O dia seguinte começou muito corrido. Após me despedir de meu filho, fui direto para a loja. Quando estava analisando uma planilha com os novos produtos, recebi uma mensagem inesperada.

—Tenha um bom dia, Fabiana—Era Juliana.

Depois daquela mensagem, o meu coração se alegrou. Ela havia se lembrado de mim.

—Obrigada, Ju. Tenha um bom dia você também. Já está no trabalho? - Perguntei e só depois de um tempo ela me respondeu.

—Acabei de chegar. Agora tenho que ir.

—Espera... Você vai trabalhar hoje à noite. Quero te convidar para sair comigo.

— Não... Quando eu sair te ligo. Preciso fazer algo agora. Beijos!

—Beijos!

Após sua essa troca de mensagens, não consegui fazer mais nada, pois estava louca por aquela mulher e ela sempre ficava com aquele mesmo comportamento sério. 

Como vi que não iria conseguir fazer mais nada direito depois daquela conversa, eu fui para casa mais cedo. Hugo sempre conseguia me acalmar. E naquele momento, precisava muito da companhia dele.

—O que você fez hoje, meu amor? — Abracei o meu filho bem forte.

—Fiquei brincando com a Eunice e assisti desenho também, mamãe —  me abraçou de volta.

Eunice surgiu na sala.

—Chegou cedo hoje.

—Quase não consegui trabalhar.

Meu filho olhou para mim preocupado.

—Tá dodói, mamãe?

—Não, meu querido, só estou um pouco cansada. Eunice, posso conversar com você?

—Claro!

—Filho, vai lá para o quarto. Depois vou assistir um daqueles filmes com você.

—Está bem, mamãe — Ele me beijou a face e foi para o quarto.

Eunice ficou com uma feição preocupada.

—Algum problema?

—Problema nenhum... Só estou louca por aquela mulher — Me joguei no sofá — A convidei para sair hoje à noite.

—Vão para onde?

—Quero levá-la a uma balada.

—Balada? Não há lugares melhores para encontros não?

—Quero provocá-la, Eunice, até ela não aguentar ficar sem me sentir.

—Você sempre direta.

—Eu quero ela e quero que ela perceba logo isso.

—Talvez ela já tenha percebido.

Fiquei pensativa nesse momento.

—Bom, talvez ela já tenha percebido.

—Então?

—Mas ela continua do mesmo jeito. Bom, hoje ela me mandou uma mensagem de bom dia.

—Isso é um bom sinal, mas você sempre quer tudo muito rápido.

—Eu não gosto de rodeios.

—E ela talvez não goste de pressa.

—Ai... Que raiva! — Irritei-me... Não estava aguentando mais ficar sem aquela mulher. Não sei como alguém podia me deixar tão louca em tão pouco tempo.

—Vão para a balada que horas?

—Eu não sei — Respondi um pouco pensativa. Ela ainda iria me ligar para confirmar o nosso encontro.

—Hum, então você voltou mais cedo por isso?

—Tinha um monte de coisa para eu fazer na loja, mas não consigo fazer nada sem pensar naquela mulher.

Me levantei do sofá.

— Vou ficar um pouco com meu filho. Isso sempre me acalma. Nada melhor que ficar na companhia dele.

—Faça isso... Ele sente muito sua falta.

—Eu sei...

Respirei fundo nesse momento. Não tinha muito tempo para meu filho, mas não fazia isso por mal.

— Eu sei que você o ama muito, Fabiana, que fez de tudo para dar uma boa vida para ele, mas às vezes ele só quer sua atenção.

— Você está certa, Eunice, e te agradeço muito por cuidar tão bem dele.

—Não precisa agradecer. Você sabe que cuido dele com muito prazer. Ele é uma criança tranquila, esperta e muito admirável.

—Bom, vou ir lá... Quem sabe eu não me esqueço um pouco daquela policial.

Fui para o quarto do meu filho. Quando cheguei lá, ele já estava escolhendo um DVD. Deixei ele a vontade. Não estava interessada no filme. Estava interessada na companhia dele.

—O que você acha desse, mamãe? — Me mostrou um que tinha um monte de heróis na capa.

—Acho uma boa escolha, filhote — Beijei aqueles cachinhos que eu tanto amava e depois nos deitamos na cama.

Amava demais aquele garoto.

Como eu estava com muito cansaço acumulado, eu adormeci enquanto fazia carinho nos cabelos do meu filho.

Quando acordei, já se passava das 6:00 horas da tarde. A TV estava desligada e meu filho estava abraçado a mim. Me emocionei naquele momento. Senti vontade de apertá-lo, mas não fiz isso pois meu celular começou a vibrar.

Como estava ao meu lado na cama, logo tive acesso a ele. Ao notar que era Juliana um sorriso se formou em meus lábios.

—Oi! —Falei baixo para meu filho não acordar.

—Oi, Fabiana... Acabei de sair do trabalho. Você ainda quer sair comigo? 

A forma como falou demonstrou insegurança.

—Claro que sim — Tive que falar baixo por conta de meu filho.

—Estou te atrapalhando com algo?

Olhei para o meu filho que estava dormindo tranquilamente.

—Meu filho está dormindo abraçado a mim.

Ela sorriu do outro lado da linha.

—Bom... Quer ir a uma balada comigo? — Perguntei.

—Balada? — O tom dela pareceu surpreso.

—Sim, você nunca foi a uma? 

—É... Já, mas quando mais nova... Ultimamente vivo mais em casa.

—Depois podemos ir para sua casa se quiser -Mordi o meu lábio inferior. Queria somente provocá-la.

—Só você mesmo...

—Brincadeiras a parte, você quer ir comigo a balada?

—Bom... Não tenho coisa melhor para fazer essa noite.

—Então pode passar aqui em casa às 11:00, vou estar te esperando lá fora.

—Está bem... Então até às 11:00.

—Até...

A ligação foi encerrada e um sorriso bobo ficou estampado em meu rosto.

—Mamãe, você estava falando com quem?

Hugo olhou para mim. 

—Estava falando com uma amiga da mamãe, meu amor.

—Amiga? — Ele pareceu ficar confuso.

—Sim, uma amiga — Me sentei na cama e ele também.

—Vai sair hoje à noite? — Ele ficou triste.

— Sim, filho, mas bem mais tarde... Você já vai estar dormindo a essa hora - Beijei a testa de meu filho — Agora vamos tomar banho — Me levantei.

—Não —Abraçou o travesseiro.

— Filho, tem que tomar banho todos os dias.

— Ah... Eu não gosto de banho — Reclamou.

— Hum... Não gosta, mas vai ter que tomar banho — Peguei o travesseiro que ele estava agarrado — E nada de tentar me enganar, sei muito bem que você lá lava só os pés e fala para a Eunice que tomou banho.

Ele sorriu arteiro.

—Você me conhece mesmo, hein, mamãe? — Ele se sentou na cama.

— Claro, você é meu príncipe que eu amo muito — Sentei ao seu lado e comecei a fazer cócegas nele.

Fim do capítulo