Júlia

Anny demorou bem mais do que o combinado, e eu querendo falar com a minha pequena, mas havia deixado o celular em casa. Andava de um lado para o outro na loja, pegando algumas coisas, sem necessidade, apenas por ter algo a fazer mesmo.

Quando finalmente paramos no último lugar, e estávamos voltando para casa, encontramos com o Paulinho e o Rafa, também foram pegar suas roupas, ficamos conversando próximo ao carro de Anny, fiquei com o Carlos no colo enquanto ela foi buscar a bolsa que esqueceu na loja. Rindo com meus cunhados quando uma moça apareceu ao nosso lado, cumprimentando os dois.

O pequeno no meu colo chamava minha atenção, disse um oi apenas para moça, mas nem me liguei ao nome dela, até Anny aparecer dizendo:

– Olá Bruna, tudo bem? – as duas se cumprimentaram e reparei na mulher pela primeira vez. Alta, morena dos olhos verdes vivos, tinha um sorriso contagiante, parecia bem descontraída com os irmãos, Anny também, que participava da conversa, lembrei do que Layla havia dito na noite passada, embora uma pitada de ciúmes tenha tomado conta de mim, a mulher era linda.

– Juh? – balancei a cabeça, olhei para minha irmã que sorria dizendo: – Não liga para ela Bruna, deve estar pensando na noiva, essas duas não se desgrudam nunca. – sorri dizendo sem jeito:

– Desculpa, estava distraída. – passei a mão nos cabelos perguntando: – O que eu perdi?

– Estava comentando o quanto você é sortuda. – olhei para a mulher que sorria, um tanto triste, mas parecia sincera: – Layla é uma mulher muito especial, e vocês formam um belo casal.

– Obrigada moça! – sorri boba como sempre, quando falava de Layla: – Ela é uma mulher incrível, tive sorte dela me achar e mais sorte ainda quando aceitou ser minha esposa, espero retribuir e ser digna do amor dela.

Ela me olhou séria, mas desviou os olhos quando o Rafa disse divertidamente:

– Para Juh, assim você me faz passar vergonha. – olhei para ele depois de retribuir olhar intenso que a mulher me deu, ele continuou: – Espero que minha namorada não conheça esse seu lado babão, ou vou correr o risco dela se apaixonar por você também.

Todos rimos, mas o olhar daquela moça ficou marcado em mim, quando nos despedimos seguimos para casa de minha mãe, no caminho comentei com Anny que aquela mulher, era a ex de Layla, ela fez um comentário cômico quando terminei:

– E eu sem querer fiquei cutucando o dodói dela dizendo que você e Layla são tão melosas. – nos olhamos e caímos na risada com ela complementando: – Se olhar a palavra sem noção no dicionário, minha foto vai estar lá.

– Com certeza, fazendo careta ainda. – ela empurrou meu ombro, apesar do momento descontração, ainda estava com algo na cabeça, encostei o carro, Anny tirava as crianças colocando-as no carrinho, se aproximou da janela perguntando:

– Você está bem Juh, parece dispensa. – olhei para minha irmã, depois para o relógio, passava um pouco das duas, sorri dizendo:

– Estou sim, não se preocupe. – coloquei o cinto novamente dizendo: – Avisa a mamãe que eu já venho, preciso resolver uma coisinha antes.

– O que?

– Depois conversamos... – mandei um beijo para ela e segui para a casa de minha sogra, precisava conversar com Layla, quando encostei o carro, corri para a porta tocando a campainha, ela atendeu entre sorrindo e surpresa perguntando logo depois que me abraçou:

– Aconteceu alguma coisa meu amor?

– Não... Quero dizer, sim... Podemos conversar um pouquinho?

A peguei pelas mãos e seguimos em direção ao carro, não queria demonstrar insegurança logo agora, mas eu estava insegura. Quando nos aproximamos, que me encostei a ele, ela colou o corpo ao meu passando a mão em meu rosto perguntando:

– O que acontece Juh, estou ficando preocupada?

– Eu... Amor, eu estou com um pouquinho de medo.

– Medo de que?

– Conheci a Bruna, agora a pouco, sei que conversamos sobre isso ontem à noite, mas algo no olhar dela me disse que ainda te ama.

– Espera... O que ela te disse? Como se conheceram, estou confusa Juh... – sorri me dando conta de que havia dito tudo rapidamente quase sem respirar, ela me olhava indagando, abaixei a cabeça envergonhada, mas disse:

– Estava no centro com minha irmã, encontrei seus irmão e ela apareceu, não disse nada além de me dar os parabéns pelo casamento, ainda assim em seus olhos, vi a tristeza. – a olhei, abriu a boca para falar, mas fui mais rápida: – Sei que estou sendo infantil por pensar dessa forma, mas eu estou com ciúmes, estava claro que ela, ainda sente algo por você.

– Amor... – colocou os dedos em meus lábios, sorriu me beijando em seguida, quando se afastou disse: – Você pe tão linda quando fica nervosa, sabia.

– Desculpa, estou sendo uma boba por ter vindo até aqui as vésperas de nosso casamento para dizer essas coisas.

– Não está não, faria a mesma coisa no seu lugar.

– Faria? – sorri e ela me olhou, balançou a cabeça dizendo divertida:

– Talvez não, na última vez que fiquei com ciúmes de você, lembro de ter ficado com chantili até nos cabelos. – revirou os olhos, sorri dizendo:

– Eu lembro desse dia, poderíamos repetir, sem a parte do ciúmes, claro. – sorri sem jeito e ela jogou a cabeça para trás gargalhando, a apertei em meus braços enquanto ela dizia:

– Você não precisa ficar insegura meu amor, Bruna está no meu passado, você é meu presente e futuro, não sei ao certo qual o motivo dela ter aparecido aqui, mas não me interessa, tivemos o nosso momento e acabou. Ainda que ela sinta alguma coisa por mim, não é correspondida a muito tempo, arrisco a dizer, que desde o primeiro momento em que vi você.

Passou a mão em meu rosto, claro que fiquei emocionada com o que ela falava, amo tanto essa mulher que abriria mão dela se essa fosse sua vontade, mas vi em cada palavra o meu amor sendo correspondido como sempre foi. Sorri quando nossos olhos se cruzaram, a trouxe para meu braços apertando-a até sentir que nossos corações se tornaram um, sussurrei:

– Ainda quer casar comigo depois dessa vergonha que acabei de passar?

– Se você não entrar nesse carro agora e ir se arrumar, juro que não vou pensar duas vezes nessa possibilidade.

– Calma moça, já estou fazendo o que você manda. – dei um beijo estralado nos lábios dela e estava entrando no carro quando ela segurou meu braço dizendo divertida:

– Deixa eu te contar uma novidade. – a olhei curiosa, se aproximou passando a mão em meu rosto dizendo: – Meus pais nos deram de presente de casamento, uma reserva em um hotel que fica nas montanhas.

– Uau, jura?

– Sim, o lugar é lindo, pelo que me lembro, uma semana inteirinha a partir de amanhã lá, o que acha?

– Uma semana inteira nas montanhas com a mulher mais linda desse mundo. – beijei os lábios dela, aproximando os meus logo em seguida de seus ouvidos sussurrando: – E ainda mais em lua de mel, estou ficando com água na boca já.

– Já imaginei altos passeios... Trilhas... – sabia que ela estava falando para me provocar, sorri dizendo apenas:

– A única trilha que quero percorrer, é a desse corpo maravilhoso.

– Isso você sabe fazer muito bem, meu amor. – se aproximou e me beijou arrancando todo o meu ar, mas logo nos despedimos, entrei no carro, sorri dizendo: – Nos encontramos as quatro?

– Com certeza meu amor. – se aproximou da janela afagando meu rosto com carinho, sorri, liguei o carro e segui para casa de minha mãe, o corpo mais leve, coração transbordando, cabeça a mil e a ansiedade atacada. A insegurança, deixei em algum lugar lá atrás e não queria saber onde.

Fim do capítulo