Capitulo 9 - LA PLUIE TOMBE
Após sair do trabalho, como de costume, Julia foi buscar Maria Clara na escola, porém como estava um dia bastante chuvoso foi de ônibus e não caminhando como fazia diariamente.
Chegando a escola, passou pela secretaria cumprimentou Giovana que abriu um sorriso gigante ao vê-la, mas naquele instante estava atendendo uma casal que pedia informações sobre matricula. Se dirigiu para a sala de sua filha e quando chegou lá viu sua pequena deitada em um colchãozinho no canto da sala e já se preocupou. A professora a chamou para passar as informações sobre o dia:
-Olá Julia, hoje a Clarinha não passou muito bem, ela está com febre e reclamando de falta de ar. Olhei na ficha dela e vi que a senhora registou que ela tem bronquite, então sugiro que preste atenção nela durante esta noite, por que ela não está boazinha.
Era visível a preocupação de Julia.
-Obrigada professora, vou pegá-la e levá-la para casa.
Então Julia foi até o cantinho, cumprimentou sua pequena com um beijinho, que nem a olhou direito apenas resmungou:
-Mami, falta ar.
E o coração de Julia se quebrou em mil pedacinhos, pois odiava quando sua filha tinha crises de bronquite, pois se sentia incapaz de cuidá-la.
-Calma meu amor, a mamãe está aqui e já vamos para casa tá bom? Agora vem aqui que a mamãe vai te pegar no colo e nós vamos embora.
Julia saiu com a pequena em um braço e na outra mão, a mochila de Clara, a sua Bolsa e o guarda-chuva e percebeu que seria impossível ir embora daquele jeito.
Neste momento Giovana aparece ao lado dela e diz:
- Hei mocinha, onde a senhorita pensa que vai carregando uma criança, com tudo isso de bolsa e um guarda-chuva?
Julia sorriu e apenas respondeu:
-É eu estava pensando exatamente em como fazer isso.
De forma muito educada e solicita Giovana ofereceu carona a Julia.
-Bom se você puder esperar uns 10 minutinhos eu preciso fechar a secretaria e desligar os computadores e daí te dou uma carona.
-Imagina Giovana, não quero te tirar do seu caminho.
-Você não me tira do meu caminho, vi na ficha quando você preencheu a matricula da Clarinha que vocês moram perto daqui. Eu te levo em casa sem problema nenhum.
Julia que não estava em condições de recusar, acabou aceitando, pois aquela chuva parecia que não iria parar tão cedo e até por que lembrou que não tinha dinheiro para pagar um carro de aplicativo... não via hora que virasse o mês para poder receber seu pagamento.
Então Julia aceitou a carona e 10 minutos depois saiam da escola. Giovana levando as bolsas e segurando o guarda-chuva para proteger Julia, que por sua vez levava Clarinha no colo enrolada em uma mantinha. A secretária abriu a porta do carro e ajudou Julia entrar, deu a volta e entrou rapidamente para tentar se molhar o mínimo possível.
-Meu Deus que chuva é esta, parece que vai acabar o mundo.
-Pois é menina está o dia todo assim.
- É mesmo. Então me indique o caminho para ficar mais fácil de chegar a sua casa.
-Você sabe onde é a padaria da Dona Rita?
-Eu nunca fui lá mas, sei onde fica sim.
-Eu moro atrás da padaria é só me deixar lá na frente e eu serei eternamente grata.
Giovana deu um sorriso galanteador e respondeu:
-Julia lhe dou carona sempre que você quiser ou precisar, este é meu caminho e eu sinto um imenso prazer em poder ajudar você e a Clarinha.
-Obrigada, de verdade nem sei como te agradecer.
-Agradeça ajudando essa pequena a ficar boa logo.
-Sim e esta ideia, vou chegar e casa e já vou dar o remédio a ela e fazer uma inalação pra ver se ela começa a respirar melhor.
Seguiram o caminho de 10 minuto conversando, porém com aquela chuva o transito piorava e levaram 25 minutos para chegar a padaria. Quando Giovana estacionou em frente a padaria perguntou:
-Por onde é a entrada da sua casa?
- É ali naquele portão lateral.
Giovana olhou e disse
- Ele está cadeado, me dá a chave, que vou lá abro pra você, daí venho buscar você e Clara, assim você não corre o risco de ficar molhando essa princesa neste temporal.
-Mas desse jeito você irá se molhar inteira!
-Não tem problema o importante é deixar Clarinha bem e no mais, logo eu chego em casa e tomo um banho quentinho.
Julia sorriu e disse:
-Você não existe Giovana!
-Existo sim e já vou te ajudar, me passa a chave do portão.
Julia então mexeu na sua bolsa e passou a chave para Giovana que saiu correndo naquela chuvarada e fez o combinado, acompanhando mãe e filha até a entrada da Kitnet. A contadora abriu a porta e entrou com a pequena no colo, levando-a para o quarto e convidou Giovana para entrar. A secretaria, pediu licença, entrou e deixou as bolsas no sofá e permaneceu em pé aguardando Julia voltar, uns 5 minutos depois voltou dizendo:
-Gio desculpa a demora mas tive que tirar a roupinha dela pq estava um pouco úmida. Você gostaria de uma xícara de chá ou café?
Giovana se sentiu exultante com a forma intima que a jovem a chamou, afinal isso era sinal que estavam ficando mais próximas, porém não queria abusar daquele contato nem intimidar Julia com sua presença, até porque naquele momento ela precisava cuidar de sua filha.
- Não Ju, muito obrigada. Você precisa cuidar de Clara e eu não quero que se sinta presa por que estou aqui.
-Imagina será uma honra te recompensar pela carona.
-Então vamos fazer o seguinte, um outro dia quando as coisas estiverem mais tranquilas, combinamos de sair tomar um café ou uma cervejinha o que você preferir.
-Ok, combinado então.
- Bom então eu já vou. – disse Giovana já se aproximando e dando um beijo no rosto de Julia que retribui o gesto carinhoso sem segundas intenções, mas a secretária não resistiu a proximidade e cheirou o pescoço da mais jovem e para disfarçar a atitude impulsiva disse:
-Que perfume delicioso.
Julia que havia se arrepiado com o cheiro que recebeu no pescoço se afastou com o rosto corado respondendo.
-Sim é mesmo muito bom, adoro este perfume.
Giovana fitou aquele olhar tímido de Julia e disse:
-Bom vou indo. Fique bem! Olha eu anotei o número do meu celular aqui neste papel para você e se precisar de algo me ligue.
Julia agradeceu novamente a atenção e o auxílio de Giovana e a secretária saiu, a deixando sozinha com seus pensamentos. Que moça querida e educada esta Giovana e o que foi esse arrepio que senti, eu devo estar é muito carente mesmo e com estes pensamentos fechou a porta e entrou para cuidar de sua filha.
Clarinha estava ardendo em febre e com uma respiração muito difícil, já havia dado banho na pequena, feito inalação, dado os remédios prescritos pelo pediatra da menina, já eram 22 horas, mas nada a fazia melhorar e deduziu que não poderia ser apenas bronquite. Julia já estava começado a ficar desesperada e optou por ajeitar a filha e levá-la ao médico, mas a chuva ainda não tinha parado e justamente agora que havia decidido sair com a pequena parece que a chuva se intensificou. Agasalhou bem Clara e a enrolou em uma manta. Julia se vestiu colocando sua bota de plástico e uma capa de chuva, trocou sua bolsa por uma mochila pois seria mais fácil de carregar a sua filha no colo, pegou o guarda-chuva saiu.
A rua estava deserta, a noite escura, a chuva insistia em cair e Julia estava começando a ficar desesperada, pois o ônibus não vinha logo, ela não tinha dinheiro para um taxi, a chuva estava aumentando e Clara parecia piorar a cada momento. Seus olhos se encheram de lágrimas e a jovem mãezinha começou a rezar para que o ônibus chegasse logo e então pudesse levar sua filha o mais rápido possível ao pronto socorro.
De repente percebeu que um carro com película escura no vidro, passou lentamente e próximo ao ponto, Julia se amedontrou e pensou:
-Só o que me faltava era isso, um macho escroto vir querer me assediar neste momento.
Viu que o carro passou e seguiu seu caminho virando a esquina.
Sentiu um alivio, mais em um minuto o carro virou a esquina novamente e ela percebeu que quem dirigia o carro apenas havia dado a volta na quadra. Seu corpo gelou, deu um passo para trás querendo se afastar mais do meio fio, como que tentando se proteger. De repente o carro parou no ponto em que ela estava a janela se abriu e ela ouviu uma voz conhecida:
-Julia? O que você está fazendo neste ponto de ônibus essa hora e neste temporal?
Julia respirou aliviada por não ser um macho escroto, mas fez uma careta estranhando a presença dela ali e respondeu:
- Estou esperando ônibus? – Olhou para a filha e completou - Preciso leva-la ao médico ela não está bem.
Ouviu o barulho das portas destravando.
-Vem entra eu te levo.
- Não quero incomodar a senhora.
-Julia só entra que te levo e ficarei incomodada se você não entrar e se continuar me chamando de senhora.
Julia então em um movimento rápido entrou no carro ajeitando-se no banco da frente com Clara em seus braços.
- Obrigada Victoria eu realmente já estava ficando desesperada. Estou neste ponto a meia hora e nada de um ônibus passar.
Victoria a olhou de uma forma solidaria.
-Algumas ruas estão alagadas, possivelmente o ônibus deve estar tendo problemas em transitar. Mas se a pequena não esta bem porque não chamou um carro de aplicativo?
Julia abaixou os olhos, não queria dizer que não tinha dinheiro pra pagar e apenas disse:
-Não tinha como.
Victoria se repreendeu internamente por ter sido tão invasiva.
-Desculpa, vocês ainda não receberam o primeiro salário não é mesmo?
Julia apenas balançou a cabeça em uma negativa.
- Bom então me diz para onde vamos? E o que aaa... como é mesmo o nome dela?
-Minha princesa se chama Maria Clara.
Neste momento a criança fez um grande esforço para puxar o ar, mas parecia que o ar que chegava aos pulmões não eram o suficientes. Julia a olhou desesperada e pediu:
-Vamos logo Victoria, por favor, ela esta ficando arroxeada.
A empresaria olho para a menina e percebeu que ela realmente não estava nada bem e saiu com o carro.
-Então para qual hospital vamos?
- Vamos para o pronto socorro do Cajuru.
Victoria seguiu dirigindo e tentado falar conversar com Julia o tempo todo, pois sentia que ela estava muito nervosa.
O caminho estava complicado, tiveram que desviar do trajeto mais rápido, pois havia muitas arvores caída trancando as ruas. Durante o caminho Julia ia o tempo todo acariciando a cabeça de sua filha que estava adormecida em razão dos remédios que já havia tomado e também pela pouca oxigenação em seu corpo. Então a mãe em um tom de quase desespero pediu:
- Vic tenta andar mais rápido por favor, ela está piorando.
Victoria pisou fundo no acelerador, mas sendo cuidadosa o suficiente no transito para mantê-las em segurança.
Ao chegarem ao hospital, Victória também já estava muito nervosa vendo que a menina mal respondia, na verdade parecia estar desmaiada. Então, estacionou o carro de qualquer jeito desceu correndo e deu a volta no carro para ajudar Julia a descer com Clara. A jovem correu com a filha nos braços pedindo ajuda para uma enfermeira e dizendo:
- Ela não está respirando, ela não está respirando. Ela tem bronquite e está com uma febre que não cede desde hoje à tarde. Por favor ajudem minha filha.
-Calma senhora vamos ajuda-la.
A enfermeira percebendo que a menina não respirava colocou a criança na maca e chamou a médica plantonista, que percebendo a gravidade do caso e levou-a para dentro da enfermaria, impedindo que a mãe entrasse junto.
A recepcionista que estava acompanhando a cena chamou Julia para fazer o cadastro de Clara e registrar a entrada no hospital, mas ao entregar a filha para a enfermeira ela desmoronou, estava desesperada e chorava copiosamente, pois nunca tinha visto sua filha tão mão como naquele momento.
Victória que segurava a mochila de Julia na mão se aproximou e em um gesto de solidariedade a angustia da mais nova a abraçou para acalmá-la e disse:
- Ei Julia se acalme, sua filha está em boas mãos, ela está sendo atendida neste momento, tudo vai dar certo e logo, logo ela estará correndo novamente para você com aquelas pantufinhas de unicórnio que ela vestia quando eu a vi pela primeira fez lá na padaria.
Julia que chorava copiosamente nos braços de Victoria encontrou ali um conforto que a muitos anos não sentia, uma alivio por não estar sozinha naquele momento tão difícil.
-Victoria ela é tudo o que eu tenho, eu não posso perdê-la, eu não suportaria passar por isso novamente.
Victoria não entendeu o que ela quis dizer, mas não achou que aquela era a melhor hora para perguntar, porém fez uma anotação mental sobre este assunto e então apenas a confortou em seus braços.
-Calma Ju eu estou aqui com você e ficarei o tempo que for necessário.
A jovem se aninhou um pouco mais naquele abraço quente que lhe trazia conforto. Victoria era uma mulher mais alta do que Julia e a jovem se sentia protegida naquele abraço. Ficaram assim mais um pouco até que a recepcionista novamente se aproximou e disse:
-Senhoras precisamos fazer o cadastro da paciente.
Victoria então se afastou um pouco de Julia, olhou para a atendente e respondeu:
-Aguarde só um minuto já vou até o balcão preencher os papéis da entrada.
A moça assentiu e se afastou voltando novamente para trás do balcão.
Victoria olhou para Julia, secou uma lágrima que escorria pelo rosto da jovem e perguntou:
-Posso ir até o balcão para fazer o cadastro de Maria Clara?
Julia ainda chorando assentiu, mexeu na bolsa pegando sua identidade e a identidade de Maria Clara e entregando nas mãos de Victoria.
-Ju vocês têm plano de saúde?
Balançando a cabeça negativamente respondeu:
-Não, não temos, por isso viemos pra, pois aqui tem a emergência pediátrica do SUS.
Neste momento Victória não diria nada, mas mais tarde chamaria atenção da jovem, pois se se ela não tivesse mentido em sua entrevista de emprego, hoje Maria Clara estaria assegurada pelo plano de saúde que sua empresa oferecia a todos os seus funcionários e dependentes.
Foi até o balcão entregou os documentos para atendente que realizou o procedimento rapidamente e informou:
-Podem aguardar sentadas aqui que a doutora logo virá falar com vocês.
- Ok obrigada.
Victória caminhou em direção a Julia e sentou-se no banco ao lado da jovem e instintivamente pegou em sua mão, olhando nos olhos dela.
- Calma tudo ficará bem.
A moça deu um sorriso preocupado e novamente baixou a cabeça e as duas ficaram lá quietas, de mãos dadas e aguardando um retorno da médica sobre o estado de Clara.
Passaram-se aproximadamente 40 minutos, Julia fazia uma oração em silêncio, mas mantinha a sua mão firmemente segura nas mãos de Victoria. Agradeceu mentalmente por não estar sozinha naquele momento e pensou que de todas as vezes que sua filha passou mal, esta era a primeira vez que tinha alguém ao seu lado lhe confortando, lhe dando apoio e estranhamente se sentiu muito bem com a presença de Victoria. Toda aquela distância que existia entre elas no ambiente de trabalho, naquele momento era nula.
Julia estava tão absorta em seus pensamentos que não percebeu a chegada da médica, mas quando se deu conta ela já estava parada em sua frente.
- Boa noite mamães! Sei que estão preocupadas com aquela princesa da Maria Clara, mas podem ficar mais calmas agora, ela está melhor, teve suas vias aéreas obstruídas por um processo alérgico, mas já foi medicada e está estável, vocês podem entrar pra vê-la, mas precisamos descobrir o que causou essa reação tão severa.
Julia respirou aliviada e pensou em voz alta:- Graças a Deus! – e instintivamente abraçou Victória que estava ao seu lado que disse:
-Viu, eu não disse que ficaria tudo bem?
Ambas perceberam como a médica havia se se referido a elas, mas nenhuma das duas quis desfazer o mal-entendido. As duas sorriram uma para outra, um sorriso cumplice. Então a médica chamou:
-Vamos? – e as conduziu corredor a dentro levando-as até o leito no qual Maria Clara dormia tranquila com um semblante cansado e com olheiras fundas, mas já com sua cor rosadinha reestabelecida.
Julia se aproximou de Maria Clara e abraçou com delicadeza e depositou um beijo em sua testa e com os olhos cheios de lágrima disse:
-Meu amorzinho, a mamãe ficou tão preocupada, por favor nunca mais me dê um susto desse, pois eu não saberia o que fazer sem você.
E continuou fazendo carinho em sua filha.
Victoria que observava tudo a distância, teve seu coração inundado por amor e ternura, ver Julia de uma forma tão diferente da imagem que ela tinha de como jovens de 22 anos deveriam ser; ver aquela menininha tão linda, tão frágil acamada doeu em seu coração e pensou: - Crianças não deveriam ficar doente! E seu não estive passado naquele ponto de ônibus? Julia estaria sozinha até agora, provavelmente ela nem teria conseguido chegar ao hospital ainda. Meu Deus, não quero nem pensar. Nenhuma mãe, nenhuma mulher deveria passar por isso com seu filho.
Seus pensamentos foram interrompidos pela médica.
-Senhoras, Maria Clara está bem, a febre está cedendo ela tomou uma medicação forte irá dormir por um bom tempo, vamos monitorá-la por mais uma hora e depois vamos deixar vocês levarem ela para casa, mas precisamos investigar o que causou essa reação tão severa... Senhoras o que mudou na rotina da Maria Clara nestes últimos dias?
Julia respondeu que ela havia começado a ir para a escolinha a mais ou menos 25 dias.
-Bom então pode ser algo na escola, mas será necessário que vocês conversem com a professora e tentem descobrir se foi algo na alimentação, alguma atividade que fizeram que pode ter causado isso em Maria Clara.
-Ok, doutora amanhã mesmo conversarei com a professora se eles fizeram algo de diferente e muito obrigada por ter cuidado tão bem da minha princesa eu estava realmente desesperada.
E com um sorriso doce a médica respondeu:
-Tenham calma mamães, crianças são mais forte do que parecem ser. Bom agora vou verificar outros pacientes e depois volto para ver como está essa lindeza e confirmar se poderei dar alta a ela.
A médica saiu deixando as duas mulheres sozinhas naquele box do pronto socorro. Julia se levantou e se aproximou de Victória, levantado um pouco a cabeça para poder olhar nos olhos da mais velha e disse:
-Victória eu nem sei como te agradecer. Se você não tivesse me dado carona provavelmente eu ainda nem estaria aqui e algo muito mais grave poderia ter acontecido com a Clarinha. Você terá eternamente meu respeito e minha gratidão.
-Não precisa me agradecer, foi realmente uma grande coincidência, mas quando eu te vi naquele ponto de ônibus, com aquele temporal e com sua filha dos braços eu não poderia apenas seguir reto e ir para minha casa. Acho que nenhuma pessoa deveria passar por este desespero de ver um filho doente e não ter os meios para ajudá-lo. Portanto não me agradeça, apenas continue sendo essa mãe maravilhosa para Clarinha, essa funcionária exemplar e dedicada lá na empresa e essa pessoa humana que sempre ajuda aos colegas e a quem precisa. – e sorrindo completou - sim eu levantei sua ficha em relação a tudo que faz na empresa e só tive informações positivas a seu respeito. – As duas sorriram, mas Victoria continuou – me agradeça apenas continuando sendo essa pessoa linda por fora e por dentro que você é.
Julia estava vermelha como um pimentão, pois ouvir aquelas palavras, vindo daquela mulher a quem admirava tanto, inflou o seu ego, mas ainda assim ela teve que confirmar:
-Você vai mesmo me manter na empresa?
Victoria abriu um sorrisão e respondeu:
-É claro que vou, eu seria um idiota se eu demitisse uma mulher tão guerreira, inteligente, competente e criativa como você.
Julia não se aguentou de felicidade e pulou do pescoço da chefe dando um grande abraço enquanto agradecia. Victoria se surpreendeu com a atitude da mais nova, mas não se importou e aproveitou para sentir o calor daquele corpo colado ao seu e a textura daquela pele delicada que tocava seu pescoço e fazia arrepiar. Então Julia de repente a soltou:
-Desculpa, você ainda é minha chefa não posso ficar pulando no seu pescoço assim.
Victoria deu uma gargalhada e Julia completou
- Eu me empolguei.
E então baixou o olhar um pouco envergonhada da própria espontaneidade, apesar de terem se aproximado por causa da situação com Clara, não podia esquece que aquela ali na sua frente era sua chefa.
Victoria percebendo o constrangimento da mais nova, pegou em sua mão e disse:
-Ei não precisa ficar assim, não estamos no escritório, então tudo bem.
E sem expressar palavras apenas em seu próprio pensamento completou: - pode pular no meu pescoço e me agarrar o quanto quiser.
Quando se deu conta estavam se olhando profundamente com mais intensidade do que o normal, o mel no verde, buscavam entender aquela conexão que para Victoria já era bem clara e perceptível, mas para Julia em sua pouquíssima experiência era completamente desconhecida. Então para interromper aquele momento intenso, Victória se virou fazendo um carinho na mãozinha de Clara que tinha o soro conectado a veia e disse:
-Então essa mocinha aqui é a Maria Clara, aquela fofurinha que teve pesadelos?
Julia se virou meio desconcertada, na verdade aquela mulher a desconcertava e ela não entendia que poder era aquele que Victória tinha sobre si, mas abriu um largo sorriso ao perceber que sua chefa lembrava exatamente da situação daquele dia.
-Sim, naquele dia ela sonhou com um monstro do armário, mas eu consegui botá-lo pra correr com minha arma anti monstro e ela pode voltar dormir tranquila.
-A então a senhorita tem uma arma anti monstros é isso?
As duas mulheres riram da brincadeira.
-Sim eu tenho é uma raquete de matar mosquito, mas que se transforma em uma arma poderosa quando próxima a um monstro do armário.
-Ual então eu preciso comprar uma dessas também?
-Por que você também tem filhos?
Victória sorriu com a pergunta, pois apesar de adorar crianças isso é algo que jamais passou pela sua cabeça.
-Não, não tenho, mas minha sobrinha Sophie, filha do Vinicius e da Jasmin, vai dormir comigo em meu apartamento pelo menos uma vez por mês, quando eles precisam de um vale night pra poderem curtir um pouco a vida de namorados novamente.
Julia ficou surpresa com aquela informação, pois não conseguia imaginar aquela mulher tão chique e poderosa, cuidando de uma criança sozinha.
-Eu amo minha sobrinha ela é meu amorzinho e acho que o Vini e Jas ficam super feliz de ter um momento só pra eles curtirem.
-É imagino que sim mesmo, pois não é fácil ser mãe em tempo integral.
Neste momento a médica retorna interrompendo a conversa:
-Vamos verificar a temperatura, a saturação e os pulmões dela e se estiver tudo bem vocês podem ir pra casa, pois nada como descansar em casa depois de momento de preocupação com nossos filhos não é mesmo?
A doutora fez os exames necessários e assinou a alta da pequena, indicando alguns remédios e exames que deveriam ser feitos e completou:
- O retorno deverá ser feito com um alergista pediátrico, mas pelo SUS isso pode demorar alguns meses, mas na saída vocês podem já agendar ali na frente com a recepcionista.
Julia pegou a receita de remédios as guias para exames e apenas disse:
-Ok vamos ver o que será possível fazer.
Pegou Maria Clara no colo enquanto Victoria carregava a mochila. Passaram na recepção, marcaram a consulta com o novo médico mas só teria vaga para dali seis meses.
-Julia vou buscar o carro você me espera aqui, pois a chuva diminuiu, mas ainda está chovendo e não queremos vê-la doentinha novamente.
Ao voltar com o carro, Victoria abriu a porta de trás para que a criança pudesse ir deitada um pouco mais confortável. Julia entrou na frente e Victoria guiou com todo o cuidado possível para não frear bruscamente, pois Clara estava sem sinto e Victória tinha medo que ela rolasse e caísse do banco.
-Então Julia onde você mora?
-Na padaria.
-Na padaria? Como assim?
-É atrás da padaria tem um Kitinet onde eu moro desde que tive Clara, a proprietária de lá me acolheu e me ajudou nos momentos mais difíceis, por isso mesmo tendo conseguido o emprego na sua empresa eu continuo ajudando na padaria no sábado e no domingo, pois a gratidão que tenho com ela é imensa.
Victória admirou ainda mais aquela jovem mulher.
Chegaram na frente na padaria e Victória disse:
-Você desce e vai abrindo a porta que eu pego Maria Clara e levo pra dentro pode ser?
Julia que já estava se sentindo exausta por ficar tanto tempo em pé com Maria Clara no colo e por toda a tensão que passou aceitou prontamente.
Victória desceu e pegou a criança no colo que resmungou como se soubesse que aqueles não eram os braços de sua mãe, mas logo voltou a dormir. Seguiu o caminho que viu Julia fazendo e ao chegar na porta da kitnet pediu licença e entrou, observando como aquele espaço era pequeno, mas bem organizado. Julia indicou onde era o quarto de Clara e Victória a levou depositando a menina na cama. A empresária a cobriu e depositou um beijo em seus cabelos e disse:
-Fique bem menina da pantufa de unicórnios, para que eu possa te conhecer de verdade.
O coração de Julia derreteu ao ver a cena. Nunca ninguém além dela, Dona Rita e Beatriz haviam tratado sua filha com tanto carinho.
As duas saíram do quarto e Julia perguntou:
-Aceita um chá ou um café? Preciso te recompensar por ter te tirado do seu caminho e por você praticamente ter ajudado a salvar a vida da minha Clara.
-Vamos deixar este chá ou café para um outro dia o que acha? Afinal já é muito tarde e você precisa descansar.
Os olhares voltaram a se encontrar e o ar imediatamente ficou pesado naquela pequena sala.
-Você está certa. Amanhã pedirei para Dona Rita ficar com Clara, mas talvez chegue um pouco atrasada na empresa.
Victoria balançou a cabeça em negativo.
-Julia não precisa se preocupar com isso, vi que a médica te deu um atestado de três dias para cuidar de Clara, use-os sem pensar duas vezes, te garanto que isso não irá te prejudicar em nada no trabalho e se ela não melhorar, não se restabelecer fique mais dias com ela, pode ficar tranquila que eu aviso Tereza e Cristina sobre sua ausência.
Os olhares não se soltavam um minuto e Julia completou:
-Obrigada mais uma vez, você é uma pessoa incrível, muito diferente do que eu imaginei que fosse.
Agora foi a vez de Victoria ficar levemente corada com aquele elogio e disse:
-Bom agora vou indo para vocês descansarem.
Se aproximou para dar um beijo no rosto da jovem, mas queria mais contato e a abraçou, um abraço apertado naquele corpo miúdo de Julia, aproveitou a proximidade e cheirou o pescoço da jovem e pode perceber imediatamente o arrepio na pele e com um leve sussurro no ouvido dela disse:- Fique bem e se precisar de algo me ligue. – foram se soltando lentamente até que os corpos se descolaram e Victoria sumiu pela porta deixando em Julia apenas com a sensação de vazio, um vazio provocado pela ausência do corpo de sua chefe.
Julia fechou a porta, foi até o quarto olhar Clara, viu que a menina dormia tranquilamente, decidiu então tomar um banho para relaxar a tensão daquele dia que havia sido uma segunda feira e tanto.
Ao sentir a agua quente batendo em seu corpo, relaxou imediatamente, e não conseguiu deixar de lembrar das reações do seu corpo ao cheiro que sua chefe havia dado em seu pescoço, e só de lembrar a sensação voltava, um arrepio no seu ventre que tinha conexão direta com seu sex*, a lembrança acendeu seu corpo e percebeu os biquinhos do seu seio enrijecendo e uma leve dorzinha em sua intimidade. Achou uma loucura, pois mesmo quando namorava com Kelvin nunca havia sentido tamanha excitação e achava tudo mais estranho, pois ela não era lésbica, ou pelo menos nunca tinha pensado nesta possibilidade, mas agora as reações do seu corpo lhe mostravam que sua admiração por Victória não é apenas profissional, mas se sentia atraída por ela sexualmente e perceber isso foi um choque.
Na concepção de Julia, Victória era sua chefe, tinha qualquer mulher que quisesse, era rica e super interessante e provavelmente jamais se interessaria por ela, uma jovem que nada tinha a oferecer e ainda por cima tinha um filha pra criar... se o pai de Clara fugiu assim que soube da gravidez, imagina as outras pessoas que não tinha nenhum vínculo concreto com ela... Victória é uma mulher descolada e conhecida com uma vida agitada e se o destino estivesse mesmo pregando essa peça, fazendo Julia se interessar por Victoria, ela considerava uma puta sacanagem do destino, pois já não bastava tudo o que já havia lhe acontecido na vida era só o que faltava gostar de uma pessoa que jamais seria sua.
Com este turbilhão de pensamento Julia deixou uma lágrima rolar por seu rosto enquanto a água quente escorria pelo seu corpo, era o cansaço, o medo e agora a preocupação deste novo sentimento que aflorava sendo lavadas naquele momento.
Ao sair do banho, Julia levou um colchão para dormir ao lado de Clara, quando deitou olhou seu celular e viu uma mensagem de um número desconhecido, mas quando abriu seu coração errou uma batida, pois identificou pela foto que era Victoria, era uma foto linda e sensual. Julia suspirou e leu a mensagem:
“Julia este é meu número pessoal, se precisar de alguma coisa, não hesite em me ligar. Desculpe-me se fui invasiva, mas como não passamos comprar o remédio de Clara tomei a liberdade de tirar uma foto da receita, passei na farmácia comprei e mandei entregar na sua casa. Daqui a pouco o motoboy deve chegar aí. Durma bem, descanse e cuide bem dessa princesinha aí. Beijos e boa noite”.
Imediatamente respondeu com um emoji com olhos de coração:
“Vic você não existe... Muito obrigada pelos remédios e muito obrigada por ficar comigo e com Clara neste momento difícil. Não tenho palavras para agradecer tudo o que você fez por nós. Sou eternamente grata a você. Beijos e Boa Noite para você também”. – ao final da mensagem acrescentou um emoji mandando um beijinho com coração.
Victoria abriu um largo sorriso ao ler a mensagem e sentiu uma felicidade desconhecida. Julia compartilhava do mesmo sentimento. E assim ambas foram dormir leves ao final daquele dia que passou como um furacão na vida das duas mulheres.
Fim do capítulo
Girls, como optei por postar capitulos duplos sem extra essa semana ok?
E aí será que Victoria já se apaixonou por Clara também? Por que pela mãe da menina é visto que sim.
Beijos!
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cris05
Em: 28/02/2020
Nossa, fiquei tensa com a doença da Clarinha. Ainda bem que a Victória apareceu para ajudar.
Poxa vida, prevejo sofrimento para a Giovana. Podia aparecer uma outra pessoa bem legal pra ela né, autora?
Apesar da situação tensa, Vic e Julia puderam se conhecer melhor. E Vic já foi fisgada pela fofura da Clarinha também. Muito bom!
Autora, obrigada pelo capítulo duplo. Você é Top das galáxias!
Resposta do autor:
AAAA Clarinha dó desta pequena não é mesmo? mas a super Victoria estava la pra ajudar hahaha.
Giovana é uma boa moça e oremos por ela...
O capitulo duplo foi por causa da minha ansiedade hahaha mas essa semana vai ser um só (eu acho) pq não consegui escrever pra poder adiantar a história.
Beijos e até mais
Master
Em: 28/02/2020
Com certeza a vic se apaixonou pela carinha também mãe e filha já conquistaram seu coração, bem que a gio poderia se apaixonar por outra né, e quando vai rolar o preimeiro beijo heim.
Resposta do autor:
Sem dar spoiler eu posso adiantar que o primeiro beijos esta perto... hahaha
Gi é uma querida, vamos ver o que destino reserva pra ela não é mesmo?
beijos e até o próximo capitulo
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Mille
Em: 28/02/2020
Ola Ana
Que capítulos tensos e muito lindo
Vic está com os quatros pneus ariado e a com e pequena não está diferente.
Gio tirando uma casquinha da Julia, mais o cheiro da Victória foi mais pactante.
E espero que a doença da pequena não seja nada grave.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille
Pois é ne menina, ver uma criança doente é sempre algo triste, mas infelizmente acontece não é mesmo?
E tivermos dois cheiros... qual será que Julia gostou mais? hahaha
Bjus e até sexta
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Mille
Em: 28/02/2020
Ola Ana
Que capítulos tensos e muito lindo
Vic está com os quatros pneus ariado e a com e pequena não está diferente.
Gio tirando uma casquinha da Julia, mais o cheiro da Victória foi mais pactante.
E espero que a doença da pequena não seja nada grave.
Bjus e até o próximo capítulo
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Joanna
Em: 28/02/2020
Definitivamente apaixonar-se a primeira vista existe e acho que nem mesmo no olhar, afinal há os amores virtuais! Kkk
Grata autora pelos capítulos! Acompanhar postagens e ler histórias concluídas são opções disponíveis e os escolho simultaneamente, mas estar junto a autora, trocando ideias e lendo também a riqueza de opiniões das colegas leitoras, torna a experiência enriquecedora.
Abr
Resposta do autor:
Olá Joana
Pois então menina, eua cho que paixão a primeira vista exite sim... amor eu já acho que não, pois amor, ao meu ver precisa de um tempo pra ser contruido... Mas, no caso da história nem acho que tenha sido paixão a primeira vista, o que rolou foi atração, mas conforme Victoria foi conhecendo mais a Julia, foi se surpreendendo e se apaixonando e em um mês está de quatro pela mocinha, agora vamos ver como as coisas vão se desenrolar.
E obrigada pelo apoio, saber que vocês leitoras estão acompanhando e curtindo a história é muito importante para quem esta escrevendo, pois isso dá um ânimo pra continuar. Muito Obrigada!
Beijo e até sexta
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