demorou, mas saiu... kkkkkkkkkkkkkkkk
Capitulo 34 - Um toque do passado
Capítulo 34 – Um toque do passado
Lia não conseguiu acreditar no que aquela vaca oxigenada havia lhe dito de forma tão audaciosa e logo depois ter saído na maior cara de pau, deixando-a totalmente perplexa. As palavras dela foram como um tapa na cara. Fora pega tão de surpresa, que demorou alguns segundos para conseguir reagir.
A raiva disparou em seu ser como nunca antes. Conseguia sentir ódio vivo correndo pelas veias e quando deu por si, já havia disparado atrás daquela puta para tirar satisfações. Não iria mais correr do passado de Liz, estava cansada de ver aquelas piranhas babando por ela descaradamente.
A loira estava indo para um caminho totalmente oposto ao da festa e caminhava rápido. A impulsividade dominava os passos de Lia. Podia ouvir as batidas do próprio coração acelerado pela raiva. Passou pelos convidados de forma séria e soltando fogo pelas ventas, já nem se importava em manter as aparências, se bem que ninguém a conhecia mesmo.
As casas naquela localização do condomínio eram separadas por sebes razoavelmente altas, por isso logo não estavam mais às vistas de ninguém. Cíntia andava em direção a uma casa bem mais abaixo, depois de um declive de terra. Conforme andavam, saíram do caminho de calçamento, o que fez o salto de Lia enfiar na grama.
“Inferno” pensou enraivecida. Como estava bem afastada da festa, retirou os mesmos e jogou-os por ali, finalmente conseguindo alcançar a loira.
— Hey! — Gritou em alto e bom som.
Cíntia, que estava vestida toda de branco, olhou para trás confusa. Seus olhos demonstraram surpresa ao vê-la, com certeza não esperava que a tivesse seguido, mas logo um sorriso cínico tomou conta da sua face levemente enrugada e ela pôs as mãos na cintura.
— O que você quer? — Cíntia fez pouco caso, o que irritou Lia ainda mais.
— Acabar com a conversinha que você começou agora a pouco — disparou suicida e sentiu as mãos tremerem de ódio. — Quer dizer que você é mais uma das mulheres que ela já pegou para se divertir?
A frase pareceu ter o efeito desejado, sua alfinetada havia atingido Cíntia, porém, aquela mulher era muito mais cínica do que imaginava.
— Eu não tenho tempo para birra de crianças. Volte para a sua festa! — revidou de forma prepotente e já ia lhe dar as costas de novo.
— Também não tenho tempo para idosas, mas nesse caso abro uma exceção — Viu que ela se sentiu finalmente ofendida e suas entranhas dançaram vitoriosas. — Por que veio até aqui? Apenas para me dizer isso?
— Escuta aqui, garota! — A loira aproximou-se dela perigosamente. — Liz e eu temos uma história antiga e intensa, nada que você seja capaz de entender.
Sentiu tapas na cara com o que ela falou e suas entranhas queimaram com a raiva que sentiu. Aquela Cíntia era muito abusada.
— Pelo visto não foi intensa o suficiente já que ela está comigo, não é?
Cíntia não gostou nada de ter escutado aquilo, mas continuou lhe afrontando.
— Eu fui a primeira dela — A loira cuspiu vitoriosa e o peito de Lia comprimiu-se ao escutar aquilo. — Sei bem como a Liz gosta. Desde muito nova ela é um tesão na cama. Não entendo o que ela pode ter visto em uma garotinha como você.
— Mas foi com essa garotinha aqui que ela assumiu um compromisso sério.
A loira deu uma risada sarcástica e cuspiu mais de seu veneno toda impetuosa.
— Quero saber até quando isso vai durar!
“Afrontosa de merd*” pensou ensandecida de ódio, mas também com vontade de chorar o que lhe deixava ainda mais irritada. “Mas ela vai ver com quantos paus se faz uma canoa”. Não conseguia mais raciocinar da raiva que sentia.
— Volte para ela e aproveita isso enquanto dura!
Mais uma vez, Cíntia lhe deu as costas com desprezo e antes que ela pudesse dar o primeiro passo, Lia encheu a mão com o espesso cabelo loiro oxigenado dela e puxou-o com vontade, fazendo-a dar meia volta e cambalear, quase perdendo o equilíbrio.
— Estou cansada de tanta puta na vida da Liz.
Não poderia descrever em palavras o prazer e alívio que sentiu ao fazer aquilo e ao ver a expressão de dor na cara rebocada de Cíntia.
— Ai, sua idiota! — Guinchou a mais velha se equilibrando e tentando puxar os cabelos de Lia, porém, sem sucesso já que eram curtos e conseguiu se desviar.
— O que você achava que iria conseguir vindo aqui essa noite? — Gritou enquanto ainda a segurava.
A raiva era tanta que fez brotar uma força descomunal do fundo de seu ser e não podia mentir que estava adorando aquilo tudo, era o seu sonho bater em alguém um dia e a hora finalmente pareceu chegar.
— Me larga! — Dessa vez Cíntia conseguiu pegar em seu braço e mordê-lo o que lhe fez soltá-la. — Você é apenas uma idiota iludida, assim como todas as outras.
Distraída com a dor da mordida, não viu quando ela lhe deferiu um tapa no rosto com força e dessa vez Lia quase caiu enquanto sentia sua bochecha arder como nunca. Teve vontade de gritar de dor, mas não daria esse gostinho. Aquilo só a fez ter ainda mais vontade de revidar.
Lia segurou-a firmemente pelos pulsos. Cíntia tentava se livrar do aperto lhe acertando com chutes e pontapés, mesmo ela sendo mais alta, ainda assim, não conseguia se livrar. A irritadinha lhe deu um empurrão, jogando-a no chão e se pondo sobre a mais velha, que se debatia.
— Sai de cima de mim, garota!
Odiava quando alguém a chamava de garota.
— O meu nome é Liana — gritou para que ela a escutasse com atenção e em seguida, como que em um impulso, sua mão estalou no rosto dela, lhe dando um tapa muito merecido. Seus dedos arderam com o contato de tão forte que havia sido. — Deixe a minha namorada em paz!
O tapa pareceu surtir efeito na loira e ela começou a reagir de forma mais violenta, segurando os seus cabelos dessa vez e puxando-os. Logo as duas começaram a rolar pela grama, uma tentando acertar tapas e pontapés na outra. Lia precisava mostrar que com ela não se brincava e levaria aquilo até o fim.
— Vadia! — Lia rosnou.
A irritadinha conseguiu se colocar sobre ela novamente e já ia lhe dar um outro tapa quando sentiu alguém segurar sua mão por trás com força e puxá-la de cima da loira.
— Mas que porr* é essa?! — Ouviu a voz enraivecida de Liz, antes que pudesse vê-la.
Quando virou-se, viu a expressão de raiva e choque na face da namorada. Ela ficou estática por alguns segundos ao ver Cíntia e logo sirenes imaginárias dispararam na cabeça de Lia. Ela nunca ficara daquele jeito ao rever seus “casos” antes. Liz teria que lhe explicar muito bem tudo o que havia rolado com aquela mulher e já estava se roendo de ciúmes só em imaginar.
A mais velha se pôs de pé rapidamente e tentou partir para cima de si novamente, mas a rockeira a parou de imediato, mantendo uma distância segura dela. Lia já tinha vontade de voar nela novamente.
— O que você fez? — Liz rosnou para Cíntia. — O que está fazendo aqui?
Viu que a mais velha desmontou-se com a proximidade das duas e tentou fazer carinho em seu rosto.
— Senti sua falta! Faz tempo que não nos vemos.
— Você está louca? — Liz segurou Cíntia pelos pulsos e a afastou com força. — O que pensa que está fazendo aqui?
Lia não acreditava no que estava acontecendo. Aquela mulher não tinha limites e nem escrúpulos. Já estava indo para cima dela novamente.
— Desgraçada! — Xingou enquanto a empurrava para longe de Liz.
— Lia! — A namorada a puxou de volta, enlaçando-a pela cintura e fazendo-a parar. — Já chega! Não vale a pena. Vamos sair daqui.
— Me solta, Liz! Eu vou matar essa cachorra.
Mais uma vez, a rockeira segurou-a firmemente na cintura e fez Lia encará-la.
— Por favor, minha linda, vamos sair daqui!
A irritadinha percebeu a expressão de espanto e medo que ela tinha na face naquele momento e acabou vacilando por alguns segundos, porém, a raiva ainda estava pulsando com toda a força nas suas veias. Lia a afastou dali ainda soltando fogo pelas ventas. Liz ouviria umas poucas e boas também, mas não fez nada, não daria o gostinho a Cíntia de vê-las discutindo por sua culpa.
Antes de irem, Liz virou-se para a loira mais uma vez e disparou em um tom de voz sério:
— Fica longe da gente, Cíntia!
Cíntia fez uma cara de ódio e nojo quando as viu saírem juntas e ouvir aquilo satisfez Lia ao menos um pouco, mas ainda não estava satisfeita.
A rockeira a enlaçava bem pela cintura enquanto se afastavam cada vez mais. Finalmente chegaram no trecho onde havia jogado seus saltos e desvencilhou-se de namorada, ainda bufando de raiva, e pegou-os de volta.
— Você está bem? — Liz aproximou-se dela cuidadosamente e observou seus machucados.
Somente naquele momento reparou que seus ombros estavam cheios de arranhões, que se destacavam em sua pele alva. Aquilo fez a sua raiva aumentar novamente. Estava com ódio daquela puta. A namorada retirou a jaqueta branca que vestia e pôs sobre ela. As duas se encararam em um silêncio mortal. Tinha vontade de meter a mão naquela face perfeita dela também.
— O que aconteceu? — A rockeira tentou aproximar-se, mas Lia a empurrou.
— Vai se ferrar, Liz!
Ela retomou o caminho e seguiu enraivecida. Estava com a razão embaçada pela raiva, quando lágrimas vieram aos seus olhos. Se sentia uma verdadeira idiota.
— Lia, por favor! — A namorada puxou-a pelo braço. — Calma!
— Calma o cacete! — Rosnou, empurrando-a novamente. — Quem é essa puta?
— Shhhiu — Liz pediu silêncio e olhou em direção a festa mais à frente, já podiam ver alguns convidados por ali. — Alguém pode nos ver aqui, não posso dar vexame para tia Luísa. Vamos entrar que vou te explicar tudo, eu prometo, mas tenta ser discreta.
— Vai para o inferno.
Mais uma vez lhe deu as costas e saiu pisando firme. Quando já se encontravam no calçamento, Lia calçou seus saltos e tentou não dar muita bandeira. Liz seguia colada ao seu lado e vez ou outra soltava risinhos e cumprimentos quando algum conhecido a encontrava. Lia passou reto pela festa, não tinha a menor vontade de comemorar mais nada. A noite já estava encerrada para ela.
Por sorte ninguém as parou e Lia seguiu para a casa, subindo as escadas e indo para o quarto. Lágrimas rolavam por sua face. Liz logo trancou a porta e tentou aproximar-se novamente.
— Me conta o que aconteceu...
— Quem é essa puta? — Perguntou revoltada e exaltada. — Me diz!
Liz suspirou pesadamente e Lia viu que os ombros dela murcharam enquanto a mesma olhava desolada para o chão. Tinha vontade de suspirar de frustração, achava que a fase dos segredos já havia passado. O quão errada poderia estar?
— Cíntia e eu... bem... tivemos um péssimo caso quando eu tinha dezesseis.
“Dezesseis?” Lia pensou histérica. Aquela mulher era muito mais velha... Somente naquele momento lembrou-se que uma vez ela comentara que já havia se envolvido com uma mulher mais velha.
— Por que eu não estou surpresa? — A irritadinha cruzou os braços e foi para a pequena varanda do quarto. Ficou admirando a festa lá embaixo ainda com os pensamentos a mil.
— O que aconteceu? O que ela fez? O que ela te falou? — A namorada estava preocupada, tentando aproximar-se, mas estava puta de ódio.
— Você quer mesmo saber o que aquela escrota fez? — Explodiu de vez. — Ela falou na minha cara o quanto você fazia gostoso.
Os olhos de Liz se arregalaram e logo em seguida viu que ela fechou os punhos e trincou os dentes com raiva.
— Eu não acredito no que essa desgraçada fez. Puta que pariu!
— Puta que pariu, digo eu, Liz — Lia estava extremamente zangada. — Por que todas essas putas acham que podem falar essas coisas descaradas sobre você na minha frente? Isso é um saco!
— Eu sei, linda. Me desculpe, mas o que eu posso fazer? — Liz esfregou as mãos na face. Ela sempre fazia aquilo quando estava nervosa.
— Eu já pedi para me deixar preparada para essas situações — suspirou pesado, tentando recuperar o fôlego. — Vontade de acabar com a raça daquela quenga.
— Você é doida. Por que foi atrás dela?
— Quê? — Não entendeu o que ela quis dizer. — Você acha que eu ia deixar ela sair daquele jeito depois de me dizer aquele desaforo? Só de lembrar as coisas que ela disse — Lia parou por um tempo, controlando a raiva e depois semicerrou os olhos na direção de Liz, que tinha uma expressão aflita no rosto. — Aliás, é você quem está me devendo satisfação aqui. O que aconteceu entre você e aquela puta?
***
Pov Liz
Ainda não conseguia acreditar que Lia e Cíntia haviam mesmo esbarrado. O pensamento das duas se encontrarem ela longínquo. Achava que a mulher nem morava mais ali, mas sabia que daria merd* caso isso um dia acontecesse. Encontrar a namorada atracada na outra, lhe dando uma surra, foi surreal de se ver e agora iria receber toda a ira dela duas vezes mais.
Achava que aquela história estava esquecida e apagada, mas ver Cíntia falar aquelas coisas, a assustou. Aquela mulher era uma louca desvairada que não conhecia limites mesmo. Tinha certeza que Lia iria surtar ao saber de todos os detalhes e tinha medo das consequências de sua impulsividade, mas não tinha mais como esconder tudo aquilo, por isso, resolveu começar a falar logo, antes que sua irritadinha explodisse mais uma vez, podia ver que ela ainda se tremia toda da raiva que sentia.
— Eu conheci Cíntia assim que mudei para cá, depois que tudo aconteceu com meu pai — começou a contar em tom de voz sério. — Ela era vizinha da tia Luísa e vez ou outra a gente se esbarrava. Cíntia era uma mulher legal e sempre falava comigo, principalmente porque ela soube o que tinha acontecido. — Ela tentou se aproximar de Lia mais uma vez e segurou seu rosto entre as mãos. — Por favor, minha irritadinha. Tente entender que tudo aconteceu bem antes de você e que eu não tenho mais nada com essa mulher.
Lia afastou-se mais uma vez. Seus olhos tristes choravam, o que partia o coração de Liz, mas mesmo assim, a expressão na sua face dela ainda era suicida.
— Fale logo!
— Ok — suspirou vencida e continuou. — Em primeiro lugar eu não me orgulho do que fiz e não vou justificar meus atos, sei que fui inconsequente, mas... eu era jovem e estava perdida, confusa... não sabia o que fazer e apenas me deixei levar, não pensei nos problemas que poderia criar com tudo isso.
— Desembucha de uma vez!
— Eu tinha dezesseis, estava me “assumindo” como lésbica ainda e me adaptando a tudo isso. Como eu disse, ela começou a se fazer presente como uma amiga. Me tornei uma garota muito rebelde depois que tudo aconteceu e de certa forma, Cíntia me ajudou muito com certas coisas. Eu conversava com ela.
Percebia a insegurança no olhar da namorada à medida que falava. Podia ver que o ciúmes dela era diferente dessa vez, muito mais sério e intenso.
— Lia — Foi até ela e puxou-a pelo braço, finalmente conseguindo se aproximar. — Você sabe que nunca fui santa. Eu percebia que ela estava flertando comigo e acabei me empolgando, mas achei que nunca iria rolar nada entre nós já que ela era casada.
Nesse momento viu quando a namorada arregalou os olhos em surpresa e afastou-se mais uma vez, tinha medo do que ela poderia fazer com aquela raiva toda.
— Essa foi demais, agora — A irritadinha explodiu com ela. — Uma mulher mais velha e casada? Ah, Liz, pelo amor de Deus. É claro que tinha que ter essa na sua lista, não é?
Lia passou por ela feito uma bala, voltando ao quarto. Ela jogou sua jaqueta no chão, deitou-se de costas sobre o colchão e cobriu um rosto com as mãos. Liz se sentia desesperada e sem saber o que fazer, era impossível conversar com sua namorada quando ela estava naquele estágio alto de psicopatia. No entanto, era preciso fazê-la ouvir, então deitou-se no colchão ao lado dela, podia sentir a respiração alta e acelerada dela.
— Lia, eu sei o quanto tudo isso é chato, você tem toda a razão de estar puta com o que ela disse, mas não tenha raiva de mim. Eu estou aqui com você — Segurou com firmeza o rosto dela e fez a irritadinha lhe encarar. — É com você que eu estou, não é? Nunca fui apaixonada assim por mais ninguém, nunca namorei ninguém sério antes e nem apresentei qualquer uma para a minha família.
Lia agora lhe soltava um olhar mais brando e parecia estar balançada com o que ela estava falando, então continuou em um tom de voz mais firme a fim de conter a impulsividade dela.
— Eu estou aqui e quero te contar tudo. Chega de segredos entre nós, ok? Sinto muito não ter falado sobre ela antes, mas acredite, achei que não seria necessário falar disso. Tudo o que já aconteceu antes de você não tem importância nenhuma, o que passou, passou e se puder me escutar eu vou agradecer.
Lia ficou estática com sua declaração e Liz podia ouvir a cabeça dela maquinando. Não estava muito certa em como iria contar tudo, mas a namorada precisava saber. Sempre se sentia estranha em remexer no passado, mas por Lia valia a pena. A irritadinha aprumou-se, deitando-se no colchão e fez o mesmo. Elas sentaram de frente uma para a outra.
— Vai mesmo me contar tudo? — A namorada estava incrivelmente séria, mas pelo menos estava começando a lhe escutar.
— Se você me deixar falar sem me julgar, sim, contarei.
A irritadinha olhou para as próprias mãos e suspirou, passando a mão no cabelo curto e bagunçando-os.
— Eu prometo que vou escutar.
— Ótimo. Obrigada por isso.
As duas se encararam mais algum tempo e de repente todas as lembranças de sua juventude vieram à sua mente como que em um estalo, agora só precisar contar tudo para a sua irritadinha.
Flashback – 5 anos atrás
03 de março
Liz ainda estava com a farda do colégio quando entrou no condomínio com Dani enlaçando o seu braço exatamente ao meio-dia. As duas estudavam na mesma sala e depois que havia se “assumido” lésbica, Dani havia se aproximado mais dela com segundas intenções, então hoje havia sido o dia de sorte dela.
Não queria leva-la para dentro da casa da tia, mas já tinha um lugar secreto onde as duas poderiam ficar à vontade sem ninguém encher o saco das duas, não estava com a mínima vontade de dar explicações, precisava ficar com alguém para esquecer todos os sentimentos ruins que estavam lhe tomando naqueles dias.
Levou-a até atrás da sebe alta que havia depois da mansão. Dali, só se via o campo vasto e florido com a vista da cidade lá em baixo e a próxima casa estava bem distante. Lá chegando, retirou uma toalha grande e grossa de dentro da mochila, e atirou-a na grama para que ficassem mais confortáveis.
— Tem certeza que ninguém vai no ver aqui? — Dani perguntou incerta.
Liz podia ver nos olhos dela, como ela estava insegura e temerosa, nervosa. Dani era uma morena linda e de longos cabelos pretos, muito gostosa. Não perderia a oportunidade de beijar aquela boca, por isso foi até ela e abraçou-a firmemente pela cintura, remexendo em seu cabelo.
— Eu sempre venho aqui quando quero ficar sozinha, ninguém nunca me achou aqui antes, prometo.
Liz começou a acariciar a nuca dela suavemente e aproximou-se perigosamente da boca da menina, ansiosa por beijá-la.
— Tem certeza de que quer isso?
A resposta de Dani veio através de uma atitude ousada, beijando-a. Adorava quando as meninas certinhas se mostravam daquela forma, como perigosas e atiradas. A boca dela tinha gosto de morango e ela lhe beijava de forma faminta. Logo as duas caíram sobre a toalha na grama e ficaram se pegando em um amasso bastante caloroso. Tinha que admitir que estava ficando cada vez melhor naquilo.
Logo um tesão louco tomava conta do corpo de Liz. Tinha uma necessidade de sentir um corpo feminino no seu por inteiro, estava louca por isso. Tinha ganas de arrancar a roupa de Dani, podia sentir como ela estava quente com suas carícias e como os toques dela estavam ávidos na pele de suas costas.
— É tão incrível ficar assim com você — a morena sussurrou sobre o seus lábios o que a fez sorrir de satisfação. Somente em momentos como aqueles tudo sumia de sua mente. — Liz, você beija tão bem.
— Você também beija incrivelmente bem — Liz sussurrou de volta e a fez passar as pernas por sua cintura, acentuando o contato de um quadril no outro.
Depois de mais algum tempo de um amasso quente e incrível, Liz tirou a própria blusa, mas quando tentou desnudar Dani, sentiu-a travar completamente e parou no ato.
— O que foi?
— Não estou pronta para fazer isso aqui e agora.
Notou como ela estava nervosa.
— Será que pode me levar pelo menos até o seu quarto? — perguntou inocentemente.
Liz afastou-se dela um pouco. Não queria levar nenhuma menina até o seu quarto, por algum motivo e resolveu que já era hora de parar por ali, não queria mais se controlar, mas também não queria envolve-la mais ainda em sua loucura, poderia acabar machucando-a por algo que nem levaria à sério.
— Desculpe por isso, Dani — falou em seu ouvido e lhe deu beijinhos por todo o rosto.
Dani recomeçou a beijá-la mais uma vez e com vontade. As meninas sempre se rendiam a ela de um jeito ou outro e não hesitava em ficar com todas elas quando tinha a oportunidade.
— Talvez seja melhor você ir. Depois a gente se fala.
Liz afastou-se dela e vestiu a blusa novamente. Se sentia um pouco constrangida por algum motivo.
Dani ficou deitada e estática no chão sem entender o que havia acontecido e sentiu a necessidade de lhe dar alguma explicação.
— Sou uma garota complicada, não quero tirar vantagem de você ou te magoar.
Dani parecia decepcionada e logo se pôs de pé e começou a ajeitar a roupa e cabelos bagunçados.
— Então é mesmo verdade o que as meninas falam de você?
Liz ficou sem entender o que ela queria dizer com aquilo.
— Como assim?
— Que você não quer se envolver com ninguém, nunca.
Não entendia nada. Estavam falando dela? Nem havia ficado com tantas assim e preocupou-se com os rumores que poderiam estar criando sobre si.
— Não é bem isso, Dani.
— Quer saber? É melhor eu ir mesmo embora.
A morena juntou suas coisas e se mandou dali, mas Liz foi atrás dela.
— Calma, Dani. Deixa que eu te levo em casa.
— Não precisa, Liz — Ela voltou-se para encará-la e parecia bem magoada. — Eu pego um táxi, sem problemas.
— Mas...
Dani nem esperou que falasse mais nada e saiu dali pisando firme, ela levaria minutos para chegar até a portaria. Era certo que todas as meninas sempre ficavam chateadas quando ela não retornava as ligações e não mostrava interesse em ficar com elas novamente, mas isso era apenas em autodefesa, não poderia se apaixonar e ficar como ele...
Suspirando, Liz deu meia-volta para pegar suas coisas, mas deu de cara com Cíntia atrás de si. Assustou-se um pouco ao vê-la ali, mas tentou disfarçar com um sorriso. Era sempre bom esbarrar com sua vizinha gostosa de vez em quando.
— Olá Cíntia.
— Olá, querida — Como sempre a mulher lhe olhava de forma enigmática. — Problemas com a namorada?
Liz arregalou os olhos. Não fazia ideia de que Cíntia sabia que era lésbica e ficou tensa.
— Não se preocupe, Liz. Não tenho preconceito com essas coisas.
Suspirou aliviada ao ouvir aquilo e resolveu não negar nada.
— Estou com problemas sim, mas ela não é minha namorada.
— Ah não?! E por que não? É uma garota tão linda. Qualquer uma teria sorte em te ter como namorada.
Liz sorriu um pouco sem jeito com o elogio.
— Não estou à procura de um relacionamento sério, na verdade.
A loira à sua frente, apenas lhe admirou por alguns segundos e disse:
— Estou indo para casa agora, quer almoçar comigo?
Liz ficou surpresa com o convite e sorriu de leve, é claro que almoçaria com ela. Cíntia era uma boa “amiga” e sempre conversava com ela sem julgamentos, sem contar que era uma mulher interessante e gostosa.
Aliás, era impressão sua ou Cíntia vinha flertando com ela? Já desconfiava das intenções dela há algum tempo e isso a assustava um pouco, afinal, ela era muito bem casada com um magnata de metalúrgica.
— Bem... — Liz parecia enfeitiçada ao reparar nos seios avantajados que ela tinha. — Preciso só pegar umas coisas que deixei ali.
— Já estou indo e lhe espero.
— Tudo bem.
Cíntia afastou-se com aquele rebol*do decidido e deixou-a ali babando. Ela estava ainda mais linda e com uma pose poderosa naquele dia. Certamente era uma mulher mais velha que valia muito à pena ter como companhia.
Liz pegou suas coisas na grama ainda pensando em Dani. Esperava que ela não lhe levasse a mal, o momento entre as duas estava tão gostoso, que mal se controlou. Precisava urgentemente ficar com alguma mulher.
Com pensamentos maldosos, caminhou até a mansão de Cíntia e assim que tocou na campainha, a governanta atendeu a porta com um sorriso leve nos lábios.
— Olá, senhorita Moraes. Dona Cíntia lhe espera na sala de jantar – A mulher lhe deu passagem e fechou a porta.
— Obrigada.
— Por aqui, senhorita.
Liz seguiu a senhora através da casa luxuosa. O requinte do lugar, era ainda mais suntuoso que da sua tia, sem comparações, com vários quadros e móveis de vidro. Finalmente chegou até onde ela estava, sentada pomposamente na cabeceira da mesa. Assim que a viu, abriu um sorriso simpático.
— Venha, Liz. Sente-se perto de mim.
Foi até ela e pôs a mochila no chão.
— Obrigada pelo convite.
— Eu que agradeço por ter vindo. É solitário ter que fazer essa refeição sem ninguém todo dia.
De fato, Cíntia parecia ser uma mulher bem solitária já que mal via o marido dela por ali e nem filhos os dois tinham. As duas se serviram em um silêncio cômodo e agradável. A loira encheu o prato de salada e frango grelhado. Com uma dieta daquelas, por isso ela tinha um corpo super definido. Enfim, naquele momento Liz tinha outras preocupações, como exemplo, o que a mulher à sua frente viu entre ela e Dani.
— A moça que estava comigo era apenas uma amiga — tentou iniciar uma conversa despretensiosa e ficou observando a reação dela.
— Não se preocupe, Liz — Cíntia lhe deu uma piscada de olho e sorriu de forma afetada. — Já disse que não tenho preconceito com isso.
— Mas como você sabe que eu estava ficando com ela? Como tem tanta certeza?
A mais velha sorriu misteriosamente. Aquela mulher tinha o poder de lhe instigar, mas sabia do perigo que estava se metendo, flertando daquela forma descarada com ela. Precisava se controlar, mas o perigo era excitante, se sentia mais viva e distraída com tudo isso.
— Vi vocês saírem juntas de trás dos arbustos e que estava com a roupa toda amassada. Confesso que estou surpresa em saber que gosta de meninas — A loira a analisava enquanto discursava. — Imagino que deva ser tudo um tanto quanto confuso.
Liz sorriu com suas deduções. De fato, tudo havia sido um pouco confuso sim, mas o problema já estava resolvido. Na verdade, somente uma coisa lhe atormentava e era disso que tentava correr a todo custo. Não queria sentir nem pensar nada a cerca daquilo, por isso todas as emoções que sentia eram sempre bem-vindas.
— Na verdade é algo que já estou bem resolvida. Eu gosto de mulheres e não há dúvidas nisso.
Cíntia a olhava sem nem ao menos piscar, parecia totalmente interessada no que falava. Nem podia acreditar que havia capturado a curiosidade de uma tentação como aquela, mas já estava acostumada a conseguir todas que queria. Será que com ela seria diferente?
— Gostei de ouvir isso — A loira disse com um sorriso enviesado.
— Por que? — Liz não estava satisfeita, por ela, aquele jogo iria um pouco mais longe.
— Mostra o quanto você é decidida — Cíntia procurou a mão dela sobre a mesa e a acariciou descaradamente.
A rockeira sentiu um arrepio subir pela sua coluna com a ousadia da mulher, não acreditava onde estava se metendo. Seu coração pulsava desenfreado no peito com a adrenalina e conseguia sentir uma tensão sexual forte entre as duas. Era óbvio que a mais velha estava interessada. Era bem verdade o que diziam sobre mulheres casadas, que eram um perigo duplo.
— Não sabe como eu sou decidida — Jogou com força, também acariciando a mão dela. — Posso mostrar o quanto.
Cíntia soltou uma risada perversa e lambeu os lábios, olhando-a com luxúria e desejo. Poderia decifrar aquele olhar facilmente. Era o mesmo que as meninas lhe lançavam quando ficava com elas.
— Você é uma garota muito audaciosa, alguém já lhe disse isso?
Liz estava prestes a responder, porém, o clima de flerte intenso se perdeu quando a campainha tocou, fazendo com que Cíntia soltasse sua mão rapidamente e quebrasse o olhar vidrado no seu. Fingiram voltar a almoçar normalmente e logo a governanta apareceu na sala de jantar, avisando que algumas amigas da loira haviam chegado para visita-la.
— Diga a elas que já estou terminando aqui e por favor, pergunte se elas gostariam de algo. Um café, chá ou um suco.
— Sim, senhora! Com licença.
A mulher se retirou, deixando-as sozinha novamente.
— Acho que é melhor eu ir logo — Liz falou sem jeito. Não sabia bem como agir naquele momento.
— Besteira! Não se preocupe. Vamos terminar de almoçar e você vai.
Elas comeram sem mais delongas ou flertes. Liz estava confusa, não imaginava o tipo de enrascada em que estava se metendo, mas não conseguia pensar racionalmente. Assim que terminaram a refeição, agradeceu educadamente o convite e elogiou a comida.
— Você é uma garota muito gentil e educada — A mais velha lhe elogiou.
As duas se levantaram e Liz pegou sua mochila, pondo-a nas costas. Já estava prestes a deixar a sala de janta, quando sentiu a mão dela lhe puxar de volta e o corpo dela aproximar-se perigosamente do seu.
— Sinto muito que tenham nos atrapalhado, hoje — Cíntia falou a centímetros de seus lábios. Podia sentir o cheiro inebriante de sedução que ela exalava e engoliu em seco. — Continuaremos isso em um momento mais oportuno.
— Claro! — Liz concordou sem realmente saber o que fazer.
Havia ficado estática com a aproximação e não poderia negar que naquele momento, se tivesse a chance, levaria Cíntia para a cama sem pensar duas vezes. Sua boca aguou, mas controlou-se. Passaram pela sala onde algumas mulheres tão quanto ou até mais “peruas” do que ela.
Liz prontamente cumprimentou a todas com muita simpatia e charme, como lhe era de costume.
— Meninas, essa é a senhorita Lisandra Vargas de Moraes — Cíntia exibiu-a com orgulho e Liz percebeu que todas as mulheres a olharam com curiosidade.
— Você é a pequena herdeira da construtora e imobiliária? — Uma delas aproximou-se.
O estômago de Liz revirou, não queria pensar no assunto e nem despertar o interesse daquelas idiotas por aquele motivo, pois já sabia o que viria a seguir e não conseguia mais sustentar olhares de pena.
— É ela sim, Maya — Cíntia veio em seu socorro quando viu-a tensa. — Mas a senhorita já está de saída. Meninas, vou apenas acompanha-la até a porta e logo estarei de volta.
Assim que as duas estavam afastadas, mais uma vez Cíntia puxou-a.
— Desculpe por isso. Não quis fazer você passar por um constrangimento. Elas não são nada discretas.
— Eu sei bem como pessoas da nossa laia podem ser desagradáveis.
Cíntia gargalhou com a acidez de Liz e acariciou a sua face muito rapidamente, mas pode sentir a pela queimar sob seu toque sedutor.
— Nos veremos em breve, eu espero. Até mais.
— Até.
Liz finalmente saiu da casa da mulher e foi para a mansão da tia. Por sorte, estava sozinha na casa e correu, trancando-se em seu quarto. Colocou mais um de seus rocks para tocar no rádio e foi tomar um banho.
Deitou-se na cama completamente nua. Seu corpo havia passado por duas tensões diferentes naquele dia. Primeiro com Dani e depois com a safada da sua vizinha. Estava cada vez mais difícil controlar o tesão que sentia, e com isso, se masturbou durante boa parte da tarde, goz*ndo sempre de forma intensa e relaxante...
16 de março
Vários dias se passaram desde que havia visto Cíntia pela última vez. Aquela conversa que haviam tido não saía de sua cabeça. Já passava das três da tarde e estava deitada na varanda do seu quarto, tocando violão e cantando, quando ouviu a campainha da casa tocar ao longe.
Só não morria de tédio ali por causa da música. Seu violão sempre a fazia se esquecer dos pensamentos obscuros que corriam por sua mente.
Poucos minutos depois, ouviu batidas em sua porta e suspirando, levantou-se para atender. Era Sílvia, a governanta da casa.
— Liz, a senhora Cíntia está lá embaixo e pediu para lhe chamar.
Não podia ter ficado mais surpresa e nervosa com a notícia, teve de se esforçar para reagir normalmente e com certa indiferença. Fingindo, franziu o cenho e fez cara de paisagem.
— Mas o que ela quer falar comigo? — Deu uma de desentendida, afinal, ninguém poderia desconfiar.
— Ela não disse nada, apenas pediu para que lhe chamasse — Silvia respondeu pacientemente.
— Obrigada, Silva. Diga a ela que já estou descendo.
Trancou a porta do quarto e arrancou as roupas do próprio corpo com rapidez. Pensamentos demasiados eróticos e maldosos tomaram conta de sua mente e algo lhe dizia que deveria estar preparada para tudo com aquela mulher por perto. Tomou um banho rápido e perfumou-se. Vestiu com suas habituais roupas negras e desceu em tempo recorde.
Cíntia estava confortavelmente sentada no sofá e falava com alguém ao telefone, mas desligou rapidamente assim que a viu. Logo ela se pôs de pé e sorriu radiante, comendo-a, literalmente, com os olhos. Liz se sentiu arder ainda mais, tinha certeza que ela também estava pensando nas mesmas maldades que ela, seu corpo sentia a tensão.
— A que devo a honra? — Liz falou galanteadora.
— Vim agora porque sabia que Luísa não estaria aqui. Você pode sair agora?
O coração da rockeira acelerou, um nervosismo lhe tomou, mas jamais recuaria ou negaria fogo.
— Claro que posso.
— Perfeito
As duas saíram da casa silenciosamente e entraram no conversível azul dela que estava parado na frente da mansão. Assim que se encontraram seguras dentro do veículo, começaram a conversar abertamente.
— Ninguém vai desconfiar de você ter ido procurar por mim?
Cíntia riu de forma debochada, como um adulto ri das idiotices de uma criança.
— Por que alguém deveria desconfiar? — A mais velha lhe olhou de forma penetrante.
— Sou apenas uma vizinha e amiga da família, levando uma moça que teria idade de ser minha filha para um passeio inocente.
Dessa vez Liz foi quem sorriu. Não acreditava em o quanto Cíntia era inescrupulosa e afoita.
— Então estamos indo para um passeio inocente?
A loira gargalhou mais uma vez e a olhou enquanto finalmente passavam pelos portões de saída do condomínio.
— Isso só vai depender de você, minha querida.
A frase surtiu o efeito esperado em Liz, que começou a sorrir maldosa. Não acreditava que iria pôr as mãos em um mulherão daqueles, não conseguia mesmo acreditar.
— Pode me levar para onde você quiser.
— Você é uma garota quente, Liz — Cíntia fez um carinho gostoso em seu pescoço. — Nunca me decepciona.
A loira não falou mais nada durante o percurso e depois de algum tempo dirigindo pela rodovia, finalmente pararam em frente a um motel super luxuoso que havia em um bairro nobre da cidade. Liz engoliu em seco e tentou disfarçar o nervosismo.
— Tem certeza de que quer isso?
O portão do motel abria lentamente. Liz sabia que não deveria fazer aquilo, mas não conseguia desistir. Queria ir além e sentir o corpo de uma mulher de verdade, precisava. E quem melhor do que ela para ser a sua primeira? Sentia a necessidade de fazer de tudo, precisava de sex*. “Eu sou uma pervertida”, pensava consigo mesma.
Liz não respondeu nada, apenas segurou firme a nuca da mais velha e lhe roubou um beijo quente e sensual, o primeiro beijo entre elas.
— Isso responde sua pergunta?
— Respondeu exatamente da forma que eu queria.
Finalmente as duas entraram no motel e de mãos dadas foram até a suíte luxuosa que ela havia escolhido. As mãos de Liz estavam suadas com o nervosismo, mas o tesão que sentia era muito maior. Viu que o quarto era bem mobiliado e luxuoso, e tinha desde um pole dance até uma banheira gigante de hidromassagem.
Cíntia a puxou e sentaram lado a lado em um sofá confortável que tinha ali e começou a fazer carinho nela sutilmente. Liz, afoita como sempre, logo se aproximou dela e as duas começaram a se beijar avidamente. A rockeira tinha que admitir que o beijo das meninas com quem já havia ficado não se comparava ao dela e se tudo já estava tão bom com o beijo, imagina como seria o sex*.
A loira deu uma puxada em seus cabelos, afastando um pouco os lábios dela dos seus.
— Você é uma louca, Lisandra!
— Sou? — perguntou sarcástica. — E você é o quê?
— Não se importa que eu seja uma mulher casada?
Liz havia pensado muito sobre isso, mas mesmo sabendo que tudo aquilo era errado, ainda assim, a vontade de continuar era muito maior. A queria de todo o jeito. Tinha certeza que seria muito gostoso ter uma mulher daquelas na cama e de forma mais íntima.
— Mas esse problema é seu, não meu — A rockeira puxou os cabelos dela da mesma forma e mordeu o seu lábio inferior enquanto seu sex* pulsava de tesão. — Só vamos nos divertir, não é?
— Claro! É apenas diversão.
Logo Cíntia a puxou para cima do seu corpo e começaram uma sessão de amasso ali mesmo no sofá...
Fim do flashback
— Já chega! — Lia gritou e levantou-se irritada da cama. — Eu não quero saber o que você e aquela fulana fizeram na sua primeira vez. Só de pensar nela te tocando...
Liz levantou-se e foi até ela, abraçando-a por trás. Por sorte Lia não a rechaçou.
— Shhhiu — sussurrou no ouviu dela e depositou um beijo em seu pescoço. — Já passou. Eu não tenho mais nada com ela, nada.
— Ela não foi como as outras para você. Por que não me contou sobre isso? — Lia virou-se para encará-la e tinha uma expressão homicida no rosto.
— Qual é, Lia! A troca de quê eu iria tocar no nome dessa mulher? Que diferença isso iria fazer?
A irritadinha ficou calada. Ela parecia controlar a raiva e bufou impaciente. Era impossível ter uma conversa devida quando ela estava assim, ciumenta e impulsiva. Já se aproximava da meia-noite, logo mais a tia estaria à procura das duas para o brinde. Precisava fazer algo e rápido.
— Lia, eu sei que tudo isso é difícil. Eu só quero que entenda uma coisa. Cíntia não significa nada para mim. Sim, claro que ela foi minha primeira e tudo mais, mas... a nossa relação foi mais conturbada do que qualquer outra coisa. Nunca quis nada sério com ela, era apenas tesão e as coisas que aconteceram depois...
— O que foi que aconteceu?
— O marido dela descobriu tudo.
Lia arregalou os olhos em surpresa e Liz suspirou, nem queria relembrar esse período em que tudo ficou ainda mais confuso em sua mente.
— O que aconteceu? Como ele descobriu?
— Foi a maior confusão. Eu e Cíntia ficamos por vários meses. Eu tinha 16 quando ficamos a primeira vez e até os 17 eu ainda estava com ela. Daí ela começou a dizer que estava apaixonada por mim e que não estava feliz no casamento com o marido há muito tempo. Claro que eu pirei, quis pular fora. Eu não teria cacife para assumir uma relação daquelas e nem queria na verdade, mas era difícil deixa-la.
— E o que você fez?
— Certo dia ela me chamou para ir até a casa dela, dizendo que o marido estava viajando à negócios, mas aquela doida armou tudo. Ele pegou a gente na cama. Foi um escândalo no tempo. Ela fez de propósito. Cíntia é uma louca de quem eu quero muita distância.
— Ela fez de propósito? Como tem certeza disso?
Liz pensou por alguns segundos e resolveu ser sincera.
— Sabe quando conhecemos bem uma pessoa e os atos dela se tornam previsíveis?
Lia não gostou nada do que ouviu. A irritadinha sempre se enraivecia quando achava que poderia ter uma conexão maior com outra pessoa que não fosse ela.
— E ainda me diz que o que teve com ela não foi sério!
— Mas não foi — Liz pôs as mãos uma de cada lado do seu rosto delicado. Precisava fazê-la entender de uma vez por todas. — Nada do que eu já tive antes com as outras chega ao menos perto do que eu tenho com você e não me peça para explicar o porquê disso, eu não faço ideia, mas eu sei o que eu sinto e só existe você para mim.
Lia fechou e lentamente elas colaram as testas. Sentia a respiração dela se atenuar aos poucos e por fim se abraçaram. O corpo dela estava quente e relaxado. Levou o nariz até a nuca dela, sentindo o seu cheiro.
— Acredita em mim, Lia!
A irritadinha suspirou e por fim, Liz a sentiu um pouco mais tranquila.
— Eu acredito em você.
Foi inevitável não sorrir de felicidade ao ouvir a resposta positiva dela. Afastou-se um pouco e tomou os lábios macios dela nos seus. Sua intenção era dar apenas um selinho nela, mas Lia abocanhou-a com vontade em um beijo faminto. Em poucos segundos elas se moviam pelo quarto e Lia jogou-a na cama.
Não podia acreditar que ela estava excitada justamente agora. Liz correspondeu aos beijos e toques dela, mas quando sentiu-a tentar retirar sua blusa, travou. Infelizmente aquele não era bem o momento, ainda. Já estava ficando excitada e querendo ir além também, porém, logo seria meia-noite e por mais frustrante que fosse, precisava estar junto da família e convidados lá no jardim.
— Liana! — Alertou-a, segurando em suas mãos e fazendo-a parar de lhe despir. — Agora não é o momento.
— Eu quero fazer amor com você, agora! — A namorada sussurrou em seu ouvido, fazendo-a fechar os olhos, se arrepiando e depois roçou em si perigosamente. Ela estava lhe provocando. — Você não quer?
Liz suspirou pesadamente. Era impossível resistir a Lia quando ela estava com tesão daquela forma, ainda mais porque ela conseguia despertar sua libido com uma velocidade incrível. Retirou todas as forças que habitavam em seu ser para afastá-la.
— Aguenta só mais um pouco, por favor! — Liz sentou-se com ela ainda em seu colo e pode ver o quanto parecia frustrada. — Já vai dar meia-noite, daqui a pouco todos estarão nos procurando.
Lia bufou e levantou-se, se afastando. Imediatamente foi até ela e acariciou sua face.
— Vamos descer, eu prometo que voltaremos assim que der.
— Eu não estou com clima para comemorar agora — A irritadinha cruzou os braços e foi até a varanda novamente.
— Por favor, Lia! Não podemos fazer essa desfeita para tia Luísa.
— Ah, mas se tem uma coisa que eu não sei fazer é fingir e agora mesmo eu não tenho o menor clima para voltar.
“Puta que pariu!” pensou, querendo perder a paciência. Lia lhe dava nos nervos às vezes. Ela tinha um temperamento muito explosivo e incontido. Tinha medo de força-la a descer e as coisas piorarem ainda mais. Estava mesmo sem saber o que fazer. Iria fazer mais uma tentativa.
— Minha linda, olha para mim, por favor — pediu docemente e Lia a olhou. — Eu sei que a situação não foi agradável, mas preciso de você do meu lado ali. Essa é a primeira vez que eu passo uma virada de ano com a família em um longo tempo. Não vou descer sem você.
Ela ficou calada por um tempo com a cara ainda fechada. Depois de mais algum tempo, Lia finalmente falou:
— Ok, eu vou descer e ficar até a virada e só. Acabou!
Liz sorriu e concordou. Voltaram para a festa onde a tia e os primos já estavam a lhe procurar. Tia Luísa logo percebeu que havia algo errado. Mesmo Lia tentando disfarçar toda a sua irritação, percebia-se de longe que estava mais calada do que o normal.
— O que aconteceu? — A tia perguntou preocupada.
— A senhora não vai acreditar — sussurrou de volta para que somente ela pudesse escutar. — Cíntia apareceu aqui na festa e ficou provocando a Lia por estar comigo.
Luísa arregalou os olhos e tratou de disfarçar a surpresa.
— Mas eu nunca mais vi Cíntia por aqui, achei que ela nem estava mais morando cá. O que ela falou? O que ela fez para Lia ficar assim?
— Deixa para lá, mas não foi nada agradável — confidenciou, olhando para os lados para ver se a namorada as escutava, mas os primos tentavam puxar conversa com ela. — Lia ficou puta e saiu correndo atrás dela. Quando eu as encontrei Lia estava dando a maior surra nela.
— Quê? — O queixo da tia caiu e ela parecia estática. — A Lia fez isso?
— Ela é bem ciumenta quando provocada.
— Estou vendo. Alguém viu? — A tia ficou preocupada, mas tratou de acalmá-la.
— Não, elas estavam longe da festa. Ninguém viu, mas foi uma senhora surra.
Luísa riu subitamente deixando a sobrinha surpresa.
— Eu pagaria qualquer coisa para ter visto isso. Aquela mulher idiota — Luísa sorriu e levou sua taça de champagne.
Liz não pode evitar de sorrir também quando lembrou de Lia totalmente desvairada sentada em cima de Cíntia e lhe dando uma surra. Escorpianas não levavam mesmo desaforo para casa e Lia principalmente.
Luísa chamou para sentarem em uma mesa. Liz ficou perto da namorada o tempo todo e sempre segurando em sua mão. Vez ou outra os olhares das duas se encontravam e sorriam uma para a outra. Faltava uns vinte minutos para meia noite quando foi anunciado no microfone que um pequeno vídeo de agradecimento iria passar no grande telão que estava perto do palco.
Era um vídeo breve sobre a empresa Vargas e Moraes, mostrando a trajetória ao longo dos anos e todo o crescimento e conquistas. Por fim, fez-se uma pequena homenagem no final do vídeo com todos os familiares que já haviam tocado a empresa antes e a grande contribuição que cada um havia dado para o crescimento do grupo. Por algum motivo, Liz sentiu uma responsabilidade grande sobre os ombros naquele momento.
Derrubou algumas lágrimas quando uma foto da mãe e do pai juntos passou no imenso telão. Lia segurava sua mão firmemente lhe passando força já que vários olhares estavam nela naquele momento.
Os últimos a aparecerem no vídeo foram Flávio e Luísa. Após uma calorosa salva de palmas, os dois subiram juntos ao pequeno palco para agradecer a presença de todos. Liz podia imaginar o tamanho do esforço que a tia fazia para estar ali com ele.
Juntos eles fizeram um belo discurso sobre a empresa e os acionistas, propondo, finalmente, o brinde que encerraria o ano. Já faltavam alguns minutos para a meia-noite e todos se colocaram de pé com as taças a postos. O telão exibiu a contagem regressiva e quando o relógio zerou, lindos fogos de artifício papocaram no céu, silenciosos e coloridos, em um show pirotécnico de tirar o fogo.
Liz abraçou Lia com força e trocaram beijinhos. Não havia melhor maneira de começar o ano do que estando na presença dela.
— Feliz ano novo minha irritadinha — sussurrou em seu ouvido.
— Feliz ano novo minha rockeira.
Logo a tia juntou-se a eles derrubando algumas lágrimas e desejando feliz ano novo aos filhos e a elas. Um calor tomou conta do coração de Liz por estar ali com a família, bem diferente dos anos anteriores em que passara o réveillon bêbada em alguma praia com os meninos da banda e pessoas que nem eram os seus amigos de verdade.
Aquele era um novo ano em que tudo poderia mudar, como já vinha mudando. Contanto que Lia estivesse do seu lado, sentia que poderia enfrentar qualquer coisa. Depois de mais algum tempo de comemoração e comoção, decidiu ir cumprimentar o tio, mesmo que suas entranhas se retorcessem ao fazer isso, mas a pedido da tia, resolveu se esforçar.
Assim que voltou à mesa, abraçou-se com Lia mais uma vez.
— Obrigada por ter vindo comigo.
— Sei de uma excelente forma para você me agradecer devidamente.
A rockeira notou malícia nos olhos de Lia e sorriu, beijando-a rapidamente.
— Você está incrivelmente atirada essa noite, senhorita Alcântara.
— Preciso relaxar — declarou manhosa e mordeu os lábios. — Você prometeu que a gente ia voltar logo para o quarto.
Lia tinha a habilidade de acendê-la rapidamente. Sem pensar duas vezes, olhou para os lados, vendo se alguém as observava, mas a tia e os primos estavam mais distantes confraternizando com os outros convidados.
Elas entrelaçaram os dedos e quase correram para dentro da casa, indo em direção ao quarto. Estava mais do que contente em poder começar o ano já fazendo aquilo que mais gostava no mundo, trans*r com sua namorada. Um fogo louco tomou conta do seu corpo, quando Lia trancou a porta e logo começou a se despir perante os seus olhos. Adorava quando ela ficava solta e assanhada daquela forma. Sabia que levaria uma bela surra naquela noite e estava extremamente empolgada com isso...
Fim do capítulo
Leitoras queridas, desculpem mesmo a demora, mas estava sem inspiração e sabe que não podemos forçar a escrita, caso contrário seria uma porcaria, mas enfim... rsrsrs
Espero que gostem e espero os comentários de vocês e não se esqueça de votar aí na classificação, por favor.
Beijinhos!
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psherman42
Em: 26/02/2020
Boa noite! Me chamo Flávia e gostaria de registrar que essa história linda acabou de ganhar mais uma leitora assídua, que detesta esperar, mas fará um esforço. Parabéns a autora pela história delicada e tão cativante. Peço que continue com essa interação com as pessoas daqui e não abandone a história, já presenciei muita falta de consideração de outras autoras aqui no Lettera. Enfim, estou completamente apaixonada pela Lia. Um abraço.
Ps: não sei se alguém já comentou, mas em alguns trechos na história percebo que você troca a palavra Liz por Lia ou vice versa. Enfim, só uma dica para reparar melhor.
Resposta do autor:
Olá Flávia, querida. Boa noite 😘
Primeiramente, fico muito feliz e emocionada que as minhas meninas conseguiram te cativar dessa forma. É o sonho de toda autora, creio eu, ler comentários iguais aos seus. Quanto maior, melhor. Rsrsrs
Eu sei bem como é essa agonia de esperar atualizações, eu também sou leitora e sei como é a ansiedade. Por isso, peço desculpas pela demora em atualizar e te responder.
Eu amo de verdade interagir com vocês, minhas leitoras tão queridas e quanto a abandonar a estória, bem... acho meio difícil que eu consiga fazer isso. Sei lá... elas não iam me deixar em paz. Kkkkkk cheguei num ponto que não tenho mais escolha, elas se tornaram tão reais... as vezes eu fico tendo conversas imaginárias com elas e é sempre um desafio escrever cada passo.
Obrigada pelo lindo comentário, amei demais. Sempre gosto de ler todos os feedbacks e considerações de vocês, abre minha visão, ainda mais, sobre o próximo ponto a desenvolver na estória. Fico imensamente feliz que goste da Lia, para mim, ela é simplesmente perfeita. Eu a adoro. Ela quase uma cópia fiel minha. Rsrsrsrs
P.S: Sim, eu já vi que troco bastante os nomes delas. Kkkkk não sei pq diacho eu fui colocar 2 nomes tão parecidos, mas agora eu tenho que me virar. Na verdade, a estória toda precisa de uma boa revisão urgente. Planejo fazer isso quando terminar toda, mas muito obg pela observação. Sempre que ver algo errado nos próximos, pode me comunicar aqui. Rsrsrs
Enfim, mais uma vez, desculpas pela demora e espero que goste do novo capítulo.
Beijinhos!
Master
Em: 06/02/2020
Aí que maravilhosa a lição que a lia deu na piranha kkkk
E agora adoraria ver essa surra que a lia vai dá na lizðŸ˜ðŸ˜
Resposta do autor:
Olá Master
Rsrsrs... fico feliz que tenha gostado de ver o lado perigoso de escorpião da Lia em ação. Todas adoraram essa surra merecida que ela deu na Cíntia. Kkkkk
Quanto a surra de b... na Liz, espero que tenha gostado. Demorou, mas consegui postar.
Beijinhos.
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Anny Grazielly
Em: 05/02/2020
Show... show... adorei a surra que Lis deu na louca... kkkkkk... amo essas duas demais... volta logo autora...
Resposta do autor:
Olha eu aqui super atrasada respondendo seu comentário. Desculpe mesmo. Rsrs
Todo mundo simplesmente amou a surra que Lia deu em Cíntia.
Sinto muito mesmo pela demora em postar o 35, mas aqui está.
Beijinhos
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