Capitulo 14 - Segundo golpe
Não estava acreditando em meus ouvidos. Sai das pernas de Charlotte, indo até a janela. Fechei os meus olhos, tentando assimilar toda aquela informação. Parecia que quanto mais se cavava, mas coisas absurdas era encontrado.
Meu Deus, como a vida era injusta!
Voltei a olhar para a Charlotte e ela estava de cabeça, parecendo perdida. Me agachei diante dela, segurando em suas mãos.
- Eu não vou deixar você sozinha, ok? - Charlotte me encarou, rindo.
- Luane, você tem que ficar longe de mim. - ela desfez o nosso contato e levantou. – Ainda não entendeu a gravidade do que está acontecendo?
Também fiquei de pé.
- Eu não tenho medo, Charlotte... - respirei fundo. - Por que quer me afastar? Isso é só medo mesmo?
- Luane, eles são perigosos. Eu não posso arriscar! - me aproximei. – Não posso!
- Arriscar o que, Charlotte? O quê?
- VOCÊ!!! DROGA! - dei alguns passos para trás.
Meu coração acelerou e eu pude sentir aquele famoso frio na barriga. Ela estava mesmo preocupada comigo.
“Deus, essa mulher ainda me mata...”
- Eu tenho medo de perder você, garota teimosa!
Pisquei várias vezes.
- Tenho medo que te façam mal... Jamais me perdoaria se algo te acontecesse... - ela segurou em meu rosto. - Entende isso?
- Entendo, mas isso não é motivo o suficiente pra me afastar de você. - respirei fundo.
- É mais do que um motivo... Você tá sendo ameaçada. Tenho certeza que nenhum deles está brincando. Você tem que ficar longe de mim. Entendeu?
- Você não pode decidir por mim, Charlotte. - me afastei, pegando as minhas roupas. – Já sou grandinha e sei me cuidar...
- O que está fazendo? - ela segurou em meu braço.
- Quero ir pra casa... Creio que você também precisa de um tempo. - me desdiz do contato, passando a me vestir com o vestido e o blazer.
Era a única roupa que tinha no momento.
- Não sai assim, vamos conversar... Exijo que fique!
- Não! Eu quero ir pra casa. Você não exige nada. – a Allen estava acostumada a todos fazerem o que ela mandava, mas comigo não seria daquela forma.
- Você não pode sair desse jeito! Não vai a lugar algum antes que termine de me ouvir...
- Já ouvi o suficiente... Sempre te julguei forte, destemida... Mas agora... – a olhei da cabeça aos pés. - Prefiro que digas que fui apenas mais uma do que me afaste por medo. - um nó se formou em minha garganta. - Até amanhã, chefe...
- Luane? Luane, volta aqui! Eu ainda não terminei de falar.
A ouvi chamar, porém já havia saído do cômodo. Ao chegar na sala, Larissa e Helena ficaram de pé.
- O que houve? - Helena perguntou.
- Luane, não vá antes de me ouvir... Fique!
- Vamos Lari... Helena, desculpe sair assim. Converse com essa sua amiga. - olhei rapidamente para Charlotte. - Ela precisa de você. Obrigada por nos deixar dormir aqui.
Eu só desejava ir para casa e refletir um pouco.
- Não precisa agradecer, Luane... Avisem quando chegarem em casa. - apenas acenei em concordância. Sem olhar para trás, Larissa e eu saímos do apartamento de Helena.
- Pode me contar o que aconteceu? - paramos em frente ao elevador. – Nem me deixou dizer tchau pra Helena.
- Desculpa amiga, mas conversamos em casa, Lari. Tá bom? - ela apenas acenou em positivo.
Saímos do edifício, pegamos um táxi e durante o trajeto, minha cabeça fervilhava. Era muita coisa para acompanhar e eu não estava conseguindo pensar com clareza.
Ao chegar em casa, falei com a minha mãe e meu irmão, eles quiseram saber como foi e depois fui para o quarto tirar aquele vestido e tomar banho. O celular que Charlotte havia me dado tocava, mas decidi não atender por agora. Eu sabia que ela tinha razão sobre os riscos, entretanto não estava sabendo lidar com a sua desistência tão fácil.
- Droga! - respirei fundo. - Eu deveria ter ficado com ela. Eu deveria ter ficado lá... - levei minhas mãos ao rosto.
- Nunca te vi tão angustiada, Lua... O que aconteceu naquele quarto? - ainda de olhos cobertos, senti a ruiva deitar ao meu lado.
- O prefeito Álvaro é pai da Charlotte... - tirei meus braços para olhar a face perplexa de Lari.
- Lua... Que história maluca é essa?
Uma história que eu desejava ser uma grande mentira, um erro. Passei a narrar a Larissa tudo o que Charlotte me contou. Confiava na ruiva de olhos fechados, então não deixei nenhum detalhe de fora. Como não poderia ser diferente, ela ficou surpresa com tudo o que disse.
- A Charlotte deve estar se sentindo péssima... Você não acha que ela tá certa, amiga?
- Eu sei que está, Lari... Mas eu não consigo mais ficar longe daquela mulher infernal. – respirei fundo.
Jamais havia me sentido daquela forma.
- Quem te viu dizer que jamais aconteceria... Agora tá toda apaixonada. – ela me cutucou.
- Como se fosse só eu, não é mesmo? – a encarei.
- Foi tão maravilhoso, Lua... O beijo daquela mulher é algo que nunca provei igual, Lua. – a ruiva sorria.
- O que aconteceu depois daquele beijo? – me apoiei no braço para poder encarar Lari.
- Passamos horas conversando, até a Charlotte chegar. Não consegui pregar o olho a noite inteira. Tô com medo, Lua... Medo de onde tudo isso irá.
- Helena te corresponde, Lari... Deixa as coisas acontecerem. – eu sabia bem como ela se sentia.
Horas depois, eu estava revendo alguns assuntos da faculdade, uma tentativa em vão de tirar meus pensamentos da família Allen. O celular tocou e era uma mensagem no WhatsApp de um número que eu desconhecia. Abri o conteúdo e senti meu coração ir a boca.
Não era possível!
Em baixo havia um endereço e a seguinte mensagem:
"Se não quer que esse vídeo esteja amanhã em todos os celulares da faculdade, me encontra nesse endereço as cinco da tarde. E melhor vir sozinha e sem gracinhas. Um clique e eu acabo com a sua imagem."
Antes que o conteúdo fosse apagado, pude bater um print. Joguei o celular sobre a cama, sentindo a minha cabeça dar voltas.
- Meu Deus... O que eu vou fazer?
Se aquele vídeo viesse a público, a minha vida estaria acabada. O que eu deveria fazer? Minha mãe não poderia ver aquilo. A vida da Charlotte poderia ficar ainda mais bagunçada.
- Droga... Droga. - lágrimas passaram a banhar minha face. - Eu preciso ir até lá...
Eu deveria contar a Charlotte? Não, ela já estava com tantos problemas para resolver. Tinha que resolver aquilo sozinha.
- Patricinha filha de um demônio... - respirei fundo.
As quatro e meia, saí de casa sem que Larissa me visse. Eu não poderia colocar a minha amiga no meio daquilo tudo. O endereço era no centro de Belém e eu precisei de dois ônibus e andar bastante para poder achar. Para a minha surpresa, era uma cafeteria. O lugar parecia ser muito elegante e não havia cliente algum. Uma placa dizia que estava fechado.
- Como vou entrar aqui? – encostei no vidro e vi um rapaz. Empurrei a porta e ela estava aberta.
Ao entrar, avistei Pietra no fundo do estabelecimento. Ela conversava com um funcionário do lugar. Me aproximei, colocando meu celular no tornozelo.
- Senta, suburbana... Temos muito o que conversar. - respirei fundo, olhando em volta.
- Aqui, dona Pietra... A senhorita deseja mais alguma coisa? - um rapaz de pele escura e sorriso largo deixou sobre a mesa duas xícaras com chá.
- É só isso, Gustavo. Obrigada... Você já tá dispensado. Fecha tudo e deixa a chave sobre o balcão... Quando eu for, trancarei.
Ela era dona daquela lugar? O que estava se passando?
- Obrigada... Tenham uma boa tarde. - o rapaz saiu.
- Senta logo... - a contra gosto, fiz o que ela disse.
- Diz logo o que você quer... Não tenho muito tempo pra gastar com você. - Pietra abriu um sorriso que me deu calafrios.
- Entra logo, papai... Tenho uma festa para ir. - meu coração foi a boca quando o prefeito entrou por uma porta que eu não sabia aonde dava.
- É um prazer inigualável vê-la novamente, bela senhorita Oliveira. - senti asco daquele homem.
- Pena que não posso dizer o mesmo, senhor prefeito. - ele arqueou as sobrancelhas, me olhando de uma forma que me fez querer sair correndo.
- Veja só... A gatinha tem uma língua afiada... - um frio em minha espinha se fez presente. - Poderia acabar com a senhorita aqui, facilmente... Ninguém iria saber, porém tenho um propósito melhor para você, meu bem. Você vai me ajudar a saber o que se passa na Allen...
- E por que eu faria isso? - eu não baixaria a cabeça para aqueles dois idiotas.
- Aqui uma motivação pra você, suburbana... - Pietra pegou seu celular e depois virou a tela para mim.
Virei meu rosto, não conseguindo ver.
- Você vai nos ajudar, ou esse vídeo estará na internet amanhã... Todas as redes sociais existentes irão estar falando sobre você... E adeus sua carreira promissora na Allen, adeus faculdade. O que será que a sua família irá pensar quando ver que você dorme com a Charlotte Allen pra poder subir na vida?
- CHEGA! - fiquei de pé. - Eu vou embora daqui... Seus dois malucos.
Eu estava tremendo.
- Você tem até amanhã para me dar uma resposta... Até às dez da manhã. Depois disso, não me responsabilizo por nada. - o odioso homem sorriu, se sentindo vitorioso.
- Eu disse pra não se meter com o William, Luane. - Pietra levantou. - Não que eu o ame ou algo parecido, mas ele é importante para os negócios.
Uma Pietra totalmente diferente se mostrava a minha frente.
- Não é nada pessoal, querida... Fazemos o que é necessário. - cadê a patricinha cabeça oca? - Agora saia daqui... Amanhã entro em contato. Adorei o vídeo, aliás... Daria um ótimo filme pornô lésbico.
Ela sorriu e me puxou pela argola da blusa, se aproximando de meu ouvido.
- O que você ouviu ontem, em partes é verdade... – ela falava baixinho. – Não te odeio de verdade, porém não deixarei que fique entre o que queremos... Deveria ter se mantido longe. Um desperdício se eu tiver que sumir com você...
Ela me soltou e eu senti ânsia em sair correndo.
Saí daquele lugar tremendo e somente quando estava alguns quarteirões de distância, parei para respirar e tirar o celular escondido no tornozelo.
Pausei o áudio, salvando-o.
- Novamente sendo ameaçada... - passei a mão na cabeça. - Então, Deus... Acho que a gente precisa conversar. Sei que o Senhor acha que sou forte e tudo, mas preciso tá provando o tempo todo? Não podia pegar um pouco mais leve?
- Falando sozinha, Luane? - levei a mão ao peito.
- Nossa... Que susto. - a mulher sorriu.
- Não foi a minha intenção assusta-la, minha querida. - Alessandra tirou os óculos, me olhando daquela forma depravada. - O que faz sozinha por aqui?
- Vim ver o diabo... - ela franziu o cenho e eu quis me bater. A frase era para ficar somente nos pensamentos, mas acabou por escapar. - Apenas dando uma volta.
Forcei um sorriso.
- Venha tomar algo comigo... Queria conhecê-la melhor. - eu pedi para o Senhor facilitar a minha vida, não foi? Está me testando para quê?
- Eu tenho que voltar pra casa... Mas agradeço o convite. - aquela mulher me deixava com uma punga atrás da orelha.
- Então deixe que eu a leve em casa. - franzi o cenho. - Por favor... Apenas quero falar um pouco mais com a senhorita. - Alessandra passou a mão sobre minha face.
Me afastei.
- E por que tem tanto interesse em me conhecer? – ela me olhou da cabeça aos pés.
- Serei muito direta... Quer tê-la e minha cama. – ergui as sobrancelhas.
Engraçado como ela não me despertava nenhum tipo de interesse. Se fosse Charlotte em seu lugar, dizendo-me aquelas palavras, certamente eu já estaria dentro do seu carro. De repente senti vontade de ir até ela e lhe encher de tapas, para depois lhe beijar com toda a vontade das últimas horas.
"Droga!
Eu já havia ligado inúmeras vezes para Luane e me senti tentada em ir até sua casa, porém tinha algo que me dizia que eu deveria manter distância, ao menos por enquanto. Perguntei a Larissa sobre ela e a ruiva disse que a amiga saiu, mas não disse para onde. Depois de uma conversa longa com Helena, fui buscar meu carro na oficina e agora estava indo para a mansão, buscar uma pequena mala de roupas. Ficaria algum tempo no apartamento da morena, até encontrar algo para mim.
Parei no semáforo e não acreditei em meus olhos.
Luane e Alessandra?
"Então era por isso que não me atendia? Que droga estava acontecendo ali?"
- Não... Não pode ser isso. - respirei fundo.
Manobrei o carro, voltando e estacionando ao lado das duas. Baixei o vidro, sentindo o meu sangue ferver, mas não deixei transparecer.
- Luane? - a loira virou, me olhando com uma expressão de surpresa.
Alessandra apenas sorriu.
- Senhorita Allen. O que faz por aqui? - ergui a sobrancelha.
- Alessandra, tudo bem? Entre no carro, Luane. - a loira me olhou em desafio, daquela forma que fazia o meu juízo ficar perturbado.
- Não precisa, senhorita. Como eu estava dizendo para a sua amiga, tenho que ir para casa. Tchau, senhoritas... - a loira passou a caminhar.
Sai do carro, passando por Alessandra e indo até a loira. Segurei em seu braço.
- Me solte, sua bruta! - ela tentou se desvencilhar, entretanto a segurei firme.
- Entre no carro e deixe de teimosia. - abri a porta do passageiro e fiz a loira entrar.
Alessandra me olhava com perplexidade.
- Te ligo para conversarmos, Alessandra. - entrei no carro.
- Tudo bem, querida... Até breve.
Tranquei as portas, colocando o carro em movimento. A loira ao meu lado estava emburrada e muda. Quis rir do bico enorme em sua boca.
- O que fazia com a Alessandra? - ela não me respondeu. - Ah, vai fingir que não está ouvindo? Estão tendo um caso?
O ciúme falava por mim.
- Caso? Você tá maluca? - a loira ficou furiosa. - Qual é o seu problema?
- Então o que faziam juntas? - minha respiração ficou irregular.
- Eu a encontrei por acaso. Foi apenas isso!
- Ah, sim... Por acaso. - Luane bufou.
- Não foi você quem disse que deveríamos ficar afastadas? Então por que tá de ciúmes? Qual o problema, querida chefinha?
Senti a minha face esquentar.
Parei o carro embaixo de uma árvore, em uma rua menos movimentada. Os vidros eram escuros e a noite já estava caindo, dificultando alguém de fora nos ver. Puxei Luane, fazendo-a montar em mim.
- Te proíbo de se aproximar dela. Me ouviu? - segurei em seu pescoço e mirei os lábios bonitos.
- Se não o que? - o meu sex* reagiu no mesmo instante.
Grudei minha boca nos lábios atrevidos, de forma rude e fui correspondida. Minhas mãos encontraram os seios por baixo da blusa pólo. A minha língua foi deliciosamente sugada, me fazendo gem*r baixinho. Luane interrompeu o ato, acertando o meu rosto com um tapa.
- Nunca mais insinue nada a meu respeito, ouviu? - via fúria em seus olhos, mas também um algo a mais.
- Então me diga o que estava fazendo com ela. - minha face queimava. Segurei em suas coxas.
- Encontrei ela por acaso... - ergui a sobrancelha. - Mas antes disso, eu estava com a Pietra e o prefeito.
Trinquei meu maxilar com força.
- Me explique isso... - a minha paciência estava no limite.
Luane voltou para o carona e tirou de seu tornozelo um celular. Ela mexeu no aparelho e depois me entregou.
- Escute... - ela deu play em um áudio.
- Diz logo o que você quer... Não tenho muito tempo pra gastar com você.
- Entra logo, papai... Tenho uma festa para ir.
- É um prazer inigualável vê-la novamente, bela senhorita Oliveira.
- Pena que não posso dizer o mesmo, senhor prefeito.
- Veja só... A gatinha tem uma língua afiada... Poderia acabar com a senhorita aqui, facilmente... Ninguém iria saber, porém tenho um propósito melhor para você, meu bem. Você vai me ajudar a saber o que se passa na Allen...
- E por que eu faria isso?
- Aqui uma motivação pra você, suburbana...
- Você vai nos ajudar, ou esse vídeo estará na internet amanhã... Todas as redes sociais existentes irão estar falando sobre você... E adeus sua carreira promissora na Allen, adeus faculdade. O que será que a sua família irá pensar quando ver que você dorme com a Charlotte Allen pra poder subir na vida?
- CHEGA! Eu vou embora daqui... Seus dois malucos.
- Você tem até amanhã para me dar uma resposta... Até às dez da manhã. Depois disso, não me responsabilizo por nada.
- Eu disse pra não se meter com o William, Luane. Não que eu o ame ou algo parecido, mas ele é importante para os negócios. Não é nada pessoal, querida... Fazemos o que é necessário. Agora saia daqui... Amanhã entro em contato. Adorei o vídeo, aliás... Daria um ótimo filme pornô lésbico.
Fechei meus olhos, ouvindo cada trecho. Ao final do áudio, Luane me olhava de forma preocupada.
- Esse vídeo estará espalhado amanhã. Eu não sei o que fazer... - ver lágrimas nos olhos azuis me fez sentir uma dor no peito. Tirei o cinto de segurança e me sentei de lado, segurando a face bonita entre minhas mãos.
- Escute... Nada vai te acontecer. Confia em mim. Ainda hoje irei resolver tudo isso... – não deixaria ela ser prejudicada.
- Charlotte, eu não queria ficar longe de você. - sorri. Aquela mulher me desmontava inteira.
- Eu não conseguiria ficar longe de você... Vou arrumar um jeito de acabar com aqueles dois, mas por enquanto, vamos fingir que estamos brigadas. - sequei o rosto bonito. - Você não vai sair de casa sozinha... Nada de festas ou bares. Vou deixar alguém vigiando você e a Larissa.
- Tudo bem... Mas você também precisa tomar cuidado. - Luane me puxou para um abraço apertado. - Eu não quero que nada aconteça com você, Charlotte.
Fechei meus olhos, sentindo que pela primeira vez estava sendo a preocupação real de alguém que não fosse Helena.
- Vai ficar tudo bem, meu amor... - lhe apertei ainda mais.
Ainda era cedo demais para lhe dizer que a amava.
- Por favor... - ela segurou em minha face. - Meu amor...
- Sou seu amor? - ela sorriu.
- É... - mordi meu lábio inferior.
- Tudo bem por aí? - alguém bateu na janela.
Voltei para a minha posição inicial. Baixei o vidro e olhei para o guarda cívil.
- Senhorita Allen... - apenas sorri.
- Já estávamos de saída, seu guarda... - ele olhou rapidamente para Luane.
- A senhorita não é a aquela que faz os comerciais?
- Ah, sim... Sou. - a loira ficou visivelmente envergonhada.
- A senhorita poderia tirar uma foto comigo? A minha filha adora ver seus comerciais. Vive dizendo que quando crescer, irá virar modelo...
Luane me olhou rapidamente e saiu do carro.
Depois de alguns segundos, o guarda se foi e Luane voltou para o carro. Os azuis encontraram os meus olhos e naquele momento decidi que nada me faria ficar longe daquela mulher.
- Vou te levar para casa. - a loira me surpreendeu ao me beijar. Aprofundei o ato e só nos afastamos, quando o ar nos faltou.
Eu estava mais que abobalhada.
Quando chegamos a casa de Luane, Larissa a esperava em sua calçada. Decidi não sair do carro, pois ainda teria que passar na mansão.
- Vou cuidar de tudo... Nos vemos amanhã... - quis beija-la, mas não podia.
- Toma cuidado... Por favor, Charlotte. - acenei em concordância. A loira saiu do carro.
Acenei para Larissa e dei partida.
Cerca de cinquenta minutos depois, cheguei a mansão. Meus pais estavam na sala com William. Novamente senti meu sangue ferver, mas mantive a calma.
- Filha... Venha jantar conosco. – meu pai se colocou de pé.
- Não, papai... Vim apenas pegar uma mala e já irei embora. – Joanne me olhou com descaso.
- Na certa, vai dormir com aquela aproveitadora. – sorri.
- Seria ótimo se ocorresse, porém para a sua sorte, vim apenas anunciar que está mansão é toda de vocês. Pegarei algumas roupas e o restante das minhas coisas, outro dia virei buscar. – James se aproximou.
- Filha, do que está falando? – ele sabia de tudo e jamais me disse nada.
Hipócrita!
- Isso que ouviu, James... – olhei para William. – E se prepare, querido irmão. Em breve, a Allen será toda sua.
Imediatamente, seus olhos caíram sobre mim.
- Como assim? Que história é essa? – ele ficou de pé.
- Filha, que história é essa? – James tentou me tocar, mas me afastei.
- Sua esposa foi bem clara quando disse que a Allen não me pertence e jamais pertencerá. – sorri. – O filho amando dos dois irá ser o próximo presidente.
- Aquela mulher virou a tua cabeça... – Joanne segurou em meu braço, me fazendo olha-la. – Vou acabar com aquela mulher...
- Não faça nada a Luane, mamãe... – William se pronunciou.
- Se tocar em um fio de cabelo dela... – desfiz o contato. – Ganhará uma inimiga, mamãezinha...
Subi as escadas, indo para o quarto e passei a pegar tudo o que iria precisar para os próximos dias. Estava nervosa, me sentindo sufocada, porém não os deixaria saber. Terminei de arrumar tudo e liguei para Afonso.
- Oi, Afonso... Você pode ir amanhã em meu escritório?
- Sim, querida. A que horas quer que eu vá?
- As nove... Preciso da sua ajuda...
Passei a narrar o que Luane havia me mostrado e Afonso me pediu calma e disse que resolveria. Depois encerrei a ligação e desci com a minha mala. Eles ainda estavam na sala e meu pai novamente ficou de pé e se aproximou.
- Não precisa fazer isso, filha... Está casa é sua! – o analisei por alguns segundos.
- Nada aqui é meu, papai... – olhei para Joanne. – Nem mesmo o sobrenome Allen...
- Do que tá falando? – ela ficou pálida.
- Preciso ir...
Saí da mansão, sentindo como se houvesse tirado um peso enorme das costas. Segui para o apartamento de Helena. A morena estava na cozinha e quando me viu entrar, veio até a mim e me abraçou forte.
Não fiz nada além de retribuir.
- Vou estar com você, Charlotte. – respirei fundo. – Não importa o que aconteça, eu estarei ao seu lado...
Ela segurou minha face.
- Ouviu? – sorri.
- Obrigada, Helena... Não sei o que faria sem você. – ela beijou minha testa.
- Toma banho e venha jantar... E Charlotte? Não deixa a Luane longe da sua vida. Ela pode não ter dito ainda, mas posso ver naqueles olhos que ela te ama...
Senti um solavanco no peito.
- Mantenha ela segura, mas não afaste a mulher que você ama... O que você soube sobre seus pais, sei que é difícil, porém estou segura que você irá superar, porque és uma mulher forte. – passei a mão sobre a cabeça. – Eu acredito em você e a Luane também... Agora vá.
Saí da cozinha com as suas palavras martelando em minha cabeça. Deixei a mala no quarto e antes de ir para o banheiro, mandei uma mensagem para Luane. Em poucos segundos a loira me respondeu.
“Não importa o que aconteça, eu vou estar com você, Allen arrogante.”
Instantaneamente me senti melhor.
“Isso se estende até a minha cama?”
“Se somente eu começar a frequenta-la, sim.”
Sorri ainda mais, me sentindo uma adolescente idiota em seu primeiro amor. Deixei o celular sobre a cama e lembrei que horas antes Luane e eu estávamos sobre ela. Senti meu corpo reagir. Peguei um dos travesseiros e a fronha ainda estava com o cheiro dela.
- Olha o que você me faz fazer, senhorita Luane... – respirei fundo. – Estou a delirar por você... Garota arrogante...
Faria o possível e o impossível para que aquele vídeo não viesse à tona, nem que para isso precisasse voltar a incluir Álvaro Cavalcante nos negócios da Allen.
- Mantenha seus amigos perto e seus inimigos mais perto ainda...
Fim do capítulo
então...
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