Capitulo 16 - Charlotte
- Semana que vem as empresárias e publicitárias Charlotte Allen e Helena Brinite, virão para uma palestra totalmente gratuita. A reitoria confirmou há pouco... - a turma aplaudiu, menos William.
Ele estava sentado bem a minha frente.
- Espero que bebam da fonte. Todos aqui terão direito a duas perguntas e por favor, nada descabido... – rimos.
- Nem se elas estão solteiras? Estou super disponível pra ser o cunhado do Will. – um babaca comentou.
- Acho que você não faz o tipo da Charlotte, Klebber... – William respondeu ironicamente.
- Parece que alguém quer sua poderosa, amiga. – rolei os olhos. - Vamos na auto escola? Preciso fazer a minha matrícula. - Larissa cochichou em meu ouvido. Ela estava empolgada com o seu carro.
- Também preciso. Agora que as coisas melhoraram um pouco, posso me dar ao luxo. – sorri.
Esperamos as aulas chegarem ao fim.
- Olha quem tá vindo aí... - Lari me cutucou. Estávamos em frente a faculdade.
- Queria que visse uma coisa... - William pegou o seu celular e depois o virou para mim. - Foi por isso que você me trocou, Luane. Charlotte não quer compromisso com ninguém. Ela traia a Daniela com Deus e o mundo.
Um nó se formou em minha garganta. Na foto era possível ver a mão de uma mulher muito vulgar sobre a coxa da Charlotte. Ela estava em uma festa? Helena estava com ela e era cercada por outra mulher.
- Deixa eu ver isso... - Lari tomou o aparelho das mãos do inglesinho. - Isso não quer dizer nada... Vai embora, William.
A ruiva fechou a cara.
- Depois não diz que avisei, Luane. A Charlotte não vale nada.
- Quem é você pra dizer isso, William? Já esqueceu das coisas que me disse? Porque eu não. Você não é muito diferente. Acho que já deu por hoje, certo? - vi seus olhos vacilarem, porém não me comovi.
O inglesinho se afastou, indo para o estacionamento. Olhei para Larissa e a ruiva estava com uma expressão engraçada.
- A Helena me paga... - franzi o cenho. – Eu vou... Aaaah!
- Eu mato a Charlotte... - levei a mão ao pescoço. - Eu... Vamos pra droga dessa auto escola.
- Quero ir no shopping também. Fazer compras só na força do ódio. Aí, que raiva! - Larissa bufava.
- Droga, espera aqui Larissa. Vou ali no caixa eletrônico sacar algum dinheiro pra pagar a passagem. Não demoro. - a ruiva apenas acenou em positivo, estava irritada e eu não a julgava.
Também estava do mesmo jeito.
Havia um banco ao lado da faculdade, então caminhei os poucos metros até lá. Quando iria atravessar a estreita rua, vi duas pessoas conversando. Pareciam muito alteradas e quando foquei melhor minha visão, percebi que se tratava de Pietra com um cara.
- Não é da minha conta... - pude ver que ela passou a caminhar e o cara entrou no carro.
A garota parou ao me ver e novamente senti muita aflição.
- Você aqui... - ela abriu aquele sorriso diabólico.
Iria lhe responder, porém ao ver o carro vindo em alta velocidade em sua direção, não tive muito tempo para pensar e quando notei, já estava com a garota embaixo de mim.
O cara iria atropela-la.
- O que foi isso? - ela perguntou e eu levantei. - Você me... Salvou?
- Foi só instinto. - olhei para os meus cotovelos e os dois estavam muito ralados. - Perfeito!
- Por que fez isso? - encarei a garota que parecia irritada.
- Já falei... Foi instinto. - ela passou a mão sobre a cabeça.
Pietra levantou e saiu de minha presença, totalmente desnorteada. A vi entrar em seu carro, saindo cantando pneus. Olhei ao redor e resolvi voltar para onde deixei Lari.
Adrenalina corria em meu corpo.
- O que houve com seu braço? - a ruiva examinou as feridas.
- Depois te conto... Vamos logo na auto escola. - respirei fundo.
Larissa e eu atravessamos a passarela e pegamos um ônibus lotado. Depois de toda a burocracia, fizemos as matrículas e fomos para o shopping. Ao chegar em frente à loja do Adrian, para quem eu fazia os comerciais, fui muito bem recebida pelas funcionárias. A princípio fiquei um pouco perdida e sem graça, mas depois fui relaxando.
- Ligou pra Helena? - estávamos na praça de alimentação.
A ruiva ganhou vários mimos na loja e apesar de ter sido muito simpática com todos, eu podia sentir que ela não estava bem.
Eu também não parava de pensar na foto que vi.
- Não... E nem vou. Helena e eu combinamos de tentar entender o que está se passando entre nós... Se eu bancar a maluca ciumenta, é capaz dela sair correndo. - a ruiva estava mesmo para baixo.
- Vamos tentar esquece-las por hoje. O que acha? - ela suspirou.
- Como pode tá tão de boa assim? - Lari me encarou.
- Não estou... - sorri. - Eu sou é muito boa atriz... Se a Allen mandona estivesse aqui agora...
- Estariam trans*ndo em cima da mesa...
- Larissa! - a ruiva riu baixinho. - Parece que você já voltou ao normal.
- Tive uma ideia. – quase pude ver uma lâmpada acender em cima de sua cabeça.
- Qual? - a ruiva sorriu.
- Me dá aqui seu celular... - peguei o aparelho da mochila e entreguei a ela.
Levou alguns minutos e a maluca me devolveu o celular. Segundos depois passou a chegar inúmeras notificações. Chequei e tive que rir.
- É sério isso, Lari? - ela deu de ombros.
Ela postou uma foto nossa com dois caras que nos pararam dentro da loja do Adrian, para registrar uma foto.
- Elas que lutem... - ela pegou o seu celular e sorriu. - Viu? Já surtiu efeito...
Helena havia "curtido" a foto.
- Agora sim posso dormir em paz essa noite. - não pude fazer nada além de sorrir.
- Eu te amo, garota... - apertei a sua bochecha.
Saímos do shopping e fomos para casa. Durante o trajeto, minha cabeça só trabalhava em cima do quase atropelamento de Pietra. Se eu não tivesse a empurrado, talvez ela estivesse morta agora.
"Pelo que parece, aquela família tem muitos inimigos."
- Ah, não... Vocês aqui? - voltei para a realidade e olhei para a pessoa.
- Você? - Larissa e eu dissemos juntas.
- Filhas do diabo... - não acredito que encontramos a louca que nos fez ser expulsas do ônibus.
- Não sabia que éramos suas filhas... - Lari respondeu e a mulher fez ar de ofendida.
- Cadê o respeito com os mais velhos? Motorista? Essas mulheres aqui estão me ofendendo.
5 minutos depois.
- Não acredito que isso aconteceu de novo! Aí... Aí... Aí... - Lari chutou o meio fio.
- Tá maluca? - me agachei para ver se havia machucado algo e a doida conseguiu quebrar a unha do dedão.
- Tá doendo... Aí... Tudo culpa daquela maracujá de gaveta! - como boa amiga que sou, passei a rir e chorar ao mesmo tempo.
- Eu não acredito... O que a gente falou sobre muitas lutas, em Deus? - e para deixar tudo ainda melhor, uma chuva forte passou a cair. - Perfeito.
- Minhas coisas estão molhando... Aaaaah, Luane!
Cheguei em casa em um estado lamentável. Minha mãe não poupou palavras para brigar comigo. Ainda bem que ela nem ao menos viu os meus braços machucados. Depois que tomei banho, fui para a sala. Dona Regina e Cristian já haviam ido dormir. Uma chuva fina caia lá fora.
Mandei uma mensagem para Larissa, perguntando se Helena havia entrado em contato e ela disse que a morena tentou ligar, porém ela não quis atender.
A falta de notícias de Charlotte estava me deixando louca.
- Esquece ela, Luane... Foca no que é importante. - peguei meu material e passei a revisar o conteúdo.
O meu celular tocou e eu atendi na esperança de ser ela.
- Alô? - tentei disfarçar a minha ansiedade.
- Luane... Liguei pra agradecer o que você fez hoje. - franzi o cenho. - Por que fez aquilo? Depois de tudo que meu pai e eu tentamos fazer. Por quê?
Passei a mão na nuca.
- Eu faria por qualquer outra pessoa, Pietra. - e era verdade.
- Não compreendo... Você sabe que se fosse ao contrário, eu deixaria. Não sabe?
- Será mesmo, Pietra?
Se fez um silêncio do outro lado, até que pude ouvir a chamada ser encerrada.
Desisti do ato de estudar e fui vasculhar as redes sociais de Pietra. Nada fora do normal dela. A garota era popular e postava vídeos se maquiando. Cada um deles com muitas visualizações.
- O que faz aqui sozinha? - quase derrubei o celular.
- Nossa... Que droga, Cristian. - ele sorriu.
- Lua... O que aconteceu com os seus braços? - ele segurou um e franziu o cenho.
- Foi só uma quedinha... - Cristian levantou. - Ei?
O garoto sumiu e segundos depois voltou com o kit de primeiros socorros.
- Deixa eu limpar isso. Tá horrível. - meu irmão passou a cuidar dos meus ferimento, com uma atenção que me fez aquecer por dentro.
- Desistiu mesmo de ser médico? - ele me encarou.
- Sim... Nossa realidade não condiz com o meu sonho. - franzi o cenho.
- Nada é impossível, Cris. - o fiz me olhar. - Esse ano você vai se formar no ensino médio e vai fazer o Enem, tirar boas notas e ser o que você desejar.
- Lua... Eu preciso cuidar de você e da mamãe. - Cristian havia crescido tanto.
- Você já cuida, mas vai fazer medicina. Sua inteligência tem que ser aproveitada da melhor forma. Continua estudando pro Enem e eu tenho certeza que em janeiro estaremos comemorando sua excelente nota. Me ouviu?
- Acredita mesmo em mim? - sorri.
- Sim... Acredito. - Cristian me abraçou, uma atitude muito rara de sua parte.
- Obrigada, Lua... - me segurei como pude para não chorar.
19 de setembro de 2019.
No dia seguinte, Larissa e eu ficamos encarregadas de novamente separar alguns conteúdos que iriam para a edição da revista. Helena havia ligado e dito que Charlotte estava sem celular, mas naquele mesmo dia entraria em contato. Me fiz de desinteressada, mas adorei a notícia.
Estávamos tomando café na cozinha, quando Priscila e mais duas mulheres entraram. Como sempre, fui alvo de suas reviradas de olhos.
- As nossas chefinhas estão com tudo, né? - uma delas comentou.
- E como estão... Vi as fotos. Só não sabia que a Helena também curtia o babado. - as três gargalharam e Larissa virou de costa para elas.
- Viram como aquela morena segurava a coxa da Charlotte? Não se fala de outra coisa na empresa. - senti meu sangue ferver. - Parece que alguém perdeu o posto de piranha a tira colo da poderosa, não é querida?
Priscila se dirigiu a mim.
- Anda... Diz alguma coisa, coisa brega.
"1, 2, 3, 4..."
- Ela te paga bem pra você sabe, levar umas dedadas?
"Que se dane!"
No segundo seguinte eu estava montada na idiota da Priscila, enchendo sua cara de tapas, enquanto Larissa apenas aplaudia e as outras duas tentavam me tirar de cima da estúpida recepcionista.
Cheguei a meu limite.
- Me solta, sua maluca! Desqualificada!
- É pra você aprender a não falar merd*, sua estúpida...
- Bate na cara dela... ISSO! Acerta mais um, Lua...
- O que aconteceu, Helena? - a morena olhava perplexa para o celular. - Helena?
- Bom dia, Helena, Charlotte... - Manoel chegou a filial da Allen. - Renata chega daqui a pouco. Ela teve um pequeno imprevisto.
- Bom dia, Manoel. Sem problemas, a gente espera. - sorri.
- Bom dia, sócio. - Helena sorriu.
Estávamos na sala de reuniões da empresa. Eu podia sentir que havia algo errado. Me senti inquieta e desde que vi Luane pousando tão à vontade em uma foto com alguns homens, pirou ainda mais.
- Me dá... - peguei o celular de Helena. - Mas o que...
“Que diabos tá acontecendo em minha empresa?”
- Bom dia... - entreguei o celular para a morena e olhei para a minha futura sócia. - Me perdoem o atraso.
A mulher bonita e elegante se sentou.
- Me chamo Renata... Acho que seremos sócias. – ela sorriu.
Foram feitas as devidas apresentações, mas a minha cabeça não estava naquela reunião. Eu não estava acreditando que a aquela loira teimosa havia mesmo sido detida por agressão e ainda por cima, dentro da Allen. Tentei focar a minha atenção no que estava sendo dito, mas assim que retornasse para Belém, teria uma conversa séria com Luane e Priscila.
“Garota insolente...”
Passei a dar atenção ao que Renata dizia. A mulher era inteligente e apresentou inúmeras ideias para a nossa futura empresa. Com o capital de Helena, Renata e o meu, The Future seria apenas questão de tempo para ser erguida.
- Fantástico, minha filha... - aplaudimos a finalização da apresentação de Renata.
- Vejo que formaremos um trio poderoso. - Helena comentou.
- Tenho certeza que a The Future entrará no mercado com tudo. - acrescentei.
- Vai ser uma grande honra ser sócia de vocês. Há tempos os seus nomes estão no topo do mundo empresarial. - Renata sorriu. – Ouço maravilhas...
- Tudo isso graças a Charlotte. Ela é uma gênia do mundo empresarial. - Helena me olhou.
- Não seja modesta, Helena... Olha só pra esse seu projeto fantástico de aplicação da Allen de São Paulo. Você sim é uma verdadeira gênia. - a morena sorriu.
- Já estou ansiosa em trabalhar com vocês... - Renata apertou nossas mãos. - Bom, eu preciso ir. A minha filha está me esperando lá fora. Ela estava louca para conhecer a Allen. Sheron adora esse mundo.
Saímos do escritório e nos deparamos com uma mulher que olhava atentamente para os cartazes das celebridades que a filial de São Paulo gerenciava. Ela parou diante da imagem de Luane.
- Sheron... Olha quem está aqui. - a mulher virou e me surpreendi com a sua beleza. Certamente deveria ser modelo e lembrava muito a mãe.
- Helena, Charlotte... - ela apertou as nossas mãos. - É um prazer inigualável conhecer vocês.
- O prazer é todo nosso. - Helena era a gentileza em pessoa.
- Me diga, quem é esta? - ela apontou para a foto de Luane. – Ainda não havia a visto.
- Nossa nova contratada. Luane vem crescendo muito e em breve certamente ganhará o Brasil e o mundo. - sorri. Eu acreditava piamente naquilo.
- Ela é belíssima... Adorarei conhecê-la. - franzi o cenho. - Vocês fazem um trabalho magnífico aqui...
- Fazemos com paixão... – acrescentei.
- Filha... Precisamos ir. Ainda temos quer ir ao consultório.
- Ah, já havia esquecido... Bem, acho que nos veremos bastante. Até breve...
Nos despedimos da família Saraiva e assim que eles entraram no elevador, pedi para Helena me dar o seu celular.
- Preciso ligar pro delegado... - ela checou seu celular.
- Acho que não vai ser preciso. - franzi o cenho. - Segundo a mensagem da Paola, Luane já foi liberada.
- Como? A mensagem anterior dizia que a fiança custava cinco mil. - Helena mordeu o lábio.
- Também não faço ideia. Paola disse que alguém pagou há mais de uma hora...
- Luane e Priscila irão me ouvir. - Helena riu.
- Não posso acreditar que a Luane foi parar na cadeia. - Helena e eu entramos no elevador.
- Estou igualmente surpresa...
- Se prepare, Charlotte. Você se apaixonou por uma leoa. – mordi o lábio lembrando o quanto aquilo era verídico.
“Cabeça dura...”
Helena e eu fomos até o shopping, pois eu precisava comprar um celular novo. Quando voltamos para o hotel, Helena permaneceu em meu quarto revirando alguns documentos importantes.
Configurei todo o aparelho e entrei no perfil de Luane, olhando novamente a foto que ela e Larissa estavam com dois caras bombados. A publicação estava com milhares de curtidas e havia alguns comentários sobre o quão lindo era os supostos casais.
Meu sangue fervia.
“Casais é uma ova...”
- Já viu os comentários ridículos nessa foto? - Helena me encarou.
- Já e é justamente por isso que estou trabalhando... Pra esquecer essa maldita foto.
Mordi meu lábio superior.
- Acho que vou fazer o mesmo. - desliguei o aparelho e passei a ajudar Helena. - Gostou mesmo da nossa nova parceria?
- Muito... Renata é uma empresária que sempre obteve sucesso em tudo que investiu. Acho que a filha dela te deu umas olhadas nada inocentes...
- Como é? - franzi o cenho.
- Vai dizer que não percebeu? - eu não havia notado. Será que os meus sentimentos por Luane haviam prejudicado a minha habilidade de observação?
- Não... Acho que estava com a cabeça em outro lugar. – conclui.
- Em uma certa loira, não é mesmo? - sorri.
De fato, Luane estava ocupando até demais meus pensamentos.
Helena e eu trabalhamos a tarde toda. As seis horas partimos para o aeroporto e já se passava da nove da noite. Em poucos minutos pousaríamos no aeroporto internacional da capital paraense. A morena dormia ao meu lado, enquanto eu lia o dossiê que Afonso havia feito sobre Álvaro e sua filha.
Ele mantinha um patrimônio enorme, sustentado pelos desvios de verbas públicas e funcionários fantasmas. No nome de Pietra havia uma cafeteria, uma sociedade em um hotel de luxo e um Iate. Somente sob os domínios da minha “irmãzinha”, havia três milhões de reais. Toda a sua família estava em posse de algo de muito valor.
Eram uns canalhas!
Que ótima escolha a minha adorável mãe fez. Logo ela que ostentava uma imagem de dama da mais alta sociedade.
- Hipócrita...
Chegamos a Belém e Helena foi diretamente para o seu apartamento. Eu precisava de alguns documentos importantes que havia deixado em um cofre. Passaria na mansão e somente depois iria para a casa da morena. Ao chegar na sala, dei de cara com Joanne. Ela estava no sofá com o seu costumeiro chá.
- Olha se não é a toda dona de si... - resolvi não dar atenção e iria subir a escada. - Não cansa de me envergonhar, Charlotte? De envergonhar o nome da nossa família? Sua aberração!
Segurei com força no corrimão.
- Olha essa pouca vergonha! - virei-me para entender o que de horrendo fiz daquela vez. Ela mostrava um tablet e eu pude ver que se tratava de uma manchete sensacionalista com uma imagem minha.
Uma foto tirada no dia que estiver com Helena no bar.
Dava para ver perfeitamente a mão da incomoda mulher segurar com firmeza a minha coxa. Como eu ainda não havia visto aquilo?
"A Allen e suas conquistas. Parece que a toda poderosa gosta de fartura." Era o que dizia a manchete.
“Luane teria visto aquilo? Droga!”
- Mande colocar em uma moldura e me mande uma cópia depois. - sorri.
- Eu deveria ter te abortado quando tive a oportunidade, sua filha do diabo. - senti os meus olhos arderem.
Trinquei o meu maxilar forte, o sentindo doer. Aquelas palavras me atingiram no mais profundo da minha alma, mas eu jamais demonstraria. De todas as coisas que ela já me disse, aquela foi a pior.
- Deveria ter o feito, grande dama da hipocrisia. Assim teria me poupado de ter como pais pessoas tão mal caráteres como você e o prefeito. - Joanne abriu levemente a boca. Sua face ficou pálida.
- Do que você está falando? - ri em descrença. Ela iria bancar a desentendida.
- Charlotte? O que está se passando aqui? - James surgiu no topo da escadaria com William.
- Que bom que estão aqui... Assim o show fica completo. – aplaudi. – Estou aqui dizendo pra essa honrada dama que eu já sei de toda a verdade!
- De que verdade tá falando, Charlotte? - William perguntou confuso.
Voltei a olhar para Joanne.
- Que a sua tão decente mãe é uma puta da alta sociedade... - desci baixo, mas naquele momento eu só queria colocar tudo para fora. – Uma puta senhora que se acha melhor que todo mundo, mas na verdade não vale nada.
- CALA ESSA BOCA! - Joanne berrou.
- A tão prendada dama aí se deitou com o prefeito da cidade e depois que percebeu que ele era apenas um pé rapado, decidiu o trocar por alguém mais rico... Não é mesmo, Joanne? O Álvaro Cavalcante é o meu pai... Olha que presente fantástico...
- O que? Isso é verdade, mamãe? – William estava perplexo.
- Você não tinha o direito...
- Você que não tinha... Me tratou a vida inteira com indiferença. Jogou sobre mim o peso das suas péssimas escolhas, Joanne. Você não tinha o direito de me esconder isso! – sorri. – A partir de hoje, esqueçam que existo. A presidência será passada pra você em um mês... – me dirigi a William. - Esteja pronto.
Joanne levou a mão ao peito, fingindo passar mal e eu apenas revirei os olhos. Não dei a mínima importância e subi as escadarias. James e William desceram para socorrer a atriz tão perfeita que era a minha mãe.
Entrei no meu antigo quarto, peguei os documentos necessários e desci. William ligava para a emergência.
- Charlotte... Por favor. - ela me chamou. – Minha filha, não vá...
- Eu te odeio, Joanne... Com toda a minha alma.
Deixei a mansão, sentindo a minha alma despedaçada em mil. Caminhei até o portão no automático e chamei um táxi. Iria para o apartamento de Helena, porém não era para lá que eu desejava ir. Dei o endereço já decorado ao motorista e me aconcheguei na cadeira do veículo.
Na rádio uma canção internacional tocava.
Say you won’t let go... James Arthur.
A mesma canção que foi a trilha sonora naquele quarto no Rio de Janeiro, quando Luane ficou bêbada. Um trecho da música descrevia exatamente o momento em que ela me sorriu por cima dos ombros. Aquele instante estava gravado em minha memória.
Foi quando percebi o quanto a queria em minha vida. Eu não a esperava, não estava em meus planos voltar a amar. Tudo o que aquela mulher me despertava, me fazia ter a impressão de que jamais amei de verdade e talvez nunca o tenha. Luane era o meu primeiro amor?
Nunca fui de paixões, sempre fui mais racional e carnal. Corpos para me satisfazer, até que um dia achei que havia encontrado um grande amor. Que piada! Daniela não foi nada comparado ao que eu sinto quando aquela loira insolente sorri para mim.
Apenas um gesto seu e parece que tudo ficava melhor.
Eu quis rir ao notar o meu estado naquele momento. Acho que nem uma adolescente estaria tão idiota quanto eu.
- Chegamos senhorita... - o táxi parou em frente à rua, que estava interditada. A iluminação não era das melhores. - Tem certeza que é aqui que deseja ficar? Este bairro é um pouco perigoso, senhorita.
- É aqui sim... Obrigada! - paguei a corrida. - Tenha um bom trabalho...
- Obrigada, senhorita... Tenha cuidado!
Sai do carro, passando a caminhar e quando cheguei em frente à casa tão humilde, fui até a porta e bati. Demorou alguns segundos uma luz se acendeu e logo escutei alguns passos. Torcia para que não fosse dona Regina. Tentei enxugar o meu rosto molhado.
A porta foi aberta e uma loira confusa me olhava.
- Charlotte? - quando os nossos olhos se encontraram, instantaneamente toda a dor que eu sentia, aliviou.
A puxei para mim, sentindo seu cheiro que adentrou em meu cérebro, ativando uma adrenalina avassaladora e todo o meu corpo a reconheceu como sua dona. Minha alma foi preenchida no momento em que ela me apertou contra si, retribuindo totalmente o meu ato. Era ali que eu desejava estar, era com ela que eu me sentia em casa, em paz.
- Eu senti saudades... - confessei.
O meu coração batia afoito.
Fim do capítulo
boa noitinha...
Comentar este capítulo:
PHoenix_72
Em: 13/03/2020
Grand finale!
A cada capítulo experimento diversos sentimentos, além do que, suas histórias alegram meu dia. Essa pitada de humor, drama, suspense, ação... enfim, adrenalina total, trazem mais interesse na novela.
Obrigada por hj. Volte logo com outro Cap!
😘
Resposta do autor:
Estou colocando o melhor que posso de mim mesma pra trazer as minhas leitoras coisas interessantes. Cada capitulo, quero que amem e queiram mais de Luane e Charlotte. Sinto que estou novamente no controle. Está sendo maravilhoso... Vocês são as melhores leitoras. Eu que agradeço... Nada disso seria possivel sem vocês...
estamos com outro cap S2
Naty24
Em: 10/03/2020
Que profundo essas divagações da "poderosa arrogante"
A mimada da Pietra ficou "mexida" com a atitude da Lua
O dia promete um desfecho de noite bem quenteeeeee
Resposta do autor:
Depois dessa conversa com a mãe, mesmo acostumada com a frieza, Charlotte foi atingida e está ferida... Pietra nunca foi alvo de um gesto nobre, sem segundas intenções. Ela realmente ficou mexida. â¤ï¸
Quente não sei 😂😂😂 Luane divide o quarto com Cristian 😂😂😂
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