Capítulo 17
A visita que era para ser de uma noite apenas, perdurou por mais dois dias e uma noite. Digamos que a ginecologista é um tanto folgada, as meninas nem imaginam como ela conseguiu passar esse tempo todo com elas sem ter problemas no hospital.
O que elas não imaginam também é como em tão pouco tempo, Olivia conseguiu a admiração de Iracema, que nunca tinha sido conseguida por Marta em anos de namoro com Manu. Até jantar exclusivamente para ela a senhora fez em sua casa.
Claro que nada disso estava passando despercebido aos olhos do novo casal, principalmente da médica, que estava achando tudo muito estranho. Mas, era Valentina, e ela em si é meio estranha em muitos momentos. O dia da partida de Liv chegou juntamente com a chuva, o que fez as meninas se trancarem em casa pelo resto do final de semana, ensaiando uma futura lua de mel segundo elas. No finalzinho da tarde de domingo se despediram de Iracema e Manu, seguindo viagem. Embora não falassem nada, cada uma ia com o coração cheio de incertezas do que aconteceria quando chegassem em suas respectivas casas.
A segunda-feira amanheceu ensolarada, a médica foi trabalhar com o pensamento na professora, mandou uma mensagem de bom dia e tratou de se concentrar no trabalho. Seu dia fora bem corrido, consultas pela manhã e duas cirurgias de emergência durante a tarde.
– Ei doutora, onde vai com tanta pressa?
– Para casa. Tenho um compromisso e se não correr me atraso.
– Calma mulher, – correu a alcançando, segurou seu braço dizendo ofegante: – cara, desacelera um pouquinho aí.
– O que você quer? – perguntou apressada – Fala logo, estou com muita pressa.
– Então vamos, quero carona apenas. – enlaçou o braço da amiga e saiu arrastando-a: – Diz aí, – regulou o banco – tinha um anão sentado aqui, nossa! – Valentina a olhou de canto de olhos – Continuando, porque a pressa mesmo, marcou encontro com quem?
– Você trabalhou hoje?
– Não, – olhou para as unhas das mãos – preciso fazer essas unhas. – Continuando mais uma vez, trabalhar para que, estava no hospital apenas vendo revista. – acrescentou debochada – Não tenho culpa de você estar assim tão irritadinha. No mínimo vai encontrar a sua namorada.
Ainda era estranho escutar outra pessoa denominando Melissa como sua namorada. O sinal fechou e enquanto esperava olhou para a amiga.
– Sim, vou encontrar com a Mel, temos um jantar com os pais dela logo mais.
– Vixe, se fudeu – gargalhou.
– Que isso mulher?
– Perdão, me empolguei.
– Se excedeu, você quis dizer!
– Que seja. Mesmo porque, não serei eu que terei que explicar aos sogros que amo tanto a família deles que namorei as duas irmãs em menos de um mês.
– Você falando dessa forma me faz pensar que sou uma mulher promiscua.
– Pode ter certeza amiga, você é!
– Palhaça, se não ajuda também não atrapalha, – parou o carro – sai do meu carro, vai.
– Sua sorte é que estou na porta de casa e quero dormir, ou então ficaria aqui falando da sua promiscuidade. – Se despediu da amiga com um beijo: – Boa sorte, e não esquece, se quiser fugir ainda está em tempo.
Depois de um banho apressado, Valentina saiu de casa corrida, queria buscar Mel na academia e já estava em cima da hora da última aula dela. Entrou na academia sendo cumprimentada por algumas pessoas, após confirmar que Mel ainda estava por ali, acalmou seu coração.
Diferente de Tina, Mel não estava tão tranquila com apenas um “bom dia” depois de uma semana juntas. Tudo bem que ela nunca tinha tido um relacionamento sério antes, mas daí a ser praticamente esnobada o dia inteiro depois de terem voltado a “vida normal”, já era demais.
Para completar ainda tinha o tal jantar com os pais, passou o dia inteiro esperando Valentina dar um sinal sobre ele, mas nada aconteceu. Estava decidida, aquela era sua última aula, se até o final dela a médica não mandasse um sinal de fumaça, iria sozinha jantar com os pais, não ia ficar implorando a atenção de uma mulher, nunca precisou disso, não seria agora que começaria a fazê-lo.
– Mel, deixa essas coisas aí que eu guardo, vai acabar se atrasando.
– Ainda tenho tempo, não se preocupa Ingrid.
– Eu duvido. Tem uma moça te esperando lá fora tem uns 20 minutos já.
Melissa olhou para a moça sem entender. Quem será que estaria esperando ela àquela hora? Preferiu ver com os próprios olhos, se despediu da estagiária e quando chegou a recepção não acreditou no que seus olhos viam. O que fazer diante de tão inusitada visita? Fingir demência e abstrair.
– Boa noite, Dra. Como vai?
Perguntou dando um beijo suave na bochecha de Tina, que por sua vez retribuiu o cumprimento com outro beijo e um abraço apertado.
– Desculpa ter sumido o dia inteiro e não ter avisado que viria, mas as coisas foram bem corridas no trabalho hoje, malmente consegui respirar. Que bom que ainda te encontrei aqui, fiquei com medo de estar muito atrasada para o jantar.
Então ela ainda lembrava do jantar, estava dando explicações e ainda fora buscar-lhe. Será que aquela Valentina exista mesmo? Melissa pensava enquanto sorria.
– Achei que tivesse esquecido o nosso compromisso. – falava entregando uma prancheta a uma das recepcionistas. – Fico muito feliz que isso não tenha acontecido. Podemos ir?
– Claro, estava apenas a sua espera.
Ao chegarem no estacionamento Melissa viu Tina parar ao lado de uma moto lhe entregando um capacete.
– O que farei com isso? – perguntou assustada.
– Bom, o certo seria colocar sobre a cabeça, mas se não quiser... – sorriu.
– Não sabia que era comediante. Além do mais, o que quero saber é se pretende me levar para casa nela? – apontou para a moto.
– Claro! – esticou a mão na tentativa de convencer Mel a subir na moto – Confia em mim, vem.
– Valentia, eu não sou muito fã de motos. – Olhou para a médica apreensiva – Sem falar que seu histórico com motos... – calou-se repentinamente.
– Apelando, é isso mesmo dona Mel? Que feio, sobe aí. Não vou te derrubar.
Depois do belo fora que deu não tinha outra alternativa, maldita hora que tinha resolvido ir trabalhar de taxi, agora não podia nem dizer que ia de carro e encontrava Tina em casa. Vendo que não tinha outra alternativa, sentou na garupa apertando a cintura de Tina enquanto dizia:
– Não corre, por favor.
– Pode deixar! – embora o capacete a impedisse de ver, percebeu o risinho oculto nas palavras da outra. – Valentina – gritou apertando a cintura da mulher a sua frente. Quando chegaram na casa da professora ela desceu da moto dizendo irritada: – Pra que correr tanto, é assim que disse que não ia me derrubar?
– Não corri. Estava a 80km/h apenas.
– Isso para mim em cima desse negócio aí é rápido demais.
– Ninguém nunca reclamou da velocidade que piloto.
– Ninguém ou aquela pentelha da Rafaela que devia viver na sua garupa. Fique você sabendo que não gosto da ideia de tê-la grudada em você.
– É, – sorrindo envolveu Mel em seus braços – e qual o seria o motivo mesmo?
– Não gosto dela, simples!
– Nem conhece a moça, não entendo essa cisma boba.
– Não me venha com essa inocência, sabe muito bem o que ela quer com você.
– Não faço ideia, e no momento não estou querendo mesmo saber.
Valentina beijou Melissa com desejo, encostando-a na parede do seu próprio quarto. Encaixou sua perna entre as pernas da professora a fazendo gem*r baixinho em seus lábios.
– Não começa o que não vai terminar. – Melissa falava ofegante entre os lábios de Tina.
– Quem disse que não vou!
Voltou a beijar Melissa com avidez, deslizando as mãos por seu corpo. No caminho para o banheiro se livrou das roupas de Mel, fazendo o mesmo com as suas em seguida. A professora sorriu entre seus lábios e entendeu que a médica não estava brincando, se amaram embaixo do chuveiro com desejo e muito tesão, afastando assim os pensamentos de ambas, que no dia anterior não faziam ideia de como seria quando retornassem a “vida real”.
Saíram da casa da professora correndo, os pais de Melissa as esperavam. Acharam que a filha tinha desistido de ir ao encontro deles e ameaçaram ir para a casa dela caso não chegasse lá em uma hora.
Apesar da insistência de Mel em não querer ir de moto, Tina conseguiu a muito custo convence-la a irem na sua amiga de duas rodas. Pouco tempo depois chegaram na casa de Silvana e Sérgio. Cumprimentaram os dois e seguiram para a sala de jantar.
Fim do capítulo
Meninas, imagino que vocês já estejam "cansadas" das minhas desculpas,rsrs, mas dessa vez prometo engrenar de uma vez e finalizar a história, ainda essa semana posto outro caps.
Muito obrigada pela companhia e paciência sempre.
Bjs.
Lily Porto
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Brescia
Em: 30/08/2019
Oi mocinha.
A Valentina está decidida a ficar com a Mel, ela que está insegura, mas depois do que a Valentina fez, ao ir buscá-la e acompanhá-la no jantar com os pais, ficou tudo mais que claro.
Baci piccola.
Resposta do autor:
Oie Baci!!
Digamos que a Mel tá com o pé atrás com a doutora, depois de todas as fugas dela era de se esperar que a prof. ficasse receosa. Mas com o tempo Tina vai mostrar a ela que quer algo sólido, digamos assim, rs.
Até mais querida, bjs.

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