Capitulo 13 - Carnaval - Galo da madrugada
CAPÍTULO TREZE
Carnaval – galo da madrugada
E a melhor época do ano chegará. Sábado de Zé pereira. Dia do desfile do maior bloco de carnaval do mundo. Erica e Sandra conseguiram convencer Luiza e Isabela a irem ao o desfile do galo da madrugada. Tênis, short jeans, camiseta e cocar de índio com penas nas cores da bandeira do estado de Pernambuco, Luiza chega a sua sala pronta para conhecer a festa tão falada dos pernambucanos.
— Gurias vocês estão muito engraçadas com essas fantasias — comenta Isa ao ver Erica e Sandra fantasiada de odaliscas.
— Você deveria ir de fantasia também — retrucou Erica.
— Se deem por felizes por ir.
— Mas essa gaúcha é metida viu! — Brinca Erica. — Depois de hoje você vai querer brincar todos os anos no carnaval pernambucano.
— Melhor irmos, vou encontrar com o Augusto no Cais — informa Isabela.
O trio sai de casa. As meninas vão para o ponto de ônibus pegar o coletivo. Os ônibus passam abarrotados de gente. O percurso é rápido, apenas 35 minutos as separam do foco da folia. Já no Cais de Santa Rita, Isabela encontra com seu namorado e alguns amigos dele. O grupo aumenta.
— Isa, você entende?
— Já Bella, se me perco, sei chegar em casa, fica tranquila.
— Guria, você não tem noção da magnitude dessa festa. São milhões de foliões em poucos metros quadrados.
— Fica tranquila. Você está me tratando como uma criança — falou Luiza baixinho a prima. Isabela lhe lançou um olhar bravo.
Luiza lhe deu um abraço carinhoso e agradecido pelo cuidado da prima. Isabela sempre fora como sua irmã mais velha. O grupo se acomoda num ponto estratégico próximo à Praça Sérgio Loreto. Luiza extasiada com o festival de cores e fantasias. Pessoas de todas idades, brincando, sorrindo, dançando sob um só ritmo. Entre trios e outros, o grupo se divertia. A loira já não tentava evitar os beijos roubados que levava. Um calor infernal e uma alegria fora do comum. Quando passou o trio de André Rouche, Luiza reconheceu o rapaz vestido de marinheiro. Num impulso o puxou pelo braço.
— Hei! — grita a loira.
O rapaz a reconhece e abre um largo sorriso. Agarrando a rodopiando no ar.
— Loira, estava louco para te encontrar de novo. Implorei para Amanda me dar teu número.
Luiza achava graça a afetividade daquele povo. Apesar de ser uma recém-chegada, todos tinham um hábito de tratá-la como se já a conhecesse há anos. Isso facilitou bastante na sua adaptação. E apesar de pouco tempo na cidade, já conseguiu construir bons laços de amizades, como Erica, Sandra e a Gabi, que lhe acolheu em seu grupo e hoje Luiza não se sentia uma estranha na universidade. Os amigos de Bella que também lhe tratavam muito bem, e o Lucas. Luiza tinha simpatizado muito com o rapaz e realmente queria de conhecê-lo melhor.
— Que bom guri!
Lucas deu um beijo estalado na bochecha da loira. Os dois se afastaram um pouco, conversaram, o rapaz acabou se agregando ao grupo.
— Acho que vou ficar por aqui mesmo, o povinho lá só quer saber de ostentação — disse o rapaz se referindo aos amigos que ficaram no camarote.
Luiza adorou a companhia do rapaz, o grupo aproveitou a festa até o final da tarde, a loira já estava esgotada. Era muita animação e sol quente para que não está acostumado.
— Bella — Luiza lançou um olhar suplicante a prima, que riu ao ver o rosto vermelho, e a cara de cansaço da prima.
— Vamos embora, hoje já deu — disse Isabela.
Luiza teve que enfrentar os protestos dos amigos que mesmos bêbados ainda estavam com gás para curtir o resto da festa.
— Amanhã às noves tá?
— Tá gurias.
Luiza se despediu dos amigos e foram embora. Lucas resolveu pegar uma carona com as meninas, já que ele morava no bairro de boa viagem.
— Vocês vão mesmo pra Olinda amanhã né? — pergunta o rapaz.
— Meu Deus, nem sei se vou sobreviver a insolação de hoje — fala a estudante.
— Nem vem Isa. Não aceito não como resposta.
— Vamos sim — balbucia Augusto namorado de Bella, bêbado.
As meninas riem. Lucas desce perto da sua casa. Leva a promessa de poder brincar com Luiza na manhã seguinte.
— Esse aqui já apagou — comentou Isabela, o namorado havia adormecido em seu colo. — Lucas é tão simpático né.
— É, eu adorei aquele guri.
— Ele também pareceu gostar bastante de você — fala com malícia.
— Ele é gay.
Bella fez uma cara de surpresa. Lucas era um rapaz muito bonito e muito masculino, quem o visse não diria que ele era gay. Esgotada a loira só queria repousar e se recuperar daquela insolação. Seu corpo estava todo vermelho. Agora a loira entendeu o porquê da insistência da prima em caprichar no protetor solar. A noite ela recusou todas as ligações das amigas que certamente tinha embalado o dia, entrando a noite na praça no marco zero, onde fica o coração da cidade. Um dos lugares mais agitado da cidade. Onde naquela época ocorria inúmeros shows gratuitos até o raiar do dia. O som do seu celular interrompe seu sono, atendeu mais por instinto.
— Alô.
— Isa? — Indagou um rapaz do outro lado da linha.
— Sim, quem é? — Não havia reconhecido a voz.
— Lucas, você estava dormindo foi? — Indaga o rapaz acanhado. — Meu gostoso! — o coração da loira dispara e o sono dissipa instantaneamente. Seus ouvidos captam aquela voz ao longe. Lucas fica em silêncio um minuto enquanto fala com a amiga.
— Desculpa, Isa, pensei que você estivesse por aqui.
— Como vocês aguentam hein! Que povo é esse?
Lucas dá uma risada do outro lado da linha — bichinha, seu primeiro carnaval né? Esquenta não que logo, logo, você torna-se uma pernambucana raiz — brinca o rapaz.
— Estou morta guri.
— Isso é porque você não bebe. Mas descansa gatinha, amanhã nos veremos em Olinda.
— Obrigado guri, até amanhã.
— Boa noite linda. Beijo. — Diz o rapaz em tom carinhoso.
— Lucas — chama — adorei ter te encontrado de novo.
— Eu também Isa.
A mulher devolve o telefone a cabeceira da cama. Luiza tentou dormir novamente, mas escutar a voz de Maria Eduarda lhe deixou agitada. Lembranças dos beijos trocados na faculdade vinham como estilhaço de bala. “Que guria infantil” dizia Luiza, lembrando do jeito infantil que Duda agia quando estava perto dela. Lançando caretas, dando língua, dando dedo. Sem falar nos constantes esbarrões, a morena ainda brigava com Luiza dizendo que a loira fazia de implicância. “Luiza Lafaiete, NÃO, NÃO, nunca aconteceu antes. Sua primeira paixão não pode ser justamente por aquela guria marrenta” disse Luiza em voz alta, como quisesse se força a ouvir.
Luiza acordou de sobressalto, com os gritos dos amigos invadindo seu apartamento, tocando trombeta, soando apito. A loira levantou-se cambaleando ainda com o coração aos saltos, quando chegou à sala, encontrou, duas enfermeiras (Erica e Sandra) uma Pocahontas (Gabi) e dois pizzaiolo (Mauro e Túlio). Para completar sua prima já estava em seu traje de mulher-maravilha e Augusto de Superman.
— Corre guria são quase nove horas.
A loira não teve tempo nem de retrucar, sua casa estava em clima de carnaval, ela não conseguia descobrir de onde aquele povo tirava tanta energia. Para entrar no clima Luiza abriu o lado da Vanessa do seu guarda-roupa e pegou uma de suas fantasias. Não queria nada muito chamativo, até porque a maioria de suas fantasias de trabalho eram eróticas demais. Ela acabou pegando a mais discreta. A loira vestiu sua saia pregueada azul-escuro acima do joelho, uma blusa branca, deixando sua barriga de fora, meia até o joelho e um tênis. Chegou a sala vestida de colegial. Recebeu os elogios dos meninos. Todos prontos, eles foram curtir as ladeiras de Olinda. Outra marca registrada do carnaval pernambucano.
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Fim do capítulo
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