Capitulo 44
Diálogo com os Espíritos -- Capítulo 44
Alicia sentia-se paralisada, o aparelho em sua mão parecia queimar. Um mundo de pensamentos malucos invadiu a sua mente em uma velocidade absurda. Em que momento da viagem Jean apoderou-se do celular de Thais? E o que era mais assustador, de que forma ele tomou posse?
-- Esse celular pertence a Thais -- murmurou Alicia, ainda em choque.
-- Thais, a mãe da Milena? -- Sandra estava surpresa. Então, Alicia era a mulher que Jean disse ter destruído o seu lar -- Você é a mulher que se meteu entre o seu Jean e a dona Thais. Você destruiu o casamento deles -- afirmou sem disfarçar a raiva.
Rapidamente, ela olhou para Sandra, incrédula. Estava ressentida, sentindo como se uma mão forte apertasse seu coração. Em seguida, abaixou os olhos e procurou se acalmar.
-- Não fale sobre o que você não tem certeza. Quem destrói um casamento, destrói um lar, destrói tanto as vidas do casal e de seus filhos quantos a sua própria. Eu nunca faria isso -- Alicia sentiu um gosto amargo na boca. Mais uma vez fez um grande esforço para se controlar -- Quando eu conheci a Thais seu casamento já estava acabado a muito tempo.
Sandra apertou os lábios.
-- Não foi o que ele me disse.
Alicia mostrou-se irritada com o comentário da jovem e estava a ponto de repreendê-la, porém pouco interessava a opinião daquela mulher ou de qualquer outra pessoa. Tinha a consciência limpa perante Deus e era somente isso o que importava.
-- Posso te dizer centenas de frases como: "O que Deus uniu ninguém separa". "Quando o coração está ocupado não cabe mais ninguém". Mas, vou dizer apenas uma que resume perfeitamente o que eu e a Thais sentíamos uma pela outra: "Quando duas almas se encontram e reconhecem que foram feitas uma para a outra nada é capaz de destruir o que foi criado para ser eterno".
-- Desculpa, mas foi o que o seu Jean me contou -- Sandra calou-se olhando fixamente por cima dos ombros da médica -- Alicia, a chave! -- a moça murmurou, quase que para si mesmo -- Na parede, pendurada no prego atrás da porta.
Alicia se virou imediatamente. Um leve sorriso fugiu dos seus lábios, os olhos brilhando com uma ponta de titubeação, o rosto demonstrando não acreditar no que via.
-- Tem certeza?
-- Absoluta. O chaveiro de caveira é inconfundível -- ela pegou a chave e se encaminho para a porta -- Podemos ir agora, Alicia?
-- Sim. Antes preciso pegar o celular -- respondeu a médica, apressando-se em catar o aparelho na gaveta e guardá-lo no bolso.
Fazia uma hora que Fernanda andava de um lado para o outro, pensando sobre o que podia ter acontecido com Alicia. Foi até o bar e se serviu de dois dedos de whisky. Inclinou a cabeça e falou em tom sério:
-- Pra mim já deu! Vou atrás dela -- Fernanda colocou o copo vazio sobre a mesinha com uma força exagerada.
-- Acho melhor esperarmos mais um pouco -- ao olhá-la nos olhos, Cléo percebeu como ela estava nervosa -- Eu sei que a situação é preocupante, mas não devemos nos precipitar por risco de piorarmos a situação.
Fernanda não concordou com a opinião do amigo, mas decidiu esperar mais um pouco.
-- Uma hora, vamos esperar apenas mais uma hora -- ela olhou nos olhos dele e balançou a cabeça, como se tentasse se convencer, antes de se virar e entrar no quarto.
Murmurando uma prece para um Deus no qual pouco acreditava, Sandra enfiou a chave na fechadura. A chave girou com facilidade e com um clique a porta se abriu.
Alicia vibrou. Estava entrando em pânico, as horas passavam e já estava a muito tempo dentro da casa do inimigo.
-- Vem, Alicia -- Sandra entrou na frente. Alicia não conseguiu se mover. A moça se aproximou, a mão estendida para encorajá-la. Alicia controlou suas emoções e se forçou a caminhar.
O cubículo sem atrativos era mais do que deprimente. Um berço simples, que mal cabia a menina, um guarda-roupa pequeno e alguns brinquedos velhos. Os olhos verdes encheram-se de lágrimas de comoção. Aproximou-se devagar e lá estava ela -- Olá, minha garota! -- a menina dormia profundamente. A tristeza anuviou o rosto da médica. Poderia ficar horas olhando para ela admirando as feições tão parecidas com as de sua mãe -- Há quanto tempo não nos víamos. Hein, meu amor! -- ela passou os dedos pelo rostinho delicado, se inclinou e a beijou delicadamente na testa.
-- Está satisfeita? -- Sandra encostou-se ao berço -- Ela está bem.
Alicia levantou a cabeça e sorriu.
-- É, apesar de estar trancada, creio que ela está bem -- Alicia a beijou novamente e andou de costas até a porta -- Adeus, meu anjo!
De repente, a porta do quarto se fechou violentamente. Sandra e Alicia olharam-se assustadas.
-- Que susto! -- Alicia suspirou fundo.
-- Deve ter sido o vento -- Sandra tentou abrir a porta, mas ela estava trancada -- Que coisa estranha. Eu, hein!
-- Será que é o Jean?
Sandra balançou a cabeça com veemência.
-- Não. Se fosse ele, teria entrado e nos espancado até a morte -- ela riu.
Alicia revirou os olhos, achando o comentário de muito mau gosto.
-- Está com a chave ou deixou na fechadura pelo lado de fora?
-- Por sorte está comigo -- ela mostrou a chave para Alicia e em seguida enfiou na fechadura. Porém, dessa vez, não conseguiu abrir a porta. Sandra fitou Alicia sem entender o que estava acontecendo. A chave que a pouco serviu perfeitamente agora mal girava na fechadura -- Que diabos é isso!
-- Deixe-me tentar -- pediu Alicia.
Ela tentou várias vezes, também sem sucesso.
-- Que droga! -- Alicia perdeu a paciência jogou a chave no chão e pisou em cima várias vezes -- Que droga! Que droga!
-- Calma! -- Sandra puxou-a pelo braço -- O que pretende conseguir esperneando como uma menina mimada? Desde jeito você vai...
Milena começou a chorar no berço.
-- Acordar a garota -- completou Sandra -- Está feliz agora?
Alicia se apressou em pegar a menina no colo, apertou-a contra o peito e murmurou:
-- Tudo bem, querida. A tita Alicia está aqui.
-- Ti-ta Liça -- lágrimas escorrendo enquanto a menina soluçava.
-- Isso mesmo -- ela sorriu, feliz por Milena ainda se lembrar dela -- Alicia sentou-se com a menina no colo. Agora, ela segurava Milena como a segurara há um ano atrás, quando Thais a pusera em seus braços. Só então ela viu uma grande mancha escura na perninha da menina. A médica ficou desesperada. Nada na vida era tão importante para ela como Milena. Aquela menina, tinha um lugar especial em seu coração -- Quem fez tal coisa, meu Deus? -- Alicia não se conformava -- Quem fez tal coisa? -- não parava de perguntar, com os olhos cheios de lágrimas.
-- Só pode ser o seu Jean -- acusou Sandra com um suspiro pesado -- Vamos sair daqui.
-- Isso foi, a gota d'água. Tenho vontade de mandar dar uma surra nesse filho da... -- o sangue dela fervia de raiva.
-- Vamos sair pela janela, Alicia. É alto, mas com sorte conseguiremos escapar -- disse Sandra, enrugando a testa.
-- Que horas são?
-- Nove e trinta.
-- Nove e trinta? -- repetiu ela, levantando-se abruptamente, fazendo com que Milena sorrisse, achando que fosse uma brincadeira -- Eu não vou sem a menina.
-- Você está louca! Não vai poder ajudá-la estando presa por sequestro -- Sandra pegou a menina do colo de Alicia e acomodou-a no berço -- Cabeça dura. As coisas não podem ser resolvidas dessa forma. Você tem que procurar O Conselho Tutelar e fazer uma denúncia contra o Jean.
Alicia sabia que aquela era a atitude correta, mas não queria se curvar à tirania de Jean. Ele que fosse para o inferno!
-- Eu vou levá-la e ponto final!
-- Você está agindo por impulso e, agir assim pode ter consequências desastrosas. O que será da Milena se o Jean a denunciar por sequestro?
Alicia, que já ia pegando a menina do berço, deteve-se, perturbada. Ao mesmo tempo que se irritava com as palavras de Sandra, pensava que a atitude mais certa a tomar era se afastar rapidamente daquela casa e procurar o Conselho Tutelar. Imóvel, do lado do berço, Alicia sentiu seu coração doer. Mas precisava admitir que, de certa forma, a moça estava certa.
-- Eu sou mesmo uma tola impulsiva -- concordou, beijando o rostinho de Milena -- Mas, só pra garantir, vou tirar uma foto da perninha dela. Jean não vai ter como negar.
Sandra deu um sorriso tímido e balançou a cabeça concordando.
E então o caos se instalou. O ronco de um motor barulhento, que, sem dúvida, podia ser ouvida a quilômetros de distância, começou a se aproximar. Sandra correu para a janela do quarto e espiou pela fresta da cortina.
-- Droga! Ele chegou. Jean acabou de entrar na propriedade -- anunciou Sandra, em pânico -- E agora como sairemos do quarto? A porta está trancada e ele vai nos ver pulando a janela.
Nervosa e sem saber o que fazer, Alicia fechou com tanta força os punhos que as unhas se cravavam na palma da mão.
-- A porta está aberta. Saia da casa pela mesma janela que entrou -- disse uma voz profunda e suave às costas de Alicia -- Não se preocupe com o Jean, eu cuidarei dele.
Alicia fechou os olhos tentando deter o coração aos pulos. Conhecia aquela voz e seu timbre delicioso. Uma voz da região mineira, a voz de Thais, que transmitia pensamentos de coragem e ânimo.
Alicia levou a mão ao trinco e girou. Para a sua surpresa e a de Sandra, a porta abriu.
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Fim do capítulo
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rhina
Em: 08/11/2019
Ok.....um problema visualizado. Milena foi vista. Mas aí surge um outro bem maior. Como provar que ela sofre mal tratos nas mãos do pai e assim não sendo da família conseguir sua guarda?
Vejo um batalha sangrenta e dolorida a frente.
Rhina
Resposta do autor:
Bom dia!
Você tem razãi Rhina. A batalha não será fácil, como tudo que envolve justiça, não é mesmo?
Mas, nossas protagonistas não vão desistir da luta.
Beijos. Até mais.
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Mille
Em: 04/11/2019
Ola Vandinha
Sandra está certa, Alicia não pode levar a Mirela infelizmente tem que procurar a justiça
Ainda bem que ela tem ajuda dos espíritos.
Jean deve viver com a consciência pesada claro que se for uma pessoa de bom coração que duvido.
Bjus e até o próximo capítulo
Resposta do autor:
Bom dia, Mille.
Jean está a ponto de ser desmascarado. O celular deve esclarecer alguns pontos. Oremos!
Beijão garota.
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NovaAqui
Em: 04/11/2019
Sandra ficou com raiva no início, mas depois entendeu Alicia
Agora é agir com tranquilidade para não deixar Jean desconfiado e ele fugir com a pequena
O cerco está fechando para esse louco. Sinto que Milena ganhará duas mães em breve.
Boa semana para você!.
E vamos rezar para seu tricolor que está precisando
Abraços fraternos procês aí!
Resposta do autor:
Olá!
Tá dificil! O Fluminense não pode ver uma série B que já quer cair. Coisa de louco.
Beijão querida. Até.
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