Oiiiiiiiiiiiiiiiii voltei :)
(Links das músicas nas notas finais)
La Vie en Rose - Feliz Aniversário
Na manhã seguinte…
*Música 1*
Abri os olhos me dando conta de que era a segunda vez em pouco tempo que víamos juntas o nascer do sol. Dessa vez de dentro do carro, confortáveis e de mãos dadas.
Valentina tinha adormecido em meus braços no banco traseiro. Acordei com o movimento da cidade dando sinais do lado de fora. Os seus cabelos cheiravam a shampoo de bebê e vestígios de cerveja, se é que fazia algum sentido.
Evitei movimentos bruscos, não queria acordá-la. Levei a mão aos cabelos e o vulto colorido em meu antebraço me fez lembrar da noite anterior. Observei a rosa em minha pele, delicada e cheia de significados.
— Não me diga que já está arrependida. — Valentina soou sonolenta.
Murmurei um sorriso.
— Só estou admirando. Há quanto tempo está acordada? — perguntei.
— Faz horas. Eu estava prendendo a respiração pra você não perceber e me tirar do seu colo fofinho.
— Boba. — ri em negação — Você poderia ficar o quanto quisesse, se… Eu não tivesse coisas para resolver hoje.
— Não tenha hoje, tenha amanhã. Finja que o mundo não existe até esse dia acabar.
— Eu adoraria. — falei a vendo sair dos meus braços e se afastar.
— E o que te impede?
— A minha história é um acúmulo de impedimentos sem sentido que a vida adulta me impõe. — lamentei.
— Você não deveria deixar a vida adulta te controlar tanto assim. Ela pode ser má às vezes. — o seu sorriso era pura ironia.
— Pode me levar pra casa?
— Um café antes e eu te deixo lá. — a morena propôs.
— Tudo bem. — aceitei — Que horas são?
Busquei o meu celular na carteira de mão sobre a poltrona e só então percebi que ele havia descarregado.
No relógio em meu pulso marcavam 6h29min quando saímos para um café numa confeitaria próxima. Eu sempre ficava admirada em como os momentos com Valentina eram naturalmente agradáveis.
Nos despedimos quase às 8h, quando ela me deixou em meu prédio e se foi. A vi sair com um sorriso leve, o que me deixou de coração quentinho e me fez pensar que eu deveria comprá-la um presente ainda naquele dia. E quem sabe vê-la outra vez.
Somente quando alcancei o hall do meu apartamento me lembrei que as minhas chaves haviam ficado em meu carro, que tinha sido raptado por Justine na noite anterior. Celular descarregado e…
— Ótimo, estou presa do lado de f… — cortei a minha fala quando, só então, notei uma figura caída sob a minha porta.
Sentado com a cabeça entre os joelhos, Eduardo parecia ter esperado ali por um bom tempo.
— Eduardo?
O seu susto repentino deu a entender que ele havia cochilado.
— Diana! — levantou-se num rompante — Diana, você não estava em casa… — sua voz soou estranhamente aliviada.
— O que faz aqui? Você está bem?
Ele não parecia nada bem.
— Eu te liguei várias vezes e te mandei mensagem, achei que você não queria me atender e… Você está linda!
O encarei receosa. Ele não parecia mesmo bem. Os olhos vermelhos, como se tivesse chorado uma noite inteira.
— O que houve? — indaguei.
— Nada, nada. Eu só… Só precisava te ver. Nós podemos conversar?
O fitei estranhamente incomodada e talvez um pouco desconfiada.
Depois de tocar a campainha uma centena de vezes, enfim fui atendida por uma Justine sonolenta, descabelada e seminua.
— Bonjour, mon amour!
— Bom dia, Justine! — cumprimentei a encarando impaciente.
Assim que ela percebeu a presença em meu lado, quase saltou porta afora.
— Eduardo?! Mon Dieu!
— Olá, Justine, como vai?
***
Sentada no sofá da sala, analisando o homem em minha frente, eu só conseguia pensar em como havia saído de um momento tão bom diretamente para um tão desconfortável como aquele.
Justine voltou para o seu quarto imediatamente e não apareceu mais. Se ela estava tentando esconder a presença de alguém ali, falhou miseravelmente quando esqueceu de recolher algumas peças de roupa que ficaram pelo caminho na noite anterior.
E eu não precisaria nem adivinhar quem é que estava lá.
— Tudo está exatamente como quando eu fui embora. — Eduardo comentou após algum tempo de silêncio constrangedor.
— Não é como se fossem anos. — fui óbvia.
— Não. Não é. — ele concordou.
— Você não parece muito bem. Aconteceu alguma coisa? — fui direta.
— Sim, na verdade. Tudo de ruim aconteceu desde que… — percebi seus olhos voltando a lacrimejar — Faz um tempo que a minha vida anda meio estranha. Tudo dando errado. — ele comentou com um sorriso tristonho no rosto.
— Desde que viajou não deu mais notícias. Como foi a sua promoção?
— Eu… Eu vou chegar lá, esse é um dos pontos. — o seu nervosismo estava me deixando nervosa.
— O que tem pra me dizer então? Você cancelou o nosso casamento às vésperas, simplesmente foi embora e até então se comportou como se nunca tivesse acontecido nada.
— Eu… Eu não sei nem por onde começar, quer dizer, primeiramente eu te peço perdão. Por favor, me perdoe, Diana? Eu não devia ter agido daquela forma tão imatura. Eu estava inseguro, você não parecia a mesma desde que… Enfim. Só me perdoe, por favor?
— Eu não sei se há o que perdoar exatamente. Foi tudo tão…
— Eu não parei de pensar em você por um minuto sequer, eu só queria voltar e te ver e fazer tudo ficar como era antes. — ele estava um pouco agitado — Eu…
— Você quer tomar uma água? Um café?
— Água, por favor. — o percebi desacelerar.
Respirei fundo e tentei me acalmar enquanto buscava a água. Fiquei tentada a colocar um pouco de açúcar no copo.
— Obrigado. — ele agradeceu, suas mãos levemente trêmulas.
Assenti e percebi seus olhos em meu braço, ainda um pouco avermelhado.
— Você fez uma tatuagem. — havia excesso de surpresa em sua constatação.
— Ah… Sim, fiz.
— Você nunca gostou de tatuagens. Está mesmo mudada. — senti sua voz repreensiva.
— Não me lembro de ter dito um dia que não gostava. — respondi calmamente — Talvez eu só estivesse preocupada demais com o que os outros pensavam sobre mim. Agora, felizmente, não estou mais.
— Isso é… Bom. É bom. — ele respondeu sem muita certeza.
— Tem certeza que está tudo bem mesmo? — questionei.
— Sim. Eu só estou tomando coragem.
— Para quê?
— Eu preciso te dizer algo, algo muito importante e muito… Desconfortável talvez. Não é como se eu quisesse isso, eu só… Não sei o que fazer, Diana. — o vi desabar em minha frente.
O seu choro parecia sofrido. Havia dor em seus olhos e culpa em sua voz. Eu estava começando a ficar com medo do que ele tinha a me dizer.
— Calma, Eduardo. Calma, respira. — levei uma mão ao seu ombro tentando consolá-lo — Seja o que for, não precisa ter medo, antes de tudo nós somos amigos e eu quero o seu bem.
— Isso me conforta. — ele disse tentando se acalmar — Obrigado. Eu não sei o que seria de mim sem a minha família e amigos e sem você.
Não foi muito confortável ouvir aquilo, mas o deixei desabafar. Depois de todo aquele tempo eu não havia de fato parado para pensar seriamente sobre a minha relação com o Eduardo. Eu sabia que nada estava bem e provavelmente não ficaria bem outra vez, não como antes. E sinceramente, aquilo não me afetava, não como deveria, ou como a minha consciência me exigia. Eu havia estagnado no olho do furacão Valentina e nada mais além me prendia a atenção.
Após algum tempo o Eduardo se acalmou, enfim. Eu segurava em suas mãos, realmente preocupada. Nunca o tinha visto daquela maneira antes.
— Diana, — sua voz soava ainda embargada — eu… Eu não estou muito bem. Eu estive fora por todo esse tempo não por causa de negócios, não somente. Eu recebi a promoção e foi tudo bem e… Eu queria voltar logo e contar para você e me casar com você imediatamente e te propor que fôssemos embora para começarmos uma vida nova e quem sabe um novo restaurante… Eu estava tão empolgado, estava indo tudo tão bem. Mas de repente tudo desmoronou sobre mim. Diana… Eu, eu estou muito doente.
O meu coração parou ao ouvi-lo.
— Como assim, Edu? O que você tem?
— Eu comecei a me sentir mal, a ficar cansado e um dia no trabalho sofri um desmaio, fui levado pro hospital, passei por alguns exames e depois por mais exames até que… Bem, talvez eu não tenha muito tempo. — um riso de tristeza escapou de sua boca.
A dor em sua voz era de cortar o coração.
— Não, como assim? Você sempre foi saudável, você nunca nem ficava doente! — eu não queria acreditar no que estava ouvindo — Edu, me diz? Não pode ser verdade!
— Eu queria, eu queria tanto que não fosse, Diana! — ele me apertou em seus braços — Eu não quero morrer, eu não quero. Eu só queria me casar e ter uma família e ver os meus filhos crescerem e ter uma carreira profissional bem sucedida e ver os meus netos nascerem.
— Você verá, não fala assim. Você não pode desistir assim, olha pra mim! — segurei o seu rosto de frente para o meu — Você vai lutar e vai vencer, seja o que for, você tem a sua família e a mim, eu estarei do seu lado pra ver você ficar bem, ok?
— Você promete? — havia súplica em sua voz.
— Claro! Eu estou aqui.
— Casa comigo, Diana?
Houve silêncio de repente.
— Por favor? — ele me olhava como se eu fosse o seu último sopro de esperança — Eu não vou ter muito tempo, eu sei disso. Só me deixe viver os meus últimos dias como seria o meu modelo de felicidade. Eu sei que estou te pedindo demais, se casar com um desenganado, com alguém que não vai estar aqui para você no futuro, e se você não aceitar eu vou entender, eu vou, eu juro! Mas esse é o meu último desejo, o meu último pedido para você. Por favor… Casa comigo?
***
Eu estava sentada ao balcão da cozinha. Um copo de absinto pela metade ao lado. Minha cabeça estava a mil.
Ouvi o barulho da movimentação pela sala, cochichos e uma tentativa falha de não chamar a minha atenção.
— Justine, você não precisa… — silenciei de imediato ao ver o rosto conhecido me encarar totalmente desconcertado.
— Bom dia, Chef.
— Fernando? Bom dia. Você… — eu não sabia nem o que perguntar — Que bom que você e a Justine se entenderam, eu acho.
— Sim, é… Bem…
— Não precisa. — acenei solidária para o seu desconforto — Só acho que a Justine deveria ser mais educada e te oferecer um café.
— Não se preocupe, eu agradeço. Já estava de saída, então…
— Acho que a Diana já está dormindo agora. Vem.
Ouvi os cochichos da francesa chegando na sala e antes mesmo de questionar qualquer coisa, a minha segunda (quase) surpresa apareceu ao lado dela. Uma surpresa morena, de cabelos cacheados e vestido florido, com nome de afrodisíaco…
— Dalila?! — a fitei.
— Oi, tudo bem? — a moça parecia a mais inocente entre todos ali.
— Justine! — a encarei acusadora.
— Diana, chérie! — ela me olhou surpresa.
— Bem, então eu já vou… — e o Fernando era o mais sem jeito.
— Fernando! — o chamei — E Dalila?! Justine… — meus olhos semicerrados a fitaram.
— Diana… — a francesa retrucou.
— Dalila! — a moça respondeu como se fosse uma lista de presença.
— E Fernando?! — indaguei Justine.
— Sim, estamos todos aqui, Justine, Dalila, Fernando e Diana. Foi uma bela reunião, mas agora devemos ir. — ela disse os expulsando em direção à saída — Au revoir, mon chérie!
Vi a porta se fechar e a loira de olhos azuis esbugalhados se escorar nela em alívio.
Eu ainda estava atônita.
— Eu fico fora por uma noite e você transforma a minha casa em uma zona?
— Não é o que você está pensando. — ela se defendeu ao vir em minha direção — Bem, é um pouco, mas não foi por querer, quer dizer, foi por querer, mas não foi de propósito! Mon amour, me desculpe.
— Olha, Justine, em outro momento eu ficaria extremamente curiosa e possivelmente indignada, mas agora eu não tenho nem forças pra te questionar.
— O que houve? — ela enfim percebeu o meu estado — Me desculpe, chérie, se te desrespeitei…
A loira se aproximou, sentando-se ao meu lado.
— Eu não estou “de mal” de você, não se preocupe. — sorri sem muita vontade — Estava só te enchendo.
— Me enchendo? De que?
Dessa vez eu ri com gosto.
— É uma expressão brasileira. Quer dizer encher o saco, zombar de você.
— Oh, sim… E por que está assim? É por causa do Eduardo? — ela perguntou, parecia preocupada de fato.
— Sim. Ele voltou de repente, me disse que está muito doente, que tem pouco tempo de vida e me pediu em casamento, outra vez.
— C’est pas possible! Não é possível, Diana! — o seu espanto foi quase tão grande quanto o meu ao vê-la saindo do quarto com os dois.
— Não só é possível como também muito real. Ele me disse que fez exames que detectaram uma doença grave, em estágio avançado. Ele vai se tratar, mas as chances são poucas. Estava tão triste, Justine, tão desesperado. Eu estou muito triste por ele. — comentei abalada.
— E por isso ele quer que você se case com ele? Passe os seus dias nessa angústia ao lado dele e depois se torne uma viúva precoce?! Egoísta.
— Justine, não fale assim. — repreendi — Ele está tão desesperado. E com razão.
— Então você aceitou retomar o casamento? — a minha amiga indagou quase que num tom acusador — O que você disse a ele, Diana? Você aceitou?
***
Era difícil acreditar que o meu dia havia começado tão maravilhoso e terminaria tão péssimo daquela forma. Passei quase todo o tempo pensando sobre o Eduardo, sobre a sua vida, sobre a minha vida. Parecia tudo tão surreal e tão… Triste.
Eu estava no restaurante, tentando verificar o estoque, quando o meu celular tocou.
Era ela.
— Oi! — atendi tentando ser o mais suave possível.
— Ei… Tudo bem? — Valentina perguntou.
Talvez ela tivesse um manual sobre mim. Era incrível como ela podia me ler, mesmo de longe.
— Sim, tudo bem. — respondi meio incerta — E você está bem? Como está sendo o seu dia?
— Estou bem. Dia chato como qualquer outro.
— Isso não deveria acontecer. — soei pesarosa.
— É, talvez… E talvez você pudesse mudar isso. — sua voz era conspiratória.
— Eu ouço travessuras em sua voz. — afirmei.
— É… Talvez.
A sua risada me aconchegava.
— E como eu, talvez, poderia ajudar? — perguntei.
— Talvez você pudesse vir aqui em casa. E talvez eu tenha uma surpresa para você.
— Espera, o aniversário é seu e sou eu quem ganha a surpresa? Isso não está certo.
— Só vai estar errado se você disser que não. — ela chantageou.
— Incrível e infelizmente eu me sentiria a pior pessoa do mundo se negasse um pedido seu no dia de hoje.
— Ótimo, esteja aqui às quatro. E não de atrase! Beijos e até mais.
Não tive tempo de me despedir. Valentina era mesmo um acontecimento grandioso e fugaz. E pela hora, eu deveria me apressar.
Deixei o Émeraud du Brésil novamente sob o comando do meu fiel e prestativo amigo, Fernando. Que por sinal, mal manteve contato comigo durante todo o dia, mesmo após eu dizer que estava tudo bem.
Saí do restaurante direto para o shopping, decidida a encontrar algo para presentear a Valentina. O problema era que eu não fazia ideia do quê.
***
Eram 16h02min quando toquei a campainha da casa bonita com balanço no pé de ipê de flores cor-de-rosa em frente.
— Eu vou acrescentar os 2 minutos de atraso no tempo que você tem comigo. — ela disse ao atender a porta.
— Me desculpe! — pedi em rendição.
— Obrigada por ter vindo.
— Obrigada por me convidar.
Entrei na casa aconchegante e senti como se me fosse familiar, mesmo que eu tivesse estado ali poucas vezes antes.
— Eu tenho uma surpresa pra você! — ela nem esperou eu me sentar no sofá.
Ela estava radiante.
— Calma, eu também tenho uma para você. — respondi.
A vi silenciar de repente. Os seus olhos surpresos enquanto me via retirar o embrulho de dentro da bolsa.
— Feliz aniversário. — estiquei o presente em sua direção.
Ela permaneceu imóvel.
— É pra mim? — perguntou ainda surpresa, um pouco demais a meu ver.
— Sim! É um presente, afinal é o seu aniversário e é isso o que acontece quando as pessoas fazem aniversário.
Valentina me observou por alguns segundos em seguida a caixa embrulhada em papel colorido em minhas mãos. Era como se não tivesse reação.
— Obrigada. Você… Você trouxe um presente de aniversário pra mim. — os seus olhos brilhavam tanto que me fizeram emocionar.
— Sim, eu trouxe. Toma, é pra você.
Só então ela avançou até mim e, ainda receosa, o pegou de minhas mãos.
— Obrigada. — senti o seu abraço apertado e agradecido.
— Eu espero que você goste. — torci.
— Posso abrir?
— Claro! Por favor. — a incentivei.
Nos sentamos no sofá e, com o presente sobre o colo, Valentina o abriu cuidadosamente. Eu estava impaciente e duvidosa se teria acertado na escolha.
— É um… é um caderno de desenho! E somos nós na capa!
— Sim! É daquele dia no seu sítio. Imprimi do celular. Só precisei cortar algumas pessoas daí. — confessei.
Eu havia impresso uma foto nossa para a capa. Onde estávamos perto do lago. A paisagem era bonita e o momento também.
— É lindo, Diana! E tem lápis! E tintas! De todas as cores!
O seu sorriso era tão lindo e puro. Ela parecia realmente feliz.
— Você gostou? — questionei.
— Sim! Eu… Eu amei, é lindo! Obrigada, Diana. Eu nunca ganhei nada assim.
— Eu não sabia o que te dar, foi difícil escolher. Então eu estou mesmo aliviada e feliz que você tenha gostado.
— Esse é o meu primeiro presente de aniversário.
Analisei o seu rosto encantado com o momento e duvidei de sua fala.
— Como assim primeiro?
— Eu nunca ganhei nada de aniversário antes. Não havia comemoração, você sabe… — ela disse simples.
— Achei que estivesse exagerando sobre não comemorar aniversários. — eu disse surpresa.
— Eu gosto como você faz tudo na minha vida ser diferente. Diferente bom. — os seus olhos brilhavam para mim.
— Eu gosto que seja assim. E fico feliz por isso.
Valentina me abraçou mais uma vez. E dessa vez se demorou. E então o meu rosto foi acariciado com um beijo suave.
— E tem mais uma coisa. — me afastei para pegar a caixinha dentro da minha bolsa.
— O que? — ela se fez surpresa novamente.
— Na verdade eu não fazia ideia do que te dar e pensei no caderno e nas tintas. Mas quando estava indo embora, na vitrine da loja no shopping, estava lá, em exposição. — falei mostrando a caixa ainda fechada — Na hora eu tive certeza de que aquele seria perfeito. Eu acho que isso é meio que a nossa coisa agora, talvez…
A entreguei a caixinha e esperei que ela abrisse.
— É linda. — dessa vez os seus olhos brilharam de um jeito diferente — Uma pulseira de rosas, as nossas rosas! — sorriu.
— As rosas que você me deu. — completei.
— E as que nós tatuamos! Me ajuda? — ela pediu para que a colocasse no pulso — Eu nunca mais vou tirá-la.
— Exagerada. — gargalhei.
— Obrigada! Eu adorei mesmo! — disse admirando a pulseira.
— Eu fico feliz.
E num rompante ela se levantou, deixando o caderno e as tintas sobre o sofá.
— Agora é a minha vez! — falou empolgada — Feche os olhos!
— Tudo bem. — concordei sem protestar.
Ouvi os seus passos apressados e barulhos pela casa. A porta da frente se abriu e ela saiu, me deixando curiosa.
— Pode vir! — a sua voz era pura ansiedade.
— Posso abrir os olhos?
— Não! — a ouvi se aproximar rapidamente e me segurar pelas mãos — Vem, eu te guio.
— O que você está aprontando, hein? — perguntei enquanto a seguia.
— Cuidado com o degrau. — ela alertou ao passarmos pela porta.
A claridade do lado de fora me fez apertar os olhos.
— E agora?
— Pode abrir!
A primeira imagem que vi foi de uma Valentina sorridente e empolgada. Os seus olhos brilhavam. E era lindo.
O que vi em seguida me deixou um pouco apreensiva, mas talvez um pouco animada também.
— Uma bicicleta? — indaguei.
— Sim! Eu comprei uma bicicleta para você! — o seu sorriso era tão contagiante.
— Tudo bem… Você se lembra que eu não sei andar de bicicleta, não lembra?
— Sim, por isso te comprei uma. Eu vou te ensinar.
— Jura? — gargalhei, mais por medo do que por graça.
— Sim. Quer dizer, você quer que eu te ensine?
— Tudo bem, vamos lá. — aceitei ainda receosa.
— Certo, vamos!
Como habitualmente, eu estava de vestido naquele dia, o que talvez me atrapalhasse um pouco. Mas estava disposta a tentar. Tirei a sandália e tentei ficar o mais confortável possível para a minha primeira aula.
— Primeiro você precisa subir na bicicleta e… — ela dizia atenciosa.
— Essa parte eu acho que já sei, pode pular.
Ouvi sua risada.
— Claro, então você só precisa se equilibrar e pedalar. Não é difícil.
— Suponho que não…
Ela segurava a bicicleta e me incentivava a pedalar e seguir em frente, mesmo que eu estivesse totalmente desengonçada e com medo.
— Espera! Não me solte! Não me solte! — eu dizia histérica.
— Eu não vou soltar, pode ir. — e Valentina ria da minha falta de destreza.
Depois de algumas tentativas, eu pedi por uma parada para descanso.
— Vou buscar refri pra gente. — a morena disse indo casa adentro.
Eu me sentei no degrau de sua porta e aguardei. Quando voltou, ela me serviu com um copo e se sentou ao meu lado.
— É de uva. — disse.
— Obrigada. De uva é bom.
A observei por algum tempo. A sua pele brilhava em dourado sob o sol de fim de tarde. Era bonita. Era linda.
— O Eduardo voltou. — falei de repente, sentindo uma obrigação sem sentido de comunicá-la sobre aquilo.
Ela não me olhou de volta.
— Ele vai bem? — perguntou após algum silêncio.
— Na verdade, não muito. Ele está doente. E é grave.
— Sinto muito.
— Ele me pediu apoio. — continuei.
— É importante.
Eu quase não ouvia sua voz.
— E em casamento. — finalizei.
Ela se calou de vez. Me olhou. Não havia expressão decifrável em seu rosto.
— Ele te pediu em casamento?
— Sim.
— E o que você disse?
— Eu disse sim.
Mais silêncio. Silêncio sem fim. Desesperadamente eu esperava por uma reação dela. Um pedido para desistir ou um xingamento qualquer. Seria melhor do que ouvir a agonia da sua quietude.
— Hoje é um bom dia para aprender a andar de bicicleta. — ela finalmente se manifestou, fingindo não se importar com o assunto anterior.
— Eu devia ter uns seis anos quando a minha avó resolveu me ensinar a andar de bicicleta. — comecei a relembrar — Foi numa tarde de verão na França, era um dia agradável. Eu me lembro dela me dizer que os medos precisam ser enfrentados, não para você mandá-los embora, mas pra você dizer quem é que manda. Eu estava indo bem, vovó era paciente. Foi então que num descuido eu caí. Perdi antecipadamente o dente da frente, que já estava um pouco mole. Foi tanto sangue pra todos os lados que eu me assustei, vovó se assustou. O meu choro se ouvia de longe. As minhas roupinhas sujas de sangue. Mas nada foi tão traumatizante quanto vê-la chorar por mim. Ela se sentiu culpada e eu era inocente demais para dizê-la que não tinha culpa. Ela se culpou por mim e eu me culpei por ela, por fazê-la chorar. Desde então eu não quis mais subir em uma bicicleta.
— E agora? — ela indagou.
— Agora você me deixa bem, como ela deixava.
O brilho em seus olhos havia voltado. E dessa vez eu senti emoção.
— Então vamos antes que o sol se ponha. Eu me sentiria igualmente culpada se acontecesse algo a você.
Voltamos para a bicicleta e o seu cuidado parecia redobrado. Consegui algum progresso e me senti confiante o suficiente para tentar uma volta sozinha.
— Você está pronta? — ela perguntou.
— Sim. Acho que sim.
— Tudo bem. Então vou ficar daqui olhando. Qualquer coisa grite.
— Gritarei!
— Ok. Vamos lá. — ela me soltou.
Respirei fundo e peguei impulso. Dei algumas pedaladas e me empolguei quando percebi que estava tudo sob controle.
— Eu consegui! — comemorei — Consegui, Valentina! Olha só pra mim!
— Você conseguiu! — ela disse sob aplausos e risadas.
— Agora vou voltar, olha!
Fiz a curva com cuidado, sem muito equilíbrio, estava indo tudo bem, até que freei na hora errada.
A minha sorte foi que o chão não estava tão longe.
— Diana! — ouvi o seu grito.
— Aiii! — também gritei pelo susto — Ai caramba!
— Você tá bem? Se machucou? — ela correu até mim.
— Não, eu tô bem.
— Espera aí, o seu joelho. — Valentina notou antes mesmo de mim.
— Uh… Pelo menos não quebrei nada dessa vez. — eu ri, mas aquilo ardia um pouco.
— Vem cá, tem que limpar e fazer um curativo e…
— Calma, é só um joelho ralado.
No auge de sua preocupação ela não me deu ouvidos.
— Lá dentro tem primeiros socorros, eu vou pegar enquanto você espera no sofá.
A acompanhei até a sala e aguardei a sua volta com uma caixinha vermelha nas mãos.
Algodão, antisséptico e mãos delicadas trataram de cuidar do meu ferimento.
— Eu acho que isso arde um pouquinho, então você pode segurar a minha mão se quiser. — Valentina disse receosa.
— Tudo bem, eu estou bem.
Com o algodão sobre a minha pele, senti um choque um pouco mais forte do que imaginava.
— Ok… Isso arde mesmo!
— Me desculpe! — ela pediu com culpa em sua voz.
— Tá tudo bem, foi só uma dorzinha.
— Espera, eu vou…
Ela estava agachada no tapete de frente para mim. E então começou a soprar o meu joelho machucado, para que aliviasse a dor. Suavemente, calmamente.
Por alguns segundos eu poderia jurar que o tempo passou mais devagar.
— Dói muito? — perguntou preocupada.
— Não… Não. Já está… Já está bem, obrigada. — respondi meio engasgada.
— Espera, falta o curativo.
Enquanto Valentina me ajudava, uma parte de mim se sentia estranhamente tocada pelo seu cuidado e a outra parte extremamente incomodada por sentir coisas altamente inapropriadas naquele momento.
Francamente, Diana!
— Prontinho. — ela disse ao terminar e se sentar ao meu lado.
— Obrigada. Mais um talento da Valentina, cuidar de joelhos ralados. — brinquei.
— Não foi nada, eu já fiz isso outras vezes. — afirmou.
Uma gota de suor escorria lentamente pela sua fronte. Ela parecia inquieta.
— Você está… — levei a mão ao seu rosto para limpá-la — suando.
— Muitas emoções.
O seu sorriso sem jeito gracioso.
— Me desculpe, eu não devia ter feito isso. — ela dizia ainda com culpa.
— Ei, tá tudo bem. Foi divertido. Eu me recupero antes do casamento. — brinquei.
Ela me encarou com um vinco entre as sobrancelhas.
— Não era para ser assim. — a sua voz ficou pesada de repente.
— Não se sinta culpada, Valentina. — tentei acalmá-la.
— O que eu sou exatamente para você, Diana?
— Perdão? — não acompanhei o rumo que a conversa havia tomado.
— Em um minuto você parece se importar e no minuto seguinte parece que eu sou um nada pra você.
— Por que você ta dizendo isso?
— Você! — a vi se irritar completa e inesperadamente em minha frente — Você sempre estraga tudo!
— Como é? — a encarei surpresa.
— Estava tudo tão bem. Tudo indo bem até você aparecer de novo na minha vida. Eu não queria…
— Espera. — eu nunca havia estado tão confusa com ela — Do que você ta falando, Valentina?
— De você! E de como você estraga a vida das pessoas que te rodeiam. Você acha que tudo é sempre sobre você, todo mundo ao seu redor para atender os seus desejos. Você acha que pode brincar com o sentimento das pessoas e que isso não machuca. Mas machuca, Diana!
De repente ela estava inquieta e falava alto. Eu queria não entender sobre o que ela falava exatamente, mas eu entendia. Eu sabia bem sobre o que era aquele discurso.
— Valentina… As coisas nem sempre são como nós queremos que sejam.
— Não, não são. Mas são piores ainda quando nos deixamos levar. Você nem se questiona, Diana! Você sempre arruma uma desculpa pra deixar que as pessoas controlem a sua vida! Eu não quero mais fazer isso.
A vi se levantar furiosa.
— Não é bem assim. — me levantei também — Eu tenho pessoas com quem me preocupar. Não posso simplesmente sair fazendo o que me der na cabeça sem pensar em quem é importante pra mim.
— Esse é o seu problema, você pensa demais. — sua voz era cortante.
— Você chegou agora na minha vida e acha que já sabe de tudo?!
— E você diz que não me vê como uma mera garota de programa, mas me trata como uma! Como se eu não tivesse sentimentos. Como eu fosse nada!
— Você está com ciúmes? É isso? — indaguei.
Os seus olhos ardiam.
— Mimada! É isso que você é, Diana. Insuportavelmente mimada e acomodada! — ela gritou.
— Não fala assim comigo!
— Dói ouvir a verdade, não é?
— Vai pro inferno! — a minha respiração estava angustiada — Eu deveria odiar você, Valentina.
— Mas não consegue! — ela retrucou.
— Eu não consigo. — respondi calma, mas ainda irritada — Infelizmente eu não consigo.
Me aproximei com pressa, com sede e, principalmente, com raiva.
— Me faça conseguir, Valentina. — segurei o seu rosto em minhas mãos e sussurrei em seu ouvido.
Os seus olhos queimavam. Me queimavam.
Ela me segurava forte, me prendia, me incitava. Seus lábios tão próximos e tão distantes.
— Eu ainda não sei fazer o impossível, Mademoiselle Diana.
Provocou simples e saiu.
Sob os olhos de Valentina…
Subi as escadas a passos largos, entrei em meu quarto sentindo o meu coração palpitar. Como eu desejava aquela mulher, era quase irracional. Ela me desestruturava e me tornava indefesa em suas mãos. Eu não podia, não devia! Não era para ser assim.
Passei as mãos pelo pescoço. Eu estava deveras suada e outras coisas mais…
Ia em direção ao banheiro quando ouvi batidas na porta. Me virei e a vi ali, parada em minha frente, sem dizer uma palavra.
— O que você quer? — perguntei ao vê-la se aproximar.
— Não fala nada…
*Música 2*
Sob os olhos de Diana…
O meu corpo tremia. Eu ofegava, ansiava, desejava mais do que tudo na minha vida. Ela, Valentina. A minha perdição.
O seu toque era tão suave. Ela me despia como quem tirava a pétala de uma rosa. Com calma e cuidado. Com desejo. Com receio, descobrindo. Uma calma concentrada, observada e detalhada.
Eu não deveria ceder…
As alças do meu vestido e as suas mãos com destreza. Em um instante eu estava seminua em sua frente. Ela me admirou. Como quem observava uma pintura agradável aos olhos.
Os seus dedos pela minha barriga desnuda. Um arrepio. Seus lábios entreabertos e a minha boca desejando tomá-los. Quando fez menção em despir a si mesma, eu me adiantei e o fiz por ela. Peça por peça. Vagarosamente.
Se recostou em minhas costas, deslizando pelo meu corpo e os seus lábios em meu pescoço, afastando os meus cabelos, puxando-me para ela.
— Eu estou te odiando agora. — sussurrei.
Ela apertou a sua mão sobre o meu seio.
— Me odeie mais! — praguejou em meu ouvido.
Sob os olhos de Valentina…
Sob a água do chuveiro eu a contemplava, molhada e nua em minha frente. Eu a beijava, sugava, e apertava. Já não havia mais nada entre nós.
Marquei as suas costas com as minhas unhas quando senti a sua mordida em minha boca. Ela me torturava. Não me deixava tocá-la e nem me tocava. Ela queria me ver louca por ela. Como se fosse possível eu estar mais.
— Você sabe por quanto tempo, Diana? — a segurei forte pelo cabelo, minha respiração em sua orelha — Quanto tempo eu esperei… Desejei… Imaginei cada pedacinho do seu corpo… E a minha boca em todo ele.
— Faz o que você quiser. Só faz...
Ah, Diana… A sua voz suplicando me fazia louca.
— Devagarzinho, mon amour… — rebati — Bem do jeito você me fez esperar.
A minha mão deslizou tão lentamente até onde o seu corpo mais ansiava. Os meus lábios sugavam suavemente a rigidez dos seus seios. Eram movimentos sutis, diferentes das reações do seu corpo.
Sob a água morna do chuveiro, entre os seus braços, o calor, o desejo, os seus beijos. O jeito que ela me buscava, o jeito que me tocava. Era surreal o quanto eu a queria.
A mulher mais maravilhosa de todo o mundo era, enfim, minha.
Sob os olhos de Diana…
E então estávamos em sua cama. Eu apenas a acompanhava, extasiada. Ela era tão devota. Me senti como uma deusa recebendo adoração.
Me deitei sobre ela, sentindo o seu corpo molhado deslizar sob o meu. A sua boca era o meu vício. Eu a beijava desejando nunca mais parar. Mordi o seu queixo, seu pescoço, os seus seios, bonitos como fruta pronta para ser provada. Estavam molhados. Estávamos molhadas.
Era o tempo perfeito. Me coloquei sobre as suas pernas. O encaixe perfeito. As minhas entre as dela. O deslize perfeito. Bem devagar, como ela queria e como me deixava louca. Escorregávamos em nossa dança particular.
Os nossos corpos eram um ímã. Os seus gemidos eram música, que há tanto tempo eu queria ouvir.
Mas ela queria mesmo me torturar.
Me puxou, me beijou, me parou sobre ela e então sua vez sobre mim. Sua boca em mim. Me aquecendo e arrepiando onde a sua língua passava. Onde os seus dentes mordiam. Onde a sua mão deslizava. E deslizou até onde eu mais ansiava. Suave, molhada. Escorregando lentamente para dentro de mim.
— Diga, Diana… Eu quero ouvir o meu nome na sua boca.
Eu mal conseguia suspirar. Me contorcendo sob o seu corpo rígido sobre mim.
A sua boca voltou aos meus seios enquanto os seus dedos continuavam a me preencher.
— Diz, vai… — ela insistiu.
Já em meu ápice, apertando os meus dedos em seu corpo, liberando a tensão em mim, a minha voz saiu sobressaltada.
— Valentina… Assim, Valentina!
— Diz que você é minha, diz?
— Eu sou. — consegui dizer, já me acalmando em seus braços — Toda sua!
Segurei o seu rosto entre as minhas mãos, admirando os seus olhos devotados a mim.
— Toda sua. — repeti.
Sem esperar que o meu corpo relaxasse por completo, a pedi que se colocasse sobre mim.
— Vem…
Eu queria retribuir.
A minha cabeça entre as suas pernas e a minha língua em sua intimidade. Valentina estava sobre mim, me olhando diretamente nos olhos, me observando sugá-la com sede, com fome, com desejo de sentir o seu gosto.
Ela se movia, devagar como gostava. Deslizando em minha língua, trêmula sobre mim. O seu corpo esguio, languidez. Em brasas, enquanto eu a provava.
Valentina gemia tão gostoso. Eu adorava ouvir. E pensava que gostaria de ouvir muitas vezes mais.
Uma mão na parede e a outra em meu cabelo, segurando até onde pôde, para então se entregar e me fazer senti-la em minha boca. Gostoso. Como ela, como os seus gemidos, como aquele momento.
Não houve muitas palavras naquela noite, mas também não houve silêncio. O ar pesado e os corpos leves. Eu era dela e ela minha, como tinha que ser, há muito tempo.
E o tempo, eu queria que parasse ali. Me congelasse em seu peito, a grudasse em meus braços. Como se eu não tivesse outra vida. Como se nunca pudesse ter fim.
– Joyeux anniversaire, Valentina.
…
Mais tarde, naquela noite…
— Ainda me odeia agora?
Valentina perguntou depois de algum tempo em silêncio.
— Um pouco menos do que antes.
Ela sorriu.
— Nós temos pouco tempo, não é? O que vai ser amanhã?
— Eu não sei. — respirei fundo, assunto inquietante — Eu não sei o que fazer.
— Só fica aqui comigo e finge que o amanhã não existe. — pediu.
— Só o agora. — sussurrei para ela.
— Só o agora. — devolveu a mim.
***
Acordei com vibrações incessantes vindas do quarto escuro. No chão, ao pé da cama, a minha bolsa chamava.
Ainda sonolenta, me levantei, me desprendendo dos braços macios que me aconchegavam. Valentina acordou.
— O que foi? — perguntou ao coçar os olhos.
— O meu celular.
Abri a bolsa e a luz na tela me doeu as vistas.
“Chamada via celular”
“Fernando”
— Alô?
— Diana? Diana… Chef…
A sua voz estava trêmula e desesperada.
— Fernando, oi. O que houve?
— Chef… Aconteceu… — ouvi o seu choramingo do outro lado.
— O que aconteceu, Fernando? Calma. O que houve? É a Justine? Aconteceu alguma coisa com ela? — o meu temor aumentando.
Valentina se sentou ao meu lado, expressão preocupada no rosto.
— Não, não… É o restaurante, Diana. Está destruído. Tudo destruído, Chef.
— O que? — o meu coração começou a palpitar — Fernando, me fala o que aconteceu?!
— Pegou fogo, Diana! O restaurante, está em chamas. Está em chamas!
Fim do capítulo
Link música 1: https://www.youtube.com/watch?v=M8GTMW4SkEk
Link música 2: https://www.youtube.com/watch?v=IezlWijcdQk
Oi, pessoinhas!
Feliz em estar de volta e feliz por ainda ter a atenção de vocês.
Obrigada pela paciência de sempre e pelo apoio.
Espero que tenham gostado do capítulo.
Aguardo vocês no próximo!
Até lá <3
Beijo grandão,
Sweet
Twitter: @SrtaSweet1
Email: Sweet-Words@outlook.com
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inacia
Em: 27/11/2019
Olá autora! Adorando sua história aqui no Lettera.... Sou Chef de cozinha, e me identifiquei muito com a profissão da Diana. Por favor não demore a postar... Esta super interessante o desenrolar da trama. Uma pessoa que acompanha sua história também, e que por sinal muuuuiiitooo sua fã que me indicou pra ler... Aguardando ansiosamente suas próximas postagens. Até mais..
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beatriz_cf
Em: 27/11/2019
Toda vez que leio um capÃtulo lembro o porquê não desisto dela!!
Amo essa história, é incrÃvel e me derrete o coração.
Na torcida pelo seu retorno sempre, Autora.
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Maryana
Em: 24/11/2019
Super,
Muito bom ,
Emocionante,
Gostosaaaaa ,
Tesoura .....
Simplesmente maravilhosa essa historia , pena que toda vez que acaba eu fico com o coracao nas maos, especialnente hj nè?!!
Coitada da Di parece que o mundo resolvel desabar na cabeça dela
Volta logo mae...
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NovaAqui
Em: 24/11/2019
Esse Fernando tinha que surgir das cinzas? Aff
Como assim "aparecer de novo na minha vida"? Fiquei perdida kkkkkk
Agora que parecia que iriam ficar mais próximas ainda, o Zé ruela volta! (Olhinhos para cima) kkkk
Fogo no parquinho e no restaurante! Vamos ver como isso aconteceu
Sempre bom te ler. 🥰â¤ï¸(são corações)
Abraços fraternos procês aí!
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