Capitulo 53 - Eduarda e Mônica
Helena terminou de tomar seu banho, saiu enrolada em uma toalha e estendeu seu macacão pantalona preto sobre a cama. Enquanto secava seu cabelo, não escutou baterem na porta várias vezes, até que Anna Júlia abriu a porta.
“Que susto!!” Helena desliga o secador.
“Você não me atendia! Eu queria perguntar uma coisa, desde ontem eu estou com uma azia danada, eu posso tomar antiácido normal?”
“Pode sim, Anna. Uma vez eu li na bula que há baixo risco de toxicidade do Hidróxido de Alumínio na gravidez. A caixinha está no armário.”
“Caramba, como você decora esse tipo de informação?” Anna ri. “Hmm onde você vai com essa roupa de festa aí?” A advogada aponta para a cama.
“Vou ao casamento de um primo da Nicole.”
“É da família do Presidente? Ai que chique!”
“Na verdade é do lado da mãe dela.”
“Entendi... hmm você e a Nicole então...?”
“Não! Não, não...” Helena ri. “Ela e eu somos como...você e eu.” A garota explica. “Estou indo porque na verdade devo uns favores a ela, mais de uma vez ela foi checar se o enteado da minha mãe estava bebendo ou se met*ndo em confusão. Agora ela pediu para acompanhá-la nessa festa e me senti no dever de retribuir o favor.”
“Nossa, esse menino é alcoólatra ou algo do tipo?”
“Ele é adolescente e quase se ferrou por ter bebido demais. Não queria correr o risco disso se repetir então a Nicole se tornou meus olhos em São Paulo.”
“Entendi... e onde vai ser o casamento?”
“Vai ser no country clube agora no início da tarde. Só vou terminar de me arrumar, passar uma maquiagem rápida e buscar a Ni.” Helena explica.
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Helena e Nicole chegaram no country clube com um pouco de atraso, porque antes Helena teve que passar no posto de gasolina. Ao chegar no local da cerimônia a céu aberto, as garotas escolheram se sentar bem ao fundo, no último banco. Conversavam e davam risada enquanto a cerimônia não começava, até que uma garota passou pelo corredor externo usando um vestido godê vermelho, com o cabelo em coque lateral e maquiagem com o olho preto esfumado, além de exalar um perfume francês a quilômetros de distância.
“Oi Helena, oi de novo Ni.” A garota sorri.
“Adorei a make, maninha!” Nicole responde.
“Thaísa?” Helena ergue uma sobrancelha, surpresa. “Digo, você está diferente...”
“Eu não mudei nada, só botei um reboco na cara, você que nunca reparou no meu rosto antes.” Thaísa brinca, toda despojada, e então segue seu caminho.
“Fecha a boca antes que o queixo caia, Lena...” Nicole brinca.
“Hey.” Helena fecha a cara. “É impressão minha ou a personalidade dela muda quando está em seu habitat natural?”
“Esse é o nicho dela. Então essa é a versão confiante e dona de si da Thaísa.”
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Após a cerimônia, os convidados foram redirecionados para o salão onde haveria a recepção com os comes e bebes. Thaísa se sentou à mesa com dois outros primos que tinham aproximadamente a mesma idade da garota. Nicole e Helena, por falta de opção, resolveram se juntar ao grupo.
“E aí, vocês duas são...?” Um dos primos olha para Nicole e Helena.
“Não!” Ambas respondem em uníssono.
“Eu trabalho para a mãe dela.” Nicole explica.
“Entendi. Mas agora o que a gente não pode ignorar é a nova estrela da família né, passou no vestibular de medicina, é uma garota prodígio!” O outro primo bate palmas olhando para Thaísa.
“Para, primo, bobagem.” Thaísa pigarreia.
“Logo logo arranja um cirurgião, sai do país e esquece da família...” O primo mais velho brinca.
“Um cirurgião, então...” Nicole repete, olhando para Thaísa.
“Ai gente, eu não vou casar tão cedo...” Thaísa engole seco.
“Pois eu queria casar logo. Depois do pé na bunda que tomei, só queria arranjar alguém tão especial quanto a guria que nosso primo está casando hoje.” O primo mais novo comenta.
“Realmente, para ter o desejo de casar tem que ser alguém bem especial.” Helena comenta, e seu olhar recai sem querer para a garota do olho esfumeado, que é flagrada devolvendo o sagaz olhar, desviando-o o mais rápido possível logo em seguida.
“Nicole, sua amiga está solteira?” O primo mais novo brinca, após o comentário da estudante do 5º semestre de Medicina.
“Meu amigo, garanto que você não teria chance alguma com ela.” Nicole ri.
“Aé?! Poxa...” O garoto parece decepcionado.
“Pois é cara, desculpa. Divergência de preferências...” Helena ri.
“Gente, que horas a banda vai começar a tocar?” Thaísa, um pouco tensa, corta o assunto.
“Se vocês me derem licença, eu preciso atender essa ligação.” Helena se retira e vai atender a videochamada de Pérola.
“Lena! Que linda! Onde você está?!” Pérola exclama.
“Estou em um casamento... você também está linda! O que está acontecendo aí ao fundo?”
“Estou no aeroporto! Estou indo para Lisboa daqui a algumas horas... já deixei tudo certo, aluguei um apartamento, dentro de pouco tempo Portugal será meu novo lar!”
“Demais! Tudo que tenho para lhe desejar é uma boa viagem e uma boa vida por lá...”
“Obrigada, minha querida! Suas férias de julho estão chegando, não?”
“Estão sim, por quê?”
“Então por que você não passa lá comigo em Lisboa? Vai ser divertido!”
“Sério? Está me convidando?”
“Lógico que sim! Você será minha convidada de honra!”
“Será um prazer!” Helena sorri. “Mais uma vez, boa viagem, bebê. Agora tenho que voltar porque a banda vai tocar uns clássicos do rock e não quero perder...”
“Está certa... vai lá se divertir, e nos vemos em Julho!’
“Nos vemos em Julho!”
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O turbilhão de provas acabava de começar, e, dado o aumento do nível de dificuldade, Helena praticamente passou a morar na biblioteca. Um livro de endocrinologia, dois de cardiologia e um de oftalmologia apenas para começar, o iPad para pesquisas rápidas e um caderno para anotações.
Os estudos iam a todo vapor, quando Thaísa se sentou na mesa da frente, mas do lado oposto, de modo que uma ficasse em frente a outra.
Helena levantou o olhar e sorriu. Thaísa retribuiu com um sorriso rápido. Em menos de cinco minutos, Helena repetiu o feito, desta vez sem sorrir. Thaísa, quando percebeu estar sendo observada, ergueu a cabeça e fez Helena desviar o olhar rapidamente.
Poucos minutos depois, foi a vez de Thaísa ser flagrada e fazer o mesmo. O feito se repetiu por mais de uma hora, quando Helena decidiu deixar as coisas em sua mesa e se aproximar da mesa de Thaísa.
“Hey...” Helena aborda a caloura.
“Hey... estudando para as provas?”
“Sim.. e você?”
“Também...”
Helena continuou parada, de pé, ao lado da cadeira de Thaísa, por alguns segundos que pareciam ter durado uma eternidade de silêncio.
“Erh... você quer sair para jantar depois das provas?” Helena finalmente pergunta.
“Você está me chamando para sair? Tipo... em um encontro?” Thaísa devolve com outra pergunta, porém em um tom mais baixo, quase cochichando.
“Se eu estivesse... você aceitaria?”
“Depende, você está chamando para um encontro sim ou não?”
Helena suspira. “Estou, estou. Você quer ou não?”
“Hmm...” Thaísa finge estar pensativa. “Aceito. Minha última prova é semana que vem, daí só tenho mais um seminário na última semana e acabou.”
“Eu ainda terei uma última prova na última semana mas o conteúdo é leve. A gente deixa marcado para sábado que vem então?”
“Pode ser. Os detalhes a gente troca por celular, pode ser?” Thaísa responde.
“Certo. Você tem meu número?”
“Tenho sim, a Nicole me passou um tempo atrás.” Thaísa sorri.
“E por que ela lhe passou meu número?”
“Porque eu pedi.” Thaísa dá de ombros e volta a mexer nos livros, dando a deixa para Helena voltar ao lugar dela.
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Com muito suor e horas dedicadas a intermináveis páginas de livros e diretrizes, Helena chegou ao final da penúltima semana de aulas, mais especificamente ao último final de semana antes do início das férias.
Na noite de sábado, a garota estava mais ansiosa do que o normal. Pegou duas blusas e invadiu o quarto de Anna Júlia, que tentava achar alguma posição confortável para descansar.
“Blusa vermelha ou branca?” Helena mostra os dois modelos segurando os cabides.
“Ai... espera um pouco.” Anna Júlia se ajeita para sentar na cama, segurando a barriga que de uma hora para outra havia crescido exponencialmente. “Minha coluna está me matando... é bom que Érin me agradeça eternamente porque não há nada que pague essa dor na coluna. Enfim...hm... o decote da vermelha é mais bonito, vai enaltecer mais seus peitos. Você parece nervosa, está tudo bem?”
“Estou sim, estou sim, é que eu tenho um encontro, vou levar uma garota para jantar.” Helena pigarreia. “A vermelha então?”
“Que chique! Um jantar... esse encontro deve ser importante... quem é a garota?”
“Eu não posso falar... ela vem de uma família conservadora.”
“Espera, é uma daquelas sobrinhas do Presidente? Sobrinha-neta, sei lá, algo assim?”
“Como você sabe? Que droga.” Helena fecha a cara. “Só não espalhe por aí, ela prefere manter sigilo.”
“Manter sigilo mas vão jantar em local público? Só as duas?”
“Duas amigas podem jantar em local público, oras.”
“Mas me conte mais... é a irmã mais nova daquela sua amiga?”
“É sim... inclusive a Nicole me mandou um monte de mensagens extremamente brava porque não contei as notícias primeiro para ela.”
“E você vai trazê-la para cá?”
“Não sei, por quê?”
“Porque eu quero saber se você vai voltar para casa... e se voltar, pode passar naquele mercado 24 hrs e pegar um daqueles saquinhos de gominhas açucaradas? Estou morrendo de vontade de comer aquilo.”
“Senão Érin nasce com cara de gominha, entendi...” Helena ri.
“Exatamente! Ainda bem que você já conhece o esquema..” Anna também ri. “Agora vai se arrumar para seu encontro.”
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Helena estacionou do outro lado da rua da casa de Thaísa. Enviou uma mensagem e ficou aguardando até que a garota apareceu com um look que ao mesmo tempo parecia ousado e recatado.
“Você está linda!” Helena comenta, com os olhos brilhantes, após cumprimentar Thaísa.
“Você também!” Thaísa responde, um pouco tímida.
“Bem, eu fiz reserva em um restaurante marroquino na cidade ao lado, até para não atrair muita atenção.”
“Ah sim... eu agradeço bastante. Por mim, está ótimo!”
Helena seguiu viagem para a cidade ao lado e enquanto dirigia pela estrada, não sabia sobre o que conversar.
“Quer ouvir alguma música? Ou sei lá, se quiser plugar o celular no carro...?” Helena pergunta, cordialmente.
“Não precisa colocar nada agora não, estou curtindo o silêncio...” Thaísa sorri.
“Certo...” Helena sorri de volta. “Er... você está confortável? A temperatura no ar condicionado está agradável?”
“Helena, está tudo bem.” Thaísa ri. “Eu sei, é estranho mesmo, você é amiga da minha irmã, a gente tem uns pontos de vista meio divergentes, e mesmo assim estamos saindo. Eu imagino o quão estranho deva ser para você, também.”
“Sim!!” Helena finalmente começa a se soltar e ficar mais relaxada. “Digo, uns meses atrás eu cheguei a retirar você das minhas redes sociais porque não suportava suas postagens, agora estamos aqui indo para um jantar... é realmente bizarro.”
“Espera, você me bloqueou das suas redes?”
“Não, eu só retirei... tempos depois eu requisitei outra solicitação de amizade.”
“Ah é, disso eu lembro, verdade, tanto é que quando vi achei que eu que tivesse retirado, mas enfim, estou fazendo terapia e acho que já passei da fase do ataque de ódio gratuito a meio mundo.”
“Já estava na hora, né...” Helena ri.
“Hey!” Thaísa fecha a cara e dá um leve tapa no braço da motorista. “Mas enfim... vai ficar por aqui nas férias ou vai para São Paulo?”
“Então... eu vou para um lugar um pouquinho mais longe.”
“Onde?”
“Portugal.”
“Sério? Que legal! Fui para Portugal ano retrasado com a minha família, nós ficamos em Lisboa. Em que cidade você planeja ficar?”
“Lisboa também.”
“Espera... a Pérola se mudou para lá, não?”
“Sim...?” Helena pigarreia. “Vou ficar na casa dela. Mas não temos mais nada, somos só amigas.”
“Calma...” Thaísa ri. “Não precisa se justificar. Isso aqui é só um primeiro encontro, não é uma inquisição. Eu perguntei porque continuei acompanhando alguns vídeos da Pérola e vi algo sobre Portugal.”
Helena sorriu. Thaísa parecia ser segura de si, confiante. Destemida. O tipo de mulher que fazia Helena se derreter. O charme intrínseco também ajudava e, apesar das opiniões serem controversas, sua capacidade de respeitar o lado oposto da discussão parecia ter melhorado muito graças à terapia.
O jantar foi agradável, Thaísa sabia o que pedir, sabia como se portar, sua elegância parecia vir de forma natural. As duas garotas limitaram os assuntos ao mainstream porque sabiam que um debate acalorado poderia destruir a noite, e mesmo assim conseguiram atingir níveis de profundidade gigantescos com assuntos que pareciam ser rasos.
No final do date, Helena e Thaísa voltaram para sua cidade, passando antes pelo mercado 24 hrs.
“Achei legal isso de você acompanhar a gravidez da sua amiga... mostra que você é uma pessoa atenciosa.” Thaísa sorri enquanto Helena tira o carro do estacionamento do mercado e segue pelas ruas da cidade.
“Anna me ajudou bastante ao longo do tempo, acabou se tornando uma conselheira para mim, e eu apenas retribuo o favor.” Helena comenta. “Bom... e agora? Para onde quer ir?”
“Com o risco de parecer extremamente domada por meus pais, eu devo dizer que devo chegar em casa até onze e meia da noite...” Thaísa confessa.
“Mas já?” Helena se entristece.
“Eu disse para o meu pai que iria comer pizza com algumas amigas e ele me deu esse prazo...”
“Ah, tudo bem, eu lhe deixo em casa então...” Helena faz o contorno e dirige em direção ao bairro de Thaísa.
“Mas se quiser a gente marca algo para semana que vem...” Thaísa propõe.
“Um segundo encontro?”
“E por que não? Dessa vez eu decido o lugar!”
Helena dirigiu novamente até o outro lado da rua da casa de Thaísa. Para seu azar, o pai da moça estava esperando logo na entrada.
“Acho que atrasamos dez minutos...” Helena observa o relógio do carro.
“Pois é, o senhor Bragança não tolera atrasos...” Thaísa revira os olhos.
“Será que ele vai ficar muito bravo?”
“Não, não, só na hora, daí eu explico que demoramos na hora de pagar... dez minutos não são muita coisa. Acho que ele pega no pé por causa da Nicole, porque ela não respeitava as regras, e ele não quer perder outra filha.” Thaísa dá de ombros. “Então, acho que é hora de ir...” A caloura torce o lábio.
“Pois é... despedidas são uma coisa chata né?” Helena também torce o lábio.
“Meu pai está olhando diretamente para nós.” Thaísa suspira e pega discretamente na mão de Helena. “Obrigada por essa noite.” Ela sorri e beija a bochecha da veterana, bem próximo ao lábio.
“Eu que agradeço...” Helena consegue sentir o perfume adocicado de Thaísa bem de perto, fazendo seu coração disparar.
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“Toma aqui suas gominhas.” Helena joga o pacote na cama da amiga grávida.
“Ai, obrigada!” Anna se vira cuidadosamente e pega o pacote. “E como foi o encontro?”
“Ah...” Helena suspira e se senta na cadeira giratória em frente ao computador de Anna. “Foi... diferente eu acho.”
“Você realmente está com um brilho no olhar diferente... na realidade acho que nunca vi você com esse brilho...vai dizer que vocês trans*ram no banheiro do restaurante?!”
“Não! Nós nem ao menos nos beijamos... quando a levei para casa, o pai dela estava esperando bem na frente, aí tudo que ganhei foi um beijo na bochecha.”
“Nossa, o pai estava esperando? Ela tem quantos anos?”
“Ela é adulta, né, Anna, mas eu lhe falei que o pai é meio conservador...”
“Sim, sim, você falou, afinal eles são parentes dos caras mais extremistas do país. E quem diria, hein? Você saindo com o inimigo... uma versão lésbica de Romeu e Julieta?”
“Acho que estamos mais para uma versão lésbica do clássico de Renato Russo, Eduarda e Mônica...” Helena ri.
“Já está pensando em ter gêmeos e se mudar para Brasília, é?” Anna brinca.
“Besta...” Helena revira os olhos. “Ela é diferente, sabe? Ela não demonstra insegurança. Cara, é uma pena que ela tenha visões políticas tão... esdrúxulas. Porque eu sei que ela convenceria um analfabeto político a apoiar o lado dela tranquilamente, pois ela tem uma perspicácia que nunca vi antes...”
“Caramba... você está fascinada por uma protofascista, Lena...” Anna gargalha.
“Não! Digo... hoje não falamos nada de política. Ela melhorou bastante, a terapia fez com que ela se tornasse um ser humano mais tolerante. Agora sei lá, veremos como anda essa evolução.”
“Bem, você pode ter uma visão política mais tradicionalista e ainda sim ser tolerante. Penso que o importante é não ceder aos excessos.” Anna comenta.
“Poder ser... sei lá. Só sei que semana que vem vamos sair de novo mas agora é ela quem vai escolher.”
“Mas olha só, segundo encontro... não esquece de levar a aliança hein?” Anna brinca mais uma vez.
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Uma semana depois, com o semestre finalmente concluído, Helena recebeu uma mensagem para aguardar Thaísa no centro da cidade, em frente a um mercado conhecido, por volta das duas da tarde.
Helena então parou no estacionamento e viu Thaísa chegar com uma cesta de palha.
“Isso é uma daquelas cestas de piquenique?” Helena pergunta, enquanto Thaísa entra no carro.
“É sim. Vamos fazer um piquenique no Parque das Três Fontes da cidade ao lado, o que acha?”
“Parece uma ideia legal!” Helena sorri e liga o carro. “E o que tem de bom aí?”
“Tem algumas frutas, lanche natural, champanhe não alcoólico...”
“Champanhe não alcoólico?”
“Sim, para que você precisa de álcool para se divertir?”
“É um bom ponto...” Helena reflete. “Mas pelo menos o álcool aumenta o nível de HDL, o colesterol bom...”
“Caminhar também aumenta o HDL, né, e essa vantagem do álcool não compensa todo malefício que ele proporciona.” Thaísa responde, séria.
“Eu sei, eu sei, você tem razão, estava apenas testando para ver se você manjava de bioquímica...” Helena deflete.
“Eu tive bioquímica na farmácia, daí validei para medicina.” Thaísa explica. “Espera, vai aqui por essa entrada, é mais perto.” Quando Thaísa aponta para a entrada com a mão direita, sua mão esquerda se apoia na coxa de Helena.
“Beleza.” Helena sente um arrepio quando sua coxa é tocada.
“Ai, desculpa...” Thaísa sente a coxa de Helena contrair e retira a mão subitamente.
“Não, não peça desculpas, essa região da minha coxa é sensível mesmo...” Helena pigarreia.
“Agora que você me deu essa informação eu posso usar contra você...” Thaísa pisca e ri.
“Ora, ora, um lado de Thaísa que eu não conhecia...” Helena pisca de volta.
“Que lado? Chantagista? Você não viu nada, Helena...” Thaísa ri.
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Thaísa arrumou a toalha de piquenique sobre a grama do parque e abriu o cesto, colocando os lanches naturais em dois pratos e os decorando com morangos, enquanto Helena tirava fotos do lago pouco mais a frente.
“Você nunca tinha vindo aqui?” Thaísa se aproxima.
“Não, nunca... mas confesso que adorei. Esse lugar parece trazer uma paz...”
“Vim poucas vezes, mas nunca cheguei a fazer um piquenique aqui.”
“E de onde veio a ideia de fazer isso hoje?”
“Sei lá... parecia divertido... parecia a ideia ideal.” Thaísa dá de ombros e sorri.
As duas retornaram para a toalha com a cesta de piquenique e começam a comer. Tomaram o champanhe em duas taças de plástico, conversaram mais uma vez sobre assuntos genéricos e nem perceberam que a tarde já havia findado.
Ambas então recolheram os utensílios e restos e se retiraram do parque. Antes de retornar ao carro, ali mesmo no estacionamento, Helena parou bem em frente a porta do lado do passageiro.
“Eu acho que você está do lado errado...” Thaísa ri.
“Se nós entrarmos no carro agora, eu vou ter que deixar você em casa, e a gente provavelmente vai ficar um mês sem se ver...”
“Por acaso você quer que eu diga que vou sentir saudade?” Thaísa se aproxima de Helena, quase encostando no corpo da garota.
“Eu? Não, nunca diria isso... assim como eu também não assumiria que vou sentir sua falta...” Helena puxa Thaísa pela cintura levemente, encostando em sua própria cintura.
“Que bom, porque em hipótese alguma vou admitir algum sentimento de saudade...” Thaísa umedece os lábios e utiliza o indicador para dar uma leve batida na ponta do nariz de Helena, para então envolvê-la com seus braços ao redor do pescoço da veterana.
“Eu acho que semana passada você ficou me devendo algo...” Helena sorri maliciosamente.
“Eu não devo nada para ninguém, deve ter sido engano seu...” Thaísa responde com o mesmo sorriso.
“Aé?” Helena inclina a cabeça.
“É.” Thaísa também inclina a cabeça e finalmente parte para o encontro dos lábios, movendo sinuosamente e em um ritmo que combinava com toda a essência do encontro.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
rhina
Em: 04/09/2020
Como eu posso dizer....... Além de um gráfico crescente como vejo Helena no âmbito Evolução Pessoal , tem umas particularidades nas mulheres que entram e sairam da vida de Helena.
Dá a impressão que tu guardaste o melhor vinho para o final da festa. E de fato Thaísa merece esta honra. Todavia ainda que não vá acontecer, eu esperava que finalmente depois de todo processo de depuração um certo Vinho retornasse a mesa de Helena.
Rhina
Resposta do autor:
Gostei da sua visão de guardar o melhor vinho para o final da festa!
Porém não posso tecer muitos comentários senão estragaria a continuação da história kkkkkkkkkkk
Mas é uma boa linha de raciocínio!!!
Beijaoooo
Marta Andrade dos Santos
Em: 12/01/2020
Vixe isso ainda vai dar perrengue.
Resposta do autor:
Se tratando das aventuras que Helena arranja, perrengue é quase uma rotina! hahahahaha
Muito obrigada pelo comentário, anjo, até o próximo capítulo, se tiver qualquer sugestão ou crítica, fique à vontade para falar! sz
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nany cristina
Em: 11/01/2020
eu tô torcendo para o novo casal
sente falta da livia com Dante
vai ter mais um capítulo no final de semana beijo até o próximo🌻💋
Resposta do autor:
Vai ter mais Lívia e Dante no capítulo 55 com certeza!! Vou explorar bastante a nova fase do relacionamento deles.
Obrigada linda, quanto mais feedbacks vc der sobre os dois, mais contente fico pois posso aprimorar os personagens!
Bjão <3
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