem deixar as diferenças falar mais alto.
Claramente estão apaixonadas e clarinha vai entender que não pode ter tudo que quer por enquanto, ela é uma menina inteligente mais tomara que elas fiquem logo juntas e vivam esse lindo amor.
Resposta do autor:
Oi Master
Elas juntas são lindas mesmo... tomara que não deixem o medo vencer o amor!
E se tem uma coisa que não podemos negar é que Julia é uma ótima mãe, agora tomara que Victoria não faça merda pra magoar Julia e a princesa unicornio.
Beijos e até amanhã
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cris05
Em: 20/03/2020
Olá, Ana.
Por aqui sigo em quarentena também. A situação é grave e tensa, mas não podemos perder a fé que venceremos mais essa.
Quanto ao capítulo, eu super entendo a Júlia. Ela realmente tem muito mais a perder do que a Vic. Por outro lado, acho que a sensação de não ter tentado pode pesar no futuro. Enfim, decisão muito difícil.
A Clarinha é um doce e imagino o sofrimento da Júlia em não poder realizar todas as vontades da filha. Mas Júlia é guerreira e acredito que em breve poderá proporcionar tudo isso. Oremos!
A palavra mágica "extra" me motiva nestes tempos tão difíceis.
Bjs e até amanhã
Resposta do autor:
Olá Cris
Se cada um fizer sua parte, vamos passar por este momento dificil. Enquanto isso oremos pra que todos e todas tenham consciência e respeitem a quarentena.
Julia tá vivendo um momento de descobertas e quem já passou por isso sabe que não é fácil, agora passar por isso tendo uma filhinha sobre sua responsabilidade deve ser ainda mais dificil, então ela esta certa em se preocupar, agora só peço que Victoria não magoe as duas não é mesmo?
Teremos Extra amanhã e vou me empenhar pra ter mais extra semana que vem também, vou aproveitar a quarentena pra escrever.
Beijos e até amanhã.
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Mille
Em: 20/03/2020
Ola Ana
Júlia tomando ciência da diferença entre Victória e Sophia
Maria Clara é uma criança inteligente e vai perceber que não pode ter tudo.
A conversa so Vini fez a Victória assimilar a responsabilidades de ficar com a Julia afinal a Julia tem um passado sofrido e uma filha se não for ficar é melhor não entrar de cabeça.
Bjus e até o próximo capítulo
Adorei saber que teremos extra
Resposta do autor:
Oi Mille
Pois é menina, você viu que o Vinicius jogou a real pra irmã né? agora vamos ver o que ela vai fazer com tudo isso, pois se quiser ficar mesmo com Julia vai ter que mudar de vida.
E teremos extra sabado e vou me empenhar pra colocar mais extras durante a semana, vou aproveitar a quarentena pra escrever.
Beijos e até o próximo capitulo.
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