Leitoras, sei que venho demorando para atualizar, mas é só pela falta de tempo mesmo. Esse está bem grandinho para compensar a demora.
Capitulo 33 - Surpresas de fim de ano
Capítulo 33 – Surpresas de fim de ano
Pov Lia
O final de semana com seus amigos foi o melhor que teve naquele mês de dezembro. Eles passaram a manhã todo no lago e meio dia foram almoçar no mesmo restaurante que ela e Liz costumavam ir. Na parte da tarde ela voltou com os amigos para a pousada onde os 3 casais, cada um, foram para seus respetivos quartos. As duas trocaram olhares maliciosos quando Pedro e Vivi foram para o quarto dela.
Lia e Liz descansaram e fizeram amor durante a tarde, até a hora do “toque de recolher” que sua mãe havia exigido, matando um pouco das saudades que sentiram uma da outra naquela semana afastadas. Lidar com a distância para elas que já haviam se acostumado com uma vida sem regras não era exatamente fácil, mas logo aquela fase passaria quando as férias finalmente terminassem.
No domingo, depois do almoço, as duas conversavam deitadas na cama da pousada e Liz insistia para que Lia a levasse para conhecer os pais, o que a deixou extremamente insegura e com medo.
— Ainda não é a hora, Liz. Tenho medo do que eles possam falar com você.
— Eu não estou preocupada com isso. — A rockeira tentava lhe convencer e parecia ansiosa em atingir aquele objetivo. — Olha, eu entendo o seu medo. Sei que eles não gostam de mim e estou preparada caso eles sejam grossos comigo, mas minha imagem com eles não vai melhorar se não me conhecerem. Sei que quer fazer eles nos aceitarem primeiro, mas eu poderia ao menos ajudar um pouco.
Lia sabia que fazia sentido o que a namorada dizia e até concordava com ela. No entanto, por algum motivo, tinha medo de que o conflito com os pais a fizesse se afastar. Tinha certeza do que Liz sentia por si, não havia dúvidas de que se amavam, mas mesmo assim, algo em relação a isso a incomodava muito, era quase um mau pressentimento.
— Deixa eu falar sobre o final do ano primeiro com eles! — pediu incerta, a fim de ganhar mais tempo. — Dependendo da reação deles logo, logo eu te levo para conhecê-los.
— Qual é, Lia! Vai me dizer que eles não tiveram curiosidade nenhuma de me conhecer? Não falaram nada.
Lia negou com sinceridade, eles realmente não haviam falado nada sobre isso e no fundo, agradecia aos céus por isso, sentia que não era a hora ainda.
— Deixa as coisas se acalmarem mais, estou te dizendo que ainda não é a hora — declarou em tom mais firme para que a namorada não insistisse mais.
— Ok, vou esperar.
— Obrigada por tudo.
Liz sorriu ao ouvi-la falar aquilo toda manhosa e ao menos por aquele momento, o assunto foi totalmente esquecido. Lia sabia que sua rockeira não tinha o costume de ser rejeitada e tinha receio da reação dela caso os pais fizessem algo.
Naquele fim de semana ela se despediu dos amigos com um aperto no coração. Enquanto se abraçava com Liz, conversaram sobre o Natal e tudo mais, já que agora só iriam se ver depois do dia 26 de dezembro.
— Queria tanto poder passar esse Natal com você — Liz declarou tristonha.
— Eu também queria, irritadinha. Vamos ter paciência, uma hora ou outra eles vão ter que aceitar isso e aí poderemos ficar juntas em todos os momentos. — A namorada parecia muito segura sobre a “redenção” de seus pais, algo que ela já não compartilhava.
— Deus te ouça! — Exclamou incerta. — Vai ficar onde no Natal?
— Com a Vivi e os meninos da banda. — Liz traçou os contornos de sua face com delicadeza e lhe deu um último selinho. — A gente vai se falando. Espero que tenha gostado desse fim de semana.
— Eu amei. — A irritadinha abraçou-a apertado pelo pescoço. — Adoro passar tempo com todos vocês.
— Sei que gosta. — Liz deu um suspiro. — Vou sentir saudades até o dia 27.
— Eu também.
Finalmente se despediram e ela ficou parada na rua ao lado do irmão vendo os carros sumirem aos poucos.
— Agora só ficamos na saudade. — Pedro disse e depois deu um longo suspiro.
— Verdade — concordou sorumbática. — Agora será só saudades.
***
Lia passou a semana tentando falar com os pais sobre passar o réveillon com Liz, mas algo lhe dizia que eles não iriam gostar nada da notícia e tinha receio das reações. Faltavam dois dias para o natal e estavam os quatro à mesa jantando, quando Lia finalmente resolveu tocar no assunto.
— Liz me chamou para passar a virada do ano com ela, na casa da tia. — A frase saiu de supetão e sem maiores detalhes. Os dois olharam para ela atentamente, mas nada falaram, então resolveu insistir. — Tudo bem para vocês?
— Agora prefere fazer tudo com essa garota. — Horácio exclamou aborrecido, enquanto Lia trocava olhares com Pedro. — Você prometeu que ficaria conosco nas férias.
— Eu sei disso, mas vou precisar acompanhá-la. — Suspirou e tomou coragem para falar o resto. — Estou aqui com vocês desde o fim de novembro e quero muito passar esse momento com a minha namorada...
— Namorada! — A mãe balançou a cabeça negativamente. — Não sabemos nada sobre essa garota.
— Eu já disse que o nome dela é Lisandra — Sentia-se alterada pela forma debochada que a mãe sempre se referia a Liz. — E não falei mais nada porque vocês não suportam ouvir nada sobre nós duas.
— Por que será? — O pai perguntou sarcástico.
— Isso é muito injusto! Sempre fiz de tudo para agradar os dois. — Tinha vontade de chorar com tamanha frieza vindo da parte deles — Eu não cometi nenhum crime, apenas me apaixonei. Todos os anos da minha vida eu passei esses momentos com vocês, agora quero passar com ela e não tem nada de errado nisso!
— Está tudo errado, Lia. — Horácio exclamou extremamente chateado.
Seu coração pesou ao ouvir as palavras do pai, aquele foi o seu limite. Largou o resto da janta e subiu para o quarto. Entrou no cômodo e nem ao menos acendeu a luz, apenas jogou-se na cama. Incrivelmente não chorou, apesar de estar extremamente triste com todo esse aborrecimento.
Lia dava voltas e mais voltas em sua mente. Queria tanto que os dois dessem uma chance a Liz e ao que as duas sentiam. Tinha certeza de que eles a amariam, assim como todas as outras pessoas. No fundo, sabia que era isso o que a namorada queria, cativá-los quando se encontrassem, mas aquilo não seria nadinha fácil.
***
O dia 24 demorou a chegar ao lar dos Alcântara. Primeiro, por conta do clima terrível que percorria a casa e segundo, pela saudade que Lia sentia de sua rockeira. Já faziam quase duas semanas desde que vira Liz pela última vez, precisava vê-la e abraça-la. Naquela véspera de natal, se organizaram para passar a ceia na casa do tio, onde toda a família estaria reunida.
A mãe ligou o forno cedo para assar o peru da ceia e Lia a ajudou. Mesmo que as duas interagissem em um silêncio incômodo, exceto pelo rádio a tocar, pelo menos a expressão de Nádia não parecia tão aborrecida pela notícia da noite passada.
De noite, na casa grande do tio Olavo, que não era tão longe da sua, estava cheia de pisca-piscas e enfeites natalinos. Sua família sempre foi muito ligada ao Natal e naquela noite não poderia ser diferente.
Lia primeiro cumprimentou sua avó paterna, a única que ainda era viva e depois falou com seus tios e primos. Ela e Pedro sentaram na varanda com os outros, ficaram conversando sobre o que cada um havia feito naquele semestre e tomando um bom vinho.
De longe, Lia observava o pai. Ele não estava tão falante como sempre. Aliás, ele havia ficado daquela forma desde o dia anterior. Parecia preocupado e sério, todos estavam notando a sua inquietação. Não conseguia acreditar que era tudo por causa da conversa do Réveillon.
Por sorte sua mãe conseguiu dobrá-lo e depois de algumas taças de vinho, finalmente o viu soltar uma risada ao lado dela e os dois trocarem um selinho casto. Tinha que admitir, queria poder chegar naquela idade com Liz assim como os dois. Sempre feito namorados e dividindo tudo.
Seu peito doeu ao lembrar da namorada, que deveria estar no apartamento agora com Vivi e os meninos da banda. Depois de terminar a ceia junto de todos, afastou-se um pouco e sentou no batente da janela da sala a fim de ligar para ela.
Infelizmente, Liz não a atendeu, o que lhe deixou triste. Mais cedo elas haviam trocado mensagem, na qual cada uma contou sobre os planos para a noite. Muito provavelmente ela deveria estar ocupada recepcionando a todos.
Sentiu um incômodo, Liz sempre a atendia, mas resolveu relevar. Passou um tempinho ali afastada, esperando que ela lhe retornasse, mas nada. Estava tão entretida que não viu seu tio se aproximando, quase tomou um susto quando ele falou:
— Por que está aí tão quietinha e triste?
— Só pensando um pouco. — Tentou disfarçar. — Acho que já bebi muito vinho.
Os dois sorriram e ele a abraçou com carinho.
— Pensei que traria alguém para o jantar essa noite.
O coração de Lia acelerou. Não entendia porque ele havia falado aquilo. Será que sabia de alguma coisa através dos pais?
— Por que o senhor está dizendo isso?
— Não sei, foi só um pressentimento meu. Você está com cara de quem está apaixonada.
Será que era assim tão evidente? Se sentia uma idiota por isso.
— Essa foi boa. Cara de apaixonada.
— Eu só quero que encontre uma pessoa especial que te faça feliz.
— Obrigada, tio — agradeceu emocionada.
Olavo era um homem incrível, assim como o seu pai. Não era à toa que eram irmãos. Não tinha porquê mentir sobre isso. Precisava colocar na cabeça que não estava fazendo nada de errado. Simplesmente tinha saudades da namorada e queria estar com ela naquele momento. Se perguntava qual seria a reação de seu tio e se estaria preparada para assumir de vez para todos o seu status de relacionamento. Se contasse agora, logo logo não seria mais nenhum segredo.
— Na verdade tem sim uma pessoa que eu queria muito que estivesse aqui.
A face dele se iluminou em um sorriso alegre e especulativo.
— Eu sabia. E quem é?
Lia sorriu e de longe pôde ver o olhar nervoso que seus pais lançavam em sua direção, com certeza temerosos de que ela espalhasse a notícia de vez para a família toda e aí não teria mais jeito, se é que eles pensavam que não estava levando à sério seu romance com Liz.
— O senhor vai pirar, eu sei.
— Me teste. É algum conhecido?
— Não, ninguém a conhece ainda. — Soltou inocentemente e viu a leve confusão que se passou na face dele.
— Como assim?
— O nome dela é Liz.
Ficou analisando a cara de surpresa dele. Primeiro o tio passou alguns poucos segundos sério e depois voltou a sorrir.
— Uma garota? — Perguntou meio abobalhado e Lia acenou positivamente.
Sempre ficava sem jeito em falar isso em voz alta, mas forçou-se a dizer:
— Sim, tio. Me apaixonei por outra garota e ela é incrível.
— Eu imagino que ela seja. — Olavo a abraçou e sussurrou. — Se você a escolheu então essa moça deve mesmo merecer.
— Ninguém estava esperando por isso.
— Não posso mentir que estou muito surpreso. Hoje em dia as coisas não são mais como antigamente, tento sempre ter a mente aberta. O importante é a sua felicidade, Liana.
— Queria tanto que o pai e a mãe pensassem a mesma coisa.
De repente os olhos de Lia pousaram sobre o pai, que vinha em sua direção, pisando firme e com cara de poucos amigos. Seu coração começou a saltar louco no peito.
— O que você pensa que está fazendo, Lia? — Ele disse de forma dura o que fez Olavo pôr um braço em seu ombro.
— Calma, meu irmão.
— O que você falou para ele? — Exigiu com severidade e a irritadinha encolheu-se um pouco. — Vai espalhar essa notícia para todo mundo agora?
— Ela não está fazendo nada de mal, Horácio. — Tio Olavo tentava apaziguar a situação e ela sentiu-se grata por isso.
— Não me diga o que fazer, Olavo! Você sempre criou os seus filhos do jeito que bem entendeu. Eu estou falando com a minha filha agora.
— Pai, isso não é para ser nenhum segredo. — Estava morrendo de medo, mas jamais iria demonstrar e baixar a cabeça.
Logo tio Olavo olhou para a sobrinha e provocou ainda mais o irmão.
— Deveria tê-la trazido para que pudéssemos conhecê-la.
— Isso é um tremendo absurdo. Não fique colocando ainda mais ideia na cabeça dela. Isso é apenas uma fase, ninguém precisa ficar sabendo.
As palavras dele foram cortantes e Lia sentiu os olhos embaçarem. Pareceu tão mesquinho e desprezível a forma como ele menosprezou os sentimentos que ela sentia por Liz. Estava quase chegando ao seu limite, aquela pressão era horrível demais.
— Isso não é uma fase, pai. Por favor!
— Horácio, deixe de ser retrógrado. Ela é sua filha, merece seu amor e respeito. Meu irmão, por favor...
— Duvido que você reagiria tão bem assim se fosse com um de seus filhos. Eu não quero mais saber deste assunto. — O pai declarou firmemente. — Vamos embora agora! Vou chamar sua mãe.
— Horácio, ainda não é meia-noite... — O tio tentava argumentar, mas o pai saiu dali rapidamente.
O peito de Lia doeu. Até quando iria ter que passar por tudo aquilo? Era injusto e triste.
— Calma, minha filha. — Olavo a amparou em um abraço. — Mais cedo ou mais tarde ele vai se dar conta do que está fazendo e vai aceitar.
— Eu não sei, tio. — Tentava segurar a emoção a todo custo. Odiava demonstrar fraqueza. — Não sei quem teve a pior reação, ele ou mamãe.
Ela ficou junto do tio até a mãe aparecer na sala, parecendo espantada. Aquilo só poderia ser um pesadelo. Se perguntava até quando teria que aguentar aquele “piti” todo dos pais.
— O que aconteceu? — Nádia perguntou aos dois, parecendo preocupada. — Ele está lá fora nos chamando para ir embora.
— Horácio surtando sem motivos. — Olavo respondeu. — Espero que você não dê razão a ele, Nádia. Não me desaponte.
Ela ficou parada e suspirou, enquanto finalmente se dava conta do que tinha acontecido.
— Você contou? — Dessa vez ela se direcionou apenas a filha.
— Contei sim! — Afirmou impetuosa como sempre, mas no fundo queria chorar. — Isso não é nenhum segredo.
Nádia balançou a cabeça em negação e suspirou pesadamente.
— Não acredito que você pensa como ele, Nádia? — Olavo parecia chocado. — Coitada da minha sobrinha.
A frase incomodou Lia profundamente. Odiava ser vista como “coitadinha”. Se tinha uma coisa que odiava era se sentir no papel de vítima indefesa, então se posicionou de forma firme perante o tio:
— Eu estou bem, tio. Vai ficar tudo bem. — Depois olhou para a mãe. — Vamos logo antes que ele se irrite ainda mais.
Lia não queria uma comoção da família toda naquele momento. Ela, a mãe e Pedro se despediram rapidamente de todos e foram para o carro onde o pai os esperava silencioso e carrancudo. O caminho todo até a casa foi feito em um silêncio mortal, mas assim que chegou em casa, ele começou:
— Agora todos na família vão saber. Era isso o que você queria? — Ele olhava furioso para a filha.
— Eu já disse que não estou fazendo nada de errado.
— Você está cada vez mais atrevida. — Horácio aproximou-se da filha perigosamente e um calafrio de medo a percorreu. — Vai nos envergonhar ainda mais com esse casinho seu...
Seu coração doeu ao ouvir aquilo, mas a raiva estava borbulhando dentro de si. Já estava farta dessa tensão o tempo todo. Agora sim o pai estava mostrando suas verdadeiras cores quanto ao que sentia.
— Vergonha é o senhor estar me negando dessa forma e menosprezando o que eu sinto pela Liz...
— Liz! — Debochou ele. — Isso é inaceitável.
— Pai, por favor! — Pedro meteu-se entre ele e a irmã. — Lia está amando alguém e não tem nada de errado nisso.
— Vocês sempre se defendendo. Isso não tem nada de certo, Pedro. Vai me dizer que está gostando de rapazes também?! Duplo desgosto.
— Horácio, já chega! — Nádia gritou assustando-os. A face dela estava avermelhada e chorava. — Não aguento mais esse clima! Lia já tem idade de saber o que é certo e errado, não há nada que possamos fazer. — O marido calou-se prontamente. — Crianças vão para o quarto, por favor!
Lia ainda estava com raiva, tinha vontade de falar umas poucas e boas, mas o que a mãe dissera a deixou surpresa. Pedro a puxou pelo braço e a fez subir as escadas com ele. Trancou-se no quarto com o irmão e chorou no colo dele feito uma criancinha enquanto o mesmo a consolava. Tinha tanta sorte em tê-lo. Aquele havia sido o seu pior Natal sem sombra de dúvidas.
Pedro ficou ali com ela por muito tempo, apenas ouvindo-a desabafar e lhe dando forças, até que o seu celular tocou. Era Liz. O irmão saiu para que as duas pudessem falar em particular e Lia trancou a porta quando ele saiu.
— Oi, minha linda.
— Finalmente apareceu! — Lia falou tristemente e ainda magoada.
— O que aconteceu? — A namorada perguntou assim que ouviu sua voz de choro.
Lia contou-lhe tudo pelo telefone e só conseguia ouvir os suspiros dela de volta.
— Não quero mais esperar, Liz. Vem me buscar, por favor! Preciso de você, amor.
Estava fragilizada. Apenas em falar com ela ao telefone já se sentia melhor e sensível.
— Já estou indo agora, minha linda.
— Não, Liz. Está tarde já. Vou ficar preocupada.
— Ok. Você consegue me esperar até amanhã?
— Sim, mas vem logo! — Pediu manhosa.
— Vou até correndo se for preciso. Vou sair daqui cedinho. Às sete da manhã eu chego aí para te buscar, ok?
— Ok. Cuidado com a estrada, por favor!
— Eu sempre tenho cuidado, linda. Não se preocupe.
As duas ficaram ao telefone até que Lia pegasse no sono. Ouvir a voz de sua rockeira sempre a acalmava. Seu telefone despertou às seis da manhã e ela começou a arrumar sua mala com roupas para uma semana. Não voltaria para casa tão cedo depois daquilo, tentaria sair sem ser vista para evitar um novo embate.
Colocou roupas casuais, seus tênis e o seu vestido para o réveillon. Resolveu também colocar roupas de banho. Com Liz nunca se sabia, poderiam ir para qualquer lugar. Antes das sete, ela lhe ligou avisando que já estava lá fora à sua espera. Escovou os dentes rapidamente e saiu silenciosa. A porta do quarto dos pais ainda estava fechada para a sua sorte.
Desceu pé ante pé e viu se não havia ninguém ali, mas aparentemente não havia ninguém na sala. Quando estava abrindo a porta com a sua chave, ouviu a voz da mãe às suas costas:
— Para onde está indo?
“Puta que pariu! ” pensou e revirou os olhos. Não estava com saco nem paciência para um novo embate. Virou-se para encará-la. De onde ela tinha saído?
— Eu pedi para Liz vir me buscar. Não estou com cabeça para enfrentar esse clima todo aqui em casa.
Nádia parecia triste e apenas concordou com a cabeça.
— Está mesmo decidida a passar o réveillon com Liz? — Ela a observava atentamente.
Seu coração revirou dentro do peito quando ouviu a mãe chamar a namorada, finalmente, pelo nome. Era uma sensação tão besta e mesmo sendo um ato simples, significou algo para Lia. Por isso, resolveu ser o mais cuidadosa e “fofa” possível com a escolha de suas palavras.
— Quero muito ir, ainda mais com o clima tenso aqui em casa.
— Foi um choque para todos nós, será que pode entender um pouco o nosso lado? — O tom de sua mãe foi terno, algo que não esperava. Aquelas palavras a desarmaram. — Só queria tentar entender de onde veio isso. Eu nunca te vi assim antes e jamais poderia imaginar que isso pudesse acontecer um dia. Você nunca deu indícios de que poderia... ser assim.
— Assim como? — Não conseguiu se conter. — Lésbica?
Nádia ficou visivelmente incomodada com o termo. Nem mesmo Lia gostava de se rotular daquela forma, mas falou mesmo assim.’
— Não é nenhuma ofensa esse nome e também nunca me imaginei em uma situação dessas, posso garantir à senhora.
— Eu só queria entender o que essa garota fez com você — declarou tristemente, mas Lia não se deixou abater, sentia que poderia ter uma conversa de verdade com a mãe naquele momento.
— A senhora me conhece muito bem para saber que eu não faço nada por causa dos outros. Eu me apaixonei por ela e quando me dei conta disso já era tarde demais.
A mãe deu uma risada sem humor e balançou a cabeça. Ela a chamou para se sentar no sofá, uma ao lado da outra.
— Quando isso começou? — Nádia parecia especulativa, apesar de estar temerosa com o que ouviria a seguir.
— A gente se conheceu semestre passado. Eu não gostava muito dela no começo. — Tentava evitar o sorriso bobo enquanto falava. Sempre ficava besta quando relembrava de seu envolvimento com Liz.
— Por que não se gostavam? — Perguntou séria e preocupada.
— Eu a achava muito exibida. — Viu que a mãe continuou sem entender nada e resolveu explicar. — É que ela canta e toca violão, tem uma banda e tudo mais, foi assim que a gente se viu pela primeira vez.
— Ah... então ela é cantora?!
— Bem, nas horas livres, apenas. Ela gosta muito de música, mas faz o curso de engenharia, na verdade.
— Entendo! Engenharia igual o seu irmão quer fazer.
— Exatamente!
Ficaram em silêncio por algum tempo. Queria contar tudo para a mãe, mas aquele não parecia ser o momento, Liz a esperava lá fora.
— Então quando você não quis passar as férias de julho aqui e se recusou a vir para o aniversário do seu tio foi por causa dela?
“Por causa dela?” pensou aborrecida. Ali estava o perigo. Eles queriam sempre culpar Liz por suas atitudes, aquilo a estressava demais.
— Olha mãe, em partes, foi por ela sim que eu não quis vir. Não porque Liz pediu que eu ficasse, mas porque eu queria aproveitar com ela. A gente estava se acertando e se conhecendo. Por favor, não leve isso a mal. — Pediu humildemente. — Por muitas vezes ela tentou me convencer a vir. Não queria que eu brigasse com vocês. Tudo quem fez fui eu, só eu.
— Está mesmo apaixonada por ela, não é?
— Sim, muito. — Admitiu se sentindo sensível. — Eu nunca quis isso, nunca esperei por isso, não sei explicar, mas independente dela ser uma mulher ou não, meu coração a escolheu.
Dona Nádia a escutava com atenção e sem aparentar qualquer reação negativa, mas Lia conseguia ver que ela se esforçava.
— Eu não sei o que falar sobre isso. Parece tudo um grande absurdo. Você ficando com uma garota. Isso não está certo. Não sei o que pensar.
Lia sentiu um aperto no peito. Sabia o quanto era errado tudo aquilo, porém, não poderia fazer nada.
— Tudo bem que a senhora e o pai não aceitem, mas respeitem o que estou sentindo, por favor! Nunca fiquei assim por ninguém em toda a minha vida, nem eu mesma sei explicar.
Aquele foi o primeiro momento que Lia pôde sentir, de fato, que a mãe a escutava de verdade, conseguia sentir uma esperança surgir em seu interior pela primeira vez. No entanto, não queria se empolgar muito e acabar se machucando, ainda não tinha esquecido a reação negativa dela quando contou tudo.
— Eu quero conhecê-la, mas sinto que não é o momento ainda. Seu pai e eu estamos tentando lidar com isso.
Aquela frase teve um impacto enorme na irritadinha. Até teve vontade de chorar ao ouvir a mãe cogitar sobre a possibilidade de conhecer Liz. Engoliu em seco, tentando controlar os sentimentos e sorriu sincera.
— Tudo no tempo de vocês, mas quero que saiba que já me sinto melhor em ouvir isso. — Lia pegou a mão de Nádia na sua por cima da mesa. — Obrigada mãe.
— Você é minha filha acima de tudo. Nunca quis te magoar.
Foi impossível conter a lágrima que teimou em escorrer de seu olho. Se sentia nas nuvens com o apoio da mãe. Não conseguiu se controlar e foi até ela a abraçando apertado. Dona Nádia sempre foi um pouco “durona”, mas nem mesmo ela se manteve indiferente naquela situação.
— Só me prometa uma coisa! — A mãe pediu ainda abraçada a ela. — Tenha muito cuidado, minha filha. Cuidado para não se machucar, o mundo não é um lugar fácil. Me prometa que não vai deixar o relacionamento atrapalhar seus objetivos.
— Não se preocupe com isso. — Estava feliz, naquela altura prometeria qualquer coisa que a mãe pedisse. — Continuo responsável e estudiosa, eu prometo!
— Eu sei, meu amor. Eu sei.
Com o peito e consciência mais leves, Lia abriu a porta e seguiu para encontrar-se com Liz, que a aguardava ansiosa ao pé do portão. Teve vontade de correr até ela, mas a droga da mala estava pesada. Assim que se viram sem as grades se abraçaram com saudades. Era tão reconfortante de familiar estar nos braços dela, sentindo o seu cheiro gostoso e o calor do seu corpo a acalmar o seu.
Liz a puxou para um beijo intenso e colado. Ao qual respondeu com igual entusiasmo. A boca quente dela sugava a sua língua, ch*pando-a e devorando-a. Adorava aqueles beijos, eram os melhores, ainda mais que tinha um gosto das saudades que sentiam.
— Que saudades de você, minha linda. — Liz sussurrou em seu ouvido, arrepiando-a. — Estava louca para te ver, te abraçar, te beijar.
— Eu também, amor — declarou e voltou a beijá-la.
Após matarem mais um pouco das saudades dos lábios uma da outra, finalmente foram para o carro.
— Como você está? — A rockeira a abraçou mais uma vez e perguntou sobre os seus lábios.
— Melhor. — Depois da conversa com a mãe, se sentia um pouco mais leve. — Acabei de ter uma conversa com minha mãe.
— O que conversaram? — Perguntou surpresa.
— Acho que ela está começando a aceitar. Disse que logo quer conhecer você.
Liz abriu um sorriso radiante e as duas se abraçaram novamente, dessa vez mais alegres.
— Para onde você quer ir?
— Sou sua, me leva para onde você quiser.
A rockeira abriu aquele sorriso torto.
— Adorei ouvir isso. — Elas se beijaram mais uma vez e finalmente Lia deu partida.
Voltaram para a cidade. Durante o caminho, Lia mandou mensagem para Cris a fim de saber onde ela estava e avisar que estava voltando. Mandou também uma mensagem para o irmão, avisando que já saíra com Liz. Chegaram por volta das nove e meia e foram direto para o apartamento da namorada. Deitaram no quarto para descansar, ambas estavam com sono por terem acordado tão cedo.
Perto do meio dia foram tomar um banho juntas e mataram um pouco a saudade que estavam sentindo. Quando saíram do quarto, Vivi estava preparando algo para o almoço e o cheiro de comida estava espalhado pela casa toda. O estômago de Lia revirou, só naquele momento se deu conta de que não havia comido nada ainda.
— Lia. — Vivi abraçou-a assim que a viu. — Não sabia que viria hoje já.
— Pedi que Liz fosse me buscar. As coisas não estão muito boas lá em casa.
— Problemas com seus pais ainda?
— Infelizmente.
— Sinto muito, Lia. Deve ser muito chato.
— É sim.
— Mas vamos ter paciência, no final vai dar tudo certo. — Liz quebrou o momento triste. — Vamos almoçar?! O cheiro está ótimo, obrigada Vivi.
Elas almoçaram entre uma conversa e outra e depois ficaram sentadas no sofá da sala jogando conversa fora. Foi quando Cris finalmente a respondeu, dizendo que estava passando o Natal com a família de Alberto. Para não perder o costume de Natal, elas ligaram a TV e ficaram ali assistindo o filme “Esqueceram de mim”. Era sempre um clássico de Natal que passava.
À noite as duas deitaram no colchão lá fora na varanda e fizeram os planos para o ano novo, apesar de tentar se mostrar bem, no fundo, se sentia mal em estar longe dos pais e meio que brigada com eles. Decidiram ir para o condomínio da tia no dia seguinte logo e quando Liz ligou para ela, dando a notícia, Luísa não poderia ter ficado mais feliz, tanto que disse que mandaria o jatinho as pegar pela manhã.
***
Chegaram ao condomínio quase ao meio-dia. Luísa já as esperava com um sorriso no rosto e abraçou cada uma calorosamente e as encaminhou para dentro da casa.
— Finalmente estão aqui, minhas meninas. Que saudades das duas.
— Olá tia. Pode parar de chorar já.
— Já faz uns três meses que não nos vemos, mas devo admitir que estou no lucro, já passei muito mais do que isso sem te ver. Tenho que agradecer a Lia por isso.
A irritadinha abriu um largo sorriso ao ouvir aquilo.
— Mal pude acreditar quando Liz concordou em vir passar o réveillon aqui. Logo mais Tomás e Vitória estarão chegando por aqui. Tão bom ter a casa cheia assim.
Lia sorriu da felicidade de Luísa. Tomás e Vitória deveriam ser os filhos dela que moravam nos E.U.A. Ela parecia ser uma mulher incrível, porém, uma mulher de negócios comprometida apenas com o trabalho e nada mais. Com certeza aquilo havia feito dela uma pessoa mais solitária.
— Bem, vão logo se acomodar e desçam para almoçarmos juntas.
As duas foram para o antigo quarto de Liz, que estava bem arrumado, arejado e cheiroso. Com certeza ela havia mandado prepara-lo ainda mais para as duas. Deixaram as malas no quarto e se juntaram a ela para o almoço. Como sempre, a mesa estava farta, Lia não conseguia evitar sorrir feliz ao ver tanta comida. Com certeza ganharia uns bons quilinhos, passando aqueles dias todos ali.
Juntas, conversaram sobre tudo o que aconteceu naqueles meses que ficaram longe e até mesmo do drama que estava sendo se assumir para os pais.
— Oh, querida! Sinto muito que esteja passando por isso. Parece tão irracional ainda ter isso em pleno século 21. Lamento muito.
— Acho que teve filhos que passaram por coisas bem piores — Tentou se motivar. Com certeza vários filhos passaram por uma situação bem mais extrema.
— Isso é verdade. Lembro como se fosse ontem quando Liz veio me contar. — De repente Luísa ficou com o olhar distante como se realmente estivesse vendo as memórias do passado e Lia ficou interessada em saber mais como havia sido aquele momento.
— Ah não! — Liz exclamou. — Qual é! Vai trazer de volta momentos embaraçosos?
— Claro que sim, todo mundo tem que passar por isso um dia.
— Eu concordo, dona Luísa. Pode contar tudo. — As duas sorriram da cara emburrada de Liz.
— Acho que ela tinha dezesseis. Depois de toda a tragédia que aconteceu ela parou de conversar comigo e virou uma garotinha rebelde. Ela tinha chegado do colégio e estava deitada no sofá, ouvindo aqueles rocks dela. Eu estava no escritório tentando trabalhar e vim baixar o volume. Ela pensava que estava sozinha em casa. Quando percebi, ela estava chorando.
O coração de Lia apertou e quando olhou para o lado, Liz tinha a cabeça baixa e parecia séria, na certa, revivendo os dias conturbados de sua juventude.
— Ela saiu correndo para o quarto quando me viu, mas eu fui atrás dela. Perguntei o que estava acontecendo e ela não me respondeu. Só chorava e dizia que era uma menina errada. Nesse dia eu a consolei por um bom tempo. Ela não se abria mais comigo, não conversava mais, mas nesse dia, por algum motivo ela resolveu contar.
— Que merd* de dia! — A rockeira falou ao seu lado e Lia viu que uma lágrima escorria por sua face.
— Pois para mim foi um dia feliz. — Luísa também estava emocionada. — Que você se mostrou como realmente era e confiou em mim.
Lia podia sentir o tanto de amor e carinho que existia entre as duas. De fato, era como se Luísa representasse o amor materno que ela havia perdido tão cedo.
— Desculpe ter sido uma ingrata naquele tempo. Era tudo tão confuso.
— Isso é passado, minha menina rebelde. — A tia tomou a mão de Liz e a apertou. — O importante é o agora e eu sinto que as coisas estão começando a mudar.
Lia se sentia feliz por fazer parte daquela mudança, a coisa que mais queria era ver Liz bem e feliz, sendo a pessoa que ela nasceu para ser. Talvez sendo a mulher de negócios igual Luísa ou sendo aquela cantora rebelde que havia conhecido. De todos os jeitos, sabia que ela seria bem-sucedida.
Após a comoção toda, terminaram o almoço em silêncio e depois Luísa pediu para a sobrinha que conversassem a sós no escritório dela. Lia foi para o quarto de Liz e deitou-se na cama. Começou a mexer em seu celular. Entrou nas redes sociais, não ligava muito para aquilo, mas sentia uma vontade de fazer aquilo há muito tempo.
Na galeria, procurou por uma foto que tinha das duas no lago naquele dia, a mais linda em que Liz beijava o seu rosto com os olhos fechados. Estava perfeita para postar e foi o que fez. Na legenda, marcou Liz e digitou: “Porque você me faz bem cada dia mais”. Era só esperar a repercussão, depois ligou para o irmão com o intuito de saber como estavam as coisas em casa.
— Não muito boas. O pai e a mãe discutiram de novo.
— Por minha causa? — Sua consciência pesou ainda mais.
— Bem, ele ficou com raiva porque ela deixou você ir com a Liz. Como se ela fosse te impedir de alguma coisa. Agora eles estão brigados. Quando as coisas esfriarem mais eu vou conversar com ele. Papai nunca foi um homem intolerante assim, não o reconheço.
— Nem eu, mano. Isso tudo parece um pesadelo horrível. Por que tem que ser tão difícil? Puta que pariu! Desculpe ter saído sem te avisar, mas é que eu fiquei tão mal. Precisava sair logo de casa para estar com Liz. Nossa! Eu precisava dela.
— Eu entendo, mana. Não se preocupe. Nada disso é culpa sua. O pai está sendo irracional.
— Mas eu acho que mamãe está começando a aceitar.
— Sim, ela te defendeu na briga com ele. Foi chato, mas necessário. Vamos ver no que vai dar. Qualquer coisa eu te aviso, ok?
— Tá bem, maninho. Obrigada. Beijos e se cuida!
— Se cuida também e manda um beijo pra Liz.
— Ok. Tchau.
Lia ficou ali parada olhando para o teto, enquanto mais lágrimas se formavam em seus olhos. Só queria que aquela fase acabasse logo, mas contanto que tivesse Liz ao seu lado, todo o esforço seria válido. Era capaz de enfrentar tudo para estar nos braços firmes de sua amada.
***
Pov Liz
A tia estava séria quando fechou a porta do escritório. De fato, ela parecia abatida e cansada, como se tivesse passando por grandes estresses. Sabia que tinha algo a ver com seu tio Flávio.
— A senhora não parece nada bem. — Atestou o óbvio e ficou à espera de uma resposta.
— Está cada vez mais difícil tomar conta das coisas sem ajuda e o seu tio vem me enfrentando cada vez mais. Estamos atraindo uma atenção indesejável com alguns ativistas aqui. Não sei que tramoia ele fez, mas conseguiu que a prefeitura desapropriasse pessoas de suas casas para construir um condomínio de luxo. Como alguém pode fazer algo do tipo?
“Cretino ganancioso! ” pensou aborrecida. Era por aquelas e outras que evitava a família paterna a todo custo.
— Não acredito que esse escroto fez isso!
— O pior de tudo é que ele fica desfazendo das coisas que eu digo na frente de outros acionistas, pondo em cheque a minha capacidade de comandar o grupo. Diz que eu não tenho estômago para fazer o necessário.
— Mas que filho da puta! Cretino arrogante. — Liz tinha verdadeira raiva de injustiça. Sempre uns com tantos e outros com tão pouco. Era por isso que todo mês fazia doações de sua herança para o lar de crianças órfãs. — Do que a senhora precisa?
— Estou tentando ir contra essa medida dele. Preciso de pelo menos metade da assinatura dos acionistas, liberando a empresa a pagar indenização para essas famílias. É o mínimo que podemos fazer. Já que você tem sua porcentagem na empresa, mesmo não participando, mas preciso da sua.
— Mas é claro. Onde eu assino?
A tia pegou um documento em sua gaveta e lhe deu a caneta. Assinou em todos os campos necessários e devolveu o documento a ela.
— O que pensa em fazer em relação ao tio Flávio?
— Não sei. Ele está ganhando força na empresa. Muitos o respeitam ou têm medo dele, já não sei. Tem outro detalhe que ainda não contei.
— O que foi? — Perguntou já prevendo a merd* que viria a seguir.
— Ele está insistindo em comprar a sua parte na empresa. Diz que você não precisa e está apenas tomando o espaço de um novo investidor.
Liz teve ainda mais raiva naquele momento. Quem aquele idiota pensava que era? Sim, admitia que realmente não participava de nada da empresa, mas quem sabe um dia? Seus planos mudavam a cada dia. Ficou calada por um tempo, analisando as palavras da tia.
— O que vocês falaram sobre isso?
— Eu disse que ainda tinha esperanças de que você se envolvesse na empresa, mas ele apenas deu uma gargalhada e falou que você nunca teria interesse em trabalhar.
Suspirou aborrecida. Ele não tinha o direito de fazer aquelas coisas.
— Babaca!
— Ele disse que quer conversar com você no dia da festa de réveillon para te fazer uma proposta.
— Deixe ele vir falar, já sei muito bem o que vou fazer. — Liz estava decidida a calar a boca dele de uma vez por todas.
— Cuidado com o Flávio, Liz. — Aconselhou Luísa, ela parecia preocupada. — Ele gosta de jogar com as pessoas. Fale normalmente e não deixe ele te tirar do sério. Não vamos dar a satisfação que ele deseja. Eu não confio nada no seu tio.
— Também não confio. Pode deixar tia, vou me comportar.
— Ótimo, eu conto com isso, e não se esqueça! Quando ele falar e tentar te persuadir, não diga nada. Não confirme e não negue, apenas diga que vai pensar no assunto com calma.
— Tudo bem.
— Perfeito!
Luísa guardou os documentos e chamou Liz para sentar-se ao seu lado no sofá grande que tinha ali. Ela preparou dois drinks para as duas e ficaram conversando um pouco sobre tudo. Era evidente como a tia estava feliz em poder conversar com ela daquela forma. Liz até sentia que as coisas poderiam mudar.
— E o assunto da carta não voltou mais a te incomodar?
Liz revirou os olhos, estava demorando para ela tocar no assunto.
— Eu estou bem. Já disse! Muito melhor do que antes. Lia me ajuda muito.
— Sei que ela ajuda sim e isso me deixa muito feliz, mas eu vi que você chegou aqui hoje um pouco abatida, não quis falar nada, mas...
— A senhora também não parece estar nada diferente — retrucou e deu um gole em seu uísque.
— Mas eu tenho o trabalho, ele que está me deixando assim. E você?
Liz suspirou. Era complicado dizer. As últimas semanas estavam sendo um tanto quanto difíceis. Ficar longe de Lia e sempre ouvir as reclamações e queixas dela com os pais lhe deixavam com o coração pesado. Se mostrava de bem com tudo e forte porque sabia que ela precisava de apoio, mas na realidade estava muito preocupada e triste. A última coisa que queria era ser o motivo dela se desentender com eles.
— Essa questão toda com os pais da Lia está me deixando nervosa. Ela vem discutindo muito com eles. A última coisa que eu quero é que ela tenha problemas com a família. — Liz pôs a bebida sobre o móvel que ficava bem atrás do sofá e esfregou as mãos na face. — Eles reagiram muito pior do que ela imaginava.
— Sei bem como essas coisas podem ser chatas. — A tia lhe fez um carinho terno na face. — Mas veja bem, o que importa é o que vocês sentem uma pela outra, só isso. Pelo que percebi a Lia está mais do que disposta a qualquer coisa para viver isso com você.
— Sim, ela está, mas esse é justamente o ponto. Não quero que ela tenha que escolher entre nós. Eu sei o quanto isso tudo a afeta. Ela ficou arrasada no dia que contou a eles. Nunca a vi chorar tanto.
— Mas questões familiares nunca são fáceis, por isso eu digo e repito: O que importa é o que vocês sentem uma pela outra. O resto é força e paciência.
Liz não evitou que uma lágrima lhe escapasse.
— Eu tenho medo dessa paixão que sinto por ela. — Suspirou profundamente. — Nunca quis me sentir assim, nunca!
— Ah, minha menina rebelde. — A tia a abraçou. — Não diga isso! Lia te faz bem e ela te ama muito, eu posso ver. Você acha que poderia seguir a vida inteira sem sentir nada? Claro que não!
— Não consigo parar de pensar no que meu pai fez — confessou baixinho.
— Como assim? — Luísa estava confusa.
— Lia voltou para a casa deles disposta a contar tudo sobre nós a eles. Se passou uma semana para ela conseguir criar coragem de contar, passamos a semana sem falar muito. A cada dia que passava eu tinha mais medo que ela desistisse de tudo. — Liz limpou as lágrimas que teimavam em cair. — Só de pensar em ficar sem ela, eu... e agora é essa situação chata com eles o tempo todo.
— Shhhhiu! — A tia tentou acalmá-la. — Vocês precisam confiar mais uma na outra, minha menina. Você precisa se abrir com ela para que possa ficar mais segura.
— Eu sei, eu sei. É só que ao mesmo tempo eu não quero que ela seja radical e brigue de vez com eles. Lia pode ser bem cabeça quente quando quer.
— Por isso você a chama de irritadinha, não é?
Liz sorriu com o apelido.
— Sim, irritadinha.
Depois de mais algum tempo ali, quando se acalmou mais, resolveu voltar para o quarto onde Lia cochilava docemente. De bom grado atirou-se ao seu lado e aconchegou o corpo ao seu e ali também acabou dormindo sentido o cheiro dela.
***
Os seus primos estavam para chegar no outro dia e fez questão de ir buscá-los no aeroporto junto de Lia, era cedo da tarde ainda. Os dois eram um pouco mais novos do que Liz, mas ambos já tinham mais de 18. Foram para o portão de desembarque e ficaram à espera deles. Após uma meia hora de espera, um rapaz alto e magro com ares nerds surgiu ao lado uma linda moça loira, essa usando óculos escuros.
Ambos vinham empurrando um carrinho com suas bagagens. Os dois sorriram contentes ao ver Liz, que prontamente foi ao encontro deles, esbanjando charme e simpatia de sempre e os abraçou.
— Oi, Liz. — Deram um abraço triplo e falaram com ela ao mesmo tempo.
— Oi. — A rockeira os cumprimentou com aquele lindo sorriso. — Faz muito tempo que não vejo vocês dois, estão bem mudados.
Logo virou-se para sua irritadinha, ansiava por apresenta-la a eles. Elas deram as mãos.
— Tomás. Vitória. Essa é a Liana, minha namorada. — Apresentou-os formalmente e viu que a namorada deu um sorriso tímido, mas os cumprimentou com simpatia, ela era muito fofa.
Nem era preciso dizer o quanto os dois ficaram extremamente surpresos com a notícia. Infelizmente sua reputação ainda a perseguia, mas ao menos a irritadinha estava lidando melhor com aquelas situações. Ao menos isso. No caminho, os dois pediram que Liz passasse em algum lugar para lancharem.
Assim que chegaram na mansão, a alegria da tia ao reencontrar com os filhos foi enorme, ela até derrubou algumas lágrimas de emoção.
— Meus amores em casa finalmente. — Luísa declarou enquanto os abraçava.
— Também sentimos saudades, mãe. — Vitória se pronunciou. Ela tinha uma leveza em sua forma de falar.
— Ficaremos quase um mês aqui, não precisa chorar tanto.
Por sorte, viu que Lia conseguiu se entrosar rápido com os dois. Até o dia 31, os quatro dividiram bons momentos. Tomaram banho na piscina do condomínio, saíram juntos na noite da cidade e em certa vez, até tocou violão para todos na casa. Até mesmo Lia parecia contente e distraída de toda a tensão com os pais.
A mansão da tia ficou bem movimentada naqueles dias, com pessoas montando tenda, luzes e decoração para a festa, pelo visto seria uma comemoração e tanto. Chegaram freezers com tantas bebidas que Liz perdeu a conta. Claro que os quatro deram conta de esvaziar algumas garrafas. Todos estavam ansiosos pela festa de réveillon. A noite do dia 31 prometia.
***
Finalmente o grande dia chegou. O último dia de um ano intenso, maravilhoso e cheio de mudanças para Liz. Acordou e ainda de olhos fechados, apalpou a cama atrás de si, mas não achou vestígios de Lia. Continuou deitada, com o lençol cobrindo apenas de sua cintura até as coxas, como sempre dormia completamente nua.
A porta do quarto abriu, revelando Lia. Ela estava usando sua linda camisola preta e carregava uma bandeja com café-da-manhã. Abriu um sorriso largo com a atitude de sua irritadinha, não esperava que ela fizesse aquilo.
— Bom dia — saudou-a toda manhosa.
— Bom dia — Lia cumprimentou sorridente e sentou-se ao seu lado na cama. — Pensei em fazer algo diferente hoje. Já que Tomás e Vitória estão aqui, sua tia não vai se importar se não fizermos a refeição com ela.
Liz gargalhou com sua lógica e a puxou para um selinho rápido. Levantou-se e foi até o banheiro escovar os dentes. Quando finalmente voltou para a cama, viu que a bandeja estava farta como a namorada gostava e logo elas começaram a devorar a refeição.
Momentos como aquele eram impagáveis e não conseguia imaginar mais a sua vida sem aquelas coisas. Era tão bom estar ali com ela, por isso havia trocado de bom grado as noites de bebedeira e aventura por algo que preenchia aquele vazio em seu peito. Tudo havia mudado desde que Lia havia surgido em sua vida.
Quando terminaram, a rockeira levou a bandeja, a pôs sobre a mesa que havia ali no quarto e voltou para deitar-se junto de sua irritadinha. Adorava admirá-la pela manhã, ela era linda.
— Sabe que esse foi um dos melhores anos da minha vida? Um dos melhores em muito tempo.
Viu que a emoção tomou conta dela quando falou aquilo e ela sorriu lindamente.
— Foi o melhor ano de todos para mim, apesar de tudo. — Lia a puxou para um beijo cheio de emoção.
— Obrigada por não ter desistido de mim — falou sobre os lábios dela e as duas se abraçaram, quase se enroscando.
— Nunca vou desistir de você, minha rockeira.
Não sabia ao certo o que era toda aquela comoção. Se tinha algo a ver com a magia do fim de ano ou toda a tensão que haviam passado com os pais dela, mas aquele foi um momento delicado e precioso. Ali, olhando nos olhos dela, as palavras dançavam em sua língua. Ela merecia ouvir aquela frase mais do que ninguém, mas não entendia porque sempre se sentia travar naqueles momentos e não conseguia dizer o que sentia.
— Você é muito especial, Liana! A coisa mais importante do mundo para mim.
Tinha sorte de ela ser compreensiva com o seu jeito. Ela abriu um sorriso e voltou a beijá-la calorosamente. Haviam momentos na vida em que as palavras se tornavam extremamente desnecessárias e com certeza aquele era um deles...
Ainda não havia pensado em que roupa usar na festa mais tarde. Lia já havia estirado seu vestido amarelo no guarda-roupa desde o dia em que haviam chegado. Resolveu ir no shopping procurar algo junto de Lia. Foi mais difícil de encontrar algo do que imaginara. Já estava perdendo as esperanças quando a irritadinha insistiu para que entrassem em uma última e lá Lia achou uma jaqueta e calça branca para ela.
— Uau! — Liz exclamou depois de ver o look que a namorada havia montado. — Perfeito!
— Perfeito é o preço. — Lia fez cara de susto olhar a etiqueta. — Olha só isso.
Também se assustou ao ver o preço. Quinhentos reais em uma jaqueta.
— Ah, qual é! Tem ouro bordado por aí? — Infelizmente não tinha outra escolha, não que dinheiro fosse problema, mas não costumava esbanjar tanto assim e já havia rodado todas as lojas sem que nada lhe agradasse.
— Vai levar? — A namorada perguntou. — Em outra ocasião eu não te incentivaria, mas vai ficar linda em você.
— Só levo e uso se você prometer que vai me despir mais tarde — Provocou-a e viu como as bochechas dela ficaram vermelhinhas. Ela olhou para os lados a fim de ver se ninguém havia escutado e depois sorriu safada.
— Com todo prazer!
Várias safadezas povoaram sua mente com aquele simples flerte entre as duas, adorava provocar Lia, era algo incrível. Gostava de vê-la tímida e logo em seguida se comportando como a safada que era. Aquele rostinho angelical nunca a havia enganado mesmo.
Saíram da loja com a jaqueta e a calça comprada e depois foram à procura de um tênis branco. Por sorte esse foi fácil e logo encontraram um. Ao voltarem para a casa, viu que Luísa andava de um lado para o outro com a equipe de organização.
O dia passou apressado e logo a noite chegou. A festa estava marcada para começar às nove, mas Liz estaria pronta mais cedo para conversar com o tio. Queria muito calar a boca dele de uma vez por todas. Sentia o impulso de dizer que estaria voltando a empresa para assumir os negócios, mas não poderia declarar uma coisa daquelas e logo em seguida viajar para Londres por seis meses para acompanhar a namorada. O melhor seria ficar calada mesmo, assim como a tia havia lhe orientado.
Lia começou a arrumar-se cedo e fez questão de provocá-la durante todo o seu ritual de menininha, mas aproveitou para dar um trato em si mesma também, sempre havia se arrumado sozinha, nunca ligara para muitas frescuras. Elas hidrataram o cabelo e escovaram. O cabelo de Liz já estava quase passando da cintura de tão longo que estava, mas o amava bem comprido.
A tia bateu na porta do quarto e avisou que havia contratado uma maquiadora para ela e Vitória, caso alguém tivesse interesse, Lia animou-se. Era raro vê-la maquiada, mas naquele dia ela estava uma verdadeira menininha. Até estava gostando daquele trato todo, ela já era linda e naquela noite deixaria seu tio de queixo caído ao apresenta-la como namorada.
A sessão de maquiagem demorou mais do que pensava, já era quase oito da noite quando todas terminaram de ser maquiadas. Ela foi a primeira das três já que a sua era a mais simples de todas. Estavam na sala e enquanto estavam ali, percebeu que a mansão estava cheia de pessoas do buffet e garçons. Todos organizando as comidas que começavam a chegar.
Subiu para vestir-se. Segundo Luísa, seu tio Flávio estava quase chegando e queria muito falar com ele. Vestiu a calça branca, seus tênis, uma blusa fininha e sua jaqueta, depois colocou mais alguns adereços como cordão e pulseira. Nada demais, não ligava para adornos. Passava o perfume quando Lia finalmente entrou no quarto com sua make pronta. Não conteve o impulso e assobiou descaradamente quando a viu.
— Uau! — Aproximou-se dela que também a observava e abraçou-a pela cintura. — Você está ainda mais linda, minha irritadinha.
— Obrigada. E você está maravilhosa. Perfeita. — Lia afastou-se para admirá-la. — Acho que nunca te vi usando roupa branca antes. Caiu muito bem em você.
— Obrigada. — Lhe deu um selinho de leve. Queria roubar um beijo daqueles, mas se segurou. — Mais tarde eu borro esse batom devidamente.
A namorada sorriu travessa e seus olhos brilharam de volúpia.
— Vou estar esperando por isso, pode apostar.
— Não vai se arrepender. — Liz segurou as mãos dela nas suas. — Está gostando de passar esses dias aqui?
— Claro que sim. Sua tia me deixa super a vontade, até mesmo com seus primos que eu não conhecia consegui me enturmar.
— Todos gostam muito de você, mas como não gostar?
— Eu nunca fui muito simpática assim com pessoas distantes. Eu não sei. Vocês têm um charme e uma simpatia, deve ser um traço de família. Quando me dei conta de quem era a sua família, fiquei com medo de onde estava me metendo. Pensava que eram todos uns boçais por serem ricos, sei lá. Mas não, muito pelo contrário.
— Sempre fomos ensinados a sermos humildes. Odeio pessoas prepotentes e arrogantes que se acham melhor do que os outros, isso é besteira — declarou aborrecida ao lembrar-se imediatamente do tio. — Mas minha família não é toda assim. Falando nisso, deixa eu te alertar sobre o Flávio...
— O seu tio falso e ganancioso.
— Esse mesmo. Ele é bem desagradável quando quer, mas por favor, caso ele faça ou fale algo comigo, não vai explodir, hein? Fica perto de mim. — Viu quando ela torceu face e revirou os olhos.
— Claro que eu não vou dar nenhum vexame, não se preocupe.
— Eu sei que não vai, mas estou só avisando para que fique preparada. — Liz verificou a hora no relógio em seu pulso e já passava um pouco das oito. — Eu vou descendo caso ele chegue. Tia Luísa disse que ele quer conversar comigo sobre coisas da empresa e já deve estar chegando.
— Tudo bem. — Lia a abraçou com carinho e olhou bem em seus olhos. — Você está bem mesmo para tratar dessas coisas? Há pouco tempo atrás você nem queria ouvir falar de nada sobre os negócios se bem me lembro.
Suspirou, ela estava certa quanto aquilo. Havia passado o dia tensa, pensando nessa conversa com o tio. De fato, não estava tão incomodada como antes. Cada dia mais, sentia que talvez pudesse se envolver na empresa, mas ainda era prematuro dizer algo com certeza.
— Estou bem, prometo! — Acariciou a face com cuidado. — Contanto que você esteja ao meu lado, sei que tudo vai dar certo.
Com mais um selinho desceu e deixou-a à vontade para terminar de preparar. Sentou-se no grande sofá branco na sala e ficou ouvindo música em seu celular enquanto mexia em suas redes sociais. A foto que Lia havia postado das duas estava fazendo o maior sucesso. A maioria dos comentários eram tanto de surpresa e de felicitações ao casal. Ela estava sendo mesmo forte e assumindo todos os riscos. Isso deixou Liz orgulhosa.
Em pouco tempo ouviu alguém bater na porta da sala. Era ele. Altivo e com seus olhos negros maldosos. Era triste ver o quanto ele se parecia com o seu próprio pai. Como sempre, ele tinha uma barba bem-feita e aparada que já começava a ficar grisalha e ao seu lado, sua mais recente esposa, uma ruiva alta, bonita e bem mais nova. Ele sorriu simpaticamente para Liz e ela viu-se obrigada a se levantar para recebê-los.
— Ora ora, quem resolveu nos agraciar com sua ilustre presença. — A voz máscula e forte dele ecoou. Já havia começado as piadinhas. — Lisandra.
— Olá, tio Flávio. — Estendeu a mão para que ele a apertasse e pôs seu sorriso falso nos lábios, depois olhou para a esposa dele disfarçadamente. — Que bom que chegaram.
— Obrigado, sobrinha querida. — Ele finalmente fez um gesto para a mulher ao seu lado. — Deixe-me apresentá-la a Vanda, minha esposa.
A ruiva aproximou-se e deram aqueles beijinhos falos de um lado e outro do rosto.
— Prazer em conhecê-la, Vanda — cumprimentou-a de forma cortês e com seu lindo sorriso.
— Igualmente querida.
— Venham, vamos sentar um pouco. — Liz os encaminhou até o sofá branco. — Aceitam beber algo?
— Mas Luísa te treinou direitinho, não foi? — Fez piada mais uma vez. — Quero um uísque, por favor.
— Isso é apenas educação, tio. Nada demais — retrucou indiferente e ele apenas a analisou. — E posso lhe oferecer algo, Vanda?
— Uma água com gás e gin tônica, por favor.
Liz estava preparando as bebidas quando ouviu saltos quicando na escada. Quando olhou naquela direção sua boca abriu completamente e seu coração disparou. Ela estava simplesmente perfeita com aquele vestido que deixava seus ombros à mostra. Viu que o tio e sua mulher também olhavam para ela. Teve de parar o que estava fazendo para ir ao seu encontro, sentia um calor repentino lhe tomar.
— Muito exagerado? — Ela perguntou disfarçadamente e em tom receoso.
— Está perfeita! — Beijou uma de suas mãos e revirou os olhos, enquanto ela ria. — Deixa eu te apresentar a ele. Que bom que você desceu para me socorrer.
Lia sorriu de leve e a acompanhou. Viu que Flávio e Vanda a olhavam curiosamente.
— Deixe eu te apresentar ao meu tio Flávio e a sua esposa, Vanda. — Os dois se colocaram de pé para cumprimentá-la devidamente. — Tio Flávio, Vanda. Essa é a Liana, minha namorada.
— Namorada? Por essa eu não esperava. — Ele arregalou os olhos em espanto. —Você está cheia de surpresas essa noite, sobrinha. — Se direcionando a Lia, ele falou: — É um prazer finalmente conhecer a moça que enlaçou o coração de Lisandra dessa forma.
— Muito prazer, senhor Flávio. — Lia agradeceu com um sorriso simpático, mas conseguia perceber que ela estava um pouco sem jeito.
— Formam um lindo casal. — A ruiva falou ao lado das duas e sorria com simpatia.
— Bem, vou terminar os drinks de vocês. Você quer tomar alguma coisa, Lia?
— Eu vou pegar uma beats para mim no freezer. Quer uma?
— Sim, por favor. — Sorriu para ela enquanto terminava de preparar a bebida dos dois no bar da tia.
Assim que entregou os copos para eles, Luísa surgiu na escada. Ela estava incrivelmente deslumbrante em um vestido branco simples, porém, lindo.
— Luísa querida! — Flávio pôs-se de pé e foi espera-la ao pé da escada. — Está linda essa noite. Obrigada pelo convite.
— Imagina, Flávio. É um prazer.
Liz suspirou aliviada. Ainda bem que a tinha havia chegado, odiava “fazer sala” para quem não gostava. Ela cumprimentou Vanda educadamente e logo a irritadinha voltou com suas bebidas. Liz perguntou se Luísa gostaria de beber alguma coisa, mas a mesma declinou.
— Acho melhor tratarmos logo daquele assunto. Daqui a pouco os convidados vão começar a chegar.
— Sim, por mim está perfeito. — Flávio levantou-se e acompanhou as duas até o escritório ali perto.
O estômago de Liz revirava. Antes de sair da sala, soltou um beijinho para Lia e um “volto logo”. Rezou para não perder a paciência com o tio. Assim que trancou a porta, Flávio começou seu discurso bonito e cheio de ironias.
— Estou feliz em estar aqui essa noite. Muito bom de sua parte que tenha feito isso para os investidores da empresa, Luísa. Agradar de alguma forma é sempre preciso, não é?
— Bem, o clima anda muito tenso por lá, não concorda?
Liz apenas observava a educada troca de farpas entre os dois. Não entendia como Luísa tinha paciência para aqueles joguinhos.
— Nem tanto, mas sei que você está cansada e o quanto é difícil certas decisões para uma mulher...
— Típico discurso machista, tio. — Liz pronunciou-se pela primeira vez. — Bem amador para um CEO estar falando, não acha?
O tio calou-se por alguns segundos e sorriu perversamente.
— Não que você possa dar alguma opinião, Liz, querida. Já que não está na empresa para ver as coisas que se passam.
— Acho que eu já sei o suficiente — retrucou atrevida e viu o olhar que a tia lhe lançou. Resolveu baixar a bola assim como ela havia lhe pedido. — Mas enfim, o que o senhor gostaria de falar comigo?
— Direta como eu. Gosto assim! — Ele levou a mão ao bolso e lhe entregou um pen-drive. — Aí está tudo o que precisam saber mais detalhadamente sobre a proposta que quero fazer.
— Sempre um passo à frente, não é, Flávio? — A tia estava surpresa com a ousadia, assim como Liz. Ele já havia preparado uma oferta com contrato.
— Eu não vim para brincar. — Ele disse sério e depois olhou para Liz. — Vamos lá, sobrinha. Estaremos resolvendo dois problemas de uma vez. Você que não quer participar de nada disso e a empresa que poderá ter um novo investidor. Garanto que a proposta está irrecusável e você não teria que se preocupar com nada o resto da sua vida.
Liz recebeu o pen-drive que ele continuava a lhe oferecer. A vontade que tinha era de recusar tudo o que ele tinha para oferecer e sair dali feito um furacão, mas resolveu entrar no jogo dele.
— Por que o senhor diz que a empresa tem problemas?
— Toda empresa tem problemas. Precisamos de decisões mais eficazes para o rumo do nosso grupo. Desculpe dizer isso, minha sobrinha querida, mas você é peso morto para nós.
Mesmo sendo verdade tudo o que ele lhe dizia, a raiva não deixou de borbulhar dentro de si, sua língua chegava a coçar para cuspir veneno, mas se conteve o máximo que pode.
— Bem, nós todos queremos o melhor para empresa, isso temos em comum, eu acho. — Alfinetou sarcástica. — Não se preocupe, eu vou dar uma olhada e analisar bem, obrigada.
— Não tem motivos para você não aceitar a proposta. — Ele era sempre cheio de si e presunçoso o que aumentava ainda mais o seu ódio. — Sei que você nunca vai se envolver nos negócios. Sei que tem trauma de tudo o que aconteceu com o meu irmão, talvez isso não seja bom para o seu julgamento.
Nesse momento o coração de Liz doeu no peito. Trincou os dentes e cerrou os punhos. Quem ele pensava que era para falar daquela forma de seu pai? “Arrogante desgraçado.” Pensou enraivecida.
— Pelo menos ela sentiu alguma coisa, Flávio. — Luísa saiu em sua defesa. — Acho que sentimentos é algo que você não saiba muito bem como lidar, não que adiante muita coisa falar sobre isso com você.
— Estou sendo objetivo e profissional. Minhas preocupações são com o trabalho, não vida pessoal. O que passou, passou. Não temos mais o que fazer. Se não conseguem separar uma coisa da outra...
— Quem tocou no assunto foi o senhor e não eu. — Liz respirou. Estava dando tudo de si para permanecer ali de cabeça erguida. Sentia uma raiva incontrolável. — O senhor deve estar mesmo desesperado para estar apelando dessa forma.
— Eu assino em baixo. — Luísa concordou. — Mas já chega de falar sobre isso. Agora é hora de festa e de descontrair.
— Sim, concordo! Não está mais aqui quem falou. — Flávio andou em direção a porta e abriu-a educadamente para que elas passassem primeiro.
Liz passou reto e quando olhou para trás, viu que ele havia falado algo para que somente a tia escutasse. Percebeu que ela ficou muito aborrecida com o que ele havia falado, mesmo que tentasse disfarçar. Liz teve o ímpeto de voltar e tirar satisfação, mas foi impedida quando alguém segurou delicadamente a sua mão. Era Lia.
— Tudo bem? — Ela perguntou discretamente.7
— Não, vamos sair daqui.
— Espera, vou pegar sua bebida. — Pediu a irritadinha.
Liz parou na sala e viu que os primos estavam ali também, totalmente relaxados e alheios a tudo. Suspirou fortemente. Sentia-se tremer de raiva, mas tentou se controlar. Não deixaria aquele ambicioso estragar sua noite. A namorada lhe entregou sua bebida e ela chamou os primos a irem com elas para fora da casa.
Ficou impressionada quando viu tudo pronto. Haviam várias mesas dispostas, um tablado de dança bem no meio em frente ao pequeno palco e a tenda montada mais ao longe onde seria servido o buffet. Os quatro sentaram em uma mesa e ficaram jogando conversa fora. Aos poucos Liz foi se acalmando e esquecendo da desagradável conversa com o tio.
Pov Lia
Já fora da casa, fazia de tudo para tentar distrair Liz. Ela pareceu ficar bastante afetada com a breve conversa. Aquele tio deveria ser mesmo o capeta e desde já sentia ranço eterno por ele.
Curiosa, começou a travar uma conversa de troca de conhecimento com os primos de Liz, perguntando como havia sido a trans*ção de sair do Brasil e ir morar no exterior. Eles contaram que não sabiam nada do idioma quando foram para lá, mas que morar fazia toda a diferença e logo aprenderam muitas coisas. Isso fez com que ela se animasse ainda mais com seu intercâmbio.
Os convidados começaram a chegar. Pelo que Lia começou a perceber, um mais rico do que o outro. Aliás, ricos não, milionários. Viu que ao longo da rua da mansão, vários carros de luxo estavam estacionados. Chegou a ficar tensa por um instante, aquele era um mundo ao qual não estava acostumada, mas não era nenhuma frouxa. Sabia que ninguém era melhor do que ninguém.
Ela, Liz, Tomás e Vitória passaram muito tempo jogando conversa fora e bebendo, enquanto viam a banda se organizar no palco a frente para começarem a tocar, isso a fez lembrar de quando saíam na cidade para ver Liz tocar com sua banda. De repente, Luísa os chamou para que a ajudassem a recepcionar os convidados por alguns minutos.
— Odeio essas partes chatas. — Liz sussurrou em seu ouvido e lhe deu um beijo molhado na nuca. — Volto já. Vai ficar bem aí sozinha?
— Não se preocupe, eu vou sobreviver. Vou aproveitar para tentar falar com meus pais e Pedro.
— Ok. Boa sorte com isso.
— Obrigada.
Lia ligou para Pedro primeiro e o irmão a atendeu alegremente.
— Oi, mana!
— Oi, maninho! Onde vocês estão?
— Viemos passar na casa do tio. Estão todos aqui. Perguntaram por você.
— E o que disseram? — Perguntou aflita.
— Depois daquela foto que você postou, nada mais é segredo. — Pedro riu do outro lado da linha. — Mamãe disse que você ia passar com a sua namorada, mas ninguém entrou em detalhes. Nossos primos, Ana, Mariana e o Reginaldo que vieram depois de perguntar detalhes. Todos ficaram surpresos com a notícia.
Lia sorriu. Apesar de ter sido muito ousada e até ter se arrependido depois de ter postado aquela foto, no fundo, também estava aliviada de finalmente não ser mais um segredo o seu relacionamento. Precisava dizer para si mesma a todo instante que não estava fazendo nada de errado. No entanto, lembrava-se do pai e do quanto ele estava revoltado com tudo.
— E o pai, como ele está?
— Eu não sei. Ele está aparentemente calmo. Eu tive uma conversa com ele ontem.
— E aí? — Ficou ansiosa por saber o que tinham falado.
— Ele disse que andou refletindo e conversando com a mãe e que mesmo apesar de não concordar com a sua escolha também não quer te afastar de nós.
Lia sentia como se um peso saísse de seus ombros ao menos um pouco. O que a deixava arrasada era essa negação toda por parte deles, mas mesmo assim ainda estava tudo muito recente.
— Quer falar com eles? — O irmão voltou a perguntar.
— Claro.
Do outro lado da linha conseguia ouvir Pedro entregar o telefone aos dois e dizer que Lia queria falar com eles. Depois de mais alguns segundos ela pode ouvir a voz dos dois no outro lado da linha.
— Oi, Lia! — Os dois falaram em uníssono. Foi um alívio para o seu coração ouvir a voz dos dois
— Oi. Como vocês estão? — Puxou assunto se sentindo emocionada.
— Estamos bem. — A mãe respondeu. — E por aí como está?
— Tudo calmo. Estou aqui com a família dela. Só queria saber como vocês estavam.
— Ah sim, entendi.
— Pai?! — Chamou-o incerta.
— Sim. — A voz grave dele respondeu.
— Ainda está com muita raiva de mim? — Sua consciência pesada era uma droga.
— Não, querida. Estou levando. Só espero que esteja tudo bem. A gente conversa quando você voltar, tudo bem?
— Tudo bem, obrigada. E desculpe por tudo. Eu liguei porque mesmo não estando perto eu não queria passar a virada do ano brigada com vocês.
— Oh minha menina. — Conseguiu ouvir a voz emocionada da mãe. — Também não queremos isso. Seja lá o que for, sempre vamos nos resolver.
— Obrigada, mãe. — Uma lágrima insistiu em cair sobre sua face.
— Está tudo bem, filha. — Dessa vez o pai falou. — Me desculpe por ter afastado você daquela forma. É só que... é difícil.
— Tudo bem, pai. Eu sei. Só quero que saibam que amo muito vocês.
— Nós também te amamos. — Horácio falou de volta. — Você sempre será nossa princesinha.
Naquele momento a banda começou a tocar o que tornou a ligação ouvir para conseguir escutar do outro lado da linha.
— Desculpem o barulho. — Gritou para que eles a ouvissem. — A banda começou a tocar aqui.
Colocou o telefone no viva voz e depois o pôs próximo ao ouvido para tentar entender o que eles diziam.
— Se divirta e tome cuidado. — A mãe falou. — Feliz ano novo para você, meu amor.
— Feliz ano novo, Lia. — O pai desejou em seguida.
— Feliz ano novo para todos. Beijos.
Lia desligou o telefone ainda emotiva e pegou um guardanapo para enxugar as lágrimas. Pelo menos passaria a sua virada de ano com menos peso na consciência. Aquela ligação havia feito toda a diferença.
Terminou de enxugar as lágrimas com cuidado para não borrar a maquiagem e retocou seu batom. Estava prestes a pegar o celular e ligar para Cris, quando uma mulher mais velha, alta, loira e esguia se aproximou dela com um sorriso nos lábios. Parecia ser uma daquelas “coroas enxutas” e muito bonitas.
— Posso me sentar aqui um pouco?
Lia estranhou aquela mulher lhe abordar, nem a conhecia, mas não seria indelicada com os convidados de Luísa.
— Claro, pode ficar à vontade.
— Obrigada. — A mulher puxou uma cadeira e sentou-se ao seu lado ainda sorrindo simpaticamente. — Desculpe ter sentado assim sem ao menos me apresentar. Me chamo Cíntia Donato.
— Eu sou, Lia. — Apertaram as mãos educadamente.
— Lia, vi você por aqui há alguns meses atrás. Eu sou uma velha amiga da família. Moro ali no condomínio ao lado.
— Ah sim! — Lia respondeu educadamente. Não estava minimamente interessada em saber sobre a vida dela.
— Você está com a Liz? — Perguntou curiosamente.
Lia não gostou muito do jeito que ela falou, a mulher parecia lhe analisar de alguma forma o que lhe deixou desconfortável, mas talvez fosse bobeira sua por estar longe de Liz. A procurou pelo salão com os olhos, mas não a encontrou.
— Sim, ela me convidou para vir.
— Desculpe estar parecendo curiosa e enxerida. — A mulher falou educada. Era aquilo mesmo que ela estava sendo. Odiava gente metida. — É só que eu acompanhei todo o trauma pelo qual ela passou e sei que ela nunca foi de se envolver com ninguém assim.
Logo o que ela falou, chamou sua atenção. Ela parecia mesmo conhecer bem Liz e a família.
— Lembro quando ela era apenas uma adolescente perdida e triste. Liz amadureceu muito pelo que estou vendo.
— É, ela já mudou bastante mesmo. — Teve de concordar, embora não gostasse de discutir essa questão particular da namorada com ninguém.
— Eu consegui perceber isso de longe. Já fazia muito tempo que eu não a via por aqui. Fiquei até surpresa.
Algo no modo como aquela mulher falava de Liz a incomodava. Já estava para inventar uma desculpa para poder sair dali quando o telefone da mulher tocou. Ela atendeu brevemente e confirmou alguma coisa.
— Bem, Lia. — A mulher levantou-se. — Já tenho que ir agora. Obrigada pela conversa, foi um prazer conhecê-la.
Lia se pôs de pé para se despedir dela de bom grado, já estava passando da hora.
— Igualmente, Cíntia.
Nesse momento as duas viram Liz ao longe, ela estava conversando simpaticamente com um grupo de senhores junto da tia, porém, ela não as viu de volta.
As duas ficaram admirando-a quando a mais velha soltou do nada:
— Ela faz gostoso como ninguém, não é?
Ela soltou um risinho cínico e foi embora na mesma velocidade com a qual havia aparecido, deixando Lia sem reação e com cara de trouxa. Estava atônita com o que ela disse, ficou até sem reação por uns instantes e de repente a raiva começou a borbulhar em seu interior?
Quem era aquela vagabunda?
***
Fim do capítulo
Desculpem a todas pela demora em atualizar e em responder os comentários.
Falando nisso, leitoras queridas, queria muito saber o que estão achando. Vamos debater!
Conto com a participação de vocês.
Beijinhos e não me matem.
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Anny Grazielly
Em: 08/01/2020
Pelo amor de Deus..... que essa Cintia nao venh atrabalhad nosso casal lindooooo... Fiquei feliz pelos pais dela... ja estou ansiosa pelo capítulo que eles vão poder conhecer nossa Liz.... querooooooooo muitossss outros capítulos cheio de amor dessas duas...
Resposta do autor:
Olá Anny
Então... essa Cíntia... o que falar dela, não é? Mal apareceu e já causou muuiiito!
Do jeito que Lia é, bem capaz de ter um barraco vindo por aí. O que você acha?
Quanto aos pais, eles estão caindo na real e percebendo que dessa forma só vão conseguir afastar a filha e apesar de não concordarem, não é isso o que eles querem.
Eu também amo escrever e ver essas ceninhas de amorzinho entre as duas, amo clichês. S2
Obrigada pelo lindo comentário e até o próximo capítulo.
Beijinhos
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Master
Em: 08/01/2020
Tomara que essa mulher não atrapalhe elas já estão passando por tantas coisas.
Resposta do autor:
Olá Master, mais uma vez é ótimo te ver por aqui. S2
Pois é, né?!
Lá vamos nós descobrir mais um dos segredos de Liz, ela é uma caixinha de surpresas.
Apesar de tudo o que elas estão passando, é incrível ver como estão seguindo juntas e fortes. Estou amando escrever essa fase da estória.
Beijinhos e a gente se vê no próximo.
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Aurelia
Em: 08/01/2020
Vixe, já vi que vem treta por aí... Essa deve ser umas das muitas de Liz e tinha que ir logo dando o ar da graça, só pra espalhar a sementinha da discórdia. Poderia até pensar que é coisa do tio, mas sei lá. Uma coisa que a Liz precisa entender é que foi antes dela e agora não tem importância mais. Vai lá e marque território, seja mais dona da razão e não deixa a peteca cair, seus pais estão mais calmos e isso é maravilhoso, então pegue esse apoio deles e vá a luta. Eu adoro a estória então sou suspeita, fico aqui aguardando o próximo capítulo pra me deleitar. Abraços e até.
Resposta do autor:
Rsrsrs...
vem treta sim, eu sei que vocês gostam. Sim, você está certa, ela está sim na lista da Liz, com toda a certeza. Cíntia veio apenas para soltar a bomba, aquela desgraçada. Olha, é para se desconfiar mesmo disso, mas a Lia do jeito que é... vai ser fogo no parquinho, pode apostar. na hora da raiva ela não pensa racionalmente, vamos ver o que vem a seguir.
De fato, os pais estão vendo que não tem outro jeito e estão realmente dispostos a entender e respeitar esse lado da filha que não conheciam. Amém.
Obrigada por sempre estar por aqui nos acompanhando e comentando, é muito importante.
Eu quero muito não me demorar com o próximo, estou super ansiosa pra compartilhar, esse vai ser babado. rsrsrs
Beijinhos
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