Passado e Presente
Lara passou o resto do dia curiosa imaginando de onde Erik conhecia uma investigadora profissional. A noite depois de terminar o jantar e colocar Bernardo para dormir, finalmente pode matar sua curiosidade.
- Aqui seu chá farfar - disse entregando uma xícara fumegante para o senhor sentado no sofá com Romeu, um dos gatos da loira, no colo.
- Obrigada Kära. Então... sou todo ouvidos, se bem te conheço está morrendo de curiosidade sobre algo - levou o chá até a boca e depois de beber prossegiu - Pode perguntar!
- Primeiramente... Porque o senhor não me contou que Bernardo bateu em um coleguinha semana passada?
- Oh... - riu - Achei que não ia descobrir - viu a neta franzir a testa não muito satisfeita - Não me entenda mal Lara... não contei pois foi apenas uma pequena bobeira, na verdade ele apenas se defendeu.
- Erik, quero saber de tudo. Não é justo o senhor saber das coisas apenas porque é dono da escola e vive lá, enquanto eu que sou mãe, não - passou as mãos pelos cabelos curtos - Tenho medo... não quero que ele cresça se metendo em encrencas, sendo protegido pelo bisavô.
- Tem medo que ele seja você? - gargalhou - Não se preocupe, ele pode ser um menino cheio de energia, mas apesar de um pai do outro lado do oceano, ele cresce cheio de amor e atenção dos pais, e não vai ser tornar um encrenqueiro... Além do mais ele tem a mim e a sua mãe - Lara bufou e o senhor bebeu um pouco do chá - Que foi? Não pode negar que Helena tem sido uma excelente avó mesmo não tento sido umas das melhores mães.
- Sim... sinto um pouco de inveja farfar.... Queria que ela tivesse tido todo esse cuidado comigo - ponderou meio triste.
- Deveria dar uma chance a ela.... Helena vem tentado se aproximar de ti.
- Apenas o faz pelo Bê, pois continuar a me julgar... Enfim... Queria te perguntar outra coisa - se ajeitou na cadeira e olhou fixamente para o homem mais velho - Afinal de onde conhece Fernanda e por que ela disse que deve muito ao senhor?
- Essa menina - o senhor deu uma pequena risada - ela é uma pessoa muito leal e acaba sempre falando isso, mas a verdade é que só ajudei, pois ela e sua família mereciam.... Eu conheço a Nanda desde pequenina, a peguei no colo quando tinha meses de vida para ter ideia, a mãe dela trabalhou lá na escola por 40 anos, até se aposentar.
- Tá mais onde entra a parte da ajuda?
- A parte da ajuda que eu e sua avó demos a família dela tem a ver com você.
- Como assim? - disse com uma expressão confusa.
- Se lembra de que todo ano sua avó fazia uma festa de fim de ano para todos os funcionários da escola?
- Vagamente, o senhor disse que me afoguei uma vez, que me escondi dentro de um armário outra e deixei todo mundo louco atrás de mim, mas só lembro mesmo que em uma das últimas festas eu quebrei o braço - riu - acho que tinha uns 11.
- Você não era mole todo ano aprontava alguma coisa - sorriu nostálgico - Enfim, no ano em que se afogou você tinha 5 anos e quem te salvou tinha apenas 10... bem, essa criança era Fernanda.
- Oh - Clara abriu um pouco mais os olhos em sinal de surpresa.
- Sabe desde que Nanda era bebezinho, sua mãe Marta, a levava para as festas de fim de ano, eu praticamente acompanhei seu crescimento. Ela sempre foi muito quieta, porém esperta e bem madura pra idade dela, sempre preferia ficar com os adultos do que com as crianças... lembro-me que naquele ano alugamos um sítio que tinha 3 piscinas, a mais afastada era cercada por grades e decidimos fechar ela exatamente por ser afastada e as crianças não ficarem nela sozinhas, porém uma pestinha chamada Lara descobriu uma brecha entre as grades e decidiu entrar na piscina sem ninguém por perto... Você sumiu de perto da sua mãe e eu fui te procurar achando que novamente estava se escondendo de nós... Quando eu estava te procurando no segundo andar da casa que ficava no sítio, vi Fernanda pulando a grade e se jogando na piscina, dai desci correndo que nem um maluco com medo que ela se afogasse, mas para minha surpresa quando cheguei lá ela segurava você desmaiada dentro da piscina e gritava por ajuda. Sinceramente se Fernanda não tivesse ali... Aquilo teria sido uma tragédia.
- Nossa farfar... Sempre soube que tinha me afogado, mas não da história completa, agora sabendo quem é a pessoa é diferente - apontou para seu próprio braço - Chega tô arrepiada.
- Não preciso nem dizer o quanto fiquei agradecido pelo que aquela menina tinha feito... no ano seguinte nós oferecemos uma bolsa 100% para ela estudar lá na escola, onde ela permaneceu até se formar... Mesmo depois que ela saiu acompanhei seu crescimento através de sua mãe e quando ela decidiu entrar para esse ramo de segurança pessoal abri algumas portas pra ela, que soube aproveitar e se tornar a melhor.
Erik calou-se. Achou melhor não contar para neta outros fatos que ocorreram anos mais tarde que envolviam novamente Lara e Fernanda, sabia que tais coisas mexiam com o sentimental da outra menina que apesar de não ser da família queria seu bem tanto quanto fosse.
- Ela tinha se "aposentado", só aceitou o trabalho, pois foi um pedido seu.
- Sei disso e sou extremamente grato por. Corajosa ela, depois de quase ter morrido no último caso.
- Ela me disse que tomou uns tiros e ganhou uma grana de um multimilionário por isso.
- Grana? - riu - Milhares, Lara, milhares - a loira fez cara de surpresa - Ela trabalhava para o cara mais rico do país, salvou o filho dele e quase morreu... por fim acabou tudo bem, e ela pode finalmente sair dessa vida e fazer o que ama de verdade.
- O que ela ama de verdade? - disse curiosa.
- Você vai descobrir - gargalhou com o bico da neta - Não seja curiosa. Nanda é uma menina séria e calada, sempre foi, mas sobre isso ela fala para todo mundo com maior orgulho, já já vai descobrir.
- Fazer o que né?! - revirou os olhos.
- Bom, já está ficando tarde... vou para casa Kära - os dois se levantaram e Lara acompanho o senhor até a rua de seu condomínio - Lara... posso lhe fazer um pedido?
- Diga.
- Eu sei que você é uma mulher... é... como é que vocês jovens falam mesmo? Hum... descolada - a loira riu - mas tenta não ser descolada demais com a Nanda.
- Como assim farfar? - perguntou meio confusa, meio querendo não entender.
- Ela é uma pessoa extremamente profissional. Vê se não perturba o trabalho dela com suas doideiras e... caprichos.
- Essa é boa. Você fala como se eu ainda agisse como uma menina mimada e inconsequente - Erik cruzou os braços como quem realmente pensa e tem certeza disso - Ok, meu caro senhor Johansson, prometo tentar manter uma relação tranquila com sua amada investigadora - beijou os dedos em promessa e sorriu.
- Depois de tantos anos e problemas, eu ainda acredito em você -riu entrando no carro - Boa noite Kära e juízo.
- Boa Noite farfar - viu o carro se distanciar - Ótimo... Erik tem uma protegida, tô vendo que ela vai me encher a porr* da paciência. Eu mereço? - olhou para o céu como se perguntasse para o cara lá de cima, não demorou muito para aquela imensidão azul escuro, que passou a tarde inteira cheia de nuvens carregadas, soltar as primeiras gotas de chuva. Lara entrou correndo em casa - Tá, tá... já entendi. Eu mereço!
Lara tinha colocado o alarme para despertar as sete, mas acordou sozinha as cinco e depois não conseguiu mais dormir. Inexplicavelmente estava ansiosa para a chegada de Fernanda, seria o primeiro dia de trabalho da investigadora, mas a loira podia jurar que era o seu, se sentia tão nervosa quanto na primeira vez que tocou em uma boate e dizia a si mentalmente que aquela reação era por causa das coisas que Erik lhe disse na noite anterior. Tentava buscar em sua memória qualquer lembrança de quando era mais novas, mas logo desistiu.
Fernanda chegaria as oito, e naquele dia Lara tinha pedido para todos empregados estarem presentes, mesmo os que não trabalham todos os dias em sua casa. Apresentaria todos a investigadora.
A morena foi pontual. As 8:00 a guarita da entrada do condômino anunciou sua chegada, como dessa vez não estava acompanhada de Erik e seu motorista, Lara então esperou-a na rua em frente a sua casa, para lhe mostrar o caminho da garagem. Para surpresa da loira uma moto aprilia rsv4 preta parou na sua frente, e ela pode jurar que tudo o que aconteceu na sequência foi em câmera lenta. Fernanda tirou o capacete ajeitou rapidamente o cabelo e olhou para a DJ.
- Bom dia senhorita Lara. Onde posso estacionar?
- Bo Bom dia - disse ainda caguejando depois de ficar alguns bons segundos literalmente de queixo caído - Eu é... eu vou te mostrar, me segue aqui.
Lara a levou até a garagem, que ficava no subsolo da casa, tentando disfarçar as olhadas que dava para a investigadora toda de preto com a bunda empinada pro alto na moto.
"Essa mulher aqui em casa é um atentado a minha sanidade mental, senhor!" - seu pensamento foi longe, enquanto sua boca continuava semi aberta.
Esperou ela descer da moto para começar a lhe mostra a casa.
- Bom Fernanda como já estamos no sub solo vou começar te mostrando onde você vai ficar - e começou a andar - Aqui embaixo fica a garagem, lavanderia, casa das máquinas e uma pequena residência de empregados - abriu a porta - E é aqui que você vai fica, tem 2 dormitórios, uma cozinha e um banheiro... mais raramente os empregados dormem aqui em casa, logo sempre vai ter bastante privacidade para você trabalhar. Eu acho aqui meio frio e sem graça - fez um careta e deu de ombros - Ai pedi pra Conca colocar umas cores e flores, e uma cafeteira também, espero que seja do seu agrado e o suficiente pro seu trabalho.
- Isso é mais que o necessário para trabalhar. - deu um sorriso breve agradecendo a gentileza - Posso deixar minha mochila aqui? - apontou para mesa.
- Lógico! - prosseguiu - Bem... vovô disse que você não costuma descansar quando faz uma investigação, mas não quero que se mate de trabalhar assim... que tal definirmos horários? Mas também te deixo livre pra ficar mais tempo ou menos tempo do que definirmos, podendo dormir aqui se quiser ou nem vir para cá também.
- Por mim tudo bem, mas fique ciente que se for necessário passarei 24h aqui trabalhando.
- Tudo bem moça que não dorme - riu da própria piada, mas logo parou quando viu que não foi acompanhada - É... proponho de 8:00 as 18:00 de segunda a sexta, mas fica a sua escolha outros horários também. Vou te entregar a chave da casa para vir quando quiser, pode ficar a vontade inclusive quando eu não estiver.
- Ok.
- Agora vamos subir quero apresentar os empregados e o resto da casa.
Todos aguardavam na sala de multimídia que ficava no primeiro andar da casa, logo a cima do subsolo. A loira prontamente começou as apresentações.
- Essa senhorinha linda, cheirosa e simpática - disse apertando a mulher a sua frente que morria de rir - É a Dona Conca, a melhor cozinheira do Rio de Janeiro e quem deixa essa casa em ordem - apontou para o lado - Essa é Marlene que uma vez por semana tá aqui em casa ajudando a Conca com limpeza... Seu Joca, que cuida dos jardins de quase todas as casas desse condomínio - piscou para o senhor - Duarte que na verdade é um dos motoristas do vovô, mas sempre está por aqui levando o Bernardo pra escolinha quando eu não posso... E por último, mas definitivamente não menos importante, minha querida Paula babá do Bê e muitas vezes a minha também - brincou apertando a jovem senhora de 50 anos - Que tanto me socorre nos dias em que trabalho a noite... E gente essa é Fernanda, ela vai trabalhar aqui em casa por um tempo, está investigando algumas coisas para mim - sorriu para os empregados. Lara não falava para ninguém sobre as ameaças que sofria, no caso Conca e Paula para não deixá-las preocupadas e do restante pra não correr o risco de vazar na mídia.
Todos se cumprimentaram e as duas seguiram para o resto da casa. Lara mostrou todos os cômodos. Os quartos que ficavam no segundo andar, e terminaram no terceiro andar, onde ficava a sala de estar, cozinha e sala de jantar em um ambiente em estilo aberto. Foram para pequena varanda que dava de frente pro mar e sua agradável brisa.
- É uma bela casa, bem grande... e tem uma disposição de cômodos bem... diferente - Fernanda comentou.
- Grande até demais - Lara acrescentou - Do tamanho do ego do meu ex marido, ele colocou no meu nome e acabei continuando aqui depois que terminamos, mas acho ela fria demais é quase insuportável no inverno... é linda mas não parece um lar. Até pensei em comprar um apê menor... mas ai comecei a receber as cartas e o senhor Erik sabe tudo me convenceu a ficar aqui por ser mais seguro... por ser um condomínio e tals.
- Ele parece sempre te convencer...
Fernanda foi interrompida por uma vozinha fina que vinha de perto da grande porta de vidro.
- Moo?!
O pequeno Bernardo chamava por Lara meio desconfiado, com a presença de uma desconhecida, segurando seu coelhinho de pelúcia contra o peito.
- Oi meu amor, vem cá vem - chamou com um sorriso aberto seu filho.
O menino de cabelo castanho claro e olhos azuis entrou na varanda meio devagar e vacilante acompanhado de duas bolas de pelo preto que miavam. A investigadora viu aquela cena com um sorriso no rosto, não sabia dizer qual dos 3 era o mais fofo. Lara pegou Bernardo no colo enquanto Romeu se enroscava em sua perna e Julieta nas de Fernanda.
- Pronto agora você conhece todos moradores dessa casa, esse é meu filho Bernardo e essas coisas gostosas e ordinárias são Romeu e Julieta - sorriu e olhou para o pequeno em seus braços - Diz oi pra tia filho?!
- Oiii - disse ainda com vergonha.
- Oi lindão, você é uma graça sabia? - passou a mão em seu cabelo e depois olhou para baixo pra gata que parecia também querer sua atenção - Você também é um graça - pegou Julieta no colo.
- Olha que gata safada... mal te conhece e já vai no colo, comigo só quanto quer comida, fora isso essa quenga só falta me matar - riu - Você gosta de bichinhos?
- Amo - Fernanda abriu um sorriso tão largo e a loira chega se sentiu perdida, só soube sorrir junto - Eu sou protetora animal - falou orgulhosa e sorridente - Essas coisinhas de quatro patas são minha vida.
- Nossa que bacana - mentalizou que certamente aquela era o amor que Erik havia falado no dia anterior - Mas você tem algum?
- 5 gatos e 3 cachorros.
- Meu Deus Fernanda e eu achando que 2 gatinhos era muito - riram juntas - Bom... eu tenho que dar café pra esse garoto aqui, você quer tomar também?
- Não obrigada... na verdade eu queria ter fazer umas perguntas, pedidos e também ver as cartas.
- Lógico, vou dar alguma coisa pra ele comer e te encontro lá embaixo.
Depois de dar café da manha para seu pequeno, Lara seguiu para o cômodo que agora era de Fernanda, viu a morena em pé apoiada na mesa olhando para tela de seu computador concentrada e ficou ali parada na porta olhando aquela cena, era a primeira vez que via a investigadora sem casaco e aproveitou para olhar cada novo detalhe, os braços definidos sem deixar de serem femininos, a cor morena era natura mas o brilho bronzeado indicava que como típica carioca ela curtia praia, o cabelo enrolado em um coque deixava a mostra alguns piercings na orelha e um pescoço esguio.
Aquela parte do corpo especial lhe fez salivar, teve breves pensamentos nada inocentes onde sua boca terminava em cima daquele pescoço. Decidiu que era melhor deixar-se ser vista antes que fosse pega no flagra. Bateu levemente no vidro da porta.
- Oi... voltei. Trouxe as cartas - estende-lhe a mão com elas.
- Ótimo - Fernanda colocou-as perto de seu computador e caderno de anotações - Posso começar com as perguntas e pedidos?
- Claro.
- Sente-se, por favor, que isso pode demorar um pouquinho - Fernanda puxou uma cadeira para Lara se sentar e sentou-se do outro lado - Bom primeiro os pedidos. Vou precisar de uma multifuncional e internet.
- Posso trazer a do escritório para cá e já lhe passo a senha do wifi.
- Tudo bem, bom senhorita Lara ...
- Por favor né, só Lara - disse interrompendo e sorrindo.
- Ok ... Lara, antes de dar uma olhada nas cartas gostaria de saber seu ponto de vista sobre isso tudo, quanto elas começaram e se você suspeita de alguém.
- Nenhum nome fixo, só acho que deve ser um maluco obcecado talvez um fã que virou hater, pois essa criatura parece me odiar na mesma proporção que me conhece - a investigadora anotava enquanto ela falava - Elas começaram a 5 meses, em novembro do ano passado, bom eu já tinha recebido algumas coisas estranhas desde que comecei a fazer sucesso, mas nada comparado a isso... É tão carregada de ódio e raiva. Me descrevem de uma forma horrível, e a cada carta parece que o ódio aumenta. Em todas cartas tem algo do tipo "eu vou de destruir" ou "eu vou acabar com você" acabei entrando em contato com a polícia por precaução, mas vovô me convenceu a te chamar pois a última carta foi usada a palavra sangrar e também pela primeira vez falou o sobre meu filho... Apesar de achar que é apenas um bostinha sem capacidade pra me fazer mal, quero acabar com essa palhaçada logo.
- Onde você recebe as cartas?
- No meu trabalho ou na minha caixa postal, mas já recebi uma aqui.
- Já entregaram algo além de uma carta?
- Um relógio... mês passado no meu aniversario. Ele estava junto dos presentes que os fãs deixaram na caixa postal, percebi que era desse maluco pois veio com um cartãozinho escrito "parabéns nojentinha" ele me chama assim, e depois a polícia confirmou a mesma caligrafia.
- Nada pela internet?
- Olha eu recebo muitas mensagem loucas e ruins por direct em algumas situações mas nunca percebi que era algo parecido com isso.
- Quantas pessoas sabem que você está sendo ameaçada?
- Meu avô, meu empresário Anderson e meu amigo Tayson... Tento ao máximo esconder isso, séria um desastre se vazasse na mídia, minha cabeça anda uma loucura... tudo que eu não preciso é demais um escândalo envolvendo meu nome e entrevistas com esse assunto em pauta.
Fernanda logo lembrou que nos últimos 2 anos Lara viveu metida em polêmicas, a separação do casal perfeito, os escândalos envolvendo o ex marido, apontada como pivô de separação de um famoso cantor, por último as fotos dos beijos com Lívia Andrade e sua sexualidade viralizando na internet.
- Está sendo uma tortura segura isso dentro de mim - a produtora continuou e sentiu seus olhos marejarem - Não poder desabafar com meus amigos e principalmente nas redes sociais com meus fãs, mas é assim - respirou fundo e deixou uma lágrima cair - É assim que tem que ser, não posso e não vou dar ibope para esse doente psicopata. Por isso que não quero ser vista com uma segurança entende? Só quando eu achar que for de extrema importância ou me sentir ameaçada.
- Compreendo, vou fazer o possível para achar essa pessoa rapidamente e não precisarmos te expor de forma alguma. Ok?
Fernanda segura as mãos de Lara que estavam tremendo sobre a mesa e olha em seus olhos como se procurasse passar algum conforto. Tal gesto surtiu efeito e o coração da loira pareceu ter se acalmado instantaneamente com aquele contato.
- Ok!
- Vai dar tudo certo, eu lhe dou minha palavra.
A conversa terminou, mas o toque das mãos e troca de olhares não, ficaram ali por alguns segundos até a investigadora se dar conta de como as duas estavam.
- Enfim... essa eram as perguntas que queria fazer, vou dar uma analisada nas cartas agora - disse se levantando.
- Claro, eu vou deixar você trabalhando - respondeu meio apresada percebendo a reação da morena - daqui a pouco vou deixar Bernardo na escolinha e vou para produtora, talvez só volte após as 18:00... então até manhã e se precisar de alguma coisa é só pedir a Conca.
- Até - balançou levemente a cabeça em aceno pra loira que logo depois saiu do cômodo.
Algumas horas depois Conca avisou a Fernanda que o almoço estava pronto, a investigadora lhe agradeceu, mas informou que tinha trago marmita e ficaria lá embaixo comendo enquanto trabalhava. A morena não comia carne vermelha e tinha uma dieta controlada, acabava preferindo levar sua própria comida para evitar qualquer tipo de situação com as pessoas que contratavam seus serviços.
Ficou ali comendo e trabalhando, analisava as cartas com atenção e tentava seguir uma linha de raciocínio. Eram 5 no total, uma por mês, e mais o relógio com um bilhete que Lara recebeu no aniversário. A primeira carta não existia mais, a loira tinha jogado fora depois de ler, mas fez uma transcrição resumida do que lembrava para policia após receber a pior carta, a terceira, e decidir procurar ajuda. A terceira carta era um misto de baixaria sexuais com ameaças e segundo o anônimo naquele ano ela rezaria para morrer, pois "o inferno será mais doce que sua vida". A última carta falava em sangue e sofrimento, além de tocar no nome de Bernardo, foi o que fez Lara decidir que era hora de serviços particulares também.
A investigadora passou ali horas lendo e relendo, estudando a caligrafia e o palavreado, tudo era pista. Já se passava das 18 quando decidiu parar. Subiu e percebeu que não havia ninguém em casa, Conca já tinha ido embora e a dona da casa ainda não tinha chegado, por fim decidiu espera pela produtora no jardim no deck da piscina que ficava no primeiro andar, perto da descida para garagem.
- Olha só... então eu estou sendo seguida? - Fernanda olhava para baixo sorrindo, os gatinhos decidiram seguir ela quando passou pela sala - Querem ir lá pra fora comigo? - escutou uns miados diferentes - Acho que isso é um sim.
Uma hora se passou até a chegada de Lara, estava com Bernardo no colo, Paula ao seu lado enquanto Duarte esperava no carro, a loira se surpreendeu com a investigadora no deck.
- Mulher ... você é investigadora ou a Branca de Neve? Esses gatos não vão com quase ninguém e já tão ai no seu colo?
- Acho que é um dom - sorriu e colocou os gatos no chão - Enfim... decidi esperar porque precisava te pedir algumas listas e te mostrar algumas coisas.
- Tudo bem. Paula pode subir com o Bernardo e separar as roupinhas dele?
- Claro, vem pequeno. - Paula pego-o no colo.
- Xá vai mamãe?
- Ainda não meu amor, daqui a pouco, mas antes vou te encher de beijinhos - disse enquanto dava beijinhos de esquimó no filho.
- Tá baum.
Paula levou o menino para cima, enquanto as duas seguiram para o subsolo. Lá a morena foi direta.
- Quero que você faça uma lista com os nomes das 50 pessoas mais próximas de você e todas as pessoas com quem se envolveu desde que se separou!
- E porque eu faria uma coisa dessas? - disse levantando uma das sobrancelhas e cruzando os braços.
Lara até então tinha se mostrado educada, divertida e prestativa com a investigadora, mas no primeiro sinal que teria sua vida pessoal invadida colocou certa rebeldia a amostra. Fernanda percebeu o desconforto e tratou de explicar a importância.
- Pois é de extrema importância. Você diz que a pessoa parece te conhecer como se te acompanha-se como fã e depois hater, porém para mim ele te conhece de verdade, pessoal, talvez até de convívio. Olhe - Fernanda andou até a mesa, pegou seu celular e mostrou para Lara trechos da carta que comprovam sua teoria, ela tinha usado um programa desenvolvido pela empresa que trabalhava para scanar, dar zoom e agrupar em uma sequencia lógica várias partes - Eu analisei a caligrafia, a pessoa é muito segura no que escreve sempre... resumindo a caligrafia e o palavreado dele juntamente a superficialidade em relação a sua vida... me levam a crer que a pessoa está próxima de você, mas não a muito tempo... e já se relacionou sexualmente com você ou já tentou e não conseguiu - olhou para a produtora que parecia confusa - Obvio que caligrafia não é uma ciência correta, a pessoa pode tentar mudar... mas sempre deixa emoções passar pela caneta.
- Porque não um obcecado a anos?
- Pois ele usa coisas recentes para te atingir, seus relacionamentos... sua sexualidade. Assim Erik entrou em contato comigo fiz uma breve pesquisa sobre sua vida e algumas perguntas a Erik, sejamos sinceras ele podia usar de outros assuntos mais antigos e principalmente familiares pra te atingir ou até mesmo sua separação que não é tão antiga assim... mas é extremamente superficial, ele prefere te atacar com coisas recentes... é algo recente, um ódio recente, entende?
- Sim - bufou - Farei as listas... Hoje é quinta e eu sou residente em uma boate na Barra, quanto acabar de tocar vou direto para Manaus e só volto domingo. Bernardo vai ficar na casa da minha mãe, logo você não precisar vir amanhã e segunda te entrego as listas - Lara disse irritada.
- Tudo bem.
Bernardo acompanhado da babá apareceu no sub solo, acabanado com o clima pesado entre as duas mulheres.
- Xau moo - disse o menino sorridente alheio a qualquer problema.
- Vem aqui pestinha - pegou o pequeno no colo dando-lhe beijos.
- Ele parece tanto com você - pensou alto demais, e quando viu Lara lhe encarar pensativa, logo tentou sair daquela situação - Enfim eu vou guardar minhas coisas e vou indo.
- Eu vou levar eles no carro e te espero lá em cima na rua.
Lara colocou Bernardo no carro e fez uma breve reflexão da sua atitude a poucos minutos atrás, tinha ficado com raiva e destratado uma pessoa que seu coração dizia que podia confiar, se sentiu um pouco mal quando lembrou da conversa no dia anterior com Erik. Seus pensamentos foram interrompidos por Fernanda parando de moto do seu lado.
- Até segunda então - disse se preparando para pôr o capacete.
- Fernanda espera - aguardou a morena olhar para continuar - Você disse que o Bernardo parece comigo... você lembra quando... quando eu era da idade dele?
A investigadora respirou fundo, olhou para frente e ficou alguns breves segundos calada, como se tomasse coragem para responder.
- Sim.
- Vovô me contou que...
- Imagino - cortou apresada - Preciso ir Lara.
Colocou o capacete na cabeça mas antes que pudesse descê-lo por completo foi chamada novamente.
- Fernanda - deu alguns passos para frente até chegar suficientemente próxima ao corpo da outra mulher, deu-lhe um beijo rápido no rosto e encaminhou sua boca para perto do ouvido onde sussurrou - Obrigada.
Assim que Lara deu um passo para trás, Fernanda abaixou o capacete e saiu em disparada, deixando para trás uma produtora levemente extasiada com a pele macia que tinha acabado de encostar a boca e com o perfume, que passaria a lhe atormentar dali em diante.
Fim do capítulo
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camilanew123
Em: 24/12/2019
AAiinnn me acabo aqui imaginando essa cara marrenta da nanda ðŸ˜ðŸ˜ðŸ˜
Anny Grazielly
Em: 19/12/2019
Espero que chegue logo no capítulo 35 e der continuidade logooooo... ja quero ver essS duas juntas para sempre com o Be... e se vc nao mudar da ideia principal... kkk ... acho que o autor dessas cartas eh o Andy...
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