Capitulo 24 - Aconchego
– Podemos conversar?
– Claro.
Acompanhou seu amigo em silêncio até a varanda, ele parecia desconcertado, por esse motivo deixou que começasse a falar.
– Nem sei por onde começar, – passava a mão nos cabelos, inquieto, depois de uma breve pausa continuou: – Bia, não entendi a abordagem de Daniela mais cedo, e entenderei muito bem se você quiser que não passemos mais o final de semana aqui.
– Doug, – puxou o amigo para um abraço: – você e a Mari são irmãos que a vida me deu. Jamais pediria para que se retirasse de um passeio que organizei para nós. – Por mais que duvidasse do motivo que tinha levado Daniela a ter tal atitude, não diria isso ao amigo. – Esquece o que aconteceu, já passou. O importante é que estamos todos juntos.
– Licença, não queria interromper, – disse sem jeito – Bia, dona Nicole está chamando vocês para o jantar.
Sorriu com o jeito preocupado da garota a sua frente, apertou levemente sua mão e já estava saindo quando Douglas concluiu:
– Sophi, que bom que está aqui. – A garota olhou de um para o outro sem saber ao certo o que estava acontecendo, receosa sobre o que estava acontecendo ali, esperou para que ele continuasse: – Desculpa pela cena que a Dani fez mais cedo, não sei o que ela estava pensando, ou até mesmo o que pretendia, mas quero que saiba que detestei o que ela fez, e estava neste momento conversando com a Bia sobre isso.
Uma troca de olhares rápida ocorreu entre elas, o que passou despercebido por Douglas, que por hora, estava apenas preocupado com a falta de modos da esposa.
– Não se preocupe, está tudo bem. Dani deve estar cansada, nos conhecemos há tanto tempo, imagino que ela saiba que eu não ofereço perigo nenhum a Bia. – Dessa vez fora ela quem apertou a mão de Bia.
– Vocês são maravilhosas, – sorriu – muito obrigado. – Já estava perto da porta quando se virou para elas dizendo: – Você merece alguém assim ao seu lado, Bia. Cuida bem dela, Sophi. Não esquece que sei onde a senhorita mora.
– Senti uma ameaça, – sorriu, levando Bia e Douglas a fazerem o mesmo. – Não se preocupa, a gente se cuida.
– Boa saída. Vou dar cobertura a vocês, mas não demorem, sabe bem como sua mãe é, Bia, se demorar muito ela mesmo virá busca-las.
– Obrigada, querido, você é um amorzinho.
Puxou Sophi para um abraço apertado, seguido de um beijo suave e saudoso, ficou brincando com o nariz no pescoço da garota, que por mais que quisesse se conter, não aguentando perguntou:
– Corro o risco de sua esposa chegar aqui a qualquer momento? – Embora já tivesse conversado com Beatriz anteriormente sobre o título “esposa”, depois da cena de Daniela, não estava pronta para um novo “show”.
– Você é sempre assim?
– Como?
– Desconfiada, e um tanto quanto pirracenta, digamos assim.
– Devo arrumar um advogado para defender a minha causa, Dra.? – desafiou Bia com o olhar, beijando seu pescoço. – Estou esperando a minha resposta, caso tenha esquecido.
– Meu bem, – deu dois passos na direção de Sophia, fazendo-a encostar na pilastra, prendendo as mãos da garota acima da cabeça, dando leves mordidas em sua orelha enquanto respondia: – já falei que não tenho esposa, estou separada. A não ser, é claro – posicionou sua perna entre as pernas de Sophia, que soltou um suspiro alto com o contato – que você queira casar comigo.
– Beatriz, – sua respiração estava descompassada – hum, não faz isso.
– Isso o que? – perguntou com voz sensual.
– Para, – tentava, em vão, se soltar – estamos na casa dos seus pais.
– Por isso só posso pegar na sua mão, é isso?
Mesmo percebendo o tom de chateação na voz da advogada, tentou se manter firme. Sabia que se continuassem daquela forma, era bem capaz de esquecer completamente onde estava e se entregar as carícias da outra, ali mesmo.
– Sim... – respondeu mais para si, que para Bia, afinal, estava prestes a jogar sua razão para o alto e cometer uma loucura.
– Tudo bem. Será como deseja. – respondeu séria soltando as mãos de Sophi, se afastando enquanto dizia: – Vamos, o jantar já deve estar sendo servido.
Ao ver o semblante sério da advogada, se sentiu mal, mas o que podia fazer? Embora quisesse se entregar ao desejo que sentia pela outra, não podia esquecer que estava na casa dos pais dela como convidada, o quão vergonhoso não seria se a pegassem fazendo “alguma coisa” ali na varada, melhor nem pensar nessa hipótese.
Beatriz caminhava a sua frente, a puxou levemente selando seus lábios com um pedido de desculpas mudo. Percebeu o sorriso da mulher a sua frente se formar pouco a pouco. Finalizou o beijo dando-lhe um tapinha nas costas.
– Você é muito má. Achei que tivesse realmente chateada.
– E estava, mas, seu beijo mudou tudo.
– Malvada.
– Linda, – a puxou para outro beijo – cada uma joga com as armas que tem.
Sophia retornou a cozinha achando que não tinham notado a sua demora, já que apesar de posta, a mesa ainda estava intocável. Para o seu azar se bateu de frente com Yasmin que vinha da sala acompanhada por Nicole.
– Ah, achei que tivessem te sequestrado. – olhou sob ombro de Sophia e sorriu: – Realmente o sequestro aconteceu, e deixou grandes vestígios. – apontou para o pescoço de Sophi – Falei para não se preocupar, mainha. A patinha devia estar “alugando” a garota.
– Yasmin, – gargalhou – pare com isso, está constrangendo a menina.
– Desculpa, não quis atrapalhar o jantar. – disse envergonhada.
– Não atrapalhou nada, Yasmin tem essa mania de implicar com a irmã e sai disparando em todos que estão por perto. Não ligue para isso. – Se aproximou de Sophia dizendo em seu ouvido: – Vocês precisavam conversar, agora sugiro que limpe essas marcas de batom que estão no seu pescoço. – Piscou para Sophia.
A garota não sabia se corria de vergonha ou ficava e encarava a família de Bia. Estava decidindo quando a mesma entrou na cozinha abraçando seus ombros.
– Deixe a minha convida em paz, Min. – sorriu beijando o rosto de Sophi – Logo você se acostuma com as gracinhas da minha irmã.
Não demorou muito para que as demais pessoas que ali estavam fossem chegando a cozinha e tomando seus assentos a mesa. Sophia saiu a francesa para limpar o batom do pescoço e ficou ainda mais envergonhada quando constatou que seu próprio batom também estava borrado. Limpou o excesso que ficara do de Bia em si e retocou o seu próprio, prendeu os cabelos em um coque frouxo e voltou para a cozinha.
Do outro lado da mesa, estava Yasmin fazendo gestos para a “limpeza” que tinha feito em si, no exato momento em que Bia pousou a mão em sua coxa, buscando contato com sua própria mão, fazendo-a se acalmar como num passe de mágica.
Fim do capítulo
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