- Bella, Max, vocês viram a Charlotte?      

- Minha deusa, a última vez que a vi, ela estava no bar...

- Se a encontra-la, avisa que também estou à procura dela, tudo bem?

- Tá bem, Bella... Vou procurar no bar. – sorri e me afastei.

“E onde a Lari se meteu também? Espero que não esteja bebendo, porque eu não quero ser expulsa de nenhum uber outra vez.”

      Fazia dez minutos que eu procurava pela a Charlotte e ainda não havia encontrado. Mesmo tentando esconder, eu vi em seus olhos o quanto aquela noite estava sendo ruim. A Allen tinha que carregar um mundo nas costas, todavia jamais a vi reclamar. Ela é sem dúvida uma mulher muito forte. Eu não sabia o que dizer, porém queria que ela soubesse que há pessoas que a admiram e gostam de sua pessoa.

E eu sou uma delas.

      Me aproximei do Hall e foi quando a vi. Charlotte estava conversando com a Larissa na entrada principal da Allen. Os fios cor de ébano estavam soltos. Ela mais lembrava uma deusa com aquele vestido vermelho e aquela pose imponente, tão dela. Em um momento a vi sorrir por algo que a minha amiga dizia. A minha curiosidade foi no nível mais alto. Quando iria caminhar para ir até elas, vi Pietra e o pai entrarem em uma sala. Era aonde ficava alguns matérias de escritório, ao lado da recepção da chata da Priscila.

Fui até lá estranhando muito, a porta estava entreaberta. Eu deveria ir embora, cuidar da minha vida, mas...

- Como assim vocês dois não tem mais nada? Sabe o duro que dei pra você se aproximar daquele moleque? - arregalei os olhos. – Pensei que eu não devia me preocupar, Pietra.

- Ele se apaixonou por aquela suburbana, papai... Eu não pude fazer nada. Mas ela vai me pagar, papai. Aquela mulher vai ser atingida aonde mais dói... - levei a mão a boca.

- E você conhece os pontos fracos dela? Precisa me ajudar, Pietra. Eu quero a fortuna do miserável do James. Aquele inglês de merd* vai me pagar por ter me passado a perna. A filhinha arrogante dele vai ser a primeira... Não importa de que forma! - Meu Deus! - Eu quero eles na lama! Um por um... Então trate de se entender com aquele imprestável e nos coloque novamente na vida dos Allen.

- Eu vou colocar, papai. Luane Oliveira é o nosso alvo em comum, pai... Aquela morta de fome vai ter o que tanto merece... - me afastei da porta, sentindo as pernas bambas.

“Aqueles dois irão fazer mal a ela? Eu preciso contar a Charlotte o mais rápido possível.”

- Ei, podemos conversar? - levei a mão ao peito. - Tá tudo bem?

Helena me assustou.

- Vamos sair daqui... - a puxei para que os dois não notassem a nossa presença. - Depois eu te explico o que aconteceu. Precisamos falar com a Charlotte!

- Você está tremendo, Luane. O que aconteceu? - tirei o blazer, porque de repente ficou muito quente.

- Eu...

- Volta aqui, Charlotte! - fui interrompida pelo tom alto da voz de William. Ele puxou o braço da irmã.

Sua mãe e seu pai vinham logo atrás.

- Me solta, seu moleque. Você já está bêbado... Vai embora e me deixa em paz!

- William, solte sua irmã. Se controle, meu filho. - seu pai o fez desfazer o contato. Me aproximei com Helena.

- Se não o que? Eu tô cansado dela ser sempre a que tem tudo... A mulher de negócios da família. O centro das atenções. Até roubou a minha namorada... - Charlotte me encarou naquele momento.

Ela parecia tão desgastada e eu desejei poder cuidar daquela mulher.

- Isso tudo é culpa sua, garota. - a mãe de Charlotte veio para cima de mim. - Sua mal caráter... Está envolvida com os meus filhos. Tá tentando a todo custo dar o golpe em nossa família.

Para a minha sorte, não havia ninguém no Hall. Todos estavam na festa.

- Eu estou tão cansada disso... - Charlotte balançou a cabeça em um gesto negativo e foi para o elevador.

O meu coração doeu em vê-la daquela forma.

- Vou atrás dela...

- Deixa que eu vou... - pedi a Helena.

- Isso... Vai atrás dela. É tudo o que você queria. Mirou no mais valioso Allen, não é? - olhei para William e me senti duplamente decepcionada. - Você não é nada do que pensei, Luane.

- Posso falar o mesmo sobre você, William. Falamos quando você estiver sóbrio. E quanto a vocês... - olhei para os pais de Charlotte. - Não merecem a filha que têm. São dois estúpidos...

- Como ousa? - a mulher veio para cima novamente, mas Helena não permitiu. – Sua miserável!

- Isso não é lugar pra escândalos, Joanne. - a morena me olhou. - Vai lá... Ela precisa de você. - franzi o cenho e concordei.

- Vai... Vai atrás do seu cofre, Luane...

Ainda pude ouvir William dizer.

      Passei as mãos sobre a nuca e entrei no outro elevador com a cabeça a ponto de explodir com tantos acontecimentos. Charlotte certamente teria ido para o seu escritório. Queria tanto poder fazer algo por ela, mas eu não sabia o que. A forma como ela saiu, o desespero que vi naqueles olhos tão profundos.

Ah, minha Allen mandona.

      Cheguei em frente a porta da poderosa Allen e me perguntei se realmente seria uma boa ideia entrar ali, mas ao ouvir o barulho de algo se quebrando, não esperei mais e entrei.

Charlotte quebrava alguns objetos. Ela os lançava contra a parede.

- Charlotte? – doía cada vez mais. – Charlotte?

- O QUE VOCÊ QUER AQUI, LUANE? - seus olhos estavam carregados de ódio.

- Não grita comigo! Eu não sou culpada. - ela riu ironicamente.

- Você é uma parte deles, acredite. - ela me deu as costas. - Saia daqui... Agora mesmo, eu não respondo por meus atos.

- Eu não vou a lugar algum... – e não iria mesmo.

- Vai cuidar do seu namoradinho bêbado e me deixa aqui, Luane... Vai!

- Charlotte, eu já disse que não vou a lugar nenhum. Não ouviu? - me aproximei e toquei em seu ombro.

- SAI DAQUI! - ela virou furiosa e segurou em meu pescoço, o apertando.

Charlotte me prensava contra o raque de livros.

- Me obrigue. - falei com convicção. O meu blazer estava no chão. – Porque eu não vou sair!

- O que você quer de mim, hein? Não tá satisfeita em passar o dia perturbando a minha cabeça, hein? - o meu coração estava acelerado. Coloquei minha mão sobre o seu braço. - O QUE VOCÊ QUER DE MIM?

- Você... - Charlotte afrouxou o aperto em meu pescoço, mas sem solta-lo.

      Em seus olhos brilhavam um excitante perigo e eu desejei profundamente ser tomada com toda aquela fúria. Senti o meu intimo reagir.

- Eu quero você, sua Allen arroga...

       Eu não pude terminar a frase, porque a minha boca foi dominada de uma forma deliciosa pela Allen. O meu corpo se acendeu, o meu sex* implorou pelo toque bruto de Charlotte. Ela segurou firme em minha coxa a elevando até sua cintura, fazendo com que o vestido subisse. Seu beijo era sem gentileza, beirava a brutidão, mas mesmo assim tão fodidamente excitante.

      Um gemido rouco escapou de minha boca quando senti o meu sex* entrar em atrito com a coxa de Charlotte.

- Que molhada... - sua voz saiu abafada. - Deliciosa.

      Ch*pei sua língua com loucura, sentindo o meu corpo implorar cada vez mais pela boca quente, arrogante, deliciosa, dominadora.

O ar pediu passagem.

      Charlotte passou a devorar o meu pescoço, enquanto as mãos atrevidas simplesmente tiraram o meu vestido, elevando a minha excitação. Os meus seios foram os alvos da boca experiente. Ela me segurava pelo bumbum, eu podia sentir as suas unhas, que certamente deixariam marcas, ferirem a minha pele.

E eu queria muito mais.

- Aaaaah... - senti o meu mamilo se sugado com perícia, me deixando a beira da loucura.

De repente o ato foi cessado.

      Charlotte se afastou, me olhando com tanta fome, que eu senti o meu íntimo latejar forte. A minha respiração estava irregular, o meu coração acelerado e o corpo louco por mais.

- Você é tão linda... - seus olhos percorreram meu corpo. - Não sabe o quanto desejei esse momento.

Ela passou a mão sobre sua mesa, levando ao chão tudo que ainda estava ali.

      Então ela estendeu sua mão para mim e eu a segurei, sentindo como se estivesse sendo hipnotizada por uma feiticeira. Charlotte me encostou na mesa, segurando por minhas nádegas, me fazendo sentar ali. Eu não conseguia deixar de olhar para o olhos castanhos que estavam escuros naquele momento. Ela abriu minhas pernas, se colocando entre elas e foi quando a vi tirar o vestido vermelho, ficando apenas de calcinha da mesma cor.

Jamais imaginei que iria desejar tanto um outro corpo, como desejei o da arrogante mulher.

A minha garganta secou.

Que mulher linda!

- Te quero... De todas as formas possíveis, mas a princípio sobre a minha mesa, pra te mostrar quem manda... - mordi meu lábio, esperando intensamente que suas palavras fossem colocadas em prática.

       Busquei pelos lábios dela, lhe laçando com as minhas pernas, enquanto sentia a minha língua ser ch*pada e os meus seios serem esmagados pelos os da Allen em um atrito que me fez ir ao seu céu, mas era uma diaba sexy que me dominava.

      O ar nos faltou e os meus seios foram novamente tomados. Tombei minha cabeça para trás, segurando com força nas bordas da mesa.

- Aaaaah... - Charlotte arrastou os dentes em um dos meus mamilos e me fez deitar sobre a mesa de vidro.

      Sem deixar os meus olhos, ela segurou nas laterais da minha calcinha, a tirando. Eu estava nua diante dela e ela não parecia ter pressa alguma, porque me mirava com paciência. Tentei cobrir minha intimidade, mas ela não permitiu. Charlotte passou a ponta do dedo, me fazendo fechar os olhos. Ela abriu ainda mais as minhas pernas e foi quando senti...

- Aaaaah... - sua língua passava de forma torturante em toda a extensão do meu sex*.

Que mulher era aquela?

- Mais... Por favor. - eu implorei, mas abri os olhos quando ela parou.

- Você quer? - a Allen me fez sentar, segurando firme em meus cabelos e ch*pando o meu lábio inferior. - Eu vou te dar... Temos a noite toda, ou não?

Apenas acenei em positivo, incapaz de dizer algo.

      Charlotte me levou até o seu sofá, a morena sentou e me fez fazer o mesmo, só que sobre suas pernas. Ela me beijava de forma mais calma e eu podia sentir a loucura que era beijar a sua boca. Senti sua mão passear por meu seio, abdômen, até chegar em meu sex* vergonhosamente encharcado. Ela brincava com o clit*ris, o deixando rígido, pedinte de mais.

      Cravei minhas unhas em sua carne quando a senti invadir a minha intimidade, primeiro com um dedo e depois com dois, de forma lenta e torturante.

- Você quer me enlouquecer... - grudei minha testa na dela, mexendo meu quadril no ritmo imposto por ela.

- Da mesma forma que você faz comigo... - o vai e vem se tornou mais rápido.

      Segurei em seus ombros, tombando minha cabeça para trás, rebol*ndo cada vez mais rápido sobre os dedos experientes. As únicos sons que podiam ser ouvidos era os meus gemidos e a o atrito dos dedos da Allen arrogante com a minha intimidade. Mordi meu lábio, sentindo um leve sabor de sangue, aumentado o vai e vem, até sentir uma onda de prazer gigante me levar

O meu corpo suava, a minha respiração ofegava.

      Desabei sobre o corpo perfeito daquela mulher que fodia o meu juízo. Charlotte me abraçou, me fazendo repousar a cabeça sobre seu ombro, enquanto ela fazia carinho em minha costa.

Eu me sentia tão bem, tão... Incrível.

 

 

        Luane estava deitada sobre mim, traçando linhas imaginárias sobre o meu colo, enquanto eu sorria igual a uma idiota. Estávamos exaustas, porém eu ainda sentia fome daquela mulher, que deliciosamente estava grudada em meu corpo.

       Eu me sentia estranhamente completa e se aquele fosse o meu último dia na terra, eu iria estar a margem da plenitude.

Aquele era o efeito de Luane sobre mim.

       Ela buscou os meus lábios, em um beijo lento, gostoso. Sabe aquele clichê de bocas que se encaixam? Pois é, eu sentia que a minha se encaixava a dela.

Sua boca se afastou da minha e seus olhos prenderam os meus.

- Vai mesmo entregar a presidência? - coloquei uma mexa de seu cabelo para trás de sua orelha e respirei fundo.

- Você já viu um pouco de como é a minha família. - beijei seus lábios. - Eu não posso mais adiar. Preciso fazer isso por mim...

- E o que pretende fazer depois? - eu perdia o ar quando olhava para aquela mulher.

- Helena e eu iremos começar a nossa própria empresa... - Luane escondeu o rosto em meu pescoço. – Em breve iremos começar as buscas por um prédio e tudo que for necessário...

- Eu vou com você... - sorri.

- Tem certeza? - ela voltou a me olhar. – Vai deixar o William sozinho?

- Você quer brigar, não é mesmo? – ri de sua expressão contrariada. - Quero poder ficar ao seu lado. Ver você fazendo sucesso, sem a presença daquela... - ergui a sobrancelha.

- Daquela? - a loira revirou os olhos.

- Daquela senhora sua mãe... - não contive o riso. - Do que está rindo? - a loira fechou a cara.

A joguei para o lado, para em seguida ficar deitada sobre ela.

- De você... - mordi seu lábio inferior. - Você me faz sorrir sem muito esforço...

A vi ficar sem jeito.

- E você me faz querer te esganar as vezes... - gargalhei e fui presenteada com um sorriso.

- Eu deixo você me esganar, se quiser... Mas só quando estiver rebol*ndo sobre mim. - tomei a boca irresistível.

Abri suas pernas, encaixando nossos sex*s e iniciando um atrito delicioso.

      A sensação de ter Luane em meu braços estava longe de ser explicável. Eu ainda não estava acreditando que estava com a mulher que vinha fazendo morada em minha cabeça. A queria tanto que beirava o desespero.

- Charlotte... A festa. Ah, meu Deus. - Luane me empurrou para o lado no mesmo momento.

Helena e Larissa ficaram de costas.

- Nossa, até que enfim... Tava quase amarrando vocês duas. - Larissa soltou aquela pérola.

- Larissa! - Luane ralhou com a ruiva.

- O quê? É verdade, caramba...

- Vamos sair... E deixar vocês a sós.

- Espera, Helena... Já vamos nos vestir. - eu me divertia com o embaraço de Luane.

      Sem muita pressa, busquei pelo vestido de Luane e em seguida pelo meu. A ajudei a vestir a linda peça e ela fez o mesmo com o meu. Ela parecia estar muito envergonhada, me fazendo querer enche-la de beijos.

- Nossa... A coisa foi boa. Até quebraram tudo. Que prejuízo. Deve ter valido muito a pena...

- Larissa, pelo amor de Deus!

- Aí, gente... Normal, poxa...

- Aconteceu alguma coisa? Já podem virar. - Helena tentava conter o riso e Larissa olhava para Luane com uma expressão engraçada.

- Não... Viemos apenas ver se estava tudo bem. Larissa viu a Pietra saindo desse andar, então foi me chamar. - franzi o cenho.

O que aquela garota fazia ali?

- Falta uma hora pra festa acabar... - olhei no relógio. - Vamos descer, tudo bem?

Perguntei a Luane.

- Tudo bem... Acho que já vamos, pois o caminho é longo pra casa. - ela tocava em meu braço e quando percebeu o ato, parou, ficando desconcertada.

- Não se preocupe, Luane. Larissa e você podem dormir na minha casa. Amanhã vocês vão pra casa. – achei a ideia perfeita.

- Ela vai... Certo? - a loira ergueu a sobrancelha em desafio, me fazendo ficar acesa novamente. - Certo... Vamos descer.

Luane e Larissa foram a nossa frente. Helena me puxou delicadamente.

- O que foi isso? - ela sorria.

- Acho que sou correspondida. – o meu sorriso era ainda maior.

- Você ainda acha? - rimos.

      Entramos no elevador em um silêncio cômodo. Senti a mão de Luane roçar na minha e então entrelacei nossos dedos, adorando a sensação. Eu me sentia uma adolescente em sua primeira paixão.

Era loucura demais.

- Vamos ao banheiro... Luane precisa me contar os detalhes. - a porta do elevador se abriu e Larissa saiu puxando a loira.

- Larissa, você me paga... – Luane saiu resmungando.

Helena e eu nos olhamos.

- Não fala nada, Helena... - a morena apenas sorriu, levantando os braços em sinal de rendição.

- Só estou feliz com a sua felicidade... – passei a mão sobre a nuca.

      Voltamos para a festa e eu estava tentando fazer média, entretanto em minha cabeça os momentos há pouco vividos não paravam de se repetir. Eu só queria pegar Luane, tira-la dali e passar a noite toda lhe amando.

Respirei fundo.

      Olhei ao redor e não encontrei meus pais e nem William. Deveriam ter ido para casa. Eu esperava que sim, pois não estava com paciência para aturar mais nenhum outro diálogo ofensivo.

- Suas festas como sempre, magníficas. - franzi o cenho. - Me sinto excluída por não ter recebido o convite.

- Alessandra... - por Deus, eu nem lembrava mais dela. - Não achei que festas desse tipo lhe agradassem...

- Sua companhia me agrada, então qualquer lugar com você é bom. Vim cobrar a nossa noite juntas. - droga!

- Terei que recusar... - eu não podia ir para a cama com ela depois do que aconteceu com Luane. - Problemas pessoais.

Precisei mentir.

- Você tá me enrolando, Charlotte? Tem a ver com outra mulher? - Luane surgiu em meu campo de visão. A loira olhava ao redor e quando seus olhos miraram os meus, vi a sobrancelha dela subir.

E então ela virou e fingiu que não me viu.

- Tá sorrindo por que? - voltei a olhar para Alessandra.

- Desculpa... O Stivie está aqui. Vamos falar com ele?

Eu não podia ser mal educada e deixá-la ali sozinha, mesmo aquela sendo a minha vontade.

- Tudo bem... - nos juntamos a Helena e Stivie.

      A conversa fluía, porém eu procurava um jeito de sair dali e voltar para o lado de Luane. As palavras de Larissa, o que aconteceu em meu escritório, a forma como o corpo dela se entregou. Eu só conseguia pensar nela.

- Vou ao banheiro... – falei, achando a forma de sair sem precisar dar muitas explicações.

- Quer que eu vá com você? - Alessandra me olhou de forma maliciosa.

- Não, tudo bem. Eu não demoro... - sorri e me afastei.

Quando me aproximava do banheiro, fui parada por Álvaro.

- O que quer dessa vez? - ele sorriu. – Você já me encheu a paciência o suficiente por uma vida.

- Então você tem um caso com a sua assistente e também namorada do seu irmão. Quão mal caráter você é, querida Charlotte. - olhei ao redor.

- Acredito que nada disso é da sua conta, Álvaro. - me virei para entrar no banheiro.

- Mas é da sua... Triste seria se alguma coisa acontecesse com a senhorita Luane Oliveira, não é mesmo? - me virei no mesmo momento. – Ela teria que deixar a pobre mãe e o irmão.

- Toque nela e você será um homem morto. - o desgraçado sorriu.

- Ou ela será uma mulher morta... Bom, já deu a minha hora. Tchau, querida. - ele se afastou, me deixando com ganas em acabar com ele.

Passei as mãos em meus cabelos, respirando fundo para não fazer nenhuma bobagem.

      Voltei imediatamente para a festa, procurando por Luane. A loira conversava de forma animada com Kadu e Larissa. Me aproximei dela, segurando seu braço sutilmente.

- Precisamos ir... Chame a Larissa. – cochichei em seu ouvido e ela me olhou sem entender nada.

- O que houve? – olhei ao redor.

- Explicarei no caminho... - ela apenas acenou em positivo. - Kadu, aproveite a festa, querido.

- Obrigada, Charlotte... - ele ergueu a taça de champanhe. - A festa está incrível.

- Vocês merecem isso e muito mais. – sorri.

 

      Arrumei uma forma de Alessandra ir para casa e chamei Helena para irmos embora. Me despedi da maioria, deixando sob a responsabilidade de Bella o enceramento da festa. Eu nunca saía antes do fim, mas naquele caso seria o certo.

- Charlotte, você está bem? - Luane me perguntou. A loira estava sentada no carona. Eu dirigia o carro de Helena, que havia me emprestado o veículo para eu poder ir para casa depois que as deixassem em seu apartamento. A morena estava atrás com Larissa.

Eu teria que voltar para a mansão.

- Álvaro me ameaçou novamente. Ele vem tentando me assustar. - respirei fundo. - Precisamos conversar, mas acho que por hoje já tivemos muitas emoções...

- Eu ouvi ele conversando com a Pietra. - olhei rapidamente para a loira. - Ele dizia que queria se vingar do seu pai...

- Se vingar do meu pai? Por qual motivo? – aquilo era um absurdo.

- Ele disse que seu pai passou a perna nele... Ele quer fazer mal a você, Charlotte. Você precisa ficar longe daquele homem... - Luane segurou em minha mão que estava sobre o câmbio. - Eles são perigosos. Pietra só se aproximou do seu irmão pra poder ajudar o pai.

- Charlotte, você precisa ir a polícia. Tem que fazer uma denúncia. Aquele desgraçado já passou de todos os limites. Não é mais só um bilhete ou pneus furados.

O que ele teria contra o meu pai?                          

- Será a minha palavra contra a do prefeito, Helena. Eu preciso de provas...

- O que você precisa é ficar longe daquele velho criminoso, Charlotte. - a cada minuto, um problema novo surgia.

- Helena tem razão, Charlotte. - Larissa também se pronunciou. – Faça a denúncia e deixa a policia agir.

- Eu sei, mas ele só vai sossegar quando conseguir o que quer. Eu tenho que reunir provas pra poder colocar aquele homem na cadeia.

- Eu tenho medo que ele te faça algo... - parei no semáforo e olhei para Luane. Ela estava preocupada comigo, quando ela também estava em perigo. Eu precisava manter ela longe daquilo tudo. – Por favor, não bata de frente com ele.

Mas eu não era uma covarde!

Senti a minha cabeça doer.

      Alguns minutos depois, deixei as três no apartamento de Helena. Decidi não subir e nem me prolongar. Apenas esperei elas descerem e saí. A minha cabeça estava muito cheia e eu precisava fazer algo, então mudei meu destino. O meu celular passou a tocar e o nome de Luane apareceu na tela.

Não atendi.

 

- Obrigada por me receber tão tarde... Desculpe aparecer assim sem ligar. – amarrei meus cabelos em um coque. – Tirar você de sua esposa.

- Tudo bem... Pra você terei sempre tempo, querida amiga. A Katia está dormindo, teve um dia cansativo no tribunal. - Afonso me entregou uma xícara de chá. - Seu preferido. Me diga o que aconteceu. Você me parece muito nervosa.

Ele me encarou.

- Preciso que você investigue o prefeito Álvaro Cavalcante. - Afonso levou a mão ao queixo. - Ele está me ameaçando e já prometeu se vingar nas pessoas que amo.

- Será um prazer te ajudar, Charlotte... Há tempos que desejo ver aquele prefeito de quinta atrás das grades. – Afonso tomou um gole do seu chá.

- Descobri que ele quer a fortuna do meu pai. Ele disse que James o passou a perna. – o mais franziu o cenho. – Você sabe de algo, Afonso?

- Sei sim, minha queria. – trinquei o maxilar. – Vou te contar exatamente tudo o que aconteceu entre seu pai e o Álvaro Cavalcante.

Me preparei para o pior.

 

Fim do capítulo