Capitulo 26

 

 

Julia

 

 

Era muito azar pra uma pessoa só! A Gabi tinha que namorar justo o Carlos?! Quando Carlos entrou com a Gabi por aquela porta... não consegui olhar pra outro lugar senão pra cara da Hellen. Minha irmã estava pálida, completamente desacreditada daquilo.

 

-Vocês se conhecem? Perguntou meu irmão pra Michelle.

 

-Sim, nos conhecemos. Michelle foi meio grossa. A Michelle era defensora da Hellen em qualquer circunstância. Defendia ela até debaixo d´gua.

 

-Que mundo pequeno, né? Disse minha mãe abraçando a Gabi. Senti ali que dra Patrícia não era boba e também sabia do relacionamento das duas.

 

-Então família, esta é minha noiva Gabrielle. Fiz o pedido hoje e ela aceitou. Vamos casar o mais breve possível. meu irmão estava radiante, olhava pra Gabi com os olhos brilhando.

 

-Nossa! Vocês já vão casar?! Michelle estava a ponto de partir pra cima dos dois. Coloquei minha mão na perna dela e pedi pra ela se acalmar.

 

-Sim! ele disse sorrindo.

 

-E aí, quando pretendem casar? Alessandra perguntou e eu tive a certeza que ela sabia do que aconteceu com a esposa e Gabi.

 

-Breve, muito breve! Carlos

 

-Pra esse ano ainda? Insistiu Alessandra.

 

-Sim!

 

-Por que tão rápido, você está grávida? Ela perguntou direto pra Gabi, mas meu irmão foi mais rápido e falou:

 

-Bem, as regras dela está atrasada, acho que tem mais um Gomes à caminho. Ele falou todo bobo e colocou a mão na barriga da noiva.

 

-Com licença! Hellen se levantou de forma abrupta. E foi em direção ao banheiro.

 

-Vamos jantar! Minha mãe chamou.  Hellen seguiu para o banheiro. Gabi não conseguia nem responder direito o que lhe era perguntado. Depois que eles chegaram, o ambiente ficou mais que pesado, não dava nem pra respirar.

 

 

-O que aconteceu? Perguntou Carlos todo preocupado já se levantando pra ir atrás dela, mas Alessandra não deixou e falou que ela iria.

 

-Eu vou.

 

-Não! Toma conta de SUA filha, que eu vou atrás dela. Michelle foi firme.

 

Alessandra estava embasbacada. Não estava acreditando que o destino fosse tão bom com ela; como assim a Garota que ela tirou do seu caminho, agora era noiva do cunhado que por sinal a estava pressionando para que ela contasse a verdade sobre a paternidade da filha para a esposa. Não sabia que ela (Gabi) era namorada dele. Até cogitou a possibilidade de acreditar em um Ser maior, um Ser supremo... para que as coisas dessem tão certo pra ela; tinha que ser muito agraciada mesmo. Estava adorando tudo aquilo, sabia que as chances da esposa ficar com a garota eram nulas; principalmente depois daquilo e se o cunhado soubesse do caso das duas, não iria contar nada pra irmã. Era tudo o que ela precisava.

 

 

-Ei! Michelle chegou e abraçou a amiga bem forte. Talvez com a intenção de se fazer presente.

 

-Não é possível! Hellen se lamentava com os olhos molhados de lágrimas, olhando para o espelho.

 

-Eu sei! Michelle adorava a amiga, sabia que o que sentia por ela era um sentimento puro; um sentimento verdadeiro... amor fraternal.

 

-O que eu fiz pra merecer tudo isso?

 

-Amiga, eu sei como você se sente e sei que está se sentindo péssima, mas essa dor passa.

 

-Amanhã vou continuar sentindo a mesma dor; nunca parou de doer, nem mesmo com ela longe, imagina agora com ela tão perto e ao mesmo tempo a quilômetros de distância de mim.

 

-Quer beber pra esquecer? Podemos parar no primeiro bar e encher a cara... o que você acha?

 

-Não vai resolver!

 

-Eu já passei por isso e sei que dói muito, mas você vai superar. Abraçou a amiga novamente.

 

-Eu tinha esperança que nós duas pudéssemos ter alguma coisa depois que a Alice nascesse, mas não... está definitivamente acabado.

 

-Ei, está tudo bem aí? Perguntou Carlos do lado de fora do banheiro.

 

-Sim, a Hellen só está um pouco enjoada.

 

-Tudo bem. qualquer coisa me chama.

 

-Vamos sair daqui! Michelle chamou.

 

-O que que eu digo pra eles?

 

-Hellen, você não precisa dizer nada! Para de pensar nos outros e pensa em você! Você está precisando de compreensão, não os outros. Para!

 

-Tenho que pegar a Alice.

 

-Tudo bem, eu pego e levo vocês.

 

Michelle saiu em busca da pequena e a encontrou no colo do Carlos.

 

-Como ela está? Perguntou Dra Patrícia.

 

-Vou leva-las embora. Acho que ela comeu algo que não lhe fez bem. pegou a pequena e já ia saindo...

 

-Você vai leva-las embora?  Perguntou Alessandra.

 

-Sim, vou!

 

-Quero carona!

 

-Vai de no carro da Hellen.

 

-Nossa, precisa ser tão grossa assim?

 

Michelle só olhou com cara feia pra ela que desistiu de se fazer de vítima e se levantou e seguiu as mulheres e a filha no carro da esposa; sabia que Michelle não a queria perto da Hellen. A morena se despediu dos que estavam ali e disse que encontraria Julia em casa. Hellen estava arrasada. O jantar foi horrível. Gabi não conseguiu comer nada. Instantes depois que Michelle levou a Hellen embora, Gabi falou que iria também.

 

-Edu, quero ir embora.

 

-Mas já? Você nem comeu a sobremesa. Olha, a Tania é a melhor doceira que eu conheço.

 

-Não estou me sentido muito bem.

 

-Tudo bem. pode ser o nosso pequeno.

 

-Por favor, para! a minha menstruação está atrasada só duas semanas e isto já aconteceu. Para de falar que eu estou grávida! Gabi mudou o tom com o noivo.

 

-Nossa, amor. Me desculpe! falou ofendido.

 

-Ai, me desculpe você, eu que não estou muito bem. a conversa foi só entre os dois.

 

-Mãe, vou levar a Gabi embora.

 

-Tá cedo, querida. Disse dra Patrícia.

 

-Não, estou um pouco enjoada. Aquilo serviu para estimular mais ainda o rapaz a acreditar que iria ser pai. Chegando no prédio da namorada, Eduardo resolveu deixar Gabi em casa e ir na casa da irmã ver se ela melhorou.

 

-O que você faz aqui? Perguntou uma Alessandra pegando no braço do cunhado e o puxando para um canto, próximo o armário de dispensa.

 

-O que foi? Ficou doida? Vim ver como estar minha irmã. Se soltou da mão da mulher.

 

-Ela está bem, pode ir pra casa. a mulher falou já empurrando o jovem em direção da porta. 

 

-Eu preciso falar com ela. Não consigo nem olhar pra cara da minha irmã direito. Ele parou pra pressionar a cunhada a contar logo sobre a filha.

 

-Você não vai contar nada! Você não tem nada o que contar. A mulher agarrou o braço do cunhado e disse entre dentes.

 

-Você está me ameaçando? Ele se soltou das mãos dela.

 

-Não entra no meu caminho, Carlos!

 

-O que você vai fazer? Perguntou o jovem a desafiando.

 

-Você se arrependeria, certamente.

 

-Vindo de você, eu espero qualquer coisa mesmo. Teve a capacidade de me embebedar pra engravidar e mentir pra minha irmã, e você nem suporta a sua filha.

 

-Eu luto pelo que é meu. Quanto a criança... eu não suporto criança.

 

-Por que engravidou então? Alessandra viu a oportunidade neste momento de ter um aliado.

 

-Por que sua irmã estava me traindo.

 

-Não viaja, Alessandra! minha irmã não faria isto, não é perfil dela. Alessandra riu alto, mas um riso ressentido.

 

-Eu também pensava assim, até ter provas.

 

-Você pirou. Já estava indo embora quando se vira e diz: Vou conversar com ela sobre a Alice.

 

-Isso, conversa mesmo. É a oportunidade que ela quer pra viver o amor dela... com sua linda noiva. Carlos que já estava com a mão na maçaneta da porta, se vira sem acreditar no que ela falou e pergunta:

 

-O que foi que você disse?

 

-Isso mesmo que você ouviu! Sua irmã estava tendo um caso com sua noiva. Carlos segura firme no braço da mulher e com raiva ele diz:

 

-Não seja mais escrota que já tens sido. Não difame as pessoas que você não conhece. Falou entre dentes. Alessandra riu.

 

-Qual é o problema de vocês, hein?! A tolice é mal de família? Por que você acha que teve aquele climão na sua casa? falava empurrando o jovem... por que você acha que sua irmã passou mal? E por que a Michelle estava tão grossa?

 

-Você está mentindo. Segurou nos braços da mulher e apertou, a ponto de deixar marcas.

 

-Me solta, está me machucando.

 

-O que está acontecendo aqui? Perguntou Michelle com os olhos semicerrados, encarando os dois. Alessandra encarou o rapaz o desafiando a contar, mas lógico que ela não queria que ele o fizesse, queria mesmo era ter certeza que tinha um aliado, e viu que conseguiu.

 

-Nada, Michelle! e foi embora sem esperar que a morena falasse.

 

-Sobre o que vocês estavam falando?

 

-Não é da sua conta. Michelle empurra a mulher contra a parede e pede uma explicação.

 

-Sim, é da minha conta sim. fala!!! Não podia gritar, pois a amiga estava dormindo e não queria acordá-la, mas foi firme ao falar.

 

-Nossa... que tesão! Tenho saudade de você, sabia?... adorava quando você me pegava assim.

 

-Você e o Carlos tem um caso? Michelle a ignorou totalmente.

 

-Por que? Ta com ciúmes? Perguntou encarando a morena com uma cara safada.

 

-Tem razão, estou morrendo de ciúmes. Michelle a beijou. Foi um beijo que até machucava os lábios, coisa que a Alessandra adorava. Gostava de ser pega de jeito e Michelle tinha esse jeito violento que as mulheres com quem ela ficava, adoravam.

 

-Vamos para a piscina, lá Hellen não vai. Chamou Alessandra.

 

-Não, vou te foder aqui puta. Quero te comer e ouvir você gritar... gritar de prazer. Michelle dizia a beijando.

 

-Vamos sair daqui então! Alessandra estava louca com a morena a apertando na parede e ch*pando seu pescoço.

 

-Julia está me esperando, não posso demorar. Eu te ligo. Deu um ultimo beijo na estilista e saiu. Alessandra estava se sentindo a poderosa, não era besta. Pensou até que fosse armação, mas depois viu que a esposa não apareceu e se convenceu que era gostosa mesmo e que a morena estava com saudade dos velhos tempos.

 

Eduardo saiu da casa da irmã desacreditado. Não dava pra acreditar na cunhada. Quando chegou em casa começou a ligar os pontos. Viu sim a reação da Michelle, Hellen estava pálida, percebeu Julia tentando acalmar a esposa. Lembrou do que Gabi disse e matou a xarada quando ligou as datas. Percebeu que Alessandra estava falando a verdade. Mas não iria abrir mão da Gabi, era louco por ela e lamentava muito pela irmã, mas casaria com a menina, mesmo que pra isso tivesse que passar por cima da irmã.

 

A semana passou rápido. Gabi por insistência do namorado o levou à casa dos seus avós; ele queria conhecer toda a família. Eduardo estava insistindo para adiantarem o casamento, mas ela não estava com pressa. Na verdade, parecia até desanimada com a ideia.

 

-Gabizinha!! Disse a avó da garota assim que abriu a porta pra neta.

 

-Ei, vó! Retribuiu o abraço. Este é Carlos Eduardo, meu noivo. Edu, minha vó Regina. Os dois se cumprimentaram e dn Regina foi de cara com a cara de Eduardo. Gostou do rapaz; jovem, educado, bonito, inteligente, rico. Viu no garoto um bom partido para a neta. Diferente do que fez a mãe, Gabi estava indo no caminho certo, segundo dn Regina.

 

-Gostei do rapaz! Disse empolgada. Quando vocês vão se casar?

 

-Vou me formar primeiro, vó.

 

-Mas está muito longe, quero ver minha neta entrando na igreja; não tive o prazer de ver minha única filha se casando. Gabi, estou com uma doença terminal. Não sei se vou aguentar esperar mais dois anos. Disse a senhora, fazendo drama.

 

-É sério, vó?  Perguntou a neta.

 

-Sim. Estou com um tumor no cérebro e não posso operar. Chorou

 

Gabi abraçou forte a mulher e não viu a avó fazendo sinal de positivo para Eduardo. Eduardo combinou com a mulher, assim que a noiva saiu para atender um telefonema da mãe. Eduardo pediu ajuda a senhora para que a noiva adiantasse o casamento. Ele disse que tinha medo da Gabi desistir porque ela foi embora, por amar uma mulher casada, aqui no Brasil e não sabia qual seria a atitude da noiva quando encontrasse esta mulher. Dn Regina disse que o ajudaria e como prometido assim o fez.

 

-Vó, podemos operar. A mãe do Edu é uma das melhores neurocirurgiã desse país. A irmã é a melhor! Eduardo conseguiu perceber a forma como a mulher falava da irmã. Sentiu raiva da irmã naquele momento.

 

-Não tem jeito, princesa. Já vivi muito também. Quero ter a oportunidade de ver pelo menos você entrando na igreja. Me dê esse prazer! Implorou com lágrimas nos olhos. A mulher era uma verdadeira atriz. Como dizem por aí: rede globo tá perdendo.

 

-Se dependesse de mim, nos casávamos hoje mesmo. Disse Eduardo entrando em cena.

 

-Me dê esse prazer. Você é minha única esperança. Chorou no ombro da neta.

 

-Tudo bem, vó. Minha mãe sabe?

 

-Não e nem quero que você fale nada com ela. Sua mãe não precisa saber que vou morrer em breve... o médico deu dois meses. (Tossiu) não sei se aguento tudo isso. Gabi foi pegar agua pra senhora e Eduardo agradeceu, sabia que a noiva tinha um coração mole e iria ceder.

 

-Amor, não quero te pressionar, mas acho que sua vó merece isto... você não acha? Disse ele quando já estavam no carro indo embora.

 

-Tudo bem.

 

-Quer dizer que posso marcar a data? Edu falou todo contente.

 

-Sim, pode. Ele a deixou em casa e já ligou para o cartório. Iria adiantar o máximo que pudesse.

 

Hellen

 

 

 

Saí cedo para dar uma caminhada. Voltei, dei um beijo na minha pequena e fui para o hospital. Michelle não estava na minha sala como era comum, então fui atrás dela.

 

-Aí. Ela se assustou, estava mexendo no celular.

 

-Eita, no mínimo tem nudes aí. Zombei da minha amiga. me deixa ver! Fui em direção a ela e ela puxou o celular.

 

-Não! Disse ainda mais assustada.

 

-O que aconteceu? Olhei assustada para ela; Michelle não era assim.

 

-Nada. Tenho que ir. E saiu, simplesmente foi embora.

 

-Amor! Julia entra chamando a esposa.

 

-Acabou de sair. Não quis dizer nada pra não deixar ela em situação difícil com minha irmã.

 

-Pra onde? Fiz sinal de que não fazia nem ideia e ela me perguntou... e você, como você está?

 

-Estou melhor, obrigada. Abracei Julia e saí.

 

Chegando na minha sala a minha assistente disse que eu tinha visita. Ela não disse quem era, mas como recebo diariamente visita dos meus pacientes, achei que fosse um deles.

 

-Oi. Meu coração deu um salto. Quando é mesmo que ele vai se controlar quando eu ver a Gabi? Me perguntei mentalmente.

 

-Oi, tudo bem? não me aproximei, só dei a volta na mesa e me encostei na janela de frente pra Gabi. Fiquei morrendo de medo dela ouvir meu louco coração disparado.

 

-Sim, e você?

 

-Também. Quer algo? Perguntei olhando nos olhos dela. Aquela era a primeira vez que eu via aqueles olhos lindos, depois de dois anos.

 

-Queria te perguntar se teria problema se casar com o Eduardo.

 

-Você está noiva dele e vem me pedir permissão?! Acabei me descontrolando um pouco

 

-Ele é teu irmão! To querendo saber se vai ficar tudo bem entre nós... entre vocês.

 

-Se veio pedir minha bênção, perdeu seu tempo, não sou padre nem pastor.

 

-Cris... eu não pedi e nem queria me relacionar com o seu irmão! Eu só queria te esquecer...

 

-E acabou indo pra cama com o primeiro que você achou. Vocês vão fazer dois anos juntos e tem dois anos que nós ficamos... você não esperou.

 

-O que você queria? que eu parasse minha vida e esperasse você?!

 

-Quando vocês se conheceram?

 

-No carnaval do ano retrasado.

 

-Ele fala que te conheceu aqui no Brasil e que ficou com você aqui... você estava comigo nesta época.

 

-Sim.

 

-Você não se despediu, eu queria conversar com você. Queria deixar a minha filha nascer e daria um jeito.

 

-Você não deu um jeito até hoje! Gabi elevou o tom da voz.

 

-Você tem razão! Mas por que você não me falou que ficou com alguém enquanto estava comigo?

 

-Eu não fiquei com ele, ele me deu um beijo e eu nem correspondi. foi algo tão sem valor que não achei que deveria contar. Depois de uns segundos de silêncio Cris pergunta:

 

-Você quer saber se vou me importar? É isto?

 

-Sim.

 

-Não vou. Acho que o que eu sentia por você, acabou. Percebi que só precisava desta conversa pra ter a certeza de que acabou. Agora eu gostaria que você fosse embora. Pela primeira vez desde que conhecia a loira, Gabi não viu mais aquele olhar acolhedor. Gabi viu um olhar frio... Hellen se virou olhando a rua pela janela e esperou que a jovem fosse embora. Quando sentiu que ela não estava mais na sala, desmoronou. Chorou por ser uma infeliz e por saber que se dependesse do destino, ficaria na fossa pelo resto da vida. Decidiu mudar o seu destino.

 

 

Fim do capítulo