La Vie en Rose - Les Roses
Meus sentidos estavam vagos e o meu corpo pesado, tanto quanto os meus olhos. Mal conseguia abri-los. Ao longe, e cada vez mais alto, eu ouvia risadas e uma conversa descontraída de vozes que eu conhecia muito bem.
O quarto estava escuro dentre as cortinas, mas pude ver que lá fora iluminava a luz do dia. Eu estava em casa, na minha cama e com o meu roupão, mas não me lembrava exatamente como havia chegado ali.
Me levantei e fui em direção às vozes que vinham da cozinha. A conversa em francês me fez mergulhar em uma nostalgia aconchegante dos tempos em que eu estava na França com os meus avós e acordava com o cheiro adocicado de chá e croissants recém-saídos do forno.
Chegando ao cômodo, me deparei com a minha melhor amiga e a minha “não sabia que título devia atribuí-la” aos risos à mesa da sala de jantar.
— Bom dia. — cumprimento ainda um pouco confusa.
— Boa tarde, mon amour. — Justine me responde animada.
— Que horas são? — pergunto ao me aproximar.
— Agora são exatamente… — Justine olha para o relógio dourado em seu pulso e me responde simples — quatro e vinte e cinco da tarde.
— De que dia? Eu não posso ter dormido tanto assim. — questiono assustada ao me sentar junto a elas.
— Do mesmo dia em que você chegou de madrugada vindo de uma noite de travessuras com a Valentina.
A Valentina… Olho para ela que encolhe os ombros e sorri como se a nossa noite tivesse sido mesmo uma maravilha.
— Eu não sei o que exatamente você soube, mas de maravilhosa a minha noite não teve nada.
— Valentina tratou de me contar todos os detalhes e eu achei muito emocionante. — Justine contrapôs.
A encarei duvidosa.
— Eu sei que nessa voz doce, rouca e aveludada tudo pode parecer encantador, mas não se deixe enfeitiçar, Justine. — encarei desafiadora a morena em minha frente, que sorria, para o meu infortúnio, encantadoramente.
— Você esqueceu de mencionar os belos olhos castanhos sedutores e a assertiva capacidade de articular verbalmente. — minha amiga completou com o seu sotaque carregado.
— Eu deveria estar lisonjeada ou me sentindo culpada agora? — Valentina enfim se pronunciou.
— Pela cara da Diana, algo me diz que talvez as duas coisas. — Justine zombou — Bem, agora eu vou sair e deixar as duas passarinhas. Se cuidem. Au revoir!
Minha amiga se despediu e logo saiu pela porta da frente sem dar mais satisfações.
— Passarinhas? — Valentina me olhou confusa.
— Eu acho que ela quis dizer pombinhas. — falei aos risos.
— Você precisa ensinar umas expressões mais atuais para ela.
Dei de ombros.
— O que exatamente você contou para a Justine sobre a nossa noite? — perguntei enquanto me servia de café.
Forte e sem açúcar, como eu precisava.
— Quando você descansou hoje de manhã e ela voltou para me dizer que você estava bem, eu fui embora dizendo que voltaria mais tarde para vê-la e então contaria tudo. Esperava chegar aqui e saber que você já tinha resolvido a situação, mas como ainda dormia, decidi que omitiria a ela alguns detalhes e, se você achasse oportuno, lhe explicaria depois.
— Exatamente quais detalhes você omitiu?
— Eu disse à Justine que depois do Jardim nós fomos até a Comunidade visitar um conhecido meu, pois era o seu aniversário e eu queria cumprimentá-lo. — ela me contava pacientemente — E então nós fomos convidadas para uma festa. Você bebeu demais, passou mal, houve um confronto nas redondezas e nós saímos de lá um pouco… Assustadas. E voando!
— Como passarinhas… — não evitei a piada infame — Bela história. — ri em negação.
— Não me importo que conte a ela a verdade. Só omiti porque não sabia qual seria a sua postura sobre isso.
Respirei fundo e bebi mais um gole do meu café. Ao repousar a xícara sobre o pires notei o olhar da minha visitante sobre mim.
— O que foi?
— Não foi nada. — ela disse calma e simples.
— E porque está me olhando assim, como se eu estivesse despida?
O seu sorriso foi automático, mas ela não desviou o olhar. E nem eu o fiz.
— Eu não posso e nem devo te dizer todas as coisas que se passam pela minha cabeça.
— Comece então pelas coisas que se passam fora dela, na sua vida, por exemplo. — a desafiei.
— Pensei que você não queria saber.
— Já estou calma o suficiente para querer agora.
Aparentemente eu estava sofrendo de irritação tardia.
FLASHBACK - Horas antes…
Quando o sol nasceu por completo nós saímos da praia e tomamos um táxi. Valentina fez questão de me trazer em casa e me acomodar até que eu estivesse “segura” o suficiente. Justine nos recebeu assim que entramos em casa e, não para menos, assustou-se com o nosso estado.
Eu tomei um banho quente e só queria esquecer que aquela noite havia existido. Nunca na vida imaginei passar por uma situação apavorante como aquela.
— Diana? — Justine apareceu no meu quarto logo que saí do banho — Você demorou. Está tudo bem?
— Sim. Eu estou bem. E a Valentina?
— Está na sala esperando para saber se você está bem para que ela possa ir embora. Tem certeza de que não aconteceu nada mesmo?
Desviei o olhar de minha amiga enquanto enxugava os cabelos. Eu não queria mentir para ela, mas também não poderia dizer simplesmente tudo o que havia se passado comigo e Valentina naquela fatídica noite. Eu nem sabia se poderia, se seria seguro falar.
— Não aconteceu nada, não se preocupe. Diga a ela que eu estou bem.
Eu não sabia o que estava sentindo pela Valentina naquele momento em que os ânimos haviam se acalmado. Certamente não era ódio, mas também não era amor.
Tomei um calmante e caí na cama sem pensar em mais nada. Eu só queria dormir e esquecer.
FIM DO FLASHBACK
Ela não desviou o olhar e muito menos eu. A verdade é que eu já estava farta de tantos segredos e de onde aquela história toda tinha me levado. Eu mal sabia quem ela era, eu não a conhecia. Deixei uma estranha invadir a minha vida e me colocar do avesso. Tamanho perigo eu corri estando ao lado dessa mulher, e talvez ainda estaria correndo. Eu queria explicações!
— Certo. O que quer saber? — ela ainda estava calma, mas já não me olhava mais nos olhos.
— Comece me dizendo quem é você de verdade.
— Você já sabe quem eu sou.
— Não, eu não sei. Eu nunca soube, na verdade, eu nunca me importei em realmente saber.
— E por que agora? — ela questionou.
— Você sabe que nós duas poderíamos ter sido mortas por bandidos armados? Tem noção disso?
— Isso não aconteceria. E não aconteceu — ela amenizou.
— Eu não sei em que tipo de mundo você está acostumada a viver, Valentina, mas eu não sou assim. Eu pensei que iria morrer em vários momentos! Um homem morreu na nossa frente, baleado a queima roupa! Como isso não te afeta? — dessa vez sim era a raiva e ela estava falando por mim.
— Diana…
— Aliás, o mesmo homem que você mutilou minutos antes. — meus olhos já estavam se inundando e seria inevitável segurar — Você… Valentina, você esfaqueou uma pessoa! — parecia que tudo estava caindo de uma vez sobre a minha cabeça, só então eu pude pensar racionalmente sobre aquilo.
— Eu fiz pra te proteger, Diana!
— Se quisesse mesmo me proteger teria saído dali comigo quando tivemos a chance. Por que não o fez? Por que você ficou? O que é que você tinha a tratar com um bandido como aquele? Quem é você, Valentina?! — gritei.
Todas as perguntas saíram de uma vez junto de uma batida das minhas mãos irritadas sobre a mesa. Os copos e talheres balançaram num tilintar agudo.
Eu me descontrolei por um segundo, mas ela não se abalou.
— Me desculpe. — o seu suspiro pesaroso não me faria recuar — Eu só fiz o que achei melhor para nos proteger naquele momento. Não imaginei que a situação chegaria naquele nível.
— Achei que você tinha dito que não corríamos riscos. — respondi já mais calma.
— Você não entende, Diana, era uma situação complicada.
— Então me explique!
— Eu não sou uma criminosa, ok? Se é o que está pensando.
— Para quem arrancou fora o dedo de uma pessoa, eu não diria que também não é.
— Não era qualquer pessoa, era um homem que estava te assediando!
— Ainda era uma pessoa! E não é assim que as coisas se resolvem.
— Você queria o que? Que eu chamasse a polícia? Ou talvez preferia que eu tivesse deixado ele avançar sobre você?! Talvez você quisesse isso, não é? Eu entendi errado a situação.
Eu via raiva em seus olhos. Raiva e dor.
— Pare com isso! Não seja idiota! Olhe só para o que você está dizendo, Valentina!
— Eu sou mesmo uma idiota por achar que você poderia em algum momento gostar de mim. Eu não devia nem ter começado isso.
Seus olhos estavam tão marejados quanto os meus. Era como se houvesse uma disputa inconsciente sobre quem deixaria a primeira lágrima cair.
— Eu não posso mais fazer isso. — confessei em negação, sentindo o meu peito apertar — Eu não posso mais estar com alguém que não me diz a verdade, que não me diz quem realmente é.
— Você não quer mais me ver?
Imaginei que a sua voz tenha saído mais sutil do que ela pretendia. Como uma criança arrependida, triste e culpada por ter feito besteira. Não consegui respondê-la. Aquilo estava além das minhas forças.
O silêncio ali se tornou tão amargo quanto o café que eu bebia.
Vi Valentina sair pela porta e nada pude fazer para impedir. Eu não devia impedir, ainda que quisesse. Eu não poderia mais.
***
Naquela noite não haveria um encontro. Nem naquela e nem em nenhuma outra noite mais, não depois do que tinha acontecido. Eu queria não me importar e me comportar como uma adolescente inconsequente, mas já não era suportável mais.
Eu só queria dormir e acordar com amnésia, mas nem pregar os olhos eu consegui desde que Valentina foi embora. O que me restou foi mergulhar no meu trabalho e tentar esquecer tudo aquilo, por um tempo ao menos.
— Chef! Chef! Diana!
Ouvi o meu nome ao longe e me assustei com o Fernando tomando a frigideira de minhas mãos.
— O molho está queimando. — ele me alertou ao retirar do fogo.
— Nossa, eu me distraí.
— Vai dar pra salvar.
— Obrigada. Cuide para mim um minuto, por favor, eu vou até o escritório.
— Claro. Está tudo bem? — ele perguntou receoso.
— Sim, eu só… Não se preocupe. — o vi assentir e deixei a cozinha para subir até a minha sala.
O movimento às quartas não era tão intenso, logo me permiti fazer uma pausa. Seria bom se fosse possível fazer uma pausa nos pensamentos também. A minha história com Valentina me angustiava. Não era para ser assim.
Me servi de uma dose de um conhaque antigo que fazia anos que eu havia ganhado de um cliente, mas nunca tinha experimentado.
— Um horror, credo. — senti o arrepio em meu corpo quando o gosto forte do líquido amarronzado passou pela minha garganta.
Tirei o telefone do bolso da calça por baixo do meu avental, analisando a tela e pensando no quão fraca eu seria se ligasse.
— Pelo amor de Deus! Mal fazem 5 horas que ela foi embora, onde está o seu orgulho, Diana? — cochichei para mim mesma.
Terminei o último gole e voltei à cozinha. Trabalhar seria a minha fuga para não ceder às tentações.
***
Era pouco mais de 1h30min da madrugada quando eu fechei o restaurante. Fiz questão de cuidar de tudo, deixando que todos os meus funcionários fossem para casa antes de mim. Fui a última a sair, eu queria chegar em casa tão cansada quanto possível para cair na cama e entrar em coma.
Ao chegar no estacionamento uma figura encapuzada me esperava recostada no meu carro. Antes de perceber quem era, meu coração deu um salto no peito pelo susto e pela possibilidade de quem poderia ser.
— Quer me matar do coração, maluca?
— Chérie! — Justine sorriu para mim.
— Ta fazendo o que aí?
— Eu só percebi que estava sem a chave quando voltava para casa.
— E você está voltando pra casa agora? Desde aquela hora?
— Oui.
— E eu posso saber onde é que a senhorita estava?
— Você não vai acreditar…
…
— Você não pode estar falando sério, Justine! Eu não acredito. — falei quando passei pela porta da sala de casa — Me conta outra, você teve um encontro, não foi?
— Antes fosse! — ela respondeu pesarosa — Mas não. E eu não resolvi as coisas com o Fernando ainda, não sairia com outra pessoa assim.
— Então me explica, porque nem em um milhão de anos eu imaginaria que você passaria um dia de velhas amigas com a minha mãe. Num Spa!
Me joguei no sofá e fui logo retirando os sapatos, massageando os meus pés doloridos.
— Nem eu acreditei quando recebi o convite, mas foi isso o que aconteceu. — ela falou, se jogando ao meu lado.
— E qual foi o propósito disso?
— É claro que você sabe que a sua mãe não faz nada sem uma ótima razão.
— Não mesmo. Devo me preocupar?
— Talvez.
— Ok… Fale de uma vez.
— Ela sabe sobre você e a Valentina.
— O que? — meus olhos quase saltaram das órbitas.
— Não me pergunte como, ela não quis me dizer.
— Mas o que exatamente ela te disse?
— Ontem à noite ela ligou aqui para sua casa, disse que não conseguiu falar no seu celular. E aí eu inventei uma desculpa, sobre você estar numa reunião, mas ela não acreditou muito. Daí veio o convite para um encontro, eu só soube que era num Spa quando a encontrei hoje.
— Sim e aí…? — perguntei aflita.
— E aí que ela começou com uma história de você e o Eduardo serem feitos um para o outro e contos de fadas e todo esse exagero que a Madame La Roux é capaz. Foi quando eu questionei onde ela queria chegar, então ela me disse que sentia você muito distante e diferente desde que conheceu a sua “acompanhante de noivas”. — ela disse fazendo aspas com os dedos.
— Então ela sabe que a Valentina é…?
— Eu não sei, mas acho que não. Ela estava calma demais para alguém cheia de preconceitos que descobre ao mesmo tempo que, além de ser gay, a filha está apaixonada por uma prostituta. Acho que ela só sabe de metade da informação.
— Certo. — respirei fundo — E eu sou bi, aliás.
— Que seja, você está com uma mulher agora.
— Não mais. — protestei.
— A propósito, me fale o que aconteceu. Eu tentei ligar no seu celular agora à noite por causa da chave, como você não me atendeu eu liguei para Valentina, torcendo para não atrapalhar nada. E a minha surpresa veio quando ela me disse que vocês não estavam juntas. O que houve?
— Nós meio que… Terminamos, terminamos o que nunca começamos. Por enquanto, ou pra sempre, eu não sei bem.
— E por quê?
— Nós brigamos. Eu não sei se posso confiar de verdade nela. Nós discutimos e as coisas ficaram ruins e enfim… Não sei o que vai ser agora.
— Entendo… Acho que entendo, na verdade não muito, mas ok.
— Agora me diga o que é que a minha mãe queria exatamente com você.
— Ela quer a minha ajuda para fazer você e o Eduardo se casarem.
— Como é que é? — perguntei incrédula.
— Ela está bem preocupada. Nunca imaginei que ela fosse capaz de chegar num nível de desespero ao ponto de me pedir ajuda enquanto passa máscara de barro branco no rosto.
— E o que você disse?
— Jurei que não contaria nada a você e que iria ajudá-la.
— A minha mãe… — passei os dedos pelo meu cabelo sentindo o nervosismo me corroer — Ela seria capaz, ela seria sim muito capaz desse tipo de coisa. O que ela pretende?
— Eu não sei mesmo. Estou aguardando instruções.
— Por que não desmentiu sobre mim e Valentina?
— E você acha mesmo que não tentei? Sabe como ela é, não veio para mim esperando uma confirmação, ela já tinha certeza.
— Maldito seja quem fez essa fofoca! — praguejei — Ou será que ela andou me espionando? Porque ela seria muito capaz.
— O que é fofoca?
…
Como se já não bastassem todas as minhas preocupações, a minha mãe tinha resolvido fazer um complô contra mim. Eu nunca havia desejado tanto uma amnésia como agora. Perdi horas tentando dormir e mal consegui uns cochilos durante a noite.
— Olá, olheiras… — lamentei ao me olhar no espelho do banheiro pela manhã.
***
A semana passou tão lenta quanto poderia. Eu me enfiei no trabalho e nas horas livres saí com a Justine em passeios despretensiosos pela cidade. Tudo para distrair a minha mente da avalanche que ameaçava cair sobre a minha cabeça a qualquer momento.
A minha amiga era sempre uma excelente companhia, mas estava mesmo difícil conseguir evitar as minhas preocupações. Minha mãe não apareceu e nem me ligou, muito menos fez o meu pai vir até mim para se fazer ouvir e me colocar juízo na cabeça. Nem um sinal, nem uma simulação de ataque cardíaco, nem um pequeno e contido escândalo. Essa definitivamente não foi a reação que eu sempre esperei para quando ela soubesse sobre a minha sexualidade. O que não me deixou menos preocupada. Vindo de madame La Roux, não sabia se deveria ter mais receio do alarde ou do silêncio.
E falando em silêncio, me envergonhava admitir que eu passei a semana inteira esperando uma ligação ou uma rosa ser entregue no meu apartamento. Não fazia sentido esperar, uma vez que eu mesma tinha terminado tudo, mas sempre existe aquela parte lá no fundo que espera que algo nos surpreenda e que nos leve aos delírios viciosos de insanidade. Eu, ridícula e inquestionavelmente entregue, estava viciada nos perigos que ela poderia me proporcionar. Ao que tudo indicava, quanto mais proibido parecia ser, mais eu queria ter.
Alguém me interne e jogue a chave fora, por favor!
— No que está pensando? — a francesa na espreguiçadeira ao meu lado na piscina questionou.
— Em nada… Em tudo. — eu segurava o meu livro na mesma página há pelo menos meia hora — Eu preciso de uma dose de amnésia líquida.
— Hoje é sábado, é um ótimo dia para beber até esquecer o nome!
— Não posso, o senhor Yoshi veio hoje e deixou tudo limpo e agora só voltará na terça-feira. Vamos manter a ordem.
— Por que está se comportando como uma idosa de 80 anos?
— Porque há uma senhora que habita em mim e ela nunca se foi.
— Isso é verdade, você sempre foi a mais chata e certinha, desde a adolescência. — Justine gargalhou.
— Talvez seja essa a causa desse desejo tardio de cometer inconsequências que eu tenho sentido ultimamente.
— Uh… Me parece interessante. Vamos sair hoje então e sermos muito inconse… Inc… Vamos ser super loucas hoje! — era engraçado como ela se enrolava às vezes.
— Seria ótimo, mas tenho um restaurante para cuidar.
— Deixe que o Fernando cuide! Será ótimo que ele tenha muito trabalho mesmo, que ele fique exausto de tanto trabalhar e não tenha tempo para mais nada.
— Eu estou sentindo um pouco de rancor aí? É isso mesmo? — debochei.
— Não sei do que está falando.
— Pare com isso, Justine. Você já é velha demais para esses chiliques. — gargalhei.
— Velha é a senhora mamãe. E eu não sei o que é chilique, mas não sou isso.
— Eu não posso acreditar que você vai ficar assim com o Fernando.
— Ele parou de me ligar, tenho todo o direito de estar chateada.
— Talvez seja porque você nunca atendia?!
— Mas ele deveria continuar ligando, até eu estar preparada para atender. Desistiu muito rápido. Eu passei uma grande vergonha, Diana, não é fácil assim para superar.
— Eu não acredito que estou ouvindo isso! — as minhas risadas ecoavam por todo o deck da piscina.
— Cale a boca, nós duas precisamos de distração. Ligue para ele e diga que não irá hoje e dê uma folga amanhã para compensar.
— Pensei que queria vê-lo exausto e sem tempo.
Ela rolou os olhos em irritação aparente e se levantou brava.
— Eu estou indo me arrumar. Esteja pronta às oito porque hoje nós vamos sair. E ande logo, pois eu não tenho férias vitalícias. Quando eu voltar para Paris você vai chorar de saudades de mim e eu não estarei aqui, chérie. Aproveite!
***
É claro que eu havia cedido. Depois de uma semana exaustiva no trabalho, me permiti um dia de folga. O Fernando merecia um aumento por sinal.
Justine me convenceu a sair para dançar. Eu nem me lembrava mais se as minhas pernas eram capazes de realizar movimentos além de andar e correr. Fazia tanto tempo que eu não saía para uma balada. E não foi qualquer balada. A francesa me levou para uma casa de dança de salão, que tocava de forró a bolero, tango e reggaeton passando por todos os ritmos latinos possíveis. Ela estava determinada a conhecer a cultura local à fundo.
O lugar era bonito, um espaço aberto, com uma tenda central onde as pessoas dançavam. Tinha um ar natural, iluminação no ponto certo para que ninguém se intimidasse e dançasse sem timidez.
Nos fundos da tenda tinha um palco com música ao vivo e ao redor haviam mesas amadeiradas distribuídas harmônica e aconchegantemente para os menos animados. Era tudo encantador.
— Como é que você descobriu esse lugar? — questionei intrigada.
— Você é uma péssima anfitriã que não conhece a própria cidade, a sorte é que eu sou uma ótima turista. — ela se gabou.
Sentamos numa das mesas e logo recebemos as boas vindas de uma moça sorridente e simpática.
— Sejam bem vindas ao Casarão.
— Obrigada. — agradecemos.
— O meu nome é Dalila e eu vou atender as senhoritas hoje. — o seu sotaque era diferente, era puxado, soava quase como cantado. Era bonito.
— Obrigada, Dalila. — Justine agradeceu novamente — Eu gostaria de beber o que vocês tiverem de mais forte aqui, uma bebida típica do Brasil, por favor.
— É claro, nós temos Caipirinha e...
— Não! Mon Dieu, Caiporínia não! — a loira interrompeu rapidamente.
Eu tive que segurar forte o riso.
— Perdão? — a pobre moça sorriu confusa.
— Não foi nada, Dalila, desculpe. Traga qualquer coisa, menos Caipirinha, está bem? — eu intervi.
— Está bem. Só um instante, por favor. — ela assentiu e foi até o bar.
— Nunca mais eu sequer encosto nessa bebida maldita.
— A culpa não é da bebida se você encheu a cara. — zombei.
— Eu estou aqui justamente para esquecer que essa coisa existe e que eu já fui vítima dela um dia.
— É claro...
— Aqui está. — a moça voltou sorridente — Dois drinks. Eu espero que gostem da minha escolha. — ela disse nos servindo — Suco de tangerina com mel, uma dose de tequila e pimenta rosa.
Eu experimentei e em seguida Justine.
— Isso é muito bom! — falei depois de sentir o sabor adocicado e suavemente apimentado.
— É mesmo uma delícia. — minha amiga concordou — Como se chama?
— Dalila.
— Não, eu quis dizer o drink. — Justine corrigiu.
— São Dalilas. É o nome do drink. — a moça sorriu graciosa.
— Jura? — perguntei surpresa.
— Sim. Foi uma homenagem, do meu ex marido, ele era barista aqui.
— Que... Interessante. — eu respondi sem saber exatamente o que dizer.
— Pois eu achei maravilhoso! De agora em diante só beberei Dalilas.
— Que bom que vocês gostaram! — a homenageada sorriu contente.
— Muito! Pode trazer mais dois desse, moça. — a loira ao meu lado se empolgou.
— Claro, agora mesmo. — Dalila, a pessoa, assentiu e saiu novamente.
— Vai com calma ou vai acabar saindo daqui traumatizada com todas as bebidas brasileiras. — alertei enquanto ria da empolgação da minha amiga.
— Engraçada. — ela ralhou.
...
Algum tempo e uns drinks mais tarde, estávamos eu e Justine rindo animadíssimas à mesa. Os convites para dançar não paravam e até então havíamos recusado, eu por não estar disposta e Justine por alegar não saber dançar aquele tipo de música.
— Olá, boa noite, eu sou José e vou servir as senhoritas a partir de agora. — um loiro alto nos cumprimentou.
— Ah, onde está a Dalila? — minha amiga perguntou pesarosa e levemente alterada — Ela já era nossa amiga aqui.
— O turno dela terminou, senhora. — José afirmou simpático — Mas não se preocupem, eu estarei aqui para o que precisarem.
— Tudo bem, José, nós agradecemos. Quando precisarmos chamaremos sim, obrigada. — eu me antecipei.
— Eu estava me afeiçoando à ela. — a loira comentou.
— Você está afim da moça, Justine?! — perguntei indignada.
— O que? Claro que não, não seja indecente, Diana. Eu só achei ela legal.
— Sei! — gargalhei — E eu que sou a indecente.
— Pare com isso. O drink Dalila é muito gostoso e a moça Dalila é muito...
— Muito...?
— Gentil, eu quis dizer, não misture as coisas. — ela ralhou.
— Você é péssima, Justine!
— Pare de falar. Olha quem está ali! — ela esbravejou de repente.
— Quem?
— É a Dalila! — minha amiga não conseguiu esconder sua empolgação.
— Onde? — procurei em meio às pessoas que dançavam sob a tenda.
— Ali. — ela se levantou e ergueu os braços — E olha quem está aqui!
Eu mal tive tempo de focar a visão, quando notei ela já estava à nossa frente.
— Valentina, ma chérie! Você demorou. — Justine a abraçou como se fosse a mais importante e aguardada autoridade francesa.
— Oi, Justine, boa noite. Como vai?
— Ótima. Agora que está tudo certo eu vou ali encontrar a minha amiga Dalila, ok?
— Ok... Eu acho. — Valentina respondeu parecendo tão confusa quanto eu.
— Ah, e experimente Dalila, o drink! É ótimo! — ela falou e saiu às pressas para não perder a moça de vista.
— Justine, maldita! — sussurrei à mim mesma quando entendi o que ela havia feito.
— Oi. — Valentina me cumprimentou.
— Oi. Quer se sentar?
— Eu não quero atrapalhar. A Justine me disse que você estava passando mal. — a morena em minha frente comentou, sorrindo em negação — Eu vim ajudar e... Bem, acho que ela estava enganada, não é?
— Ela não estava enganada, ela te enganou. Filha da mãe! — não pude evitar o riso.
— Oh... — suas sobrancelhas se ergueram em surpresa.
— Eu não acredito que ela fez isso só pra me deixar sozinha e ir atrás da Dalila. — comentei indignada.
— O drink? — ela perguntou com estranheza no olhar.
— Não, a moça! Sente aí que eu te explico.
Enquanto eu contava a história das Dalilas para Valentina, aproveitei e pedi um para ela experimentar, era realmente bom.
— Como tem passado? — ela perguntou após uma pausa incômoda na conversa.
— Bem. Trabalhando bastante. E você?
— Bem. Estou bastante de férias, obrigada.
Eu ri.
— Você está bonita. — elogiei.
— Obrigada, você também.
— Nunca te vi de short e tênis, agora sim está parecendo uma menina da sua idade.
— Uma menina da minha idade... — ela bufou, aparentemente irritada.
— Foi só uma observação. — afirmei.
— Para a sua informação, logo, logo eu vou avançar de idade, ok?
— É mesmo? Quando é o seu aniversário? Vou anotar para não esquecer de mandar felicitações.
— Amanhã.
— Amanhã? — me remexi surpresa na cadeira — Está brincando?
— Juro. — ela respondeu e levou a mão ao bolso do seu short jeans — Espere.
Ela se levantou para poder buscar o que procurava em seu bolso, uma vez que a peça parecia um pouco apertada em seu corpo.
Eu devia mesmo parar de olhar, mas às vezes os nossos olhos são tão traidores...
Haviam muitas partes do seu corpo à mostra naquela noite e, para a minha infelicidade, a bebida, a música e o calor ali dentro não estavam ajudando.
— Aqui está! — ela jogou a sua habilitação de motorista sobre a mesa — Veja a data.
— 06/11/1993. — confirmei — Amanhã você faz 23 anos!
— Daqui a exatamente quarenta e seis minutos. — ela observou, olhando a hora em seu celular.
— Certo, então daqui a quarenta e seis minutos eu te darei as felicitações.
Ela sorriu, o sorriso mais puro e contagiante que possuía.
— Quer dançar? — a morena perguntou.
— Eu não sei se me lembro como se dança. E muito menos essas músicas que tocam aqui. — respondi.
Não havia nenhuma banda no palco, era somente o som local tocando as mais variadas músicas latinas.
— Eu te ensino, vem...
A sua mão estendida e os seus olhos docemente travessos me tendenciavam a aceitar.
— Você precisa entender que eu estou tentando evitar contato. — confessei.
Ela deixou escapar um sorriso de lado.
— Do que você tem medo?
Reverei os olhos. Audaciosa como sempre!
— Tudo bem. — me levantei, retirei os saltos e a encarei — Me ensine.
Haviam muitas pessoas ali, mas ainda tinha espaço suficiente para dançarmos com tranquilidade, sem nos preocuparmos em causar nenhum incidente.
*Música 1*
— Essa música é lenta, então nós temos que, se me permite, — ela disse ao segurar a minha mão e me envolver pela cintura — ficar pertinho.
— Eu sei o que acontece quando duas pessoas dançam juntas, não precisa...
— Ótimo, então você não vai se incomodar em pôr a mão no meu ombro. — ela sorriu — Por favor...
Fiz o que ela pediu.
— E então?
— Agora é só me seguir. Devagar. O seu pé direito segue o meu esquerdo e vice-versa.
— Não é tão difícil. — comentei enquanto seguia as suas instruções.
— Não é.
— Só não me balance muito, o meu vestido... — alertei sobre o tamanho da minha roupa, sentindo esvoaçar pelos meus movimentos.
— Tudo bem. Agora olhe para mim. — ela pediu — Os nossos pés ainda estarão lá se você não olhar para eles.
— Não me diga...
As músicas seguiram e nós também seguimos, cada vez mais juntas, cada vez mais lento, cada vez mais quente.
— Você trata todos os seus clientes especialmente assim?
— Você não é uma cliente. — ela respondeu séria.
— E por que não me trata como uma? — insisti.
— Nós estamos fora do ritmo. — desconversou.
— Assim está bom. — passo os braços pelo seu pescoço e continuo me movendo lentamente em sua frente.
Suas mãos estavam firmes sobre a minha cintura e eu estava tentando mesmo não fraquejar.
— Responda a minha pergunta. — falei olhando diretamente em seus olhos.
Eles ardiam feito fogo.
— Eu não trato ninguém como trato você, eu não penso em ninguém como penso em você e não desejo nada mais no mundo tanto o quanto desejo você, de todas as formas, românticas e mais indecentes possíveis.
Aquilo havia soado para mim como faísca em gasolina. Foi como se o meu corpo tivesse recebido uma descarga de adrenalina.
Pense racionalmente. Pense racionalmente. Pense racionalmente.
“Eu preciso tanto de você.” — foi o que pensei.
— Eu... Preciso ir pra casa. — foi o que eu disse.
Ela parou para me olhar. Estávamos imóveis no meio do salão. Só nós. Seus olhos nos meus. Suas mãos presas às minhas. Meu pensamento era firme, mas o corpo nem tanto.
— Ainda não é meia noite. — ela soou desapontada.
— Eu não estou usando sapatos de cristal, não se preocupe. — brinquei.
Ela sorriu.
— Quantos minutos faltam? — perguntei.
— Dois.
— Você se incomoda se eu esperar aqui?
— Não. — ela sussurrou — Você se incomoda se eu não soltar as suas mãos?
— Tudo bem. — afirmei, sentindo-a apertar um pouco mais os seus dedos entre os meus.
A eternidade morava ali entre nós. Não havia música e nem ninguém. Não havia nada, a não ser Valentina e eu. Aqueles momentos em que o tempo para e os pensamentos voam...
Suas mãos nas minhas, os meus olhos nos seus. Não seria fácil definir o que eu estava sentindo naquele momento. Não era novidade que Valentina tinha algo que me prendia, algo que me fascinava e não me deixava afastar. Eu só queria descobri-la.
Olhei em meu relógio no pulso esquerdo. Meia noite.
— Feliz aniversário. — sorri para ela.
Ela sorriu de volta e eu a abracei.
— Desejo que os seus desejos se realizem e que você seja muito feliz.
— Eu estou feliz. Obrigada.
— Onde vai ser a festa? — perguntei.
— Eu não tenho festas de aniversário.
A encarei duvidosa enquanto me surgiam ideias...
...
Era quase 1h da manhã. Estávamos sentadas na areia da praia, fingindo que não corríamos riscos ali àquela hora. Algumas cervejas e um cupcake. Não teve parabéns, a Valentina não me deixou cantar.
— Você ainda está de mal comigo?
A sua voz era suave. Tão suave quanto a brisa do mar.
— Eu não fico “de mal” com alguém há uns vinte anos. — zombei.
— Talvez no meu próximo aniversário você me leve mais a sério. Vou aguardar. — ela disse séria.
Balancei a cabeça em negação.
— Eu te admiro. — falei a encarando — A sua força, o seu jeito de encarar as coisas. Você é leve, ainda que eu ache que há uma carga muito pesada aí dentro de você.
— Eu já tive dias piores. Aprendi a lidar. — respondeu simples.
— O que você tem a comemorar no dia de hoje?
A vi encarar o mar por alguns segundos antes de me responder:
— Hoje faz exatamente 1 ano que eu estou sóbria.
— Sóbria? — A fitei surpresa e curiosa, esperando que ela continuasse.
— Quando você chega num nível de desespero tão grande que começa a se perguntar o porquê de ainda estar viva... Mas não tem coragem o suficiente para acabar com tudo. Eu vivi metade da minha vida com esse pensamento. Quando o meu filho se foi, eu perdi todas as forças, eu só queria dormir, dormir pra sempre. Mas eu era tão covarde que sabia que não conseguiria colocar um fim em tudo.
A sua calma era habitual, mas me assustou naquele momento.
— Eu conheci o Raposo por meio de clientes. — ela continuou — Ele logo me propôs um negócio. Eu fornecia os seus produtos aos meus clientes e ele me dava uma comissão.
— Uma comissão? — indaguei — Você precisava disso?
— Não era dinheiro. — ela corrigiu a minha inocência.
Foi então que me dei conta do quão sombria aquela história seria.
— Eu me afundei durante 1 ano da minha vida, o mais fundo que alguém pode chegar. Eu só queria acabar com tudo e essa foi a maneira mais lenta, dolorosa e burra que eu encontrei.
— Então você deve o Raposo? É por isso que ele fica atrás de você?
— Quase isso. Certa vez eu estava com uma quantidade grande e fui atender um cliente. Nós usamos e foi então que tudo aconteceu. Eu já estava em um estado deplorável, não ficava sóbria há um tempo. Nesse dia eu... — a sua respiração estava pesada — Finalmente o dia que eu tanto esperava havia chegado.
O meu coração batia acelerado e as minhas mãos tremiam. Eu não estava preparada para saber toda a verdade sobre Valentina, não aquela verdade.
— Eu só queria fechar os olhos e nunca mais abrir. — não havia receio em sua voz — Mas eu abri e quando abri estava numa cama de hospital, uma semana depois de quase morrer. Era o meu aniversário. E aquele foi o dia em que eu finalmente decidi viver.
— Valentina... Eu não sei o que te dizer.
Eu estava, mais uma vez, em choque.
— O cliente roubou tudo que estava comigo naquele dia. O Raposo ficou irado. Eu ofereci pagar todo o valor da mercadoria, mas ele não aceitou. Daria muito mais lucro se eu continuasse expandindo os negócios dele do que se eu pagasse o que devia e fosse embora.
— Então você deve ele?
— Tecnicamente sim. Mas a forma de pagamento que o Raposo quer, eu já falei que não vou aceitar. Depois que você passa por isso, não tem mais volta. Ainda que você se mantenha firme, a luta é diária. Você vai ter recaídas e crises e quanto mais longe se manter dos riscos, melhor.
— Por que ele simplesmente não aceita de uma vez que você pague e se livre disso? Isso é desumano! — indaguei revoltada.
— Está tudo bem. Eu sei lidar com ele.
Sua serenidade me irritava.
— Eu não gosto disso, Valentina, isso é perigoso. Você já pensou em ir embora daqui? Você pode, não pode? Seria bom pra você e...
— Diana... — ela apertou a minha mão — Está tudo bem.
— Eu me preocupo com você. Eu gosto de você e não sei porque, mas sinto uma necessidade estranha de cuidar de você.
— Eu sei me cuidar, já tenho 23 agora. — ela amenizou.
— Vem cá.
A puxei para um abraço apertado, desejando a proteger de todo o mal, mas sem nenhuma certeza de que seria capaz.
— Obrigada. — ela sussurrou — Você é especial. E cheirosa demais para me manter perto assim.
— Quero que fique bem. Quero que seja feliz. Eu quero te fazer feliz, Valentina. — confessei.
Era uma necessidade mais forte do que eu. Eu precisava cuidar daquela mulher, ainda que não romanticamente. Eu precisava vê-la bem.
— Você me faz. — ela se afastou — Você me dá motivos para querer estar bem. Você me faz lembrar que há sempre um novo dia. Que quando me afundo em sentimentos ruins, é só um momento que vai passar. Você me faz entender que eu valho a pena e que a minha vida é muito mais do que todas as coisas ruins que já me aconteceram. E que eu preciso me cuidar para estar bem, para mim mesma e para quem eu amo.
Dizer que os meus olhos estavam cheios de lágrimas seria quase redundante. Eu só queria parar aquele momento por algum tempo e esquecer que eu tinha uma vida além dali.
Foi quando uma ideia me ocorreu...
...
Saímos da praia e pegamos a estrada no carro da Valentina, uma vez que Justine havia sumido com o meu quando foi atrás da Dalila e não voltou mais.
— Onde estamos indo? — a morena ao volante questionou.
— Quero fazer uma coisa. Não sei bem se estou certa disso, eu só tive uma ideia e quero realizar com você.
Ela me olhou desconfiada.
— Estou com uma sensação de que, ou vou ficar muito feliz, ou muito assustada com isso.
— Não é nada demais, vamos lá, só dirija.
Ela ligou o som do carro de tom austero e vidros escuros, o qual usava para “trabalhar”.
*Música 2*
Ainda havia movimento nas ruas. Aquela cidade jamais dormia, muito menos em uma noite de sábado.
Paramos em uma avenida, ao lado de um estabelecimento onde uma placa que piscava em luz de led vermelha brilhava:
Jhonny Tattoos
— Jura? — ela me encarou meio incrédula.
— Eu sempre quis fazer uma, — confessei — mas nunca tive coragem e sempre tive receio do que pensariam de mim e... Agora eu não tenho mais.
Ela sorriu pra mim.
Saímos do carro e Valentina segurou a minha mão e não soltou durante todo o tempo. Eu não havia pensado em nada, foi coisa de momento, mas eu queria marcar em mim aquele dia, aqueles dias, aquelas noites...
Decidi pela primeira coisa que me veio à mente: uma rosa.
Respirei fundo e estendi o meu braço sobre a bancada recém plastificada pelo homem de porte musculoso e topete loiro.
Quando o zumbido da máquina soou e a primeira agulhada espetou em antebraço, fechei os olhos por instinto. Era uma dor suportável. E até agradável depois. Instintos masoquistas disseram oi.
Depois de longos minutos, o resultado. Era bonita e delicada e me faria lembrar dela. Pra sempre agora.
— Ficou linda. — Valentina foi a primeira a reagir.
— Ficou mesmo. Eu amei, obrigada! — agradeci ao tatuador.
— Eu que agradeço. — ele respondeu — E a morena, vai pintar o que hoje?
Antes que ela pudesse responder eu intervi.
— Faça uma igual. — a fitei duvidosa.
— Igual a sua? — ela parecia surpresa.
— Sim! Quero que se lembre de mim também.
Parece que só então ela se deu conta de que aquela tatuagem significava muito mais que uma simples rosa.
E então, dessa vez eu segurei a sua mão enquanto o seu pulso era marcado com algo que se tornou só nosso. A nossa rosa vermelha.
***
6 Chamadas perdidas
...
Nova mensagem de texto:
Diana... Eu preciso muito falar com você, por favor me atende! Eu preciso te ver, precisamos conversar, é urgente, por favor!
Eduardo
...
Fim do capítulo
Link música 1: https://www.youtube.com/watch?v=jcKu-ztXTQg
Link música 2: https://www.youtube.com/watch?v=FYorWOo71EA
***PS.: Qualquer erro, me perdoem e me mandem msg pra corrigir hihihi***
Sinceramente, eu não tenho muito a dizer. Só agradeço a você, você mesmo que *ainda* está aqui e que curte os meus trabalhos. MUITO OBRIGADA! Principalmente por não desistir de mim, porque eu nem tenho como justificar a demora.
Espero que curtam, que se divirtam, se distraiam e, quem sabe, se apaixonem lendo essa história.
Grande beijo e volto, quem sabe, em breve...
Sweet
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Maryana
Em: 16/09/2019
Comeei a ler essa história na sexta e terminei no domingo exatamente ontem à noite , muito muito boa , interessante , gostosa de ler , arrepiantemente sensual em fim....muito boa messssmmmmmooooo!!!!
Já percebi pelas notas finais de todos os capítulos que você demora para postar (carinha tristeeee) mas a história é muito boa e marcante não dá para parar de acompanhar, então mesmo eu sendo uma pessoa muito ansiosa vou ficar aqui torcendo para que você possa postar logo super ansiosa para o próximo Capítulo
Claro e evidentemente que eu vou sempre aparecer cobrando
Mas independente de você demorar eu não vou e star aqui para o próximo Capítulo
parabéns, parabéns mesmo excelente história, excelente escrita excelente tudo excelente exceto pela demora kkkkkkkkk.....
Não demoraaaaaa....
Assinado: SUA FÃ
Resposta do autor:
Minha nossa, calma que estou sem reação rsrs
Sua empolgação me empolga! kkk
Fico muito agradecida por estar aqui me contando suas impressões.
E contente por saber que você tem gostado.
Muito obrigada pelo apoio (coração)
Mas então, rumo ao alcance da excelência em todos os quesitos, pera que chego lá kkkk
Espero que goste do que postei hoje.
Beijão e até a próxima!
Brescia
Em: 27/08/2019
Boa noite mocinha.
Ainda bem que a Justine foi mais que uma amiga e trouxe de volta a Valentina , elas estão bem juntas . Diana só não falou em voz alta, mas ama a Valentina, assim como Valentina a ama.
P.S: desde a primeira vez que li, me apaixonei e confesso que senti falta. Vc escreve magníficamente bem , não perde o sentido, consegue prender a atenção e nos fazer sonhar.
Baci piccola escrittrice.
Resposta do autor:
Me alegro em saber que chegou até aqui e gostou do que leu até agora *-*
Infelizmente não consigo manter uma frequência legal de postagens, mas sempre busco
fazer com carinho e dedicação cada capítulo que posto.
A minha recompensa é saber que deixo alguém feliz lendo.
Muito obrigada!
Beijão (coração)
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lusilenesetubal
Em: 24/08/2019
ola Sweet...
estou gostando da sua historia e espero que vc nao demore mto a atualizar.
Diana tem que resolver logo essa situação, ela e apaixonada pela Valentina/ Isis e fica nesse impasse.
Valentina e mto paciente ela quer fazer tudo diferente com a Diana.
Mas enfim volte logo nao me deixe ansiosa por favor.
PS: agora o noivo resolve aparecer vixi o que sera que ele que falar com tanta urgencia com a Diana..
Resposta do autor:
Olá!
Demorei um pouquinho, mas estou de volta rsrs
Diana e Valentina, uma enrolação só kkk
Mas um pequeno spoiler, no próximo capítulo desenrola um pouco.
Corre lá que já postei hihihi
Agradeço pela gentileza.
Beijão (coração)
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Mille
Em: 23/08/2019
Ola senhorita
Fico alegre pelo seu retorno.
Diana e Valentina é um sai e volta. E essa da mãe arquitetar um plano para fazer o casamento da filha com o Eduardo.
Bora ver o que tão sério ele tem que tratar com Diana.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá!
Também fico alegre por estar aqui :)
Madame La Roux terrível! kkk
Beijos e o próximo capítulo já está aí hihihi
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cris05
Em: 22/08/2019
Não acredito que você voltou, autora! Seja bem-vinda! Amo a sua escrita!
Nossa, que barra a Valentina passou hein.
Amei a ideia da tatuagem!
Esse Eduardo e a mãe da Diana vão dar trabalho. Ai, ai...
Bjs
Resposta do autor:
Voltei e voltei outra vez kkk
Valentina é guerreira!
Muito obrigada por estar aqui e pelo apoio (coração)
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NovaAqui
Em: 22/08/2019
Bom te ler! Muito! Muito bom te ler novamente!
Muito feliz por você estar aqui.....
Então.... Tem momentos que eu acho que Valentina está enganando Diana kkkkkk tem momentos que eu acho que Valentina está sendo muito sincera..... Kkkkkk
Acho que Dudu vai perturbar um pouquinho.... Será que ele vai falar alguma coisa da Valentina?
Bem-vinda de volta!
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Oiii
kkkkk A minha intenção é causar confusão, to indo pelo caminho certo então kkk
Aguardemos... hihihi
Muito obrigada pelo apoio e carinho (coração)
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