Coincidências por Rafa e
Capitulo 25
A festa estava animada, todos os amigos mais íntimos presentes, muitas brincadeiras entre as crianças e Júnior. Lívia prestava atenção nas crianças, enquanto paparicava sua morena.
-- Algum problema? – perguntou curiosa ao observar a surfista um pouco distante. Lívia a olhou e sorriu.
-- Essas crianças brincando... Meu pai sempre sonhou com uma casa cheia de crianças. – estava nostálgica com as lembranças. – Eu queria mais irmãos.
-- Por que seu pai não casou de novo? – Lívia a olhou com intensidade.
-- Ele dizia que só se amava uma vez. – sorriu com pesar. – Meu pai amou a minha mãe, parece um filme. – Haidê percebeu o tom delicado e a expressão da loirinha, resolveu mudar de assunto.
-- Vamos comer? – a puxou para um beijo. – Precisamos reforçar nossas energias para a surpresa.
-- Essa surpresa poderia ficar para amanhã. – choramingou enquanto abraçava a morena. – Hoje poderíamos ficar aqui, aproveitar a festa até o final e depois... – a puxou, forçando-a se abaixar um pouco e cochichou em seu ouvido. – Nos divertir na cama, fazendo loucuras. – Haidê sorriu e se virou para responder baixinho.
-- Se sair hoje, contaremos com uma grande ajudinha, amanhã... – mordeu a ponta da orelha da loirinha. – Poderão nos seguir e atrapalhar nossos planos.
-- Aceito. – sorriu e voltou a beijá-la.
-- Combinado. - a abraçou forte.
-- Eu nem acredito que peguei a mulher mais linda do mundo só para mim.
-- A mulher mais linda do mundo é a minha.
-- Ei, por que não deixam um pouco para depois? – Camila sugeriu.
-- Haidê, por que não viaja para o “triângulo das calcinhas”?
-- Júnior, cala a boca! – Ulisses gritou.
-- É Triangulo das Bermudas. – Camila corrigiu.
-- Mas elas são gatas, coisa de mulher é calcinha. – justificou-se. Melissa revirou os olhos, Isadora a cutucou.
-- Amor, por favor, você prometeu paciência. – pediu com doçura.
-- Tudo o que quiser, meu amor. – as amigas repetiram juntas.
-- “Tudo o que Isadora quer, Isadora consegue”. – Melissa ficou envergonhada, enquanto a loirinha sorriu, a beijou e depois piscou para Lívia.
-- Eu gostei disso, meu amor. – sussurrou para Haidê.
-- Você não precisa disso, só pensar que faço. – Úrsula gritou animada.
-- Telepatia! Cristina, isso você não consegue. – Isadora beijou sua morena.
-- Nós conseguimos tudo a que temos direito.
-- Povo, dona Dirce pediu para avisar que o almoço será servido. – Mariana chamou e sentiu uma mãozinha lhe puxar. – Oi...
-- Tia Mari, senta comigo e meu pai. – foi quase uma ordem.
-- Ei rapaz, não pode mandar assim nas pessoas. – Ulisses o repreendeu.
-- Sento sim. – olhou para o namorado. – Ele não está mandando, foi um convite. – afirmou.
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-- Queria encontrar um grande amor. – Úrsula confessou olhando para Camila.
-- Está como alguém que conheço, só arruma o errado. – deu de ombros. – Consequências de um pequeno dedo podre. – Silvana respondeu e olhou para Elisângela na mesa ao lado conversando com o grupo de amigas de Lívia.
-- Então olhe nos desclassificados. – Júnior sugeriu enquanto comia empolgado.
-- Desclassificados? – Úrsula perguntou curiosa e Silvana o olhou sem entender.
-- Onde ficam os que não são bons. – respondeu após engolir a comida, o que chamou atenção de quase todos a mesa.
-- Tem certeza que não posso jogá-lo em um laboratório para pesquisa? – o irmão de Haidê perguntou sério.
-- Ulisses, não dê ideias a Cristina, tenho certeza que Isadora não vai gostar. – Camila repreendeu.
Enquanto o diálogo prosseguia na mesa, Lívia oferecia comida na boca da morena, estavam alheias a conversa dos amigos na mesa ao lado. Mariana a olhou e sorriu em direção as outras mulheres.
-- Não atrapalhem as duas, ela agora tem uma máquina mortífera loira. – Ulisses brincou com a namorada.
-- Estou tão feliz por ela. – admirou as noivas que se beijavam.
-- Minha irmã precisava recuperar a felicidade.
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Haidê fez sinal para Melissa, chamando-a.
-- Hora de colocar nosso plano em ação.
-- Ulisses vai ficar aqui?
-- Sim.
-- Até que sai no lucro. – brincou. – As crianças voltarão para São Paulo com Camila, eu ficarei aqui com Isa e ainda terei Ulisses de segurança. – assobiou. Haidê sorriu com o comentário e percebeu um quase duelo entre Úrsula e Silvana.
-- Qual é a delas? – fez sinal com a cabeça. – O que tá rolando?
-- Estão na disputa de Camila.
-- Elisângela não está gostando muito.
-- Não foi ela que arrumou uma artista? – perguntou com ironia.
-- Então já sabe?
-- Ulisses nos contou. Ele colocou gente para segui-la.
-- Quase todos... – fez sinal com as mãos. – Amigos de Lívia, estão na parceria com Jacques.
-- Falsas amizades não fazem falta. – foi a resposta direta de Melissa. Camila, Isadora e Lívia conversavam animadas.
-- Joga o buquê Lívia.
-- Vai casar de novo Camila?
-- Não Ulisses, eu quero que alguém pegue, mas vendo você aí, estou até desistindo.
-- O que ela quis dizer com isso? – foi atrás da veterinária e Isadora falou baixinho.
-- Lívia, nós combinamos de levar Mariana para o canto, meio que isolando-a. Quando você jogar o buquê, basta mirar para aquele lado, assim ela pega.
-- Era isso que Camila falou?
-- Sim. Mel e ela ficarão próximas para impedir que outras pessoas peguem.
-- Meninas, isso é um casamento e não futebol americano. – Haidê repreendeu após se aproximar.
-- Elas estão certas Haidê. – sorriu para Isadora. – Vamos colocar o plano em ação. – piscou e beijou a bochecha da esposa.
-- Você deveria ter um buquê também, ao invés de reclamar. – Isadora disse para Haidê.
-- Eu fui casada, isso não funciona. – fez uma careta para loira que lhe estirou língua e saiu.
-- Como vocês são adultas. – Lívia afirmou puxando-a para um beijo.
-- Ah Lívia! – jogou as mãos em derrota – Um galhinho de planta não faz a diferença.
-- Como não faz? – a olhou perigosamente. – Quem pegar pode ser a próxima noiva.
-- Isso não existe meu anjo. – Quando percebeu a expressão da loirinha, a puxou para um abraço e sorriu. – Está bem, eu me jogo as suas vontades.
-- Assim que se fala: “o que Lívia quiser, Haidê faz.” – afirmou com um sorriso e Haidê a olhou surpresa.
-- Anjo, você está proibida de continua amizade com Isadora.
-- Vamos ao plano. – não se importou com o comentário da esposa.
Lívia jogou o buquê, mas, com os saltos de Camila e Melissa, ele praticamente foi conduzido até as mãos de Mariana que olhou para um Ulisses envergonhado.
-- Oba! – pulou. - Tia Mari vai ser minha mãe. – Yan gritou e todos riram com o jeito de Ulisses.
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-- Loirinha vamos subir? – perguntou enquanto acariciava o rosto da esposa.
-- Não está cedo? – perguntou com malícia.
-- Para mim está mais do que tarde. – respondeu mordendo seu pescoço – Lembre-se da surpresa... – afastaram-se e Lívia sorriu fitando os olhos azuis.
-- Qual é a surpresa? – perguntou baixinho.
-- Eu planejei uma fuga maravilhosa, sem que ninguém nos ache ou mantenha contato. – explicou baixinho, quase sussurrando.
-- Só nós duas e o resto do mundo sem notícias? – Haidê balançou a cabeça em positivo e Lívia achou parecida com uma criança que está prestes a aprontar. – Adorei!
-- Eu quero isso. Preciso ficar sozinha com você. – abraçaram-se.
-- E se Bá perguntar para onde vamos? Sabe que ela morre de ciúmes da vó Lena.
-- Ninguém sabe... – ergueu uma das sobrancelhas para explicar seu plano. Lívia prestou atenção em cada detalhe de sua expressão, achando-a cada vez mais linda.
-- Amei a parte da roupa de couro e da moto.
-- Lívia, expliquei cada detalhe da fuga e você só absorveu o couro e a moto?
-- São as partes mais interessantes. – respondeu balançando as sobrancelhas.
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Entraram no quarto e Lívia se jogou nos braços da morena em um beijo demorado.
-- Eu acho que você está mais gostosa depois que casou. – disse olhando-a nos olhos.
-- E você mais safada. – respondeu sorrindo.
-- Eu nunca imaginei ser tão feliz. – voltou a beijá-la, quando se separaram Lívia completou com sarcasmo.
-- Ah, mas quem não queria casar? Foi jogo duro, deu o maior trabalho?
-- Mas assim que é bom, olha como ficou mais gostoso. – estava com uma expressão safada. Lívia pulou nos seus braços, envolvendo-a pelo pescoço e depositando vários beijos – Eu amo você, mas agora temos que trocar de roupa e sair sem que percebam.
-- Acha mesmo que não perceberão?
-- Tenho certeza. Combinei tudo e cronometrei com Cris, Mariana e Ulisses.
-- Você não falou que ninguém sabia?
-- E ninguém sabe... – sorriu e a beijou rapidamente. – Eles sofrem de amnésia e Alzheimer. – sorriram. – Agora vamos, precisamos pegar a estrada. – Lívia foi até o closet e voltou com um sorriso malicioso, enquanto Haidê colocou uma música.
-- Abre para mim? – ficou de costas para morena que sorriu e abriu, beijando a pele que surgia.
-- “Se eu não te amasse tanto assim / Talvez perdesse os sonhos / Dentro de mim / E vivesse na escuridão.” ... – cantou enquanto beijava o corpo da loira.
-- Não sabia que você gostava de Ivete.
-- Eu meio que sou apaixonada por ela... – brincou. Lívia se virou e ergueu uma sobrancelha.
-- Ela é casada e... – empurrou seu ombro com um dedo. - Você também.
-- Coisas da vida. – brincou.
-- Morena, eu acho que vou usar a tática feminina com você.
-- E qual seria esta tática?
-- Deixar você bem cansada, fraca e acabada na cama para ser incapaz de fazer algo depois. Só alimentá-la nos horários da refeição, fora isso só terá a mim. – declarou com um misto de ironia e sarcasmo.
-- Eu não preciso disso... – voltou a puxá-la – Eu tenho você e isso me basta. Eu a amo e nunca colocaria nossa relação em risco.
-- Meu amor...
-- Minha rainha... Meu anjo loiro. – beijaram-se.
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-- Morena, estou pronta. – mostrou-se para advogada que engoliu seco.
-- Linda! – afirmou após recuperar sua voz.
-- Essas roupas estão fantásticas! E você fez tudo isso sem que eu percebesse. – a puxou para um abraço. - Ainda se veste como uma pantera e espera que eu fique quieta. – puxou o zíper do casaco da morena.
-- Lívia... – afastou-se com dificuldade – Meu anjo está anoitecendo, para onde vamos... – suspirou. - É um pouco distante.
-- E para onde vamos?
-- Segredo. – beijaram-se. Haidê enviou uma mensagem para Mariana que imediatamente respondeu dando o sinal.
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-- Alguma novidade da casa?
-- Não patrão. Estão todos parados bem distantes, aquilo está cheio de seguranças. E tem, também, aqueles robozinhos que voam para pegar algo.
-- Poupe dos seus comentários seu imbecil. Preste atenção, Haidê é cheia de truques, ela pode sair sem que ninguém veja. Avise aqueles imbecis para observarem toda a movimentação da rua.
-- Ah patrão, vai ser difícil.
-- Virem-se! – gritou irritado.
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-- Lívia, não teremos tempo e nem condições de falar com ninguém. Vamos sair pelo quarto de hóspedes.
-- Podemos descer pela escada e sair...
-- Lívia, eu não quero ninguém nos vendo. Estudei toda a rota que faremos, desceremos pela cerca de plantas...
-- Haidê, aquilo não aguenta nós duas. – a morena abriu um sorriso largo.
-- Agora aguenta.
-- Como assim?
-- Preparei para a ocasião.
-- Mas...
-- Confie em mim e seja rápida. Nada de falar com ninguém. – desceu e olhou para Lívia - Está pronta?
-- Sim.
-- Ótimo! Nosso tempo acabou.
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-- Olha lá, não é o carro da advogada do patrão?
-- É sim. Ela está saindo.
-- Bem que ele falou... “Sapata dos infernos”!
-- São tudo uns doentes. Vamos lá, segue elas. – Quando o carro começou a andar, outro veículo igual ao de Haidê saiu de dentro da casa.
-- E agora? Qual dos dois?
-- Diabo de película! Não se pode nem ver quem “tá” dentro.
-- Passa o rádio “pra” Tico, ele segue esse e nós o primeiro. – Seguiram os carros, deixando a saída da rua sem vigilância.
A morena terminou de descer e fez sinal para a loirinha pular de onde estava.
-- Ainda estou longe, espera...
-- Lívia, não temos mais tempo, pule agora, eu lhe seguro... Confie em mim.
-- Aff! – pulou e caiu nos braços da esposa. – Minha heroína. – Haidê sorriu e lhe beijou rapidamente.
-- Agora vamos. – Desceram em direção ao portão, colocaram os capacetes. Haidê pegou uma moto, subiu e esperou a loirinha, que sentou atrás, apertando bem os braços, envolta da sua cintura. Ela acariciou sua mão e depois ligou a moto. Quando chegaram ao portão, Haidê olhou ao redor e viu que não havia nada de suspeito. Saiu em direção à cidade.
Seguiu por uma rodovia movimentada, despistando entre carros e caminhões, sabia que não havia ninguém seguindo, mas não poderia se arriscar. Passou por outra moto, idêntica a sua e com duas pessoas vestidas da mesma forma. As motos ficaram uma ao lado da outra, depois seguiram caminhos diferentes.
Lívia a abraçava forte, a cada parada, sentia Haidê acariciando sua mão, sorriu feliz com o gesto.
“Eu amo você.” – pensou abraçada a Haidê, enquanto ela pilotava a moto.
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-- Como é? Vocês seguiram os carros errados? – gritou. – Imbecis!
-- Pa... Patrão, os carros eram iguais.
-- Por que não sondaram a placa dele?
-- Mas... – queria dizer que haviam feito isso, mas o carro era dirigido por dois homens.
-- Não quero saber de desculpas... Se estivessem aqui eu os mataria.
-- Patrão, melhor ligar para seu informante, talvez saiba melhor e...
-- CALE A BOCA! Não fizeram merd* demais por hoje? – desligou sem tempo para mais nada.
-- O patrão tá nervoso.
-- Essa mulher deve ser muito boa, ele tá enlouquecido.
-- Linda ela é.
-- Pois é né cara? Uma mulher daquela com outra gostosa como a loira... Estrago.
-- Eu queria “ver elas colando o velcro, ia gem*r pra caralh*”.
-- Caralh* é o que eu “ia” mostrar a elas. – riram.
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-- Como essas duas somem e ninguém sabe e ninguém viu?
-- Jacques, você conhece Haidê e... – Pedro tentou acalma-lo.
-- Cale a boca! – exigiu enquanto segurava com força seu queixo. – Agora suma! – empurrou com força e o homem caiu longe. – Quero ficar sozinho, preciso pensar. – Sentou-se segurando um copo de uísque. Pedro se levantou massageando o queixo.
-- Bom se acalmar, a chefe virá aqui hoje à noite.
-- Sério? Quem sabe não acabe logo com esta farsa, não é mesmo?
-- Eu vou relevar este seu estouro. – ajeitou a roupa. – Perder a ex para a irmã é horrível. - saiu irritado.
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-- Tico, olha lá. – apontou para casa da loirinha.
-- Avisa ao chefe, elas estão em casa. Enquanto isso vou chamar os caras.
-- Não tem mais federal lá dentro?
-- Saiu todos, estão elas e aquela velha.
-- Vou avisar.
Tico chamou seus comparsas, enquanto Ladislau avisou a recente descoberta a Jacques. Melissa percebeu a movimentação de onde estava com Isadora.
-- Amor, eles caíram na armadilha de Haidê.
-- Ela realmente é uma feiticeira. – deu uma gargalhada e Melissa a abraçou. – Enviou a mensagem para Ulisses?
-- Sim, eles estão em volta da casa. – beijaram-se.
Quando o grupo de Jacques invadiu a casa para sequestra-las, foram capturados por policiais armados que os aguardavam.
-- Menos oito. – disse com ironia.
-- O chefe vai nos soltar. – um deles alertou.
-- Contamos com isso. – Ulisses respondeu com um sorriso cínico. Olhou para um dos amigos e completou com ironia. – Só oito homens para segurar minha irmã... Jacques já foi melhor.
-- Ou não conhece muito bem a ex-noiva. – todos riram com o comentário.
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Lívia apertou a cintura de Haidê, chamando sua atenção. Ela puxou a moto para o acostamento, tirou o capacete e olhou para a surfista que fez o mesmo.
-- Algum problema? – Lívia desceu para esticar o corpo e explicou.
-- Sim... – choramingou – Comemos pouco na festa, estou com fome. -- Pouco?
-- Metabolismo rápido. – explicou-se com um sorriso tímido e Haidê sorriu, depois olhou em volta.
-- Vamos procurar algum lugar para comermos.
-- Falta muito?
-- Quer desistir? – perguntou com um olho fechado.
-- Claro que não! – respondeu com as mãos na cintura. Haidê sorriu e puxou para um beijo, depois acariciou seu rosto.
-- Está mais linda depois que casou. – Afirmou com um sorriso de lado.
-- Continua... – abriu o casaco da morena.
-- Lívia, isso é um déjà vu? – disse com uma voz rouca – Não faz isso, podemos prosseguir mais tarde.
-- Mas estou com fome... – Haidê lhe beijou mais uma vez e fechou o casaco.
-- Vamos. – voltou para moto e sorriu com a expressão da loirinha.
As duas encontraram um quiosque no próprio calçadão da orla. Haidê parou e tirou o capacete.
-- Não acharemos nada melhor. – concluiu após olhar em volta.
-- Vamos então, preciso comer alguma coisa. - desceram da moto e chamaram a atenção dos poucos homens do local.
-- O que vai querer? – Haidê perguntou enquanto lia o cardápio.
-- Um suco e sanduiche. – A morena foi até o balcão e fez os pedidos. Quando olhou para trás, viu um dos homens se aproximar da mesa onde Lívia estava.
-- Posso pagar um lanche para você, gatinha? – Lívia olhou para o homem e voltou a olhar para esposa.
-- Obrigada, mas já paguei.
-- Eu não vi...
-- Então precisa de óculos. – Haidê respondeu interrompendo a conversa.
-- Oi gostosura, senta aqui com a gente. – pediu sorrindo.
-- Eu prefiro sentar sozinha com ela.
-- Vamos lá, eu e meus amigos... – apontou para mesa – Queremos conhece-las melhor.
-- Melhor como? – Lívia perguntou irritada.
-- Anjo, agora não é hora para isso.
-- Esse homem e aqueles... – apontou com a cabeça. - Estão pensando em se divertir com minha esposa e você acha que não é hora para isso?
-- Como é? Esposa? – virou-se para os três homens na mesa – São casadas... – disse com sarcasmo e todos riram. – Você é uma gracinha loirinha, mas eu prefiro à morena, mulheres altas são melhores.
-- Seu... – bufou.
-- Eu não teria falado que preferia a mim e chamado de baixinha por tabela, na mesma frase. – disse após sentar, esperou a reação de Lívia enquanto abria o saleiro que estava na mesa.
-- Haidê, não seja cínica! – olhou para o homem com o dedo em riste – Saiba que é minha esposa e, não quero ninguém se divertindo com ela. – os homens sorriram. O rapaz do balcão pediu que respeitassem o local.
-- Olha pessoal, vamos respeitar meu estabelecimento comercial, se querem comer essas daí, levem para praia. - os três homens se levantaram e foram até a mesa delas.
-- Haidê, você ouviu isso?
-- Ouvi. – estava brincando com o saleiro. – E odeio quando tratam as mulheres como brinquedinhos. – disse com sarcasmo.
-- Ei, você fica com a morena. – limpou a boca. - Estou afim dessa loira esquentadinha. – Quando se aproximaram, Haidê jogou o sal nos olhos do primeiro, chutou o segundo, atingindo-o no meio das pernas e se preparou para acertar o terceiro que pegou uma faca. Lívia levantou-se e fechou a cadeira de ferro, protegendo-se do quarto homem, o que queria a morena. Ele tentou lhe bater, mas atingiu a cadeira e quando sentiu a dor na mão, recebeu um golpe no rosto, outro na barriga e um terceiro entre as pernas, o que lhe deixou cair de joelhos sem reação. Ela se aproveitou do momento e bateu com a cadeira em seu rosto, derrubando-o de vez.
-- Haidê, por favor, pare de brincar e termine logo, ainda estou com fome. – a morena se esquivava dos golpes.
-- Ele está armado, percebeu? – livrou a cabeça, a faca quase atingiu seu rosto.
-- E eu com fome. - foi até o balcão e viu o atendente assustado. – Ah, então você queria que eles nos levassem para praia? Queria que nos violentassem? – perguntou irritada.
-- Olha dona, eu não sei de nada não! – afirmou com medo.
-- Terminou nosso lanche? – ele a olhou com receio e se afastou. Lívia revirou os olhos e pulou o balcão para preparar os dois sanduiches. Viu que a morena retirou a jaqueta e reclamou. – Ei mocinha, essa jaqueta foi bem cara, se rasgar não responderei por mim.
-- Ouviu? Ela está irritada e isso me irrita, também. – chutou a mão do homem que deixou a faca cair, sem tempo para reação, pois foi golpeado no rosto e por último na barriga. - Olha cara, estou cansada e com fome, acabou a diversão. – deu-lhe um soco, derrubando-o de vez. Lívia viu que o primeiro homem, o mesmo que teve sal nos olhos, partiu para cima de Haidê, ela jogou óleo quente no corpo do homem que se jogou no chão gritando.
-- Ele iria lhe pegar. – afirmou após Haidê olhar perplexa para o homem. – E não tinha nada além deste óleo.
-- Lembre-me de nunca discutir com você em uma cozinha. – piscou.
Lívia colocou os sanduiches nas embalagens e pegou duas latas de refrigerantes.
-- Eu não deveria lhe pagar, você foi um homem mau, mas meu caráter me impede de agir igual... – depositou o dinheiro no balcão e bateu com força no seu rosto. – No dia que fizer isso novamente com uma mulher, arranco suas bolas e frito como aperitivo nesse estabelecimento comercial. – concluiu com sarcasmo, estava saindo quando viu várias caixas dispostas em um canto do balcão com chocolates e balas, olhou em direção ao homem e pegou alguns. – Isso fica como brindes por ser um homem muito mau. - olhou para morena. – Vamos? – Haidê chutou a faca para longe e, deu outro soco em um dos homens que se levantava.
-- Você poderia ter me ajudado. – disse ao se aproximar.
-- Não consegue mais se livrar de um idiota com faca? – a morena apenas lhe olhou com os olhos cerrados, ela mostrou a embalagem com os sanduiches, as latas de refrigerante e os bolsos cheios de chocolate. – Isso vai quebrar o galho.
-- Vamos procurar um local mais deserto. – Declarou com um sorriso de lado. A loira se aproximou e pulou para beijar seu rosto – Arrrr! – fingiu que estava irritada. Lívia percebeu um fio de sangue próximo a sua boca.
-- Eu falei para não brincar, agora se machucou. – limpou o sangue e Haidê bateu em sua mão, afastando-a. – Teimosa.
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-- Quando me levará a sério?
-- Como assim? – terminou de comer o sanduíche. Estavam sentadas na areia da praia. - Eram três para mim e um, apenas um, para você.
-- Olha meu tamanho e o seu. – segurou o sorriso.
-- Não começa Lívia...
-- Está bem. – sorriu – O que acha de começarmos a lua de mel agora? – Haidê sorriu e terminou o refrigerante.
-- Perdemos tempo demais. – levantou-se e limpou a roupa. – Vamos ou não chegaremos hoje.
-- Ah! Sem brincadeiras por mais um longo tempo... – reclamou e Haidê lhe beijou.
Duas horas depois, aproximaram-se de uma pequena vila de pescadores, Haidê atravessou e pegou uma estrada de barro. Parou em uma casa, desceram e ela chamou por um homem, ele saiu feliz ao vê-la.
-- “Dotôra!” – esticou a mão, mas a morena o puxou para um abraço.
-- Senhor Melquíades...
-- A “dotôra tá” linda como sempre. – olhou para loirinha. – Essa belezura que mais parece anjo, é a esposa que a senhora “falô”?
-- É sim. – afirmou sorrindo – Meu anjo loiro, Lívia.
-- Muito “prazê”! – apertou a mão do velho pescador que lhe sorria feito um bobo. – A menina é “mermo” um anjo. – Lívia sorriu tímida e Haidê segurou a vontade de beijá-la.
-- Senhor Melquíades, conseguiu tudo o que lhe pedi?
-- Sim senhora. Tudo como pediu. – piscou. – Aqui “tá” a chave.
-- Muito bem. – olhou para Lívia. - Vamos meu anjo. – pegou a mão da loirinha e beijou.
-- “Felicitação” “pras” duas.
-- Obrigada! – disseram juntas e saíram abraçadas.
Haidê seguiu em direção à praia, parou a moto em frente a uma porteira, desceu e abriu. Fechou com cadeado após passarem e voltou para moto, seguiram por um pequeno aclive, até uma estrada de barro que levava a uma linda casa construída no alto de um morro. Pararam em frente à casa e Lívia tirou o capacete maravilhada com tudo.
-- Gente, que casa linda! Parece que estou em um filme. – sorriu.
-- Agora que estamos aqui, posso cumprir com o ritual da lua de mel.
-- E como fará isso? – fingiu timidez.
-- Seguindo a tradição. – colocou a moto e os capacetes em uma pequena garagem, ao lado de um jipe. Puxou a loira pela mão e abriu a porta, colocando-a em seus braços, entrou com o pé direito. – Enfim sós. – beijaram-se.
-- Agora é a parte que começamos a festa? – perguntou com um sorriso malicioso. Haidê sorriu com o comentário e voltou a beija-la.
-- A festa começou faz tempo, agora vem o momento dos docinhos. – Lívia segurou seu rosto, encarando os expressivos olhos azuis.
-- Eu tenho tanta sorte em ter lhe encontrado... – Haidê a olhava sem piscar. – Precisava ser feliz, encontrar meu porto seguro, exorcizar meus fantasmas e me encher de esperança. Você me trouxe tudo isso de uma só vez. – Haidê a deitou em um sofá disposto no canto da sala.
-- Quer conhecer a casa?
-- Quero reconhecer seu corpo... – respondeu de forma sensual – Depois que casamos, ele pode ter mudado em alguma coisa. – sorriu com malícia.
Fim do capítulo
Meninas, demorei mais de 256 dias, peço desculpas. Muita coisa aconteceu este ano, entre boas e ruins, mas, aproveitarei o meu tempo mais livre para concluir esta história e não as deixar sem um final digno do casal Lívia e Haidê.
Beijos e bom feriadão.
Comentar este capítulo:
Brescia
Em: 16/11/2019
Boa madrugada mocinha.
Essa fuga foi digna da Haidê, ela não deixaria que nada nesse mundo desse errado no seu casamento e na comemoração da lua de mel.
Baci piccola.
Resposta do autor:
Buon pomeriggio,
Haidê NUNCA deixaria nada atrapalhar um momento tão importante entre elas. A turma do barulho toda ajudou.
Baci
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LeticiaFed
Em: 15/11/2019
Rafa, que alegria te ver aqui de volta! Não perdi as esperanças do teu retorno, fico feliz em saber que teremos um final à altura do nosso querido casal. Torcendo para que mais coisas boas do que ruins tenham te afastado daqui, mas agora vou ler o capítulo. Bom retorno! Beijo!
Resposta do autor:
Obrigada Letícia! Sim, essa história terá o fim digno das duas, apesar de ainda faltar alguns problemas que terão de resolver.
Beijos
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Mille
Em: 15/11/2019
Ola Rafa muito feliz com o seu retorno e das meninas
Haide e Lívia meteu um balão nos vigias do Jacques.
E claro que com elas não tem ninguém pra se meter a besta e ainda deixar a Lívia com fome tem que ter muita coragem.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Olá Mille, tudo bem? Desta vez terá fim, não se preocupe. Próximo capítulo domingo e realmente espero que Lívia não tenha fome.
Beijos e bom findi.
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