Ela ficou com ciúmes
Olhamos para Renata. Ela havia chegado com Juliana. As duas não nos olhava com uma boa expressão. Pressenti, que mais uma vez, uma batalha iria começar. Eu reparei que Juliana, em especial, não estava necessariamente com raiva. Havia algo diferente em seu olhar que eu não sei dizer o que era.
- Estou conversando com nossos colegas Renata – Flávia respondeu calmamente
- Se você continuar perto deles os outros alunos vão achar que você “virou” lésbica também. – Afirmou Juliana estava visivelmente incomodada.
- Amiga! Você não é preconceituosa. Qual o problema? – Desafiou Flávia. As duas se olharam como se elas soubessem de algo. – E você também sabe que eu nunca me importei com a opinião alheia.
- Você está muito estranha Flávia. Até parece que gosta de andar com essa gente. – Jenny riu ironicamente e Flávia percebeu – O que você está rindo garota?
- De você! Você é tão patética que eu fico com vontade de rir. – Renata avançou para cima de Jenny, mas Juliana a segurou.
- Sem briga vocês duas. Já estou cansada disso tudo. Flávia você tem que fazer sua escolha. Você vai ser amiga deles ou vai vir com a gente? – Juliana pediu para Flávia fazer sua escolha.
- Eu não vou escolher ninguém Juliana. Eu ando e converso com quem eu quiser. Eu amo vocês duas, vocês são minhas melhores amigas, mas esse preconceito bobo de vocês está me cansando. Vocês são lindas e inteligentes de mais para serem tão mentes fechadas. Já passou da hora de vocês evoluírem. – Olhei para Flávia e sorri. Ela era uma garota realmente muito madura.
- Flávia falando essas coisas, parece até que você conhece esse mundo. – Renata respirou fundo.
- Você tem razão Flávia. Eu conheço esse mundo muito bem. – Finalizou Flávia.
- O que? Como assim amiga, você é... – Juliana estava surpresa. Acho que ela não sabia dessa.
- Eu odeio rótulos Renata. Eu gosto de pessoas. – Sorriu – Se eu gosto de alguém, qual o problema de curti-la? Seja homem ou mulher, para mim tanto faz. – Juliana e Renata abriram a boca atônitas. Elas não sabiam e nunca havia imaginado que Flávia também gostava de mulheres.
- EU NÃO ACREDITO EM VOCÊ – gritou Renata – Certamente você está querendo defender esse povinho e fazer a gente aceitar essa doença.
Eu olhava para Jenny de rabo de olho. Ela estava triste pelas palavras que Renata dizia. Era tão lamentável que a garota que ela gostava conseguia ser tão preconceituosa.
- Você quer que eu prove então?
Flávia olhou para Hugo, ela pareceu ter uma ideia. Depois olhou para mim e o inesperado aconteceu. Ela puxou a gola do meu uniforme e me beijou. Flávia tinha um beijo doce e para não fazer desfeita, correspondi. Pude ouvir Hugo, Jenny e outros alunos que estavam próximos gritando. O beijo não foi longo, logo nos separamos. Todos estavam boquiabertos, menos Juliana. Esta estava com os olhos lacrimejados e vermelha de raiva. Constatei o inimaginável: Ela ficou com ciúmes. Será que ela gostava de mim? Será que ela me desejava como eu a desejava. Quando meu olhar encontrou o seu, senti esperança. O Sinal tocou e ela praticamente correu para sala com a Renata indo em seu encalço.
- Desculpe ter te usado – Flávia me pediu desculpas enquanto íamos para sala – Na verdade eu queria me assumir logo para elas e acho que acabei matando dois coelhos de uma vez só. – Ela riu vitoriosa. – Você percebeu Hugo? Eu estava certa.
- O que? – Perguntei curiosa.
- Percebi! Oh se percebi – Gargalhou Hugo. – Você é esperta Flávia.
- O que vocês perceberam? Falam logo – Eu já estava me irritando com o suspense.
- Aí amiga. Você é lerda. Ela gosta de você! – Suspirou Jenny – Até eu percebi isso. É na boa, nem era preciso o beijo para perceber. Eu já reparei como ela te olha lá na sala.
- Eu acho que isso fez a gente ter certeza. – Hugo completou. – Agora é você atacar.
- Eu? – Eu estava feliz com aquela informação que eu nem sabia o que dizer.
- Não minha avó Cristina. Minha Avó. – Jenny ironizou e os três gargalharam.
Passei o restante do dia pensando no fato. Juliana havia ficando com ciúmes. Isso era sinal de que eu a interessava. Eu precisava fazer algo. Eu tinha que conquistar aquela garota para mim. Meu coração era pura ansiedade. Eu só conseguia parar de pensar naquela ruiva linda. Desde que a conheci ela se fez presente em meus pensamentos e nos meus sonhos. Naquele momento constatei o obvio: Eu estava apaixonada por Juliana.
Eu precisava me acercar de Juliana. Ela precisava saber que eu estava gostando dela. Eu vou conquistar essa garota. No fim das aulas eu fui atrás dela. Eu sabia que depois das aulas ela estaria na biblioteca organizando-a. Era a punição dela por ter batido na garota racista, que inclusive, ainda não tinha retornado as aulas.
Quando cheguei a biblioteca percebi que ela estava vazia. Resolvi procura-la nos corredores e a encontrei. Ela estava nervosa com algo e estava descontando nos livros. Achei aquela cena tão fofa e engraçada.
- Assim você vai machucar os livros. Eles não têm culpa de nada. – Ela se assustou e deixou um par de livros cair no chão.
Ela olhou para mim nervosa e para não sustentar meu olhar, ela o desviou. Rapidamente ela abaixou pegou os livros, tentou colocar no lugar, mas novamente os deixou cair. Eu tive de rir daquela cena. Ela estava muito tensa com minha presença. Eu me aproximei e a ajudei a pegar os livros antes que ela se abaixasse outra vez.
- Você sempre foi assim comigo: estabanada. Parece que fica nervosa com minha presença. – Abaixei e peguei os livros.
- É por que eu odeio você – ela afirmou sem mirar meus olhos. – Ela pegou os livros da minha mão e os colocou no lugar.
- E porque você não diz isso olhando nos meus olhos? – Ela parou e ficou olhando a estante. – Tenho certeza que na verdade, você não me odeia tanto assim. – Eu parei atrás dela, enlacei sua cintura e falei eu seu ouvido. – Acho até que você gosta de mim.
Juliana se arrepiou. Pude perceber bem. Ela estava em meus braços sem conseguir se mexer e sem conseguir falar.
- Seu corpo reage aos meus toques. – Eu estava alisando seus braços enquanto ainda falava em seu ouvido. Percebi que ela fechou os olhos, ela estava gostando do meu toque. – Você pode até mentir para mim. As palavras podem mentir, mas o seu corpo não. – A virei de frente para mim. Nossos corpos estavam próximos. Ela abriu os olhos e me mirou. Seu olhar havia desejo. – Seu olhar também não consegue mentir. – Eu sorri e ela olhou minha boca
- Não faz isso! Eu odeio quando você faz isso. – Ela disse baixo.
- O que minha ruiva? – Alisei seu rosto e ela fechou os olhos outra vez.
- Seu sorriso. Seu sorriso é meu pesadelo desde que te conheci. – Ela abriu os olhos novamente. – Te proíbo de sorri na minha frente de novo!
- Desculpe, mas acho que não vou conseguir. Você desperta meu desejo de querer sorrir. Não dá para controlar. – Dito isso sorri novamente e o inacreditável aconteceu.
Juliana puxou minha camisa e me beijou. Nosso beijo era o encontro perfeito. Ele dizia por si só, o quanto estávamos nos desejando. Desde a primeira vez que eu a beijei, ansiei pela sua boca. Esquecemos de onde estávamos. O mundo pareceu ser apenas eu e ela. O tempo parou e tudo o que eu queria, estava ali, em meus braços.
Fim do capítulo
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