Coincidências por Rafa e
Capitulo 32
Melissa caminhava de um lado a outro. Isadora permanecia no sofá, segurando a mão de Bá. Mariana estava sentada no primeiro degrau da escada, enquanto Júnior olhava para Helena que parecia estar em um mundo paralelo.
-- Vó Lena, a senhora está bem? – a senhora não lhe respondeu. Júnior esticou o indicador e bateu no ombro da vó de Haidê, esperando uma resposta. – Olha o pica-pau... – Helena parecia fora do seu corpo. Ele começou a se preocupar, temia que a mulher estivesse morta. – Isa, eu acho que vó Lena passou dessa... – Isadora não teve tempo de impedi-lo de empurrar o ombro de Helena com a mão, quando a jornalista tentou repreende-lo, a velha senhora abriu os olhos e levantou-se, quase pulando.
-- Eles chegaram! – exclamou e antes que alguém falasse algo, a porta se abriu, surgiu Adam, Ulisses, Haidê abraçada a Lívia com a roupa toda suja de sangue e o rosto com pequenos cortes, isso atraiu a atenção de todos. Radar também levantou e foi receber suas mães. – Lívia...
-- Você está bem? – Mariana correu para frente da loira e interrompeu Helena.
-- Esse sangue não é meu. – todos olharam para Haidê, ela estava cheia de hematomas pelos braços, pescoço, um olho roxo, um corte na boca e mais dois no braço.
-- Pela deusa! Minhas filhas, vocês estão machucadas... – constatou e olhou para Bá. – Vamos conseguir o máximo de gelo que pudermos e jogar na banheira. – dona Dirce não entendeu muito bem a ideia de Helena, mas seguiu para ajuda-la. Todos os outros cercaram as duas mulheres e Ulisses.
-- Você se machucou? – Isadora perguntou a Lívia.
-- Esse sangue é de um dos sequestradores. – Melissa puxou Haidê para um abraço.
-- Por que não me chamou? – repreendeu. – Está tudo bem? – Haidê correspondeu ao abraço e chorou mais um pouco.
-- Eu quase a perdi... Cristina, eu a coloquei em risco... Quase a perdi. – confessou nervosa.
-- Ei, não foi sua culpa... – Ulisses tranquilizou a irmã confortando-a com uma leve massagem no ombro.
-- Essa vingança... Nós matamos todos. – olhou para a amiga. – Por isso... Foi por isso que eu quase a perdi. – voltou a chorar nos braços de Melissa que segurou seu rosto, olhando-a nos olhos.
-- Ei... Acabou! – ela enxugou as lágrimas da morena. – Isso já é passado, tudo bem? Lívia está aqui... – olhou para surfista que também parecia em choque e puxou pela mão, depositando-a sobre a mão da advogada. – Agora vocês podem viver com liberdade... Acabou. – Isadora se aproximou das duas amigas e da esposa, abraçando-a. Mariana veio em seguida, depois Ulisses e por último Júnior.
-- Eu também quero! – gritou. Foi um abraço coletivo entre eles, um momento exclusivo onde só os dois agentes e seus amigos sabiam o motivo. Radar latiu para anunciar que também estava ali.
-- Depois de anos... – Ulisses falou após se afastar, tinha a voz um pouco embargada. – Nós conseguimos matar quase toda a quadrilha. – Lívia olhou para o cunhado surpresa.
-- Ainda falta mais? – ele negou com a cabeça.
-- Jeanine agora é assunto internacional, até a CIA está à procura dela, não acredito que viva por muito tempo.
-- Então... – Isadora o olhou. – Está acabado?
-- Sim. – esfregou as mãos no rosto e olhou para a irmã e cunhada. – Vocês precisam de um banho.
-- Você não? – ele negou com a cabeça e olhou para Adam.
-- Nós ainda precisamos resolver a bagunça na praia.
-- Bagunça? – Melissa perguntou sem entender.
-- Um carro incendiado, um com perda total, outro perfurado a bala... – deu de ombros. – Efeito Haidê. – Adam respondeu à empresária. – E como ela não é mais policial...
-- A polícia daqui vai querer investigar. – Melissa constatou.
-- Fabre está no local... – explicou. – Esperar que não encontrem nada.
-- Ulisses... – ela se aproximou falando baixinho. – Sabe que vovô é muito amigo do governador... – pegou o celular e mostrou. – Talvez precise...
-- Não se preocupe qualquer coisa eu falo com você. – abraçou a morena e fez sinal para Adam lhe acompanhar.
-- Ulisses... – Mariana o chamou, ele se virou e os dois se abraçaram. – Estou feliz que tenha terminado... Estou muito feliz por vocês.
-- Eu sei. – beijaram-se. – Preciso ir depois eu ligo para saber como estão as coisas.
-- Vai mesmo para França. – ele negou.
-- Fabre vai resolver por enquanto, depois eu vou ao julgamento. – olhou para a irmã. – Não tenho como viajar agora e deixa-la.
-- E Iris? – ele suspirou.
-- Ela não vai precisar ser julgada aqui, agora ela se resolve no inferno. – saiu irritado. Mariana olhou para trás e viu quando Júnior subiu apoiando Haidê, enquanto Isadora ajudava Lívia. Melissa tinha vários sacos de gelo que Helena havia lhe passado.
-- Para que todo esse gelo?
-- Dona Helena nos pediu para colocar na banheira. – Melissa explicou. – Uma das manias de Haidê se tratar.
-- Cristina, ela precisa de médico. – olhou para a escada. – As duas precisam de médico.
-- Mariana, eu não posso leva-las a um médico, seria arriscado.
-- E como vai fazer com aqueles cortes de faca? Lívia está com o rosto “craquelado”...
-- Eu vou ajuda-las... – suspirou. – Fale com Ulisses se tem algum médico para avalia-las, qualquer coisa eu peço para vovô providenciar alguém.
-- Estamos todos cansados. – Mariana disse após a expressão da amiga. – Mas finalmente acabou.
-- Assim espero. – respondeu com a mesma expressão cansada.
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Isadora ajudou Lívia a tirar o blazer e depois a camisa suja de sangue.
-- Passe isso para cá, essa roupa não tem mais como se aproveitar. – Bá pediu e foi atendida.
-- Dona Helena, a banheira já está cheia de gelo. – Melissa informou e olhou para Júnior parado, vidrado na imagem da loirinha só de sutiã. Ela percebeu que Haidê ainda estava desconectada, ou teria lhe jogado pela janela. – Júnior, pode esperar lá fora. – foi discreto.
-- Agora que está ficando bom? – Helena parou de limpar o ferimento da neta e olhou para o rapaz.
-- Meu filho, melhor você sair antes que Haidê perceba sua distração.
-- Oi? Tô xingando ninguém não vó. – respondeu assustado. Melissa respondeu revirando os olhos.
-- Quer sair por bem ou eu mesma lhe jogo aqui de cima? – ele olhou mais uma vez para Lívia e saiu desolado.
-- Na melhor parte...
-- Saí Junior!
-- Minha filha, esse corte precisa de pontos. – avisou depois que limpou o braço da neta.
-- Vó, eu tenho uma caixa de Haidê aqui... – Lívia foi até o closet e voltou com uma caixa de madeira. – Ela guarda várias coisas aqui, inclusive uns adesivos que servem para suturar. – Melissa pegou e olhou.
-- Ela uma vez colocou isso em Ulisses e funcionou bem.
-- Bem, então pode colocar um curativo agora e após o banho substitui por isso. Cristina, você pode me ajudar a coloca-la na banheira?
-- Não vó... – todas olharam para Lívia que sentiu a pele corar quando chamou atenção de todas. – Eu posso cuidar disso.
-- Não vai conseguir... – foi a vez de Bá se pronunciar.
-- Gente, eu acho que agora nós podemos sair e deixar que Lívia cuida de tudo. – Isadora comentou olhando para Melissa a espera de apoio.
-- Claro! Vamos aguardar lá fora e se precisar de ajuda só nos chamar. – todas saíram, mesmo com os protestos de Bá e Helena.
Lívia ficou só de calcinha e sutiã, foi até Haidê e segurou seu rosto, buscando seus olhos.
-- Amor, eu estou aqui com você. Estamos bem... – Haidê a olhou nos olhos, parecia despertar aos poucos. – Vamos tirar essa roupa e entrar na banheira comigo? Precisamos relaxar. – a morena deixou que a surfista lhe ajudasse. Lívia quando retirou o colete a prova de balas e por último a camisa que havia por baixo, pode perceber os hematomas nas costas e barriga da esposa. Observou cada ferimento e mancha roxa, sentiu a voz faltar e um nó se fez em sua garganta, ela voltou a fita-la nos olhos. – Ninguém nunca fez nada parecido por mim... Você está toda ferida... – Haidê levantou a mão e passou pelo corpo da loirinha. – Eu nunca me senti tão amada. – disse após sentir as lágrimas rolarem pelo seu rosto. – Sempre achei que acabaria sozinha e agora...
-- Shiii... – Haidê a silenciou com um dedo. – Eu fiz e voltaria a fazer tudo de novo por você. – Lívia ficou na ponta dos pés para beija-la e depois a puxou pela mão, entraram juntas na banheira cheia de água e gelo. A princípio ela sentiu o choque, depois foi se acostumando e deixou o corpo relaxar, as dores de antes diminuírem. – Eu amo você... Eu amo muito mais do que imaginava. – beijaram-se.
-- Agora nós podemos voltar a nossa vida. – Haidê fechou os olhos se deixou relaxar envolvida nos braços de Lívia.
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Haidê entrou no quarto e olhou ao redor, amplas janelas permitiam a entrada do sol. No canto, imensas caixas guardavam os pertences que seriam doados, no outro lado, sentada em uma cama, olhando algumas fotos, estava Lívia. A advogada se aproximou e colocou uma mão sobre o ombro da surfista, o outro braço ainda estava na tipoia para evitar movimentos bruscos após os pontos.
-- Pronta? – ela negou com a cabeça.
-- Achei essas fotos em um armário. – ela forçou um sorriso e colocou a mão sobre a mão da morena. – Senta aqui, quero lhe mostrar uma coisa. – Haidê beijou sua cabeça e sentou ao seu lado, as duas se fitaram nos olhos. – Quer conhecer minha mãe?
-- Eu adoraria. – deu um selinho na loira. Lívia abriu o álbum e mostrou a foto de uma menina loira vestida em uma jardineira, com um laço vermelho na cabeça. – É você? – perguntou sem entender, pois a foto aparentava ser antiga pela coloração, no entanto era a imagem da surfista.
-- Não... – sorriu. – Essa é Francisca, a minha mãe. – respondeu emocionada. – Ela ainda era uma criança. – continuou mostrando outras fotos e cada vez mais via a semelhança entre as duas.
-- Amor, se ela fosse mais bronzeada eu diria que era você. Não existe diferença. – Lívia deixou algumas lagrima rolarem.
-- Esconderam a verdade de mim. Essa é a primeira vez que a vejo... – Haidê a puxou para um abraço. - Ela era tão bonita.
-- Assim como você. – Lívia forçou um sorriso. -- Agora sei o motivo do seu pai não encontrar outra mulher.
-- Eles tinham a vida toda pela frente, mas aquela... Aquela mulher... – disse com raiva. Haidê a abraçou mais forte.
-- Querida, ela está pagando pelos erros do passado. Não guarde isso dentro de você. – Lívia a olhou. – Eu fiz isso e perdi tantas coisas boas.
-- Francisca e Estevam também perderam. Eu odeio aquela mulher. – Haidê voltou a envolvê-la em um abraço apertado.
-- Vamos, nós precisamos terminar as coisas por aqui. – terminaram de empacotar as coisas e na saída Lívia olhou em volta.
-- Aqui eu vivi uma mentira, nem mesmo minhas lembranças.
-- Amor, suas lembranças são suas. Só você viveu. – colocou a mão no coração da esposa e depois na cabeça. – Aqui e aqui estão suas experiências, emoções, paixões, desilusões. Acredite em mim, ninguém nunca vai tirar ou impor isso a você. – beijaram-se. – O nosso local, a nossa casa é onde está o nosso coração. – fitaram-se. – Minha morada está diante de mim. – abraçaram-se forte e Lívia deixou as lágrimas rolarem. Sentiu pela vida que poderia ter vivido ao lado dos pais, depois pela vida que teve construída em uma farsa. – Perdoe seu pai, seu tio e avô. Deixe que o perdão lhe invada e descarregue esse peso que sente, lembre-se, nada disso tem mais valor. Nada trará o passado de volta.
-- Você só conseguiu isso depois que vingou sua família. – Haidê suspirou e a puxou para sentar em um banco.
-- Eu passei anos de minha vida planejando e me preparando para uma vingança. – segurou as mãos da loirinha, envolvendo-as entre as suas. – Quando lhe conheci foi difícil aceitar que estava apaixonada por uma mulher... – forçou o sorriso. – A meia irmã do homem que eu namorava e na família que havia me infiltrado para investigar e matar. Não foi fácil. – beijou a mão de Lívia. – Depois descobri que você era inocente, foi um alívio. Veio à escolha entre o coração e a razão. – Lívia fez sinal de falar, mas foi impedida. – Anjo, você era meu coração e minha razão era a vingança e nada iria me parar. – deu um sorriso amargo. – Até o dia que essa vingança lhe sugou para dentro dela. – fitaram-se mais uma vez. – Lívia, eu quase lhe perdi por um desejo inútil. Meus pais, meu irmão e meu filho não voltariam após vinga-los. Eu só vi o tão longe cheguei quando aquele homem colocou a arma na sua cabeça. Primeiro Iris, depois ele. Eu não tinha esse direito... – foi à vez de Haidê sentir as lágrimas por seu rosto.
-- Amor...
-- Eu não posso lhe perder. – confessou chorando. Lívia segurou seu rosto.
-- Nem eu a você. – beijaram-se até faltar o ar, Lívia se afastou e colou sua testa na testa da morena. – Somos uma da outra.
-- Eu amo você. – permaneceram assim até seus corações se acalmarem. Lívia foi a primeira a se afastar e lembrar algo a esposa.
-- Naquele dia que quase nos beijamos na cozinha... – Haidê arqueou uma sobrancelha.
-- O dia que você me provocou na cozinha. – Lívia deu um sorriso cínico.
-- Você queria me beijar... – brincou e Haidê fez uma careta. – Difícil ser gostosa assim, sabia?
-- Amo sua modéstia. – Lívia a puxou para outro beijo.
-- Também amo você. – brincou.
-- O que tem aquele dia?
-- Em noites como aquelas, eu ficava na praia sentada na areia olhando aquelas pedras e revendo o momento que Jeanine caiu de lá.
-- Por isso estava com aquela aparência. – disse pensativa.
-- Estava triste e revivendo tudo outra vez, mas quando lhe vi naquela cozinha... Ah Haidê, você mexeu comigo e com todas as noites que viriam até nos acertarmos. – a advogada sorriu com a expressão maliciosa da loirinha. - A necessidade de voltar àquela experiência mórbida passou. Eu não sentia mais aquilo, pelo contrário, só pensava na sua boca e no gosto que ela teria, ou nos seus olhos da cor do céu. Mesmo sem saber você me resgatou de minhas próprias sombras. – Haidê sorriu emocionada e Lívia contornou seu rosto com o dedo, admirando-a. – Eu lhe amo muito mais. – confessou sorrindo. - Vamos para casa?
-- Sério? Provoca e me deixa acesa, depois quer ir para casa?
-- E você tem outra ideia? – insinuou-se.
-- Todas possíveis.
-- A casa já está fechada. – disse com malícia.
-- Eu tenho a chave, esqueceu? – piscou e puxou a loira pela mão.
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-- E o que vocês farão com aquela casa? – Bá perguntou curiosa.
-- Vender. – pegou um pouco de água para beber. - Eu não quero mais lembranças daquele povo comigo.
-- Haidê concordou com isso? – Bá parecia incomodada.
-- O que? Qual é o problema? Haidê não quis se meter, aquela casa é minha.
-- Eu não sei... Lívia, ali tem toda a história da sua família e suas lembranças. – tentou justificar sua opinião.
-- Não estou entendendo Bá.
– Você pode se arrepender depois... Querida, melhor pensar bem.
-- Já pensei. – Haidê entrou na cozinha e Lívia mudou o assunto. – Amor, o que acha da gente ir à festa de Eli este final de semana?
-- Aquelas suas amigas que “êeeh”? – perguntou fazendo alguns gestos, o que fez a surfista e Bá sorrirem.
-- Não seja boba morena. – a empurrou com o ombro.
-- Viu Bá? Eu me dou a essa loira, faço todas as suas vontades e ela me leva em uma festa que todo mundo grita. – Lívia a beliscou. - Depois eu que sou a boba.
-- Não me meto nessa coisa de vocês. – sorriu e saiu. Lívia se aproximou e abraçou a esposa.
-- O que me diz sua boba?
-- A boba vai para a bobagem com a bobinha. – brincou. Lívia a beijou, mas foi atrapalhada por Júnior que entrou na cozinha.
-- Yan descomeu o sanduiche.
-- Como assim? – Lívia se afastou e olhou para o menino.
-- Ele vomitou? – foi à vez de Haidê perguntar preocupada.
-- Não né? Dan! – bateu com a mão na testa. - Ele descomeu o sanduiche, tá aqui. – mostrou o sanduiche.
-- Pensei que estivesse vomitado. – Lívia passou a mão pelo rosto, aliviada. Haidê sentou sorrindo.
-- Essas pérolas tem que ser na frente de Cristina. – olhou para Lívia e as duas sorriram.
-- O que eu falei? – perguntou assustado.
-- Nada. – disseram juntas e deram uma gargalhada.
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Quatro meses depois.
-- Haidê, você leu o processo que deixei na sua mesa? – a morena levantou a cabeça, tirou os óculos e deu mais um gole em sua caneca de café.
-- Li e não gostei nada de recebê-la aqui. – Mariana se sentou e cruzou os braços, demonstrando impaciência.
-- Eu não gostei também, mas seu irmão... – apontou para morena. – Pediu para ajuda-la porque era uma pobre mulher indefesa. – estava irritada.
-- Indefesa fiquei eu com ela se jogando pra cima de mim. – encostou a cabeça na cadeira e deu um sorriso malicioso. – Ciúmes de Ulisses e a tal da Vera Martinez? Calma, ela é chegada em uma fruta mais úmida. – brincou.
-- Não entendo seu senso de humor... – falou irritada. – Primeiro ela tem dois filhos e ainda é viúva de um bandidão, pode ser bissexual tranquilamente. Segundo se ela se jogou pra cima de você, logo Lívia vai querer seu coro como casaco e o dela como tapete. – Haidê ergueu uma sobrancelha.
-- Pensei nestas duas hipóteses. – sorriu.
-- E você ainda rir?
-- Lívia sabe que eu a amo e nunca a largaria por nada e ninguém. – deu de ombros. – Estou tranquila. - bebeu um pouco do café.
-- Que bom! – levantou-se. – Porque eu não estou, mas fico feliz em saber que será você a acompanha-la até São Paulo para a audiência.
-- Oi? – Haidê se remexeu na cadeira, quase cuspiu o café.
-- Não leu tudo não é? – deu um sorriso vitorioso. – Audiência marcada para dia vinte e dois, às dezesseis horas. Onde? São Paulo.
-- Mas...
-- Mas não terá problema, Lívia confia muito em você e não sentirá ciúmes quando passar a noite por lá, caso tenha algum atraso. – piscou e foi até a porta. – Eu não tenho a segurança dela, por isso proibi Ulisses de bancar solidariedade com pobres viúvas.
-- Mariana... – pensou em falar algo, mas a sócia foi mais rápida.
-- Agradeça a gentileza ao seu amado irmão. – saiu e Haidê voltou a encostar a cabeça na cadeira com os olhos fechados.
-- Lívia vai me matar. – pensou alto e permaneceu na mesma posição, minutos depois a surfista entrou sem fazer barulho e sentou em seu colo. Haidê abriu os olhos e se encontrou com um par de verde da cor do oceano. – Que linda visão!
-- Não é? – sorriu. – A minha paisagem preferida. – beijaram-se. – Eu vim lhe buscar.
-- Gostei dessa surpresa. – Lívia segurou o rosto da morena e voltou a beija-la. – Anjo, assim não ajuda muito...
-- Não é para ajudar. – Haidê levantou a cabeça e viu a porta apenas encostada.
-- Sabe que se começarmos aqui não terá pausa.
-- Não quero pausas. – Haidê fazia carícias na barriga da loirinha sobre o fino tecido, enquanto Lívia mordia de leve seu pescoço, orelhas e queixo. Estavam entretidas, não perceberam alguém entrar e uma tosse interrompê-las. As duas pararam e olharam na direção da porta.
-- Não tinha ninguém lá na frente, resolvi entrar. – Lívia viu uma loira da altura de Haidê, muito bem vestida e bonita.
-- Vera, o que faz aqui? – a morena perguntou e sentiu o corpo da esposa ficar rígido.
-- Haidê, querida, acredita que perdi meus óculos? Acho que foi aqui. – Lívia estreitou os olhos.
-- Eu tenho certeza que não foi aqui.
-- Como tem tanta certeza?
-- Se estivesse certa, eu teria encontrado. – Lívia não tirava os olhos da loira.
-- Talvez... – deu um sorriso irônico que foi a gota d´água para Lívia.
-- Oi... – ela saiu do colo da morena e encarou a loira. – Como é mesmo seu nome?
-- Vera Martinez. – segurou o olhar de Lívia.
-- Vera, talvez tenha deixado em outro lugar. – Haidê tentou interrompe-las e puxou Lívia para perto. – Minha esposa Lívia... – fez as apresentações. – Amor, Vera é nossa cliente.
-- Eu a conheço. – sorriu para Haidê, colocou a mão no braço da morena e continuou falando como se Lívia não estivesse lá. – Meu filho tem umas fotos na parede do quarto, ela está em uma delas com biquíni, segurando uma prancha. Sabe-se lá os pensamentos que passam por sua cabeça, não é mesmo? – deu uma gargalhada. – Adolescentes! – aquilo irritou Lívia, mas conseguiu atingir o ciúme de Haidê.
-- Está insinuando que seu filho se diverte vendo a minha foto?
-- Calma, eu só estou explicando que adolescentes são impulsivos.
-- Eu estou calma, melhor você ficar nervosa... – Haidê lhe puxou e tomou a frente. Não havia gostado da observação.
-- Anjo, Vera já está de saída. – a loira a olhou sem entender. – Vera, os seus óculos não estão aqui, então nos dê licença. – abriu a porta e esperou a loira passar, depois a acompanhou até a porta do escritório, viu que Lívia ainda estava em sua sala, ela se virou e a encarou. – Não faça mais isso. – falou em tom de advertência.
-- Não estou entendendo. – respondeu cinicamente.
-- Qual é? Eu sou advogada e mulher, sei como funciona esse jogo e posso ser uma excelente jogadora quando mexem com minha esposa. Então não insinue que a minha loira serve de inspiração para seus filhos espinhentos, ou aja como se fôssemos amigas, porque não somos.
-- Haidê, eu... Olha, desculpe essa não foi minha intenção.
-- Espero que não se repita ou terá de arrumar outro escritório de advocacia.
-- Desculpa... – Haidê apontou para saída e aguardou ela sair em silêncio. – Olha... – a advogada fez um sinal se despedindo e fechou a porta. Retornou para sua sala.
-- Pode se afastar da porta Lívia Fachini Aqueu. – a surfista saiu com uma expressão inocente e com as mãos para trás.
-- Mandou bem! – sorriu e pulou no pescoço da morena.
-- Onde paramos? – a pegou nos braços e beijou seu pescoço.
-- Lá dentro. – sorriu. Voltaram para sala.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Mille
Em: 15/01/2020
Ola Rafa
Aonde tiraste essa Vera, a loira pensou que iria irritar a Lívia acabou deixando a Haide braba.
Bjus e até o próximo capítulo
Junior é uma figura descomeu o sanduíche
Resposta do autor:
Essa Vera acabou como culpada da separação das duas. Lívia é imatura, mas vamos aguardar.
Bjs
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