Capitulo 2 "Café 3 corações"
A manhã estava agradável e o vento em meu rosto me trouxe paz, quando vi já havia chegado ao meu local de trabalho, rapidamente estacionei minha moto e subi as escadas com passos rápidos.
Cheguei no escritório e fui direto para uma pequena cozinha comunitária que temos ali, me servi com uma xícara de café e senti minha cabeça latejar quando escutei a voz dela, era minha chefe, com o "bom humor" natural de todas as manhãs.
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Daniela, cadê a matéria?
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Que matéria, Clarisse?
Disse em tom de ironia, sabia que tinha algo pra fazer, mas o whisky além de me fazer te esquecer me fez esquecer isso também, péssimo hábito esse de beber durante a semana, além do mais eu fico com a cabeça atordoada demais para ter paciência para a Clarisse.
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Olhe o tom, Daniela, já esqueceu quem é a chefe aqui?
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Como se tu não me deixa esquecer?
Finalmente me virei para olhar nos olhos dela. Respirei fundo, tentando encontrar paciência em qualquer parte do meu corpo, mas o meu pavio era curto demais e olha, isso tu já sabe né? Quando vou parar de conversar mentalmente sozinha e contigo? Voltei a olhar a Clarisse e ela já tinha dito milhares de coisas e sinceramente não prestei atenção em nada.
Ela continuou falando algo sobre me trocar de setor, eu ignorei e continuei fingindo pensar atenção até que a vi virar de costas e partir, que alívio me deu, confesso.
Finalmente eu estava indo até minha mesa, agora ainda mais devagar, me arrependendo de ignorar a Clarisse, porque agora não lembro o que fazer.
Sentei na minha cadeira de frente para o computador e comecei a virar a cadeira de um lado para o outro, até que o Marcelo me viu e começou a rir baixinho, ele sabia que eu estava perdida.
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Tu não escutou nada do que ela falou né?
Balancei a cabeça negativamente e comecei a rir, até que ele em um tom sereno voltou a falar.
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É pra ti ir em um café novo, ele funciona 24hrs e ela quer uma matéria sobre lá.
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Um café 24hrs? Ela sabe que não é esse meu objetivo no jornalismo.
Falei contrariada.
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Por isso mesmo que a matéria é tua.
Ele disse em tom de deboche e voltou ao seu trabalho, respirei fundo e revirei os olhos.
Finalmente comecei a digitar e a pesquisar sobre aquele lugar, o dia ia ser novamente longo e monótono.
*
Acordei com dor no corpo e com a luz do sol em meus olhos, me espreguicei no sofá e olhei pela janela enquanto eu apertava os olhos.
Quando eu acordo demoro um pouco pra minha percepção voltar ao normal e cara, que isso? A Ana ainda tá cantando a plenos pulmões a música elevador.
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Vou te dizer uma coisa Ana, com a preguiça que eu tô nem um guindaste me tira daqui.
Ri sozinha, que mania a minha de falar sozinha, bem que a minha mãe diz que eu vou ser a tia dos gatos ou dos cachorros, prefiro eles, acho lindo como abanam o rabo e o quanto são bobinhos, o gato vai olhar a minha cara de mãe com ar de deboche da minha vida medíocre.
Fiquei ali paralisada um tempo cheia de devaneios até que resolvi levantar e ir pro banho, enquanto me despia me lembrei de uma lenda da Afrodite, tenho muito o que aprender com ela em relação ao amor, mas isso é assunto pra outra hora.
A água fria me acorda e a quente me relaxa, estou precisando acordar pra tudo não é? Principalmente pra vida, volto a rir sozinha, a água fria correndo me faz espantar a preguiça.
Saio do banho, seco meu corpo e visto uma calça jeans e uma blusa branca que deixa meus seios pouco a mostra, faço uma maquiagem leve, pego o meu batom vermelho, meu favorito, e o coloco no bolso.
Vou até a cozinha, me sirvo de um café bem quente, com algumas bolachas, sento na minha sacada, ainda é cedo e posso ver o sol ganhar vida, ganhar força.
Tomo meu café e penso em ir naquela cafeteria no qual ontem passei a tarde.
Sorrio enquanto observo o sol tomando a sua força e esquentando meu corpo, fecho os olhos o sentindo.
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Vou voltar lá, sinto que lá vou ter mais inspiração.
Termino meu café, pego minhas coisas vagarosamente e vou até o carro, coloco uma música tranquila e penso.
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Vai ver além de tranquilidade preciso de um pouco de melancolia, será?
Coloco Adele para tocar e dirijo tranquilamente até o café (...)
*
Finalmente achei o site do café, acho que a ressaca tá começando a me afetar, comecei a escrever no meu bloco de notas as perguntas que eu faria, gosto das coisas a moda antiga.
Se a Clarisse queria me colocar na sessão de culinária, tudo bem! Não era isso que eu queria, mas ela teria as melhores matérias sobre esse assunto que ela já viu, que arrogância a dela, petulante! Quem ela pensa que é pra ficar tratando a gente assim (...)
Ops, quebrei a ponta do lápis, melhor do que a cara daquela mejera, respirei fundo e continuei anotando as informações que eu desejava e as perguntas que eu faria, embora eu estivesse perdida em minha vida o trabalho me trazia a concentração que em todo o resto me faltava.
Finalmente consegui terminar o meu café e as minhas anotações, peguei minha bolsa e coloquei tudo o que eu possivelmente precisaria, minha máquina fotográfica, meu gravador e meu bloco, peguei o capacete e desci vagarosamente até o estacionamento para pegar a moto e ir para o meu endereço de destino.
Subi na moto e fui dirigindo com cuidado e aproveitando a brisa que tocava meu rosto.
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Ela ainda me fez ir do outro lado da cidade, é uma vaca!
Pensei com raiva, mas já respirei fundo tentando me conter, afinal era meu trabalho.
*
A Adele está cantando e eu tentando cantar com ela, mas inglês não é meu forte...Quando me dei por conta havia chegado no café.
Escolhi uma mesa na rua, nos fundos, adorava a vista pra praça, ver as pessoas diferentes passando fazia um sorriso brotar em meu rosto, pedi uma xícara de cappuccino, só pra começar.
Me acomodei e coloquei meu laptop em cima da mesa, comecei a bater os dedos no teclado enquanto relia minha pesquisa e sentia aquele ar puro daquele paraíso no meio do caos da cidade.
Aquele café era praticamente meu novo escritório, reli a pesquisa e me deparei com algo que talvez me desse uma idéia, até para um romance... Ah sim, essa ideia novamente em meus pensamentos, mas voltando ao meu raciocínio, aquele mito contava sobre Afrodite que tinha um cinto mágico, feito do mais fino ouro, que continha todas as suas graças e atrativos, seu sorriso sedutor, sua doce fala, a eloquência dos olhos e seu suspiro persuasivo. Com ele, ninguém poderia resistir aos seus encantos.
Conta o mito, que apesar de Hera e Afrodite serem inimigas e estarem em diferentes lados na Guerra de Troia, a deusa do amor emprestou seu cinto a Hera, para que ela pudesse distrair Zeus durante a guerra.
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Hum... Se eu escrevesse um romance sobre uma mulher forte que não sabia amar, assim como eu? E aprendeu com o tempo o que era o amor verdadeiro.
Falei baixinho, conversando comigo mesma, afinal o amor é só uma armadilha como conta o mito ou um sentimento tão forte que não se pode controlar?
Me perdi em meus pensamentos observando a praça, peguei o café e continuei imersa em minha mente (...)
*
Demorei um tempo, mas finalmente cheguei ao meu destino e confesso que é um lugar aparentemente agradável.
Estacionei a moto e entrei, quando passei a porta sentei em uma mesa do lado de dentro do café, mas pude observar que havia uma área aberta nos fundos, peguei minha câmera dentro da mochila e quando a atendente chegou eu pedi para que ela chamasse a gerente que já me esperava.
Aguardei por um instante e a mesma apareceu.
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Olá, meu nome é Carla, tu deves ser a Daniela.
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Sou sim, do jornal "Correio" tudo bem?
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Tudo sim, no que posso ajudar?
Antes que ela começasse a falar, coloquei o gravador para funcionar.
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Pode começar me contando o porque desse ser o local escolhido ?
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O dono do café queria um local calmo, com pouco movimento de veículos para que a experiência fosse de tranquilidade.
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E o nome do café? Porque 3 corações?
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É uma homenagem a família dele, significa o coração dele, da sua esposa e de seu filho.
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Que lindo! E o fato de abrir 24hrs?
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Pois então, pelo fato de ser inovador, nem todos gostam de uma noite agitada certo?
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Verdade, está bem, já tenho mais ou menos o que preciso, posso tirar umas fotos?
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Sim, a vontade, qualquer dúvida só chamar!
A vi levantar e ir para trás do balcão, para os seus afazeres, peguei novamente minha câmera e comecei a ajusta- lá.
Comecei tirando uma foto da faixada que tinha um logo de 3 corações enormes e bem vermelhos, quase reluzentes, voltei ao interior do café que havia cadeiras confortáveis e havia a opção de mesas individuais ou não, o local era bem iluminado, mas estava quase vazio devido ao horário.
Caminhei até o lado de fora e quando fui ajustar a câmera e testar o foco, foi quando eu a vi, que mulher linda, cabelos negros e longos, aquele óculos que ela teimava em ajustar no rosto e a luz realçava a sua boca que estava com um batom vermelho, continuei a vendo pelas lentes da câmera, ela sorriu pra mim, demorei a perceber que ela já havia notado que eu a observação, confesso que cheguei a corar o rosto, tamanha a vergonha.
Disfarcei olhando a paisagem e tirando outras fotografias da parte externa, até que minha concentração é quebrada quando escuto um "moça", se referindo a mim.
Quando me virei era ela me chamando, caminhei até ela ainda com vergonha e vagarosamente, contando os passos e louca pra agir que nem a criança que tu teimava em dizer que eu era e sair correndo dali.
Fim do capítulo
Daniela não conseguiu nem disfarçar e a nossa Bia super perspicaz conseguiu perceber, mas também a Dani não sabe ser discreta né?
Mas também tem outro porém, quem nunca passou por isso? De olhar aquela pessoa linda ali e ficar olhando e olhando e se perder um pouco nos pensamentos até que tu vê que a pessoa tá te olhando? Eu caco um buraco no chão e me escondo hahahahahha
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 26/02/2020
Ola autora
Gostei do início.
Dani deu uma olhada que chamou atenção da escritora kkkk mais não é do café que ela se fez presente para a escritora.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
A Dani é tímida, mas em breve pode surpreender, ela ainda tá muito machucada... Mas uma coisa ela realmente é, suuuuuuuper indiscreta ainda mais quando ela quer ser discreta hahahhahaha
Obrigada de verdade por acompanhar e interagir!
Até o próximo ♥ï¸
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