Capitulo 59 - Escalando árvores na esperança de não cair
Dante comprou um buquê de flores, colocou uma das camisas sociais que acabara de ganhar de sua mãe, passou seu melhor perfume e foi com Lívia para a casa de Ingrid saborear o jantar para o qual foi convidado.
Ao chegar, entregou o buquê para a irmã como se fosse um fã entregando um presente a seu ídolo.
“Então você é o famoso Dante...” O esposo de Ingrid cumprimenta o cunhado. “Prazer, Vicente.”
“Famoso?” O garoto olha para a irmã e faz cara de surpreso.
“Meu marido não conhecia toda a história, tive que atualizá-lo de tudo.” Ingrid explica.
“O cheirinho vindo do forno está maravilhoso...” Lívia comenta.
“Gostam de arroz de forno?” Vicente sorri, enquanto os encaminha para a sala de jantar.
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Como Helena teria duas provas na semana seguinte, não havia muito tempo para ela e sua ficante viajarem para outra cidade. A veterana então arriscou esperar os pais de Thaísa dormirem logo após o jornal na televisão, e assim agir de forma clássica, escalando a janela da garota por uma árvore.
“Em São Paulo não tinha muitas árvores, então estou meio enferrujada...” Helena brinca, ao chegar no quarto da garota.
“Eu estava com o coração na mão ao ver você subir, Lena, toda hora eu só conseguia pensar que você se desiquilibraria e o pior iria acontecer!” Thaísa ajuda a limpar a calça de Helena, que incluía um rasgo provocado por um galho.
“O importante é que estamos juntas.” Helena puxa Thaísa e então lhe dá um selinho. “Que horas seus pais acordam?”
“Todos os dias, religiosamente às seis e meia, e não importa se é final de semana ou feriado. Mas no meio da madrugada você sai pela porta dos fundos, até porque nessa hora eles estarão com o sono pesado e conseguiremos passar pelo corredor, a Nicole fazia isso direto.”
“Já que temos poucas horas juntas, acho melhor aproveitarmos, não é mesmo?” Helena já começa a tirar a blusa enquanto Thaísa tranca a porta.
As duas logo se atracaram na cama de Thaísa e não perderam tempo. Helena logo percorreu sua mão por debaixo da baby doll da anfitriã, apertando e massageando os pomos roliços com os mamilos já tumefatos.
Thaísa, já se sentindo molhada, apertou sua vulva contra a cintura de Helena, enquanto as duas se beijavam deitadas em decúbito lateral. Helena, entendendo o recado, moveu sua mão para dentro do short doll de Thaísa e começou a percorrer a região genital, movendo seus dedos entre os lábios, passando para o interior, procurando o clit*ris e provocando-o com a fricção necessária para excitá-lo cada vez mais, até Thaísa perder o controle e deixar seu corpo suado e agitado nas mãos de sua veterana.
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Dante encheu seu prato com arroz de forno e costelinhas de porco ao molho barbecue, e divertindo-se ouvindo histórias de quando sua irmã era bem mais nova. Enquanto isso, Vicente e Lívia observavam os dois irmãos, que se alimentavam vagarosamente e com longos intervalos entre uma garfada e outra porque pareciam não ter tempo suficiente para tanta conversa.
Ao finalizar, Vicente e Dante se propuseram a lavar os pratos e talheres enquanto Ingrid serviu uma taça de vinho para Lívia enquanto ambas aguardavam seus parceiros na sala.
“Você chegou em boa hora, Dante.” Vicente comenta. “O pouco que soube da história do pai dela, era que ele morava em Porto Alegre e veio esses dias procurá-la.”
“Pois é. Ele e minha mãe vieram de Porto Alegre para me visitar aqui. E eu só descobri a respeito da existência dela porque justamente meu pai veio procurá-la.”
“Eu só queria entender esse ódio dela, sabe?” Vicente confessa, falando baixo. “Minha sogra comentou que o sr. Simmel sempre forneceu toda ajuda financeira necessária, que foi com esse dinheiro que ela conseguiu fazer a faculdade de estética, abrir o salão e tudo mais.”
“Nem sempre o dinheiro compra o amor e afeto de alguém, cara.” Dante responde a com a verdade nua e crua.
“Não sei se vejo esse gelo da sua irmã em relação ao pai como algo bom. Ele veio atrás, ele está arrependido de ter se afastado, não?”
“Ele chorou feito criança quando me contou. Mas no fundo eu a entendo, eu fiquei bem magoado quando descobri que ele tinha escondido isso de mim durante toda a minha vida.”
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“Bem, vamos lá, cunhada...” Ingrid segura sua própria taça de vinho, empolgada em conversar com Lívia. “Conte-me mais sobre meu irmão. Vocês se conheceram na faculdade?”
“Sim, estou dois semestres à frente dele! No meu caso, posso dizer que foi amor à primeira vista, mas ele era bem pegador no começo.”
“Também, um moço lindo daqueles...” Ingrid ri. “Vocês disseram que ele transicionou na faculdade, certo?”
“Sim, eu me apaixonei por ele antes mesmo da transição. Por muito tempo ele teve algumas questões internas, incertezas, mas tanto os amigos quanto a família foram bem compreensivos.”
“Quando você diz família, você quer dizer...?”
“Sim, a mãe e o... pai dele, seu pai, enfim.” Lívia pigarreia, um pouco confusa.
“Tudo bem, pode falar do pai dele. Eu não considero o Ricardo como meu pai.”
“Mas vocês são irmãos por causa do Dr. Ricardo...” Lívia continua confusa.
“Sim, o sangue nos une, mas o verdadeiro laço vem da afeição, e é algo que eu percebi que posso ter com o Dante, mas nunca com o Ricardo.”
“Permite-me perguntar o por quê?” Lívia tenta se intrometer.
“Ah, veja! Os meninos estão voltando!” Ingrid corta. “Venham, temos duas taças esperando por vocês!” Ela oferece com pressa, temendo que Lívia voltasse ao assunto.
“Ingrid, sua mãe mandou mensagem, disse que o Caio já pegou no sono e que não precisamos buscá-lo para não acordá-lo.” Vicente avisa.
“Tua mãe mora aqui perto?” Dante questiona.
“Sim, no final da rua, mas ela vem todo dia aqui tomar conta do Caio enquanto estou no salão e o Vicente está na faculdade.”
“Vicente, fazes faculdade de quê?” Dante pergunta inocentemente.
“Não é isso, acho que entendeu errado...” Vicente ri. “Sou professor universitário. Dou aula no curso de Direito da faculdade aqui da cidade.”
“Aé? Que legal!” Dante sorri. “És bacharel então? Não quisestes exercer a profissão de advogado?”
“Dante!” Lívia dá uma cotovelada no namorado. “Não se pergunta esse tipo de coisa, amor.”
“Tudo bem, tudo bem!” Vicente sorri. “É exatamente isso, até passei no exame da OAB mas não quis exercer. Preferi seguir a carreira acadêmica.”
“Há quem diga que isso é um dom!” Lívia comenta.
“Creio que seja mais para aptidão ou facilidade mesmo. Acho que a pessoa pode até nascer com um dom, mas a aptidão ela adquire com o passar do tempo.” Vicente explica.
“E a minha aptidão é para tomar o último gole dessa garrafa de vinho!” Dante comenta, já pegando a garrafa.
“Dante! Você vai dirigir, lembra?” Lívia o corrige.
“Amor, a dinâmica deles não lembra nós dois na época que namorávamos?” Ingrid olha para o casal de estudantes com certa nostalgia.
“Verdade, só que no caso era você que tomava todo o vinho e depois me entregava a chave do seu carro.” Vicente dá risada.
“Não era vinho!” Ingrid coloca a mão no queixo e se faz de pensativa. “Era cerveja!”
“Ah, verdade...” Vicente continua rindo. “Dia de jogo do Corinthians então, quando íamos ver na casa dos nossos amigos, eu já sabia que teria de trazer o carro dela.”
“Tu és Corinthiana?” Dante pergunta, emocionado.
“Sou sim! Você também é?”
“Sim!” Dante estampa um sorriso de orelha a orelha.
“Uau! Jurava que você fosse gremista ou colorado!” Ingrid comenta.
“Ah, eu até assistia aos campeonatos estaduais quando tinha clássico entre os dois, mas só via por apreciar o futebol mesmo, não tinha nenhum favorito.” Dante dá de ombros. “Minha paixão sempre foi o Timão.”
“O Vicente também é corinthiano?” Lívia pergunta, tentando não se sentir isolada.
“Bem, quando era mais novo eu era palmeirense, mas nunca fui muito ligado a futebol até essa daqui aparecer e me arrastar para assistir aos jogos!” Vicente responde com franqueza.
“Estás vendo?” Dante cutuca a namorada. “Ele deixou de ser palmeirense por causa do amor da vida dele!”
“Ah, meu querido, mas pode ficar tranquilo que isso não vai acontecer com a gente!” Lívia ri. “Eu amo você, mas nossa rivalidade nesse âmbito vai permanecer até envelhecermos!”
“Você diz isso agora...” Vicente ri. “Mas se ele for mesmo igual a irmã, quando perceber vai estar comemorando os gols com ele!”
“Sabe, com vocês falando isso agora, eu me lembrei de uma conversa que tive, acho que nem o Dante sabe disso, mas foi com um conhecido meu, e a primeira preocupação dele ao ver o perfil do Dante foi a respeito do time de futebol!” Lívia começa a relembrar.
“Quem foi?” Dante pergunta, curioso.
“O Bruno, ele me ajudou a procurar por seus perfis em redes sociais na internet e viu a foto com seu pai no estádio do Corinthians.” Lívia responde, olhando para Dante, esquecendo que acabara de tocar no nome-que-não-deveria-ser-pronunciado.
“O Ricardo é corinthiano?” Ingrid pergunta, surpresa.
“Ah...” Dante coça o pescoço. “Pois é, ele é.”
“Pelo menos o canalha tem bom gosto.” Ingrid torce o lábio, dá de ombros e finaliza sua taça de vinho.
“E bons genes, pois afinal ele nos fez!” Dante ri e Ingrid ergue a taça concordando com a afirmação.
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Já de volta ao lar, doce lar, algo incomodava Lívia. A garota penteava o cabelo antes de dormir, olhando-se no espelho, e ficava mergulhando em seus próprios pensamentos, enquanto o namorado assistia a televisão, quase pegando no sono.
“Dante... Dante!” Lívia tem que repetir o chamado porque o volume da televisão estava alto demais.
“Oi amor!” Dante coloca no mudo e responde a amada.
“Dante, você acha normal uma pessoa se anular pela outra dentro do relacionamento?”
“Como assim?”
“Digo, quando o Vicente falou sobre desistir de torcer para o Palmeiras e se tornar corinthiano para agradar a esposa, você acha isso normal?”
“Mas tu queres dizer que fazendo isso ele se anulou só para agradar a esposa?”
“Sim, meio que foi isso que aconteceu.”
“E agora tu estás me perguntando por medo de isso acontecer contigo?”
“Não é medo, sei lá, eu sei que no fundo é isso que você quer, mas eu fico pensativa a respeito dos sacrifícios que fazemos dentro de um relacionamento, ou até que ponto eles são válidos.”
“Amor...” Dante se levanta e vai até a penteadeira da namorada. “Primeiramente, o Vicente provavelmente não era um palmeirense tão fanático quanto tu és. E em segundo lugar, eu não quero que tu faças isso, até porque um dos motivos pelo qual me apaixonei por ti foi por causa da tua autenticidade. E terceiro, tu que mandas no relacionamento, então se fosse para alguém torcer para o time rival, provavelmente seria eu.” O rapaz se inclina e beija a bochecha da namorada e volta para a cama.
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Helena acabou pegando no sono após quase duas horas seguidas de conexão intensa regadas a lábios, línguas, dedos e pele com pele. O sono leve de Thaísa foi a sorte do casal, que havia esquecido até de colocar o celular para despertar.
“Lena! Lena! Acorda! Já passou das três da manhã!” Thaísa chacoalha a ficante.
“Hm? O quê?” Helena acorda, meio atordoada.
“Você tem que aproveitar agora que meus pais estão no sono REM. Vamos, vem comigo!”
“Ahm? Ir aonde?” Helena boceja e coça os olhos, meio confusa, sem saber onde está.
“Voltar para o seu apartamento! Vamos Helena, você está na minha casa, esqueceu?!”
“Ah...” Helena boceja novamente e começa a procurar suas roupas. “Vamos então.”
Helena seguiu Thaísa pelo corredor, desceu as escadas com todo cuidado e finalmente alcançou a porta da saída pelos fundos. Deu um selinho rápido na garota, seguido por um sorriso e uma piscadela sagaz, e então voltou para seu carro. Demorou um tempinho até acordar completamente, ou o suficiente para poder dirigir. Conectou o celular no bluetooth do carro e selecionou sua nova playlist favorita. Recordou-se de uma cena peculiar, enquanto voltava da outra cidade, na semana anterior, ao lado de Thaísa, e sua memória se perdeu na breve viagem ao tempo...
Quando lei piangeva
E lui cantava un pezzo malinconico
Stranamente le tornava all'improvviso
Come sempre quel sorriso in volto...
“Você fez uma playlist só com músicas dessa banda?” Thaísa reparou na tela do celular de Helena. “Que horas você fez isso?”
“Na hora que você foi tomar banho, lá no hotel.” Helena sorriu para a garota e então voltou o rosto para a estrada.
Um silêncio repentino se sucedeu. Helena estranhou, e ao olhar para o lado novamente, viu Thaísa recostando sua cabeça em seu punho fechado, com o cotovelo apoiado na janela do carro, olhando fixamente para a motorista, enquanto conteve seus músculos faciais para impedir um largo sorriso.
“O que foi?” Helena deu uma pequena risada, tímida, e então voltou mais uma vez o rosto para a rodovia, sem perder a concentração.
“Você fez uma listinha com as músicas que escutamos juntas no hotel...” Thaísa continuou tentando conter o sorriso.
“E o que é que tem?” Helena ergueu ambas as sobrancelhas formando um ângulo agudo.
“Agora eu comecei a entender quando dizem que você é apaixonante...” Thaísa umedeceu o lábio e continuou observando a motorista.
“Thaísa, o que você está fazendo com a minha cabeça...” Helena fala sozinha, dentro do carro, e suspira, recostando a cabeça no banco, enquanto admira as estrelas daquela madrugada.
A paz que Thaísa lhe trazia fez com que Helena pudesse novamente imaginar o futuro e ao mesmo tempo mal ver o tempo passar quando estava do lado da garota.
E o tempo passou...
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
nany cristina
Em: 17/02/2020
Olá autora
eu tava com saudade da história eu tô adorando a Helena com a Thaisa juntas
como eu gosto de ver o Dante com a Lívia junto eu amo esse casal
não demora atualizar eu fico com saudade
😘🌼
Resposta do autor:
Que fofa!!! Pois pode matar a saudade que já tem capitulo novo, beijão, meu anjo!!
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