Diálogo com os Espíritos -- Capítulo 38   

Alicia rolou para o lado e manteve o braço sobre o ventre de Fernanda, os dedos acariciando de leve seu quadril.   

-- Está nervosa, Nanda?  

Fernanda se afastou um pouco, apoiou-se no cotovelo e analisou Alicia por um tempo.  

-- Tenho medo de decepcioná-la -- ela revelou com voz trêmula, surpresa com a própria sinceridade -- Você é experiente e sofisticada. Eu sou uma boboca tensa e recatada -- Fernanda a fitava assustada. Os olhos dela brilhavam intensamente.  

Alicia riu, traçando com o dedo o desenho do rosto delicado.  

-- Sinto desapontá-la Nandinha, mas eu não sou nenhuma versão feminina de um Don Juan ou, uma mulher sedutora e experiente como você está pensando. Mas, o que realmente faz a diferença e é capaz de fazer a cama pegar fogo, as paredes tremerem, os animais começam a uivar para a lua e a noite ser uma daquelas inesquecíveis, que ambas vamos querer repetir por toda vida, é o que sentimos aqui -- Alicia tocou de leve a cabeça de Fernanda e depois, colocou a mão sobre o coração dela -- E aqui.  

Alicia sorriu, transmitindo uma sensação difícil de explicar.  

-- Então, como poderia me desapontar, meu anjo. Como poderia? -- ela indagou com voz rouca antes de beijá-la.  

Quando o longo beijo finalmente terminou, Fernanda tremia, sua respiração era curta e vigorosa, e ela ficou atônita diante das emoções que sentiu.  

-- Sendo dessa forma, nunca a desapontarei, Alicia, pois, só de olhá-la sinto-me arder. É como se meu sangue fervesse -- a insegurança foi superada pela paixão. Com uma certa timidez inicial, ela moveu as mãos pelas costas macias e quente.  

Alicia suspirou enfraquecida quando sentiu seu corpo responder ao toque.  

-- Está tremendo de medo, meu anjo?  

Fernanda sorriu.  

-- Não é medo -- era difícil falar com Alicia acariciando a sua cintura. O toque das mãos macias roubava a sua capacidade de raciocinar -- É desejo.  

Fernanda enlaçou a cintura de Alicia com as pernas. Seus dedos se enrolaram nos fios de cabelos loiros. Era inacreditável. Fernanda não se reconhecia daquele jeito, tão ousada, resoluta e terrivelmente necessitada. Era como se houvesse fogo correndo em suas veias. As carícias que antes ela oferecia hesitante e tímida agora se tornavam frenéticas.  

Um gemido escapou de sua garganta quando tocou o seio de Fernanda, e apertou o mamilo entre os dedos, friccionando-o, enrijecendo-o. Seus lábios deixaram os dela para lhe beijar o pescoço, acariciando-o com a ponta da língua.  

O toque dela fazia a mente de Fernanda girar. Ela passara tanto tempo sonhando em sentir o corpo da médica encaixado ao seu, que seu corpo não parava de tremer. Os olhos dela se fecharam, e ela se rendeu ao prazer. Cada parte de seu corpo parecia energizada enquanto ela a tocava.  

Alicia tomou o seio dela, na boca, sugando e soprando seu hálito quente sobre a pele sensível. O mamilo dela endureceu, e uma onda de calor ardente invadiu seu corpo. Tudo pulsava abaixo de sua cintura.  

Ainda a beijando, Alicia deslizou a mão para a perna dela, acariciando seu joelho e subindo lentamente por sua coxa até encontrar o clit*ris. Ela deslizou a mão para a frente e para trás, e as pontas de seus dedos acariciavam o ponto mais sensível do corpo dela. Fernanda estremeceu, e Alicia a beijou enquanto movia o dedo para cima e para baixo, até que ela começou a se mover no ritmo dela, juntas em uma dança sensual.   

-- Isso é tão gostoso, Alicia -- sussurrou Fernanda contra os lábios dela, deslizando a mão para também a tocar. Desejava muito, desejava mais que tudo.  

-- Oh! Isso é maravilhoso, Nanda.  

Gemidos de prazer escapavam dos lábios, rostos se contorciam em êxtase. O corpo de Fernanda estremeceu, fora de controle. Os músculos de Alicia se contraíram, seu corpo foi tomado por convulsões, e elas desfrutavam ao máximo aquele momento. Alicia e Fernanda atingiram um orgasmo lento, torturante, demorado. Entregaram-se a cada segundo de prazer quase insuportável, e então, lentamente, voltaram a si.   

Quando Fernanda abriu os olhos, Alicia a observava, encantada.  

-- Você é tão linda! -- Alicia se inclinou e a beijou ternamente nos lábios.  

Fernanda se derreteu com a delicadeza dela.  

-- A cama pegou fogo, as paredes tremerem e eu posso jurar que ouvi os animais uivando para a lua.  

-- E a noite foi uma daquelas inesquecíveis, que ambas vamos querer repetir por toda vida -- Alicia completou.  

Fernanda abriu um sorriso lindo, repleto de felicidade. Ela se virou para o outro lado oferecendo as costas para a médica.  

-- Hum, dormir de conchinha! -- Alicia envolveu os braços ao redor da morena -- É tão gostoso.   

Os olhos de Fernanda se encheram de lágrimas.  

-- O que aconteceu? -- perguntou Alicia, preocupada.  

-- Estou com medo de dormir e quando acordar, ouvir você dizer que não se lembra de nada do que aconteceu -- ela sussurrou.  

-- Seria como o filme, Como se fosse a primeira vez? Você já assistiu? Depois que sofre o acidente, todas às vezes em que a protagonista acorda, não se lembra do que aconteceu no dia anterior e tem que começar tudo de novo.  

-- Mais ou menos isso -- Fernanda riu, se sentindo boba -- Não é ridículo?  

Para a sua surpresa Alicia não a achou ridícula nem zombou dela. Apenas sorriu, tentando colocar um fim a sua dúvida.  

-- Tenho certeza que se eu esquecer, você fará de tudo para lembrar-me. E, caso as suas palavras não funcionem, é só me olhar com esses olhos lindos que eu, perceberei imediatamente que eles pertencem a mim. Durma tranquila.  

Fernanda afagou o rosto delicado de Alicia. No instante seguinte, estava profundamente adormecida.  

Na manhã seguinte, Cléo acordou cedo atraído pelo cheirinho de comida que vinha da cozinha.  

-- Bom dia, mamãe! Bom dia papai!  

A mesa já estava posta com o café da manhã. Germano e Olivia sorriram ao vê-lo.  

-- Bom dia, Cléo -- responderam juntos.  

-- Estou com uma broca, mamãe.  

-- Fiz uma torta de frango. Vou pegar para você.  

-- Eu prefiro ovos mexidos com bacon -- disse Germano -- Devia comer também, para ficar forte. 

-- Ah, não. Bacon engorda, papai. Prefiro manter esse corpinho de Gisele Bündchen.  

Germano levantou uma sobrancelha.  

-- Então, tá bom.  

-- Germano está com uns pneuzinhos, mas eu não me importo -- comentou Olivia.  

-- O ruim de ser gordo papai é que quando a pessoa começa gem*r, você não sabe se é de prazer ou, porque você está pesado.  

Alicia entrou na cozinha sorrindo, beijou os pais, pegou uma caneca de café e sentou-se do outro lado da mesa.  

-- Não vai comer, pequena mestra? Mamãe fez uma torta maravilhosa!  

Alicia ergueu a cabeça e olhou-o séria.  

-- Não adianta me olhar desse jeito. Nada nesse mundo me fará calar.  

Alicia sorveu um gole de café e recostou-se na cadeira, com as pernas estendidas.  

-- Vou preparar uma bandeja com um belo café da manhã e levar para comer com a Fernanda no quarto.   

-- Que fofa! -- Cléo jogou um beijinho para ela.  

-- Precisamos conversar sobre a doença do seu Osvaldo. Tenho que contar toda a verdade para ela. 

-- Tudo bem, minha filha. Pode deixar que eu preparo a bandeja. Você nunca foi muito boa nisso -- disse, rindo; um riso doce e suave que envolveu todo o rosto.   

-- Obrigada, mãe -- Alicia deu um risinho e mostrou-lhe um sorriso travesso.  

Germano tomou um gole de café e largou a caneca na mesa.  

-- Por onde anda aquela moça loira e alta que sempre vinha com você Alicia?  

Olivia deu uma gargalhada divertida.  

-- A fila anda, Germano!  

-- A fila anda, mas sempre vai ter alguém com pulseira VIP -- Cléo pegou a sua terceira fatia de torta e colocou no prato.  

-- Que Deus me perdoe, mas aquela mulher é o demônio, pai.  

-- Chamar a ex de demônio é fácil. O difícil é assumir que já foi possuída por ela -- Cléo enfiou um pedaço de torta na boca, levantou a cabeça e percebeu que todos o olhavam admirados -- O que foi? Falei alguma mentira?  

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Fim do capítulo