Capítulo 62
Capítulo 62
Giovanna estava nervosa. Diego, Amélia, Rômulo, Leandro, Virginia, Marta, Gláucia, Bianca e Bernardo tentavam acalmá-la, mas ela andava de um lado a outro. Ver todas aquelas pessoas ali presente, a deixava ainda mais nervosa.
Era novembro e o dia estava claro e sem nuvens no céu. Naquele dia completava três anos que elas se conheceram.
A festa era grande. O enorme gramado da mansão ao lado da piscina estava lindo, com uma gigantesca tenda branca montada. A piscina estava coberta com um piso feito de vidro grosso e lindamente iluminada, dando um tom lindo no ambiente com o movimento das águas, e com diversas cadeiras sobre o vidro que era altamente resistente. Tinha uma ponte de madeira que cruzava a piscina, dividindo-a em duas. O local ficou esplêndido e ainda estava toda ornamentada com lindas orquídeas.
Ao lado da passagem principal existia uma pista de dança feita com madeira e um palco com instrumentos musicais e uma mesa de som. O bufê ficava no canto do local e os funcionários organizaram todos os pratos e as mesas espalhadas em volta da pista de dança. Os arranjos com orquídeas enfeitavam todas as mesas e as passagens. O local estava magnífico.
Na festa havia diversos convidados, os funcionários da clínica de Carolina, todos seus amigos, a mãe de Gláucia que adorava todos os amigos da filha e da nora, o primo de Glaucia, Jonas e Othon com suas famílias, alguns amigos de faculdade de Carolina e outros conhecidos.
As bebês tinham dez meses e estavam mais lindas do que nunca. Giovanna sentia saudades de suas meninas, fazia quatro dias que não as via. Ela já não conseguia mais ficar longe das suas três garotas.
Giovanna ajudava Carolina todos os dias a cuidar das pequenas. Ela acordava no meio da noite e ajudava Carolina, entregando as bebês para serem amamentadas no peito e depois ajudava a ninar e cuidar quando elas ficavam doentes ou com alguma dor. Aprendeu a fazer as mamadeiras e papinhas, quando elas começaram a se alimentar assim; aprendeu a dar banho, a trocar fraldas, apesar de sentir nojo e às vezes errar a posição da fralda, mas ela não desistia e não deixava Carolina fazer tudo sozinha. Sempre estava presente, principalmente à noite, quando a babá ia embora. Fazia de tudo para não sobrecarregar Carolina.
Quase dois meses após as invasões, a polícia convocou Carolina para dar esclarecimentos e ela entregou uma pasta com um dossiê, que Giovanna imprimiu do chip do relógio de mergulho. Carolina informou que Roberto, seu ex-marido havia deixado a pasta com ela e por isso provavelmente ocorreram as invasões no apartamento dela, em busca dos documentos. O conteúdo da pasta foi para a polícia federal e depois caiu na imprensa e em poucas semanas a indústria farmacêutica de Lorenna foi fechada e todos os envolvidos foram presos. O caso foi dado como concluído, após as provas e Carolina não foi mais interrogada.
Carolina chorou muito ao entrar em seu apartamento. Giovanna queria comprar uma cobertura perto do apartamento dela, mas Carolina não quis; então Giovanna pediu para ela, autorização para reformar o apartamento. A reforma durou quatro meses e o apartamento ficou lindíssimo. Giovanna não economizou e o deixou em alto padrão. Ele só ficou pronto na semana passada. Elas resolveram que voltariam a morar em Ipanema. A estada na mansão da estrada do Joá foi boa, mas elas queriam ter mais privacidade. Além do fato de Carolina querer voltar ao trabalho nos próximos meses.
Todos ainda aguardavam a chegada das últimas pessoas quando ouviram o som de hélices de um helicóptero sobrevoando a casa. Giovanna se aproximou de Diego e Amélia. - Ainda tem algum convidado para chegar e alguém viria de helicóptero?
- Que eu saiba não! - Amélia respondeu e retirou um pequeno comunicador da bolsa de mão que carregava. Após se comunicar com a segurança descobriu que não aguardavam outros convidados e não havia nenhuma comunicação para aterrissagens.
Amélia informou a situação. - Pietra, o helicóptero não está autorizado a descer. - Giovanna disse rapidamente para Amélia. - Impeçam que Carolina chegue aqui com as bebês, vamos checar o helicóptero! - Amélia prontamente se comunicou com os seguranças.
Giovanna olhou para Diego e rapidamente ele pegou uma pistola de dentro do terno que vestia, entregou para Giovanna e retirou outra arma para ele. Os dois saíram entre os convidados e subiram correndo as escadarias de pedras para interceptar o helicóptero que se aproximava do heliporto da mansão.
Virginia, Marta, Rômulo, Leandro, Bernardo, Bianca e Glaucia foram para o portão da mansão, queriam conversar com Carolina quando ela chegasse.
Carolina estava no carro com Jéssica, Simone, Jaqueline, Amandinha e as bebês. No momento que o carro ultrapassou os portões da mansão, o segurança comunicou que ela deveria aguardar.
- Como assim eu devo aguardar? Eu sou uma das donas da casa! - Carolina ficou indignada com a barreira.
- Eu sei senhora, mas foi justamente a senhora Giovanna que pediu para que seu veículo não entrasse neste momento. - O segurança tentava explicar.
- Eu não acredito nisso! O que a Giovanna está pensando? - Carolina viu seus amigos se aproximando correndo.
Leandro chegou ofegante. - Carol, a Giovanna está armada. Ela e Diego subiram para ver um helicóptero que estava chegando na festa!
- A Giovanna está armada? - Carolina ficou indignada. Neste exato momento ouviram o som de um tiro e todos se abaixaram. Carolina ficou irritada com a situação. Disse alto para o motorista. - Vamos embora! Manobre o carro e vamos embora!
Giovanna e Diego se aproximaram do heliporto e se abaixaram com as armas em punho. O helicóptero pousou, a aeronave era toda preta e os vidros escuros, não era possível ver os passageiros e os tripulantes.
Diego mudou de posição e se aproximou da cabine de comando, apontando a arma e gritou.
- Desliguem os motores e desçam com as mãos para o alto!
O piloto desligou os motores e após alguns segundos as hélices pararam. Diego estranhou o fato de ninguém descer. Apontou a arma para o alto e deu um tiro para o ar.
- Eu já disse! Desçam, senão vamos abrir fogo!
Giovanna permanecia com um joelho no solo e a outra perna apoiando os braços que seguravam a arma, estava pronta para atirar. O nervosismo de Diego e Giovanna era enorme.
Após alguns segundos a porta de trás da aeronave se abriu lentamente. Giovanna levantou e mudou de posição, engatilhou a arma e a apertou forte entre as mãos. De repente um senhor um pouco careca, com cabelos brancos nas têmporas, gordinho, com bochechas rosadas e segurando uma bengala, apareceu.
Giovanna suspirou e relaxou, ficando ereta, desengatilhou e abaixou a arma e os braços, se aproximou da aeronave, fez sinal para Diego abaixar a arma. Chegou à nave e estendeu a mão ajudando o homem a descer.
O senhor disse bravo. - Ma Che cosa é questo? Ogni volta che mi vede o uccidere me?! (Que é isso? Todas as vezes que você me vê quer me matar?!)
Giovanna sorriu. - Nonno noh ha fatto! Ma tu non sei giu, quase aperto Il fuoco! (Não é isso vovô, mas vocês não desciam, quase abri fogo!)
- E stata la cintura che si é schiantato, non poteva sollevare Il sedile! (Era o cinto que travou, não conseguia levantar do banco!).
Após alguns segundos ouviram a voz de dona Francesca. - Heym mi vuoi aiutare? (Vocês podem me ajudar?)
Giovanna se aproximou e ajudou a avó a descer da aeronave.
Diego atendeu o celular e cortou a conversa deles.
- Pietra a Carolina quer ir embora, Amélia acaba de me dizer que ela está brava por você estar armada na festa!
- Droga! - Giovanna colocou a arma na mão de Diego e desceu correndo para a entrada da mansão. Correu por todo o gramado e viu o carro manobrando para retornar para a saída da casa. Ela se jogou na frente do carro e gritou. - Para!
O motorista freou bruscamente, mas estava em mais velocidade que Giovanna havia imaginado. Vendo que ele iria atingí-la, ela agilmente deu um salto e se jogou para o lado, caindo no gramado.
O carro parou, todos os amigos que estavam próximos correram até ela e as ocupantes do carro saíram rapidamente.
Giovanna ainda estava no chão, quando viu Carolina se aproximar.
- Gio, como você está? - Carolina perguntou visivelmente abalada com o acontecido. E se abaixou.
- To bem, consegui pular a tempo!
- Como você para na frente de um carro em movimento, desse jeito Giovanna?
- Eu não queria que você fosse embora! - Giovanna sentou e segurou delicadamente a mão de Carolina.
Carolina puxou a mão, levantou e disse brava.
- Não encosta em mim! Eu já tinha te avisado que não quero isso para a minha vida! Odeio armas, como você pode estar armada, justo hoje? Eu te avisei que não aceitaria mais isso! - Carolina se virou rapidamente e começou a voltar para o carro.
Giovanna levantou.
- Carol, espera! - Andou até Carolina, mas ela foi mais rápida e entrou no carro, batendo a porta e a trancando por dentro. O vidro estava fechado, Giovanna bateu no vidro. - Carol, abre aí! Você não entendeu amor!
Giovanna resolveu dar a volta no veículo, tentou abrir a outra porta, esta também estava travada, mas o vidro estava um pouco aberto, não o bastante para ela colocar o braço e destravar o pino, mas o suficiente para Carolina ouvi-la.
- Escuta aqui Carolina, eu não estava armada na festa, jamais faria isso! Peguei uma arma porque tinha um helicóptero desconhecido tentando pousar aqui e ninguém sabia de quem se tratava, por isso eu e Diego subimos para ver quem era. Eu disse uma vez e cumpro a minha palavra, só pego em armas para proteger a minha família e foi exatamente isto que eu fiz! Por não saber quem era, eu pedi para você não entrar com as bebês, caso fosse algo grave daria tempo de tirar vocês daqui a salvo.
Carolina estava sentada brava e não se moveu. Giovanna vendo que ela não iria abrir ficou irritada.
- Agora Carolina, se tudo que eu faço, nunca está bom ou certo para você, então toma isso! - Giovanna passou uma pequena caixa preta pela fresta do vidro e a jogou sobre o banco do veículo. - Se eu tiver que sumir para você ser feliz, então, é exatamente isto que eu vou fazer! - Giovanna se virou e começou a caminhar atravessando o gramado em direção à saída.
Fim do capítulo
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