Capítulo 42 - Colegas de prática
Helena acordou na manhã daquele dia completamente desanimada. Não pelo dia em si, mas pela matéria noturna. As aulas teóricas fluíam naturalmente, porém a prática laboratorial necessitaria da formação de um grupo, e como Helena não havia firmado amizades no outro curso, provavelmente dependeria da sorte para cair em um grupo de pessoas simpáticas e responsáveis. Pérola, já sabendo da situação, tentou agradar a amada desde cedo preparando-lhe um belo café da manhã.
“Vai dar tudo certo hoje, meu bem!” Helena lê o bilhete colocado ao lado do pão com requeijão e geleia de morango. “Bebê, não precisava. Sério. É só uma atividade prática simples.” A garota dá de ombros.
“Sabia que ontem no meio da noite você começou a resmungar dormindo? E ainda por cima você reclamava que não queria entrar no laboratório. Então não me venha com essa de que não está preocupada com isso porque sei que está.” Pérola revela, após um selinho de bom dia.
“Só tenho medo de cair com aquela garota homofóbica. Do jeito que tenho azar, sinto que vou acabar indo no grupo dela.” Helena suspira.
“Mas o grupo é formado por quantas pessoas?”
“Cinco.”
“Então você terá mais quatro outras pessoas para discutir sobre a atividade, amor. Não vai precisar depender dela, isso se acontecer de cair com ela.” Pérola acaricia o rosto de Helena e dá-lhe um beijo na bochecha.
“Bom dia meninas.” Anna Júlia aparece na cozinha e serve a si mesma uma xícara de café.
“Bom dia, Anna!” Pérola responde. “Cadê o Bernardo?”
“Dormindo ainda. Alguém viu a Lívia?”
“Passou a semana lá no apê do Dante. Parece que estão em lua-de-mel.” Helena responde.
“Fico feliz que tenham se acertado.” Anna comenta. “Pérola, vai gravar algum vídeo hoje?” A advogada, empolgada, observa a sala e vê alguns equipamentos montados.
“Vou sim! Descobri que um dos influencers que conheci em uma convenção em São Paulo mora na cidade ao lado, e ele vem aqui para gravarmos um vídeo. A Helena disse que estaria tudo bem, até esqueci de perguntar para você e Lívia se eu poderia...”
“Por mim está perfeito! Vou adorar ver minha sala como fundo em um dos seus vídeos! E quem é o influenciador?”
“É o Joel do canal Jujuba de Aveia, conhece?”
“O QUÊ? O Jujuba de Aveia mora na cidade ao lado?!” Anna praticamente grita.
“Ô louco, Anna, até eu sabia que ele mora na cidade aqui ao lado.” Helena comenta.
“Como você sabia disso, Lena?! Você nem o acompanha direito!”
“Eu sei que vi poucos vídeos dele, mas em uma das gravações ele comentou sobre o rio que passava perto da cidade dele, e é o mesmo rio que passa aqui do lado.” Helena responde.
“Eu não acredito que perdi esse detalhe.” Anna coloca a mão sobre o próprio rosto, envergonhada.
“Se você voltar do trabalho a tempo, vai poder tietar os dois.” Helena brinca, e Anna Júlia leva a sério e pega o celular para verificar se as tarefas do dia serão terminadas a tempo.
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Sete e cinquenta e oito. Lívia, completamente nua, dormia sobre o corpo de Dante. Seus olhos se abriram levemente e, ao ver o horário no celular, levantou-se num salto.
“Dante! Acorda!” Ela chacoalha o namorado, que aos poucos abre os olhos.
“Que foi?” Ele boceja.
“Vamos nos atrasar! Por que seu celular não despertou?”
“Porque não tenho aula hoje, o professor cancelou pois tinha um congresso para ir. Aí desliguei o alarme. E por que o teu não despertou?”
“É isso que estou tentando descobrir!! Ainda apanho para mexer nesse celular novo. Que saco! Vou me atrasar, e essa professora faz chamada logo no início da aula.”
“Explica para ela que tu estavas dando a noite toda e acabastes dormindo tarde, por isso perdestes a hora.” Dante brinca.
“Tonto!” Lívia dá um tapa no peitoral do namorado. “E é endocrinologia ainda por cima, a matéria que eu mais gosto do semestre.”
“Qual é, tu tens cardiologia nesse semestre e mesmo assim preferes endócrino? Sério?”
“Você só gosta disso porque teve fisiologia cardíaca com a melhor professora da faculdade, mas ela estava de licença maternidade quanto eu tive fisio. Meu conhecimento de ciclo cardíaco é mínimo perto do seu.”
“Bom, só sei que não importa o que eu saiba de ciclo cardíaco, o meu coração bate por uma razão específica...”
“Por mim?” Lívia sente seu ego se inflando.
“Eu ia falar que é por causa das células nodais que ditam o ritmo sinusal, e também porque o sangue que vem pelas coronárias nutre o miocárdio para poder efetuar as contrações necessárias, mas pode ser por ti também.” Dante cai na gargalhada, e Lívia revira os olhos, mas acaba rindo também.
Enquanto a menina se trocava, Dante aproveitou para checar os stories dos amigos.
“Liv, viu que a Pérola vai fazer um vídeo com aquele cara lá do canal Jujuba de Aveia?” O rapaz comenta. “Vai ser no seu apartamento, pelo que parece.”
“Jujuba de Aveia? No meu apê? Sério? Se ela chamou o pessoal, provavelmente o Bernardo vai cozinhar algo, então. Vai querer dormir lá em casa hoje?”
“Nem pensar.” Dante fecha a cara.
“Esqueci da sua tretinha com a Anna.” Lívia dá uma pequena risadinha como se curtisse a ideia do namorado estar brigado com a garota. “Você nem me contou direito, só disse que se desentendeu com ela no bar.”
“Foi com ela e com o Bernardo, mas deixa para lá.” Ele desconversa. “Tu vais dormir no teu apartamento essa noite então?” O garoto volta o foco ao assunto principal.
“Vou passar lá para ficar um pouco com o pessoal e volto aqui perto da hora de dormir, se quiser. Se bem que seria legal você ir, eu sei que você gosta do canal dele. Quanto a Anna e o Bernardo, só os ignore, oras.” Lívia checa o celular rapidamente. “Inclusive a Pérola acabou de formalizar o convite no grupo para conhecermos o Joel a noite. Seria falta de educação você não ir, amor.”
“Vou pensar até lá.” Dante boceja e resolve voltar a dormir.
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Enquanto Bernardo preparava alguns quitutes veganos, Pérola e Joel terminavam de gravar o vídeo enquanto tomavam vinho. Helena, que havia voltado da aula vespertina e já se preparava para a classe noturna, roubou um dos assados e comeu rapidamente antes de se despedir. Anna Júlia, ao chegar do trabalho, agia feito criança perto dos dois influenciadores. Por um momento, após tirar diversas fotos com os dois, aproveitou que Lívia estava no canto e a abordou.
“Eu imagino que você tenha ficado sabendo da discussão no Pub...” Anna engole a seco, um pouco envergonhada.
“Sim, quer dizer, não soube detalhes, mas sei que não estão se falando.” Lívia completa.
“Bem, de qualquer modo, queria pedir desculpas a você e a ele. Eu queria ajudar, e acho que acabei machucando o Dante e por isso ele respondeu de modo grosseiro. Já tentei mandar mensagem a ele mas não obtive resposta. Então me desculpa por ter criticado o relacionamento de vocês, de verdade, eu não deveria ter me intrometido, é que ele havia me pedido para redigir o acordo e por um momento quis opinar. Perdão por isso.”
“Olha, Anna, eu realmente não fiquei sabendo de nada, ele não quis me contar então prefiro nem mexer nisso.” Lívia torce o lábio, mostrando impotência em relação a situação. “Quanto ao acordo, a gente já desfez, não estava dando certo, resolvemos fechar o relacionamento novamente.” Ela deixa as coisas bem claras.
“Sério?” Anna soa surpresa.
“Sim, eu amo demais aquele garoto para estar com outra pessoa.” Mais uma vez, Lívia responde com certa firmeza, deixando bem claro suas intenções com o namorado.
“Fico feliz em saber disso...” Anna Júlia sorri de modo que a resposta não pareça algo forçado.
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Helena colocou o jaleco, a máscara, as luvas e entrou no laboratório. Fixado ao mural, os nomes dos integrantes de cada grupo sorteado pelo professor e as respectivas bancadas. A garota começou a ler, percorrendo cada agrupamento. Ao chegar no penúltimo grupo, finalmente encontrou seu nome. Logo abaixo, reconheceu outros dois nomes: o primeiro era de Larissa, a garota de cabelo preto que havia a abordado para perguntar sobre Pérola. O segundo nome a ser reconhecido era o que ela menos queria e esperava. A sorte não estava ao lado da estudante de medicina. Para o desgosto de Helena, o nome listado era o de Thaísa. A própria. A homofóbica do cabelo bronde. Não que ela tivesse sido explicitamente homofóbica, mas foi essa a impressão passada que fez Helena cerrar o punho e respirar fundo. Irritou-se por um momento por imaginar como duas garotas que andavam sempre juntas e se sentavam lado a lado na sala de aula conseguiram cair no mesmo grupo, e por um golpe de azar, ela foi parar justamente no mesmo conjunto.
Helena então se aproximou da respectiva bancada. Nela estavam, além das garotas, havia mais dois garotos, todos com os equipamentos de proteção individual necessários. Quando Helena puxou uma das banquetas para se sentar, discretamente Thaísa trocou de lugar com um dos garotos, de modo que ela ficasse mais distante da estudante de medicina. A aula se iniciou, e cada aluno deveria preparar uma lâmina com a raspagem feita a partir de um meio de cultura contendo determinadas cepas de bactérias no primeiro laboratório. O objetivo da aula era que cada grupo analisasse todas as lâminas e em conjunto detectassem os gêneros e as espécies de bactérias no segundo laboratório, o de microscopia. Helena foi a última a preparar a lâmina, e apenas Larissa a esperou, enquanto o resto do grupo foi analisar as amostras no outro laboratório.
“Pelo visto sua amiga tenta me evitar a todo custo.” Helena comenta, após a última lavagem da lâmina.
“Quem? A Thaísa? Não liga não, relaxa que não é por mal.” Larissa tenta defender a amiga.
“Ela é homofóbica?” Helena pergunta na lata.
“Ela? Não, acho que não. Digo, na verdade não sei, tem todo aquele fator família conservadora né, mas não creio que seja homofóbica assim. Temos um garoto gay na nossa sala e eu nunca a vi maltratá-lo nem nada.”
Helena quis contra argumentar com o fato de que homofobia vai muito além de maus-tratos, e achou estranho a ênfase dada no uso do termo ‘família conservadora’, porém preferiu manter a discrição, não prolongar o assunto e encerrar o preparo da lâmina e ir com Larissa ao laboratório de microscopia.
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Dante relutou bastante consigo mesmo, mas acabou desistindo de ir ao apartamento da namorada. Ligou para Lívia avisando, e esta, por sua vez, fez sala por mais um tempo em seu próprio apartamento e então foi ver o namorado.
“Tu não precisavas vir por mim, amor. Eu sei que tu estavas te divertindo, poxa.” Dante dá um selinho na namorada que acabara de chegar.
“Você sabe que também não sou de muitos amores pela Anna Júlia e o Bernardo. Além disso, Pérola e Joel estavam mais atentos aos detalhes do vídeo do que qualquer outra coisa.” Lívia dá de ombros enquanto vai para o quarto, seguida por Dante. “Você trocou toda roupa de cama sozinho?”
“Não, a faxineira veio e trocou tudo, ela se assustou com o lençol todo manchado de goz* sua.” Dante ri.
“Ai seu idiota, você que me faz encharcar e esguichar e eu que sou culpada!” Lívia revira os olhos, brincando.
“Esqueci de te falar, comprei um novo packer.” Dante aponta para a sacola de papel em cima da escrivaninha.
“Sério?” Lívia ergue uma sobrancelha. “Por que não me disse que iria comprar?”
“Queria fazer surpresa... abre aí para ver.”
Lívia correu para o pacote e, ao ver a embalagem, esbugalhou os olhos em direção ao namorado.
“Sério que você comprou dessa grossura?!”
“Ué, quando a gente estava no sex shop lá em Porto Alegre tu sussurraste para mim que imaginava sendo comida por mim usando um falo plástico daquela grossura, oras.”
“Eu estava brincando amor, nem sei se aguento uma espessura dessas!” Apesar do receio, por dentro Lívia se sentia sedenta por tal experiência.
“Okay, tu queres ou não?!”
“Olha você vai ter que me deixar muito, mas muito bem lubrificada para entrar com um negócio desses!” Lívia fala brincando e Dante já se aproxima segurando a garota pela cintura e puxando-a para mais perto.
Lívia aceitou a provocação vinda na forma de beijos e já se derreteu, colocando rapidamente o packer do volta à escrivaninha e logo em seguida movendo o corpo mais próximo da parede para que Dante pudesse prensá-la. Os beijos começavam a esquentar, e o garoto percorreu com os dedos dentro da calcinha da namorada, já sentindo certa lubrificação...
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Helena retornou pensativa para o apartamento. Joel já havia se despedido para voltar a própria cidade, enquanto Pérola mexia no notebook no sofá da sala, terminando de upar no drive algumas partes editadas e o resto do vídeo bruto para seu editor terminar o trabalho.
“E aí, amor, como foi a aula?” Pérola pergunta, após a chegada da amada.
“Bom, não pude contar com a sorte, porém creio que entendi parcialmente a homofobia da dita cuja que lhe falei.”
“Como assim entendeu? Homofobia não tem justificativa, Helena.”
“Digo, sei que não tem. Mas a raiva dela está relacionada a algum tipo de preconceito estrutural familiar.”
“Caramba, a menina está no meio universitário, convivendo com todo tipo de gente e ainda tem isso de preconceito estrutural?.” Pérola responde.
“A mente preconceituosa é complexa, amor.” Helena se senta no sofá e coloca os pés de Pérola em seu colo, iniciando uma massagem.
“Eu sinto pena desse tipo de gente, sinceramente... não considero esse tipo de mente nem um pouco complexa, considero simples como uma pedra, uma tábua, ou sei lá, um graveto.”
“Nesse sentido, eu concordo com você.” Helena completa. “Mas mudando de assunto, cadê o resto do pessoal? Está muito quieto aqui.”
“Bernardo e Anna estão no quarto, Lívia foi para o apartamento do namorado e o Joel foi embora.”
“E o vídeo, deu bom?”
“Sim! Falamos um pouco sobre problemas climáticos, sobre psicopatas dentro do governo, inclusive a Lívia nos ajudou com alguns termos da psiquiatria. Ah! Também falamos sobre a radicalização crescente e das teorias conspiratórias.”
“Às vezes me pergunto como chegamos a esse ponto, sabe?” Helena encosta a nuca no encosto do sofá enquanto continua a massagear os pés de Pérola. “Como permitimos pessoas tão radicais chegarem ao poder com discursos bizarros.”
“Joel apresentou uma teoria no vídeo, você vai poder ver com mais detalhes quando assistir, mas ele disse que o medo nos torna irracionais e nos faz tomar decisões irracionais. Se alguém é esperto o suficiente para criar um medo inexistente, instaurá-lo e popularizá-lo, pode controlar exatamente o que queremos ouvir e como podemos nos sentir seguros. Se eu mentisse que tem uma aranha venenosa do seu lado e pedisse para você não se mover, você provavelmente acreditaria em mim mesmo não conseguindo ver o artrópode – até porque ele é inventado, e me daria todo o poder de controlar a situação para matar a aranha sem qualquer resistência, não acha?”
“Faz sentido. Só espero conseguir sair desse momento sombrio do país.” Helena suspira.
“Estou esperançosa nesse ponto, acho que essa onda não dura muito tempo. Nossos governantes estão perdendo apoio de peças que outrora o apoiavam cegamente, e as teorias conspiratórias estão começando a cair por terra, são coisas fáceis de se contra argumentar e isso os enfraquece cada vez mais.”
“Amo seu otimismo.” Helena sorri.
“E eu amo essa massagem nos meus pés...” Pérola sorri de volta.
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Lívia ficou deitada, nua, com as pernas escancaradas enquanto terminava de sentir os espasmos em sua vulva, e Dante terminava de limpar o packer no banheiro, para poder guardá-lo.
“Dante, você viu quem vai estar aqui na cidade amanhã para inaugurar um colégio militar?!” Lívia pergunta, com cara de surpresa.
“Não, quem?” Dante veste a cueca, pronto a voltar para cama e dormir.
“Uma dica: ele tem obsessão por colégios militares.”
“Espera, o Presidente?!”
“Em carne e osso. Não sei o que raios ele cismou com a nossa cidade para vir a essa inauguração.”
“E por que estão inaugurando agora no meio do semestre?”
“Parece que vão imitar o ano letivo europeu, vai funcionar diferente, sei lá. Diz ser tão patriota mas baba ovo para os gringos.” Lívia comenta, enquanto levanta para poder se lavar antes de dormir.
“Caraca, o Presidente vem para a cidade e não tem nenhum protesto marcado?” Dante pergunta, deitando-se na cama.
“Na verdade tem, é que a gente não tinha visto, quase duas mil pessoas confirmaram presença já.” Lívia liga o chuveiro.
“E nós vamos?” Dante questiona, elevando o tom da voz para ser ouvido através do barulho da água do chuveiro.
“Lógico que vamos! Digo, não sei se você quer ir, mas eu com certeza vou! Você acha que eu, Lívia, deixaria passar uma oportunidade dessas de expressar meu desgosto com a política atual?!”
“Acho que vou também, não tenho nada marcado mesmo.” Dante responde enquanto pega o celular e acessa o link do evento, confirmando presença.
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Helena havia interrompido a mensagem para que Pérola se virasse e ficasse com a cabeça no colo da estudante, com a televisão da sala ligada em algum programa de cultura pop qualquer. Enquanto acariciava o cabelo de Pérola com uma mão, com a outra mexia distraidamente no celular. Logo recebeu uma mensagem de sua mãe e acabou dando risada.
“O que foi, amor?” Pérola pergunta, extremamente curiosa.
“Minha mãe pedindo para eu não ir ao protesto amanhã. Ela recebeu uma notícia que ia ter polícia com bombas de gás lacrimogênio para conter a população, violência e etc, todo aquele sensacionalismo de sempre.”
“Ah! Aquele protesto sobre a vinda do Presidente? É amanhã que ele vem? Jurava que fosse mês que vem!”
“Eu fiquei sabendo agora há pouco. Logo após a prática, colocaram-me no grupo de chat do ambiente virtual da disciplina que faço com a farmácia, e mandaram a notícia. A única que esbravejou a respeito do protesto foi aquela garota que lhe falei, a Thaí- amor, você não vai acreditar!!!” Helena esbugalha os olhos enquanto vê a tela do celular.
“Não me deixe curiosa, mulher!!” Pérola exclama, retirando a cabeça do colo de Helena.
“Essa Thaísa é parente do Presidente! Por isso é escrota desse jeito!!”
“E como você descobriu isso?!”
“Primeiro eu vi o sobrenome, apesar de que Bragança não é tão incomum, mas fui ver o perfil dela da rede social e vi essa foto aqui da noite da posse, ela na casa do Presidente junto com o que parece ser a família dela!” Helena mostra o celular e aponta para a garota da foto. “Deve ser tio, ou tio-avô, sei la, ou primos de segundo grau talvez?”
“Caramba, como alguém pode se orgulhar de ter ido no show de horrores que foi a posse desse Presidente?” Pérola não se conforma.
“Espera... ela está do lado de uma outra garota aqui... pelo que estou vendo é irmã dela. Eu já vi essa garota uma vez no Pub, essa garota é mais sapatão que eu!” Helena acaba rindo.
“Mas o que tem isso, amor?”
“Porque eu estou vendo agora o perfil dessa irmã da Thaísa e só tem postagens homofóbicas!”
“Mas Helena, pelo que eu vi naquele Pub vai todo tipo de gente, não só LGBTQ+...”
“Amor, você não está entendendo, uma vez eu estava esperando minha ex sair do expediente dela lá, aí eu fui ao banheiro e flagrei essa garota na maior pegação com outra menina. Elas ficaram super envergonhadas e essa guria tentou tampar o rosto mas eu me lembro bem! Estou me sentindo muito fofoqueira de tv aberta fazendo furos de notícia!!”
“Ai, Helena.” Pérola solta uma pequena risada. “Isso foi engraçado porém não é legal você falar dessa maneira, como se a opressão que a menina sofre fosse uma glória para a oposição.”
“Mas duvido que a Thaísa saiba sobre a irmã.”
“Capaz que saiba e apenas faz vista grossa, amor. Mas deixa isso para lá, se essa menina for exposta, a única pessoa prejudicada será ela.” Pérola afirma, com seriedade.
“Não vou expor a menina, porém é gostoso saber da hipocrisia alheia.” Helena ainda tenta argumentar.
“Não, amor, não é...” Pérola tenta educar sua amada. “É triste saber que essa garota provavelmente vive uma vida dupla.”
“Houve um tempo em que eu era a estraga-prazeres da relação.” Helena franze a testa e logo em seguida dá risada. “Mas você vai querer ir no protesto amanhã?”
“Amor, protesto é meu segundo nome!” Pérola brinca.
“Se não for para levantar da cama e bagunçar a sociedade eu nem levanto!” Helena responde, no mesmo tom revolucionário.
Fim do capítulo
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rhina
Em: 03/09/2020
Olá
Boa tarde
Lívia e Dante firme na relação. Mas fica a dúvida dos motivos conscientes e principalmente dos inconscientes dele ter se afastado Anna Júlia.
Helena com uma nova etapa em.sua vida. Novas convivencias de pessoas com personalidade distinta que irá desafiar e ao mesmo tempo contribuir para a construção de sua bagagem.
Obs:tenho um montão contta Isabel. No entanto era uma personagem cuja personalidade e desenvolvimento gostaria de saber e vê mais....muito mais.
Rhina
Resposta do autor:
Quanto ao dante, não fui eu que construí o personagem, mas arrisco dizer que o afastamento foi saudável nesse caso. Quanto a isabel, a personalidade dela com certeza ecoará em helena até o fim da história!
beijão!

Brescia
Em: 05/10/2019
Boa noite mocinha.
Então os casais estão formados, minha preferida é a Helena, até pensei que ela ficaria com a Lívia, mas o Dante foi o primeiro a chamar atenção da Lívia, ainda quando era menina, mas a esperança é a última que morre.
Baci piccola.
Resposta do autor:
Realmente Helena é a personagem que mais gosto de mostrar evolução, apesar de que ela já começou com uma base bem desconstruída desde o começo. Ela só precisa trabalhar na personalidade para poder acertar o resto das coisas, mas é algo que pretendo fazer lentamente na personagem.
Beijão!
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nany cristina
Em: 28/09/2019
que surpresa boa atualização do capítulo eu que tava esperando só para o mês que vem fico feliz
é assim que eu gosto Lívia e Dante junto Eu amo esse casal ðŸ˜ðŸ˜ðŸ˜ðŸ˜ðŸ˜ðŸ˜ðŸ˜
beijos até o próximo
Resposta do autor:
<3333333
e daqui a pouco tem outro capítulo!
Fico muito contente por não ter nos abandonado hauahauhah s2
beijão!
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