Brigas, primeiro beijo e mais uma amiga para o vale.
Fogo cruzado em dose dupla
Sem aguentar mais as besteiras que elas estavam dizendo, meus amigos e eu entramos na sala. Elas tomaram um baita susto ao nos ver entrar, principalmente Juliana e Renata. Eu não iria me afetar pelos comentários das amigas delas. Eu iria colocá-las em seu lugar.
Era aparente o embaraço que Juliana sentia. Ela ficou vermelha de vergonha. Certamente não sabia o que dizer. Jenny e Renata se olhavam. Flávia se levantou de onde estava sentada e ficou do lado do Hugo. Eles estavam com receio do que poderia vir a seguinte.
- Engraçado essas meninas que dizem que nunca vão ficar com mulher. Elas falam com tanta certeza que são hétero, mas quando se encontram no banheiro com uma, não conseguem desviar o olhar do corpo da outra. – Afirmei lembrando Juliana do episódio do banheiro. Ela se lembrou com certeza, pois ela ficou ainda mais vermelha. Eu poderia rir da situação. A expressão que ela fez foi hilária.
- O pior não é isso amiga. Tem falsas héteros nesse colégio. Já beijaram outras garotas e ficam fazendo pose de hétero homofobica. – Jenny disse sorrindo. Isso sem dúvidas foi uma provocação a Renata.
- Do que vocês estão falando? – Disso Flávia sem entender!
- Meu santinho da paz, faz com que essas garotas não se matem. – Disse Hugo fechando os olhos e rezando.
- Vocês são duas sapatões sem vergonha. Ficam olhando para as garotas do colégio. Parem com essa conversinha fiada para tentar desviar o foco do que vocês são. – Falou Renata. Ela em nenhum momento desviou o olhar de Jenny. – Duas puritanas.
- Pare Renata, não vamos discutir com elas aqui, não vale a pena. Vamos para aula logo. – Juliana estava angustiada, ela queria fugir.
- Não se preocupe Juliana. Se te olhei de uma forma que a fez achar que quero você de alguma forma. Não me interprete mal. Você não faz meu tipo! – “Na verdade desde que te vi, que te quero”. Pensei – Confesso que você é bonita, mas é apenas uma embalagem chamativa e bem-feita. Eu sou do tipo que prefere conteúdo e isso já vi que você não tem. – Ela cruzou os braços e pareceu mudar a expressão. Ela estava quieta, mas parece que agora, despertei a fera dela.
- E por acaso existe tipo para sapatão? – Debochou Renata rindo. - Basta ser mulher!
- Da mesma forma que existe tipo certo de homem que te atrai né, Renata? Ou você é uma vadia que se atraca com todos os tipos? – Jenny Rebateu. Ela começou a contar nos dedos – Será que você fica com gordo, banguela, pobre, anão? – Ah! Fingiu lembrar de alguma coisa – Ou será que você fica com qualquer um para esquecer que você adora provar “outras coisas”. – Jenny sorriu vitoriosa e fez sinal de aspas.
- Sua... eu vou acabar com você! – Renata voou para cima da Jenny.
Aquele fogo cruzado em dose dupla virou um incêndio. Renata e Jenny acabaram no chão. Uma puxando o cabelo da outra. Eu tive que segurar para não rir. Elas estavam se agarrando e rolando no chão. Hugo, Flávia e Juliana ficaram perplexos e tentaram apartar a briga. Eu ainda fiquei olhando sem acreditar na cena. Agora entendo o porquê Jenny e Renata não podem ficar no mesmo recinto juntas.
Por fim, resolvi ajudar a separar as duas. Hugo Estava segurando Jenny, Flávia e Juliana, por sua vez, estavam tentando segurar Flávia.
- Dá para parar vocês duas. – Juliana Gritou de uma forma arrepiante que todos se calaram. – Vocês querem tomar uma suspensão por brigar? - Juliana era um tesão nervosa.
- É verdade, vocês não são netas do dono da escola. Certamente, vocês não vão acabar limpado a biblioteca. – Não pude perder a chance de alfinetar Juliana.
- Olha aqui garota ridícula. – A fera de Juliana já estava solta. Ela me direcionou um olhar de raiva e se aproximou – Você só diz que eu não faço seu tipo, por que eu disse que nunca ficaria com você! Ficou com o ego abalado, foi? – Ela ficou a centímetros de mim. – Você quer sair por cima, acha que é a vitoriosa, mas eu nunca beijaria você. Nunca encostaria meus lábios na sua boca nojenta.
Em seu olhar eu via ódio, mas nele, também havia desejo. O rosto de Juliana estava muito próximo do meu. Eu sentia sua respiração e o calor do seu hálito. Sempre dizem que palavras podem ser vazias. Podem proferir mentiras, mas o olhar não mente quando nossas emoções são verdadeiras:
- Ah é? Tem certeza absoluta do que está dizendo? – Soltei um pequeno sorriso. Ele expressava ironia. Ela pareceu relutar depois que me viu sorrir.
- Não quero e nunca vou querer beijar você. – Dito isso, ela desviou o olhar e se virou.
Eu sempre fui meio louca e eu não gosto de ficar contra parede. Em um movimento rápido impedi Juliana de se virar. Peguei seu braço, enlacei sua cintura e colei meus lábios nos dela. Foi tão rápido que ela nem teve tempo de reagir. Ela não teve tempo para raciocinar. Ela tentou sair dos meus braços, mas eu era mais forte que ela. Depois de alguns segundos, ela pareceu esquecer que estávamos na presença de nossos amigos: Ela retribuiu o beijo.
O beijo deve ter durado quase um minuto. Quando percebi que ela retribuía, eu a soltei e sorri vitoriosa. Ela estava atônita, pois não conseguiu dizer nenhuma palavra.
- Meu pai sempre dizia: “nunca diga nunca” – Sorri – Sempre achei essa frase uma grande besteira, mas hoje percebo que não. Ela até que faz muito sentido – Sorrindo, olhei para meus amigos – Vamos para aula pessoal, estamos atrasados – Hugo correu até a mesa dele e pegou o que precisava. Íamos saindo, quando completei – Antes de ir para aula e melhor você ir lavar a boca, ela pode cair. – Me referi ao que ela tinha dito sobre minha boca ser nojenta. - Só espero que você não vicie em “bocas nojentas”. Já que você retribuiu ao meu beijo.
Dito isso saímos em direção a quadra. Hugo estava perplexo e Jenny gargalhava e me chamava de louca.
“Que beijo mais gostoso essa ruiva linda tem”. Pensei enquanto só conseguir sorrir que nem boba.
- Você conseguiu calar a boca da Juliana em alto estilo. Você é louca – Jenny gargalhava.
- Você conseguiu calar a boca foi das três. Não acredito que você fez isso – Hugo estava branco de susto. – Eu acho que eu sou um único normal desse trio.
- Desculpe te decepcionar meu amor, mas se você anda com a gente, isso te faz um louco também. – Dei um beijão estalado na bochecha do meu amigo.
- Aí, não quero que minha bochecha caia. – Comentou se referindo à “boca nojenta”. Rimos até chegar na quadra.
Nunca iriamos esquecer desse dia. O dia em que com um único beijo, conseguir calar a boca das três meninas mais populares do colégio.
“Vou amar me formar nesse colégio”. Pensei. Era a primeira vez que me senti feliz, depois de ter mudado para Vinhedo.
Os dias passaram e episódios de brigas e discursões entre Juliana e eu, Jenny e Renata, eram comuns. O tempo inteiro, quando surgia a oportunidade, trocávamos farpas e ofensas. Quem sempre separava era Hugo e Flávia. Eles sempre pareciam se divertir com a situação. Tanto que os dois ficaram amigos.
Foi em um fatídico dia que descobrimos que Flávia era do vale e nesse mesmo dia, suas amigas também descobriram. Exatamente 5 dias depois que eu tinha beijando Juliana. Ela estava conversando com Hugo no pátio antes do sinal tocar quando cheguei:
- Boa madrugada pessoal! – Cheguei com minha aparente cara de sono.
- Boa madrugada amiga? Que isso! Hoje está um dia lindo. – Flávia riu.
- Na verdade devia ser proibido a gente ter que estudar de manhã. – Flávia afirmou.
- Posso falar a real? A gente já podia nascer sabendo de tudo. – Comentei – mas o que vocês estão fazendo juntos? Ficaram amigos?
- Amiga, sabe como é né! Estamos discutindo estratégias. – Hugo respondeu. – De tanto discutir e ficar meio loucos tentando encontrar uma estratégia boa, ficamos amigos, né Flavinha? – Eles riram
- Estratégia para que? – Não entendi.
- Para unir a Renata e a Jenny. Você e a Juliana! – Respondeu Flávia de maneira divertida.
- Como é? – Fiquei perplexa – Eu achei que você era como suas amigas. Não sei. Contra lésbicas e gays.
- Eu? – Ela gargalhou divertida. – Eu nunca tive nada contra. Até porque já tive minhas experiências com outras mulheres. – Ok, agora fiquei surpresa. – Não gosto de rótulos. Acho isso tudo uma besteira.
- Suas amigas não sabem né? – Perguntei.
- Não, elas ainda acham que são contra quem gosta do mesmo sex*. São imaturas ainda. Principalmente a Renata. Acontece que já pesquei a tempos que ela já se envolveu com a Jenny. Elas eram amigas antes de nós e do nada se separaram. E tenho certeza que ela se amarra na sua amiga. E não é pouco não. – Gente, era muita informação para minha cabeça. – Na verdade, ela é assim, por influência dos pais. Eles sim são muito homofobicos. Já a Juliana, acho que ela vai sair do armário logo, logo.
- E como você tem certeza disso? – Perguntei curiosa.
- Pela forma que ela te olha. Você não percebe, mas sempre que você está distraída, ela te olha que nem boba. E o mais engraçado é que ela acha que ninguém percebe. – Meu coração acelerou por ouvir essa informação. Sorri sem perceber. – E parece que não é unilateral – Comentou Flávia ao observar a maneira que eu sorria.
Jenny chegou e interrompeu nossa conversa. Engatamos uma conversa descontraída. Hugo, Flávia, Jenny e eu conversávamos sobre diversos assuntos. Flávia era uma pessoa incrível. Mente aberta e muito madura para quem tinha 16 anos.
- O que você está fazendo conversando com esse povinho, Flávia? – Era Renata
Olhamos para Renata. Ela havia chegado com Juliana. As duas não nos olhava com uma boa expressão. Pressenti, que mais uma vez, uma batalha iria começar.
Fim do capítulo
Então meus amores, vocês estão gostando da história? Posso continar?
No próximo capítulo Juliana e Renata vão descobrir que Flávia também fica com meninas
de uma forma bem inusitada. Será que elas vão aceitar a amiga?
até a próxima lindas.
bjokas
Att.: Cristt Lima
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