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Nossa canção inesperada por Kiss Potter

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Palavras: 11452
Acessos: 1984   |  Postado em: 24/08/2019

Capítulo 23 - All I wanted was you

 

Capítulo 23 – All I wanted was you...

 

Pov Liz

Depois da conversa com Lia, Liz saiu do apartamento terrivelmente arrasada. Por sorte não se deparou com Cris no caminho. Não estava acreditando que Lia estava mesmo colocando um ponto final naquele romance lindo que estava rolando entre as duas. Sabia que havia pisado na bola mais uma vez, mas será que precisava de tanto? Entrou no carro com o coração apertado e teve vontade de chorar. Aquela dor lhe rasgava o peito e o ar quis lhe faltar. As lágrimas começaram a cair copiosas pelo seu rosto.

 

Tentou dar a partida no carro, mas não conseguiu. Como seus olhos estavam embaçados obrigou-se a ficar ali, ouvindo o ruído do próprio choro e sentindo o desespero tomar conta de todo o seu corpo. Era exatamente daquilo que sempre teve medo. Nunca quis ser consumida por aquele sentimento, aquela dor dilacerante da perda novamente. No entanto, dessa vez, sentia tudo ainda mais intensamente. Como pudera ser tão idiota a ponto de perde-la? Em sua mente só conseguia ver o olhar magoado e decepcionado dela ao abrir a porta do quarto lhe expulsando de vez.

 

Liz esmurrou o volante do carro com desespero e soltou um grito de agonia. Recostou-se no banco e deixou todas as lágrimas saírem. Dissera que não iria considerar o término e tentou demonstrar força, mas a verdade era que estava incrivelmente arrasada e com medo. Será que ficar em silêncio sobre o seu passado era realmente mais importante do que contar tudo e tê-la de volta? Com certeza não, pensou. Porém, tudo era tão doloroso... sabia que era uma pessoa complicada e pensou que talvez Lia ficasse melhor mesmo sem ela. Tudo o que sabia fazer era decepcionar as pessoas e já estava se tornando um fardo muito pesado carregar sempre isso.

 

Depois de algum tempo desabando ali dentro do carro, enxugou as lágrimas e saiu. Não sabia mesmo para onde ir ou o que fazer e quando deu por si estava em frente ao modesto prédio de Jack. Ligou para ele, que por sorte estava em casa e subiu. Ele já abriu a porta com um olhar temeroso na face, apesar dele também não saber toda a sua história, era um bom amigo e sabia que era carregava muita tristeza em seu passado.

 

Os dois se cumprimentaram com um abraço e Liz desabou no sofá dele. Tinha certeza que sua face ainda estava avermelhada e inchada pelo choro constante. Por isso, ele nada falou. Apenas lhe entregou uma bebida e esperou que falasse algo. Liz perguntou como havia sido no dia da “festa surpresa” e como Lia havia lidado com a situação. Ele apenas falou que ela parecia preocupada e envergonhada quando dispensou a todos e que sabia que, no fundo, estava segurando a tristeza que sentia. Liz se sentiu ainda pior com aquela informação.

 

Desabafou sobre o término com Lia, mas ele nada falou. Jack sempre fora um cara de poucas palavras, mas já havia cuidado dela várias vezes quando passava da conta em certas situações. Ele apenas a abraçou e ofereceu mais bebida. Ingeriu bastante álcool até acabar dormindo no sofá mesmo. Se sentia exausta, precisava apagar um pouco.

 

Quando se acordou no começo da noite totalmente desorientada e ainda tonta, ele a fez tomar remédio e a levou para casa. Vivi correu quando o viu entrar pela porta do apartamento a amparando e tratou de cuidar dela no restante da noite. Liz tinha uma dívida eterna com aqueles dois seres humanos maravilhosos e sabia disso.

 

Vivi a levou até o seu quarto e a deitou na cama.

 

— O que aconteceu dessa vez? — A amiga perguntou preocupada. — Lia brigou com você, não foi?

— Pior do que isso. — sussurrou de volta enquanto abraçava o travesseiro. — Ela terminou comigo.

Viu que ela ficou com uma expressão surpresa na face e depois tratou de disfarçar.

— Será que um dia você vai parar de enfrentar os seus problemas sem encher tanto a cara?

Liz ficou calada. Nada importava naquele momento. Dizia para si mesma que talvez Lia só estivesse de cabeça quente e por isso havia dito aquelas coisas. Tentava se convencer de que talvez reconsiderasse a decisão, mas ao mesmo tempo sabia que o melhor que tinha a fazer por ela era simplesmente se afastar. Lia era doce e romântica. Não era justo tirar aquilo dela com seus dramas e indecisões.

 

— Foi mesmo definitivo? — Vivi voltou a perguntar com pesar na voz.

— Talvez seja o melhor para ela. — respondeu inexpressiva e uma lágrima correu por sua face novamente. — Eu só sei causar dor e decepcionar as pessoas.

— Isso não é a verdade, Liz...

Vivi começou a falar, mas Liz a olhou bem nos olhos e disse:

— Você mesma me disse mais cedo que eu era uma egoísta.

— Liz, por favor! — Vivi a abraçou com carinho. — Eu só falei aquilo para você cair na real. Você é a minha melhor amiga e tenho um carinho especial por ti. Você é maravilhosa, apenas não se permite falar com ninguém. Isso te faz mal e sabe disso.

 

Liz ouviu tudo calada e virou de costas para ela. Aquela era a última coisa que queria falar agora. Sua mente só clamava por Lia. Antes de pegar no sono, ligou o celular e procurou pelas conversas com ela. Ampliou a sua foto de perfil e apenas ficou a admirando tão linda como sempre...

 

Na sexta não estava com a menor vontade de ir para a aula, mas queria muito vê-la ao menos de longe. Estava decidida a deixa-la seguir com sua vida. Porém, tinha uma necessidade muito forte de olhar para ela. Chegou no Campus na hora do intervalo e a procurou. Ela vinha do caminho da coordenação. Como podia ser tão linda? No entanto, parecia abatida. Sentiu-se pior com isso. Seus pés obedeceram sua maior vontade e começou a andar em sua direção, mas quando Lia a viu, simplesmente fugiu indo em direção a sua sala.

 

Não queria vê-la e com razão. Seu peito apertou novamente e obrigou-se a ir embora. Sabia que aquilo era para o bem dela e era disso que tentava se convencer a todo momento...

 

No sábado à noite foi até o seu bar conversar com Tom e mais uma vez ela colheu um outro relato doloroso sobre o que tinha acontecido na quarta-feira. Tom mostrou todo o cardápio que haviam preparado e disse que elas haviam deixado toda a bebida no bar e não tinham mais voltado para buscar.

 

— Liz, você sabe que eu não gosto de tomar decisões assim sem antes confirmar com você. Vivi veio com ela e como sei que é uma pessoa de confiança eu atendi ao pedido...

— Tudo bem, Tom. — Liz respondeu pesarosa. — Você não teve culpa de nada. Foi tudo um grande vacilo meu.

 

Os dois conversaram mais algumas coisas sobre o bar, mas Liz não estava minimamente interessada ou com cabeça para resolver qualquer problema e o autorizou a fazer as mudanças que julgasse mais necessárias. Ficou por muito tempo ali no bar, apenas bebendo e escutando rock e pensando em Lia. Começou a tocar “beijos, blues e poesia”. Seu coração doeu ainda mais quando se concentrou naquela letra. Estava se sentindo exatamente daquela forma.

 

Como estava sozinha na mesa, algumas garotas ainda tentaram chegar nela, mas dispensou a todas. Não conseguia e nem queria ficar com mais ninguém. Mulheres e bebidas aleatórias não lhe eram mais o suficiente. Somente uma mulher e uma bebida em específico lhe interessavam: Lia e sua saliva, assim como o mel de seu sex*. Sentia que somente aquilo poderia aplacar a dor que sentia de alguma forma...

 

Mais uma vez Liz chegou em casa bêbada, mas dessa vez não estava tão mal. No quarto despiu-se completamente e deitou na cama. Quando procurou o lençol embaixo do travesseiro acabou encontrando uma blusa sua que Lia vestira na última vez que estivera ali. Com anseio e desespero levou o tecido até o nariz e sentiu que ainda tinha o cheiro inebriante dela. Uma vontade louca de vê-la e falar com ela rasgaram em seu peito e tomaram conta de seu corpo de uma forma ainda mais dolorosa e intensa. Sabia que não aguentaria muito tempo longe dela. Lia havia sido a droga mais viciante que já provara.

 

Pegou o celular e discou seu número, mas desistiu e desligou antes mesmo da ligação completar. Afinal, o que diria para ela? Lia havia deixado bem claro que só a procurasse quando estivesse disposta a se abrir. Por um momento Liz pensou mesmo em falar tudo, mas não poderia fazer isso por telefone. Ela merecia muito mais do que uma ligação. Lia tinha tudo de si, só queria que ela soubesse disso. Mais uma vez, procurou a última conversa com ela e dormiu olhando para a sua linda foto e ainda inspirando o cheiro dela no tecido da blusa...

O domingo foi o pior dia de longe. Vivi ficou em casa o tempo todo, estudando para as provas que se aproximavam. Liz sabia que deveria fazer o mesmo, mas não tinha a menor vontade de forçar sua mente com aquilo. Passou o dia tocando e ouvindo música no quarto enquanto decidia se deveria lutar por Lia ou deixa-la longe de toda a sua confusão. Sabia que não era boa o suficiente para uma garota doce como ela, tinha a noção disso, mas por que era tão difícil deixa-la ir?

 

A dor em seu peito não se atenuava e mesmo dizendo para si mesma que o certo era deixa-la ir, não era isso que o seu coração traiçoeiro queria. Ficou nesse impasse por todo o domingo. Estava agindo como uma idiota egoísta, todos tinham razão. Lia foi a primeira a lhe fazer perder a razão daquela forma e parecia injusto deixar de viver tudo aquilo por medo do passado...

 

***

 

Tia Luísa: “Eu encontrei a carta no seu lixo. Ela está guardada aqui comigo. ”

 

              Aquela foi a mensagem que recebera pela manhã naquela segunda-feira arrastada. Será que não iria livrar-se daquele dilema nunca? Aquilo tudo já a havia consumido muito nos últimos anos. Quando mudou de cidade tudo pareceu melhor, em partes, ao menos não teria que encarar certas coisas que já havia feito antes. Liz se sentiu estranha quando percebeu que a mensagem não lhe incomodara tanto, pois o seu primeiro pensamento ao acordar foi Lia.

 

Liana! A imagem dela não a abandonava nunca. O aperto no peito e a ansiedade lhe tomaram com força novamente. A angústia estava lhe consumindo desde que ela havia lhe pedido o tal tempo. Não fazia mais sentido em sua mente estarem brigadas, não mesmo. Como conseguia ser tão idiota?

 

              Sabia que precisava lhe contar tudo, mas era tão difícil. Será que a dor de falar poderia ser maior do que a dor de afastá-la? Lia estava de cabeça quente e ela era sempre impulsiva quando tinha com raiva. Estava decidida a tentar conversar com ela novamente. Não era certo ficarem separadas. Ela era a única certeza que tinha na vida e não iria perde-la. Tinha certeza que não era aquilo que ela queria também.

 

Foi até o Campus decidida a falar com ela e fazê-la reconsiderar. Não conseguia ficar sem ela... não mais! Somente sentindo o carinho dela naquelas últimas semanas é que se deu conta do quanto sua vida era vazia e foi aí que obteve sua resposta. Sim, ela era mais importante do que tudo. Seu coração acelerava fortemente com tudo o que sentia. A amava e tentaria tê-la de volta e se ela estava mesmo apaixonada como dizia estar iria lhe compreender.

 

Assistir aula sempre foi uma coisa chata para Liz, mas naquele dia estava simplesmente insuportável. Não tinha a menor cabeça para estudos agora, só tinha ido ao Campus para falar com sua irritadinha. Antes de começar a aula percebeu que Carlos sentou ao seu lado e começou a encher o seu saco perguntando como estavam as coisas com Lia. Que idiota mais metido! E pensar que Lia, de alguma forma, havia se interessado por ele a fez bufar de raiva. Tentou ignorá-lo até a chegada de Alberto que a cumprimentou normalmente. Ao menos um não a odiava.

 

              Assim que liberaram o intervalo ela foi saindo rapidamente à procura de Lia, mas sentiu quando alguém segurou o seu braço. Era Andreia, uma colega de classe loirinha com quem já havia ficado no semestre passado. Apesar de Liz já ter dito que não ficava com uma mesma garota duas vezes, ela sempre insistiu nisso e quando começou a ficar séria com Lia deixou ainda mais claro que nunca teria outra chance.

 

              — Hey! Você nunca mais tocou para gente no intervalo. A galera está reclamando. — Ela falou sorrindo de lado. — Só pensa em ficar com a namoradinha agora. Ela não deixa?

              — Ah, qual é!? — Liz revirou os olhos e sorriu ironicamente. — Ninguém manda em mim, ok? Mas sim, eu só penso em estar com ela, é isso o que eu quero. Isso incomoda tanto assim?

              — Eu só fico surpresa. — Andreia respondeu, agora séria. — Você disse que não ficava nem duas vezes com a mesma garota, mas agora... O que ela tem de tão diferente? Estou curiosa!

              — Eu também estou surpresa, não posso negar. Eu não sei o que ela tem, mas com certeza me pegou de jeito, não tem explicação. Só ela já fez isso comigo. Agora se você não se importa, eu já vou.

 

              Liz a deixou falando sozinha e quase correu até o pátio onde ela geralmente ficava. Assim que chegou lá a procurou com os olhos e finalmente a viu sentada conversando junto de uma ruivinha no banco largo de cimento. Os seus pés travaram no lugar e ficou apenas as observando de longe. Ela ria e conversava animadamente com essa garota. Rapidamente Liz juntou as sobrancelhas e semicerrou os olhos.

 

              A menina olhava para Lia de uma forma diferente, com uma saliência e a notou sentada muito perto de sua garota enquanto riam de forma espontânea, além de ser realmente muito bonita. Seu estômago deu um solavanco e seu peito comprimiu de agonia. Uma raiva súbita lhe atingiu dolorosamente e se sentiu pequena, sem importância, a raiva lhe tomou de uma forma estranha e enlouquecedora.

 

Teve vontade de correr até elas e separá-las na força bruta, mas tudo ficou ainda pior quando as duas se levantaram e se despediram com um abraço caloroso e demorado demais para o seu gosto. Sua espiração ficou presa em sua garganta.

 

Mas que porr* era aquela? Quem era aquela ruiva? Nunca vira Lia com ela antes. Sentiu-se desolada, uma angústia ainda mais dolorosa do que todas que já havia sentido lhe tomou de forma aterrorizante. A constatação disso a assustou ainda mais. Nada em toda a sua vida fora tão forte quanto a dor passado, mas ali agora, vendo Lia conversar tão animadamente com outra, a deixou em pedaços e enraivecida ao mesmo tempo. Estava sentindo ciúmes pela primeira vez na vida.

 

Percebeu que Lia acabou encontrando o seu olhar e viu que ela ficou estática ao olhá-la. De repente a conversa que pretendia ter com ela perdeu totalmente o sentido na sua mente. Se ela estava ficando com outra, talvez não sentisse realmente o mesmo. Liz nunca duvidou dos sentimentos dela, mas ver aquela cena lhe destruiu ainda mais. Por mais que quisesse ir até ela, não conseguiu. Com a raiva e a insegurança borbulhando dentro de si, foi-se embora sem olhar para trás.

 

No caminho até seu carro, seus olhos ardiam e o desespero a tomou. Não acreditava nisso. Não, não poderia ser. Lia a amava, não é? Ela não ficaria com outra assim tão rápido. Sabia que ela não era aquele tipo de garota. No entanto, o jeito que aquela ruiva a olhava... sentiu náuseas só de pensar nas duas juntas. Mais uma vez saiu em disparada no carro e dirigiu a esmo pela cidade.

 

Quando deu por si, estava naquela mesma praia onde tinha a ponte romântica que passara a tarde com Lia uma vez. Engraçado ter ido até ali. Foi quando finalmente decidira se envolver seriamente com ela. Quando poderia imaginar que aquela garota certinha de gênio forte que lhe odiava seria agora a pessoa mais importante de sua vida? Nunca!

 

O ciúme estava lhe consumindo, ardendo em suas veias. Quem era aquela garota ruiva? Não parava de se perguntar a mesma coisa. Como Lia teria coragem de já estar daquela forma com uma outra garota? Se sentiu devastada com a cena que viu. Lia parecia estar tão na sua que aquela era a última coisa que esperava. Logo quando decidira falar tudo... Como ela podia estar fazendo aquilo com as duas?

 

              Triste, Liz foi até a beira da praia e caminhou pensativa pela orla por longos minutos. Sempre que se sentia mal corria até o mar para tentar clarear as ideias e recarregar as energias. O mundo todo parecia conspirar contra ela desde sempre. Primeiro perdera sua mãe em um horrível acidente de carro e depois o seu pai a deixara... como poderia superar todas aquelas coisas? E agora que finalmente se apaixonara por uma garota maravilhosa pela primeira vez na vida também a estava perdendo.

 

Sentiu o vento forte do litoral acertar em seu rosto e o sol queimar a sua pele. Mais lágrimas rolaram por sua face e todas as lembranças das duas juntas tomaram conta de sua mente. Arrepiou-se ao pensar na primeira vez das duas. Foi a coisa mais perfeita e especial que já sentira na vida. Naquele dia ficou ainda mais claro que os seus sentimentos eram mesmo profundos e reais. A forma como Lia havia se entregado foi uma bela surpresa e totalmente inesperada. Estava louca e verdadeiramente apaixonada por ela, não tinha para onde correr.

 

Com a cabeça um pouco mais fria resolveu ponderar sobre a cena que viu. Era evidente que a ruiva estava com segundas intenções e Lia, bem, ela parecia apenas estar conversando animadamente, mas aquele abraço... sentiu uma dor só em relembrar. Nunca vira aquela menina antes e se sentia insegura pela primeira vez. O que Lia estava fazendo com ela? Já estava tão mal com toda a sua vida que a última coisa que precisava era disso agora.

 

Resolveu apenas voltar para o seu apartamento e foi para o seu quarto de imediato. Não queria que Vivi lhe encontrasse naquele estado e não estava a fim de falar sobre aquilo. Exausta, cochilou por um bom tempo. Acordou-se com o telefone a tocar e seu coração deu um pulo de ansiedade.

 

Pegou o celular e olhou na tela, mas era apenas Jack. Arrasada, o atendeu. Ele perguntava se ela iria aparecer para ensaiar de tarde, assustou-se quando viu que já passava das três da tarde. Não se sentia animada para fazer nada, mas resolveu ir, os meninos contavam com ela para a apresentação no final de semana. Talvez fosse bom descontrair um pouco sua mente e nada melhor do que música naquele momento.

 

                                              ***

 

 Pov Lia

              Lia se sentiu estranha quando viu Liz se afastar tão magoada. Não tinha feito nada errado, mas ficou com receio de que ela pensasse o pior. Com certeza ela havia ficado magoada quando a viu trocar aquele abraço com Vanessa e ficou com medo de afastá-la ainda mais caso ela começasse a pensar bobagens. Passou o dia todo à espera de alguma mensagem, mas nada. Nunca havia queimando tanto neurônio na vida pensando em uma pessoa só. Liz a consumia cada vez mais.

              A terça foi um desânimo mais uma vez. Porém, teria que estudar com Vanessa como havia prometido. Despedindo-se de Cris, as duas foram almoçar na cantina do Campus e depois foram para a biblioteca. Ao menos serviria para distrair a sua mente. Lia notou que Vanessa gostava muito de vestir xadrez com calças jeans skinny, estava mesmo começando a gostar do estilo dela, fora que combinava muito bem com o seu lindo cabelo comprido e ondulado.

              — Você gosta de rock, Vanessa? — perguntou de supetão enquanto as duas retiravam os materiais de dentro das mochilas.

              — Gosto sim. — respondeu com aquele mesmo sorriso alegre e sincero de sempre. — Por que a pergunta?

              — Nada! Você parece ter o estilo de quem curte rock. — declarou, se sentindo sem graça.

              — Fico muito feliz em saber disso. — Ela parecia alegre de verdade. — Eu sei que não sou tão roqueira igual a sua namorada, mas eu amo rock sim.

              Aquela frase fez Lia parar de súbito. Vanessa apenas continuou arrumando os cadernos e livros, procurando a matéria. Ela estava falando sobre Liz? Como Vanessa sabia que eram namoradas?

              — Por que disse isso? — Estava realmente curiosa e Vanessa voltou a olhá-la confusa.

              — Ué! Você não é a namorada da cantora aqui do Campus, a Liz?

              — Eu era. — declarou tristemente. — Mas como sabe disso?

              — Todos comentam, Lia. A Liz é famosinha aqui na universidade. Quando vocês começaram a ficar juntas, geral falou sobre isso. 

              Lia ficou surpresa com a informação. Quer dizer que havia caído “na boca do povo”? Vanessa pareceu receosa e depois de ponderar, voltou a perguntar curiosa.

— Mas como assim você era namorada dela?

              — Nós terminamos semana passada. — Um nó se formou em sua garganta.

              — Ah. — Vanessa fez uma carinha triste de pena. — Que barra! Vocês ficavam tão lindinhas. Às vezes eu via as duas juntinhas no pátio e era a coisa mais fofa.

              O estômago de Lia deu uma cambalhota. Lembrar desses momentos era doloroso, mas ainda estava curiosa.

              — O que as pessoas falavam sobre nós?

              Vanessa ficou calada por um momento, sem saber o que dizer. Parecia ponderar algo e falou por fim, parecendo tomar cuidado com as palavras.

              — Bom, Liz ficou conhecida rapidinho no Campus. Tanto por ser uma cantora muito talentosa quanto por ser muito linda. Você sabe que ela fazia o maior sucesso com as garotas. Por isso falavam tanto de vocês. Porque ela agora estava séria com alguém. Você é fodona por isso, entende?

              — Entendo! — declarou por fim e mudou de assunto. — Vamos começar logo esses estudos, não temos muito tempo.

Seu peito apertou de saudades ao mesmo tempo que ficou feliz em saber que as pessoas pensavam aquilo sobre as duas, de que ela havia “conquistado” a roqueira linda e rebelde que todas cobiçavam. Era humana, afinal, foi bom para a sua vaidade saber isso.

 

              Na quarta seu coração parou por alguns segundos quando Liz apareceu no pátio e seguiu em sua direção toda decidida e com aquela expressão de determinação. Lia estava sentada junto de Cris e Alberto hoje, por isso ficou feliz quando a viu.

 

              — Olá! — Liz cumprimentou a todos educadamente como sempre e depois se dirigiu a Lia. — Será que podemos conversar um pouco?

              — Sim.

              Lia suspirou, seu coração explodiu de emoção. Será que ela finalmente havia se decidido? Não queria se iludir, mas a expectativa e ansiedade foram inevitáveis. Elas foram até uma parte do pátio que não tinha ninguém por perto e se sentaram de frente uma para a outra nos bancos. Liz segurou em suas mãos. Percebeu como as dela estavam suadas e frias.

              — Você está bem? — Liz a fitou profundamente nos olhos.

              — Estou indo. — respondeu com sinceridade. Não poderia mentir e nem conseguia.

              — Estou com saudades de você, Lia. — declarou com aquele tom de voz carinhoso. — Por que estamos longe mesmo? Não faz sentido.

              A pergunta a irritou muito. Como Liz poderia ser tão idiota?

              — Você tem algum tipo de problema? — disparou irritada. Era como se ela fizesse poucos dos seus sentimentos. — Será que não entende que me magoou?

              — Eu já pedi desculpas...

              — Isso não é o suficiente, Liz. — Lia cuspiu as palavras. — Tudo o que eu falei semana passada foi sério. Não quero que venha me procurar à toa.

              Tentou se levantar, mas Liz segurou firmemente as suas mãos, impedindo-a de sair.

              — Não faz isso comigo, Lia. Eu sou louca por você. Dói estar longe de você... — Os olhos dela estavam devastadoramente tristes e Lia sentiu seu peito doer.

              — Dói? — Lia a encarou de volta duramente. — Então me conta tudo o que aconteceu.

              — Eu vou contar. Só peço um tempo antes.

              Lia balançou a cabeça em negação e deu um sorriso triste.

              — Sabe quantas vezes você já sumiu me deixando preocupada e sem justificativa alguma? — Não a deixou responder e continuou: — Três vezes. Três. Quantas mais pode acontecer? Se você gosta mesmo de mim como diz que gosta, então prove!

              — Qual, é!? — Ela revirou os olhos e suspirou. — Eu preciso de você e não disso agora. Sabe que eu gosto de você de verdade, Lia. Estou apaixonada...

              — Eu preciso que confie em mim. — Dessa vez conseguiu desfazer-se do toque dela e se levantou rapidamente antes que cedesse. — Não fique insistindo.

              — Lia, por favor.

Liz a chamou em um tom melancólico, mas ela saiu dali. Tudo o que queria era os toques e carinhos dela, só Deus sabia a falta que o corpo dela fazia ao seu. Sentia falta de tudo, mas não poderia aceitar menos do que merecia.

 

Passou a semana toda com o coração angustiado. Não vira mais Liz o restante dos dias e ao invés de estar sossegada, só conseguia ficar mais ansiosa e aflita. Tinha medo do que ela poderia fazer estando “solta” novamente e só de pensar nela com outra garota, seu estômago revirava.

 

A sua sorte mesmo era Vanessa. A ruivinha estava se tornando uma companhia bem agradável e o melhor de tudo, conseguia se distrair muito com ela. Entre um estudo e outro, as duas conversavam sobre assuntos particulares, o que era estranho, pois Lia nunca foi uma pessoa de se abrir facilmente com alguém. Era escorpiana, afinal, e escorpianos eram desconfiados por natureza. No entanto, ao longo dos dias, ela se mostrava uma amiga muito legal e de confiança.

 

As provas vinham se aproximando e começariam na segunda semana de outubro. A cabeça de Lia estava em miséria. Estudar nunca fora um problema, mas ultimamente sentia seu cérebro lento e desfocado e sempre acabava se esforçando em dobro para conseguir prestar atenção nos conteúdos e explicações. Então o final de semana foi ficar trancada em casa, estudando com Cris, ou ao menos tentando.

 

A todo momento Liz surgia em sua mente. Sem notícias dela, ficava cada vez mais desiludida e sem esperanças de que ela falaria alguma coisa. Aquilo mexia demais com o seu emocional. Será que não era digna o suficiente da sinceridade dela? Se sentia pequena e desprezível. O silêncio era a sua resposta e depois ela ainda teve a cara de pau de dizer que estava com saudades. Se estivesse mesmo faria o esforço para tê-la de volta.

 

Sua semana se baseou em estudar, estudar e estudar. Tanto na biblioteca com Vanessa, quanto para as provas quando chegava em casa. Admitia que não fazia isso nem para alcançar boas notas ou mesmo a vaga do intercâmbio, mas principalmente para se distrair. Evitou ir para o pátio na hora do intervalo na segunda, não queria correr o risco de vê-la, não se sentia preparada para isso.

 

Na terça seu telefone tocou na hora do intervalo. Ela tentava comer, mas estava difícil novamente. Tinha dias que estava melhor e em outros a deprê batia com força. Seu coração pulou e quando olhou no visor, viu o nome de Liz. A felicidade preencheu seu peito, era inevitável.

— Oi Liz!  — Sua voz saiu temerosa ao atender a ligação.

              — Oi, linda. — A voz de Liz saiu manhosa, naquele tom que sabia que só era usado com ela. Tinha vontade de desistir de tudo e ficar com ela. — Está tudo bem?

              — Por que a pergunta? — Estranhou. O que ela queria afinal?

              — Não estou te vendo aqui no Campus. Fiquei preocupada apenas. Você nunca falta.

              — Ah! — Sentiu-se decepcionar. — E você está me procurando porquê dessa vez?

              Perguntou com certa esperança. Se sentia uma idiota tremenda por isso. No entanto, só ouviu o silêncio. Com um suspiro pesado, despediu -se.

              — Tchau, Liz.

              — Espera, Lia...

Estava ficando cada dia mais claro que os sentimentos dela não eram assim tão fortes. Tinha vontade de chorar. Já era o segundo contato que Liz fazia sem objetivo algum e estava se machucando a cada vez que tinha suas esperanças “destruídas”. Decidiu continuar evitando-a no Campus. Talvez o melhor mesmo fosse ficar longe dela.

Na quinta Vanessa lhe mandou uma mensagem:

 

            Vanessa: “Estou aqui no pátio com o seu crepe favorito. Sai dessa sala e vem cá!”

              Lia não pode evitar sorrir com a mensagem da amiga. Amiga? Assustou-se ao perceber que já a considerava tanto assim, se sentia tão bem conversando tanto com ela quanto com Cris e aquilo estava sendo um ponto muito positivo naquelas semanas tão tortas. Por simpatia, carinho e consideração, decidiu sentar-se com ela e teve esperanças de que não visse Liz.

 

              Assim que a viu, Vanessa abriu o seu sorriso radiante e lhe entregou o crepe. Ela sabia que Lia não estava muito bem naquelas semanas e que o motivo era o seu término de “namoro” com Liz. O mais engraçado sobre a ruiva era que ela sempre conseguia fazer Lia se sentir à vontade para falar o que quer que fosse. Durante o intervalo elas ficaram vendo vídeos engraçados nas redes sociais e por mais que fosse uma idiotice sem tamanho, estava conseguindo se distrair.

              Teve uma surpresa enorme quando Liz se aproximou das duas com a expressão extremamente chateada, firme e aborrecida.

              — Será que pode vir comigo por um minuto? — Sua voz estava trêmula e seu olhar desesperado.

              — O que você quer dessa vez?

              — Só vem comigo, droga! Será que pode apenas vir? Prefere ficar aqui com essa garota? – falou em tom de desprezo.

              — Vai se foder, Liz. — Respondeu entre dentes, tentando controlar a raiva que sentia. — Vê se cresce.

              Foi até Vanessa e disse que voltaria para a sua sala e saiu deixando as duas. Não tinha a mínima vontade de estar no mesmo ambiente que ela naquele momento. Sabia como era ruim sentir ciúmes e a entendia, mas se sentiu extremamente aborrecida com o tom grosseiro que ela falou de Vanessa, a amiga não tinha nada a ver com isso.

 

              Lia estava decidida a ir para casa no final da aula, realmente não tinha cabeça para nada quando discutia com Liz. No entanto, Vanessa a esperava perto de sua sala e pediu para que ela ficasse. Tentada, falou com Cris e disse que ela poderia ir andando com Alberto. Juntas, foram almoçar rapidamente e depois seguiram para a biblioteca. Sabia que hoje seria uma tentativa em vão, mas ficar sozinha em casa seria pior.

 

              — Hey! — Ouviu a voz de Vanessa ao longe e a olhou. — Você está bem? Quer falar sobre o que aconteceu?

 

              Lia suspirou. Precisava mesmo desabafar com alguém.

            — Desculpe pelo modo como ela falou com você. Ela nunca é grosseira com as pessoas.

              — Não se preocupe com isso, Lia. — Vanessa tomou a sua mão na dela por cima da mesa e lhe fez um carinho reconfortante. — Eu entendo muito. Vocês se separaram recentemente.

              — Não justifica ela ter sido grossa daquele jeito.

 

              Vanessa apenas sorriu com bom humor.

              — Ela está com ciúmes, Lia. Acho isso fofo. Eu não sei o que aconteceu entre vocês, mas está na cara que ainda se gostam muito.

              Vanessa declarou, deixando-a super pensativa. Estudar com ela era muito bom, as duas conseguiam se completar bem, quando uma não sabia de algo a outra entendia mais e assim foram conseguindo absorver a matéria com muita facilidade. Depois de umas duas horas de estudo, ela fez questão de lhe levar em casa e no carro disse que estaria sempre ali para lhe ajudar caso precisasse.

              Depois de tanto desgaste emocional e mental, resolveu tomar um banho quente e dormiu a tarde inteira. Acordou-se incrivelmente melhor e bem-disposta. Já era noite. Cris havia pedido sushi para as duas jantarem o que animou Lia bastante. Ficou na sala com Cris, elas assistiam filme e Lia lhe contou o que acontecera pela manhã.

              — Ela está mesmo com ciúmes, Lia. — Cris declarou por fim. — A Vanessa é uma ruiva linda, não me admira se ela estiver pensando besteira.

              — Eu jamais faria isso. Eu não consigo ficar com uma pessoa estando apaixonada por outra.

              — Nós sabemos disso. Mas será que ela sabe? — Cris passou a mão em seus cabelos. — Amiga, você está sofrendo longe da Liz. Ela também não parece estar diferente. Já faz duas semanas que estão afastadas. Por que não tentam conversar?

              — Eu já conversei, Cris. — Uma lágrima dolorida escapou de seus olhos. — Liz não quer se abrir comigo. Estou morrendo de saudades dela.

              — Será que não está na hora de perdoá-la? — ponderou Cris, comovida. — Vocês se gostam demais.

              — Eu preciso que ela me leve a sério, Cris. — Falou magoada. — Esse negócio de sumir sem me dizer nada foi o cúmulo do absurdo. Eu não posso aceitar menos.

              — É. — Cris suspirou pesadamente. — Diante disso eu não posso argumentar.

              Quando voltou para o quarto viu que havia deixado o telefone sobre a mesa e quando o pegou, viu que haviam várias mensagens e ligações de Liz. Seu coração bateu forte de preocupação. Será que havia acontecido algo? Quando estava para retornar a ligação, seu telefone começou a chamar novamente e finalmente a atendeu.

              — Liz. Aconteceu alguma coisa?

              — Ah! Finalmente a senhorita estudiosa resolveu me atender. — Lia fechou a cara no mesmo instante quando percebeu que ela estava com a voz super embriagada.

              — O que você quer dessa vez?

              — Cadê a sua amiguinha? — Liz soluçou do outro lado da linha. — Ela tem o beijo tão bom quanto o meu, hein? Me diz.

              — Que porr* você está falando, Liz? — A raiva estava lhe consumindo. Raiva e tristeza.

              — Me diz, Liana. Ela te deixa com tesão igual a mim. Ela te toca da mesma forma que eu? Você me traiu com aquela fulana...

              Como ela ousava lhe falar aqueles disparates todos? Como ela tinha coragem de achar que era aquele tipo de garota? A vontade que teve foi de dar um soco na cara dela naquele momento. Por sorte estavam apenas ao telefone.

— Escuta aqui, Liz. O nome dela é Vanessa e ela é apenas uma amiga. Estamos estudando juntas. Não que isso seja da sua conta. — Explodiu de volta. Não tinha paciência para nada daquilo. — Você não tem o direito de vir me exigir qualquer coisa. Nós não temos mais nada e não fique mais me ligando bêbada desse jeito. Você não passa de uma egoísta irresponsável. Não me liga mais, porr*!

Desligou na cara dela e assim que o fez, bloqueou o contato dela tanto para as mensagens quanto para as ligações. Não iria mesmo aguentar os desaforos dela. Estava se tremendo toda de raiva, pegou o travesseiro e começou a bater com ele no colchão. Fez isso repetidas vezes até que a raiva passasse um pouco mais. Trancou-se no quarto e ouviu quando Cris a chamou do lado de fora, mas apenas a ignorou. Queria mesmo ficar sozinha. Já passava das dez da noite e mais uma vez, chorou até dormir e sempre pelo mesmo motivo, Liz.

Acordou-se totalmente  desanimada. Sua cabeça doía devido a todo o choro da noite passada. Cris entrou em seu quarto de mansinho, checando se estava tudo bem com ela:

– Ei, amiga. Você está bem?

— Eu não sei, Cris. — Lia sentou-se na cama e enterrou o rosto nas mãos. — Eu só queria estudar quando eu vim para cá. Semana que vem já são as provas e eu estou me sentindo destruída. Eu acho que não vou hoje universidade.

— Lia, eu sei o quanto tudo isso é difícil, ok? Eu já tive o meu coração ferido antes e sei a barra que é. Principalmente quando é o nosso primeiro amor. Mas a gente não pode deixar de seguir com a nossa vida. Você é uma aluna exemplar e está concorrendo a essa bolsa. Você sabe que a aula de hoje é extensa e terá bastante revisão para semana que vem.

— Eu sei, Cris. — Suspirou pesadamente. — Eu sinto que não tive um momento para respirar direito. Eu não sei mais nada. É tudo tão chato sem ela. Eu me sinto uma idiota.

— Isso é normal, amiga.

— Você não entende! — Falou exasperada. — Liz só me magoa, me faz raiva e me esconde as coisas. Como eu posso gostar de alguém assim?

— A gente sempre gosta das coisas mais complicadas. É fato.

— É uma grande droga, isso sim.

— E então? — Cris a abraçou. — Te espero ou vou embora?

— Eu vou tomar um banho rápido.

— Essa é a minha garota. Como recompensa vamos lanchar lá hoje e faço questão de pagar seu café-da-manhã.

Lia sorriu da fala da amiga e foi se aprontar. Chegaram um pouco atrasadas, mas tudo bem. Não iriam perder tanta coisa assim. Depois do café-da-manhã, elas foram para a aula. Tinha muito a agradecer por ter Cris em sua vida, sempre teve certeza disso, mas nos últimos tempos somente atestava o quanto tinha sorte de ter a sua amizade tão valiosa.

No intervalo, evitou sair da sala e se encontrar com Vanessa no pátio, então apenas respondeu a sua mensagem e confirmou os estudos para depois da aula. Já que Liz estava tão transtornada de ciúmes também não iria ficar provocando, até porque sabia como o sentimento era incontrolável. Não poderiam continuar assim, precisavam ter uma conversa séria sobre aquela situação. Não conseguiam ficar longe uma da outra. Tudo aquilo explodia em seu peito constantemente e não sabia por quanto tempo mais conseguiria sufocar tudo aquilo dentro de si.

Bem como Cris havia previsto, a última aula foi bem extensa e cheia de conteúdo corrido de última hora. Algumas coisas sempre acabavam se atrasando, era inevitável. Quando tudo finalmente acabou, ela se despediu de Cris e foi se encontrar com Vanessa. Ela estava ainda mais linda hoje, o sol estava a pino e na luz forte conseguiu vislumbrar as suas sardas delicadamente espalhadas por sua pele.

Assim que as duas se cumprimentaram, Lia automaticamente sentiu uma sensação boa de estar perto dela. Isso a fez lembrar-se de Liz. Seu estômago embrulhou. Sentia coisas conflitantes por ela naquele momento. Porém, aquela energia boa que sentia vindo da ruiva era similar à que sentia quando estava perto de Liz assim que começaram a se conhecer. Não sabia o por quê, mas se sentiu estranha com isso.

— Aconteceu algo? — Vanessa perguntou preocupada. — Parece tão abatida, Lia.

— Vamos almoçar que eu te conto!

Durante a refeição, Lia relatou tudo que Liz lhe dissera na ligação e para sua surpresa, Vanessa apenas riu da situação.

— Não tem graça, isso. — Reclamou, fechando a cara.

— Lia, desculpe. — Ela pôs a mão na boca para abafar o riso. — É que eu já passei por isso com a minha primeira namorada e...

— Sua namorada? — Perguntou um pouco surpresa. — Nossa! Eu achei que você fosse hétero.

— Por que pensou isso?

— Eu não sei. — Lia tentou se explicar. Vanessa simplesmente não parecia ser lésbica. Bem, na verdade nem ela própria também parecia. Enfim. — Eu só achei que fosse. Naquele dia falamos sobre eu e Liz e você nunca disse nada.

— Desculpe! Apenas não me ocorreu.

Lia sempre conseguia se distrair com Vanessa, era incrível. Estava surpresa por ela ter se tornado uma pessoa presente em sua vida em tão pouco tempo. Só havia se sentido assim antes com Cris e depois com Liz... onde será que ela estava? O que estaria aprontando? Apesar de estar puta com ela, também sentia falta. Estava se sentindo verdadeiramente carente e ainda mais sensível naquela semana.

Assim que começaram a revisar o conteúdo, Lia ainda estava com a cabeça longe, pensando em Liz. Por mais que não quisesse, não conseguia parar. Vanessa percebeu como ela estava e foi sentar-se ao seu lado.

— Hey, Lia. — Disse a abraçando. Lia retesou-se um pouco com o contato, mas permitiu-se ser afagada. Estava mesmo precisando. Repousou a cabeça no ombro dela e sentiu o cansaço da semana lhe tomar. — Você está pior que nos outros dias.

— Brigar com Liz me suga muita energia. As vezes, parece que eu vou morrer de tantas coisas que eu sinto ao mesmo tempo.

— Eu sei bem como se sente. — Vanessa estava agora com a face muito próxima a sua. — Você é uma mulher incrível, Lia. Não pode ficar sofrendo assim.

Percebeu que ela se aproximava perigosamente e cada vez mais de seus lábios. Delicadamente pousou a mão sobre seu peito para afastá-la, mas foi tarde demais...

 

***

Pov Liz

 

O restante da semana arrastou-se dolorosamente. Quis falar com Lia várias vezes, e na quarta-feira tentou conversar com ela. No entanto, Lia estava irredutível e obstinada a lhe arrancar a verdade. Liz se irritava com aquela insistência toda. Como ela poderia lhe exigir tanto assim? Será que não percebia como estava mal? Se ela gostava tanto de si quanto dizia, deveria respeitá-la e ampará-la, era o que mais queria. Sem falar na ruiva que agora aparecera entre as duas.  Não poderia perde-la para a outra. Por sorte não a viu com Lia durante o resto da semana, mas não conseguia tirar a cena das duas se abraçando com tanta intimidade no pátio.

              No final de semana ao menos teve a distração e a correria das apresentações. Tiveram uma no sábado e outra no domingo. Tocar para a galera sempre lhe dava um Up nas energias e entre músicas e bebedeira, conseguiu se distrair um pouco e seu astral melhorou. Uma garota de cabelo curtinho e usando óculos se aproximou dela e ficou puxando papo sobre música, lembrou-se de Lia no mesmo momento. A noite acabou ali para ela.

              Como acordou com uma ressaca muito grande na segunda-feira, não teve coragem de ir para o Campus. Estava se sentindo um pouco melhor até e não queria mesmo correr o risco de ver Lia com aquela garota novamente e já que ela não queria vê-la, não iria forçar a barra. Pela noite fuçou as redes sociais dela, mas Lia não as usava muito. Apenas ficou vendo as fotos mais antigas que ela havia compartilhado e as músicas que ouvia.

              A música tinha sido a coisa que mais as havia aproximado. Se fechasse os olhos conseguia ouvir toda uma trilha sonora perfeita em quase todos os momentos das duas juntas. Tudo com ela era mais feliz e perfeito em sua vida. Não poderia perdê-la, não ela...

Na terça-feira, Liz acordou se sentido decidida a falar com Lia novamente e mais uma vez foi até a universidade com esse intuito. Depois de toda a chatice da primeira aula, correu até o pátio e não a encontrou. Esperou por algum tempo, mas ela não apareceu. Varreu com os olhos ao redor. Não a viu, nem mesmo um vislumbre. Lia raramente faltava aula e logo preocupou-se com ela. Não aguentando mais, ligou para ela e torceu para que lhe atendesse dessa vez. Precisava ouvir mesmo que um pouco aquela voz doce e delicada que sempre a acalmava.

Sentiu-se feliz por ela ter lhe atendido e seu coração quase saiu pela boca ao ouvir aquele tom suave. Caralh*! Que saudades sentia daquela garota. Quando Lia perguntou o que ela queria, ficou calada sem saber o que dizer. Queria contar tudo, estava muito balançada com isso, mas simplesmente não conseguiu falar. Ouviu quando Lia deu um longo suspiro do outro lado da linha e lhe deu tchau.

              Ela desligou em sua cara. Com um suspiro de frustração acabou voltando para a sala, onde o professor já começava a dar revisão para a prova na próxima semana. Sabia que dessa vez iria se sair mal nos exames, sua cabeça transitava da carta para Lia e de Lia para a carta. Sinceramente não sabia qual assunto lhe era mais delicado no momento, não conseguia se concentrar em mais nada.

              Na quarta-feira foi o mesmo esquema, não a viu no pátio e nem na saída. Com certeza ela estava a evitando de propósito. Liz se sentia mal com toda a situação, precisava mesmo falar com ela, já havia lhe dado tempo de sobra para se acalmar. Por sorte ela teve ensaio pesado com os meninos durante toda a semana e pelo menos suas tardes já estavam sendo preenchidas, aproveitava para descontar suas frustrações no violão e na sua guitarra.

Na quinta-feira ela voltou a procurar por Lia no pátio e dessa vez a viu conversando com a mesma ruiva mais uma vez. Puta que pariu! Suas entranhas estavam se revirando de desespero. O modo como aquela garota a olhava deixava claro o interesse em sua face. Ela se meteu na conversa das duas e pediu para conversarem a sós.

Sentiu que Lia ficou balançada com sua presença, mas como a pessoa teimosa e orgulhosa que era, pediu licença a ruiva do lado e lhes deu as costas, indo embora. Ela estava fazendo um jogo muito duro e isso estava magoando Liz mais do que poderia suportar. A ruiva parecia surpresa com o que acabara de ver e apenas ficou quieta no seu canto. Foi impossível para Liz não analisa-la e sabia que estava com uma cara nada amigável.

No final da aula saiu pelo Campus procurando-a com anseio, quando não a viu passar pelos portões. Falaria com ela sem mais delongas. Finalmente a encontrou e mais uma vez ela estava com a ruiva novamente. Elas estavam saindo juntas da lanchonete e indo para a direção oposta à saída. O estômago de Liz sempre revirava ao vê-la com aquela garota, pois tinha certeza que essa fulana estava louca para pôr as mãos em sua garota. Sem conseguir se conter, Liz as seguiu. Estava com muito medo do que poderia ver, mas a curiosidade foi mais forte do que ela. Queria ter a certeza do que realmente estava rolando com aquela ruiva, se sentia quase obcecada.

Elas foram até a biblioteca imensa do Campus e sentaram-se em uma das mesas grandes dispostas no salão. Liz se escondeu em uma das sessões e as observou pelas brechas das prateleiras. Elas pegaram livros e cadernos e começaram a estudar juntas e pareciam bastante entretidas nisso. Apenas isso. Liz passou um bom tempo as vigiando, já passava de uma da tarde e seu estômago estava roncando. Elas começaram a conversar como se fossem íntimas e em determinado momento a ruiva segurou a mão dela com firmeza lhe fazendo carinho. Desistindo de ficar ali vendo aquela palhaçada, apenas deu-se por vencida e foi embora tristonha.

Depois do ensaio com os meninos, eles se jogaram no sofá da garagem onde ensaiavam e beberam por um longo tempo. Ao menos com sua banda Liz podia contar, eles eram os melhores sempre, com eles, conseguia sempre distrair sua mente. Bebeu um pouco além da conta e assim que voltou para o seu apartamento que ficou sozinha, a imagem de Lia próxima aquela garota tomou conta de sua mente mais uma vez e não se conteve, ligou para ela várias vezes até a atendesse.

Magoada a confrontou sobre quem era a sua nova amiguinha e a acusou de a estar traindo com a ruiva do Campus. Lia disse que o nome dela era Vanessa, que as duas eram apenas colegas de estudo e não daria satisfação de sua vida, pois ela já não era nada sua para lhe exigir algo e desligou o telefone em sua cara novamente. Tentou ligar novamente, mas a ligação nem ao menos completava e abriu as conversas das duas, mas quando foi digitar a mensagem, viu que o perfil dela estava sem foto. Ela a havia bloqueado.

Liz foi dormir muito magoada e chateada e todos os momentos ruins lhe tomaram. Ela chorou como nunca antes e gritou o nome de Lia várias vezes em desespero. Precisava dela. Saiu do quarto e foi à procura da chave do seu carro, mas Vivi a havia escondido para que não saísse bêbada daquela forma. Ela desabou no sofá, a amiga lhe abraçou e ficou ao seu lado, vendo-a chorar desesperada até pegar no sono.

Na sexta acordou com uma dor de cabeça enorme e as costas em ruínas por ter dormido de mau jeito no sofá da sala. Viu que já era oito da manhã e foi à procura de algum remédio. Estava se sentindo uma verdadeira idiota pelo que fizera na noite anterior. Sabia que só havia deixado Lia ainda mais puta de raiva com aquela ligação, mas não conseguiu se controlar. O ciúme estava lhe corroendo rápido como um veneno poderoso. Precisava pôr a cabeça no lugar.

Tomou um banho demorado e escovou os dentes. No espelho notou a expressão medonha que tinha na face, estava pálida e com olheiras. Sabia que não estava se alimentando direito nos últimos dias e se sentia fraca, mas simplesmente não tinha apetite nenhum. Decidiu ir para a universidade, tentaria se desculpar com Lia pelas coisas que dissera na noite passada, se sentia uma verdadeira idiota. Arrumou-se propriamente e usou um pouco de maquiagem para disfarçar, secou o cabelo e perfumou-se.

Passou em um supermercado próximo que servia café-da-manhã e mesmo sem vontade alguma de comer, montou um prato digno e rico com coisas que gostava e se obrigou a ingerir tudo calmamente antes de ir falar com ela. Não precisava espantá-la, não queria que ela tivesse pena, queria ser aquela pessoa pela qual ela se apaixonara. Mesmo sabendo que ela merecia uma pessoa melhor, simplesmente não iria desistir dela.

Chegou no Campus por volta das dez da manhã e decidiu assistir a última aula. Assim que terminou esperou pacientemente por Lia nos portões, mas novamente não a encontrou. Será que ela estava na biblioteca novamente com a tal Vanessa? Sabia que iria se machucar indo até lá. Fez uma prece silenciosa, pedindo para que as duas estivessem de fato, apenas estudando.

Com o coração na mão foi até lá vagarosamente mais uma vez e se escondeu pelas sessões de livros à procura das duas em algumas das mesas. Dessa vez elas estavam sentadas ao lado uma da outra. Vanessa a amparava em um abraço muito caloroso. Lia estava com uma expressão triste e repousava a cabeça sobre o ombro dela. Aquele contato fez o peito de Liz apertar dolorido e suas entranhas queimaram de raiva e tristeza.

Percebeu que Vanessa tocou a face delicada da sua irritadinha e a puxou para encará-la. Lia pareceu surpresa e permaneceu estática enquanto escutava a outra lhe falar alguma coisa. Tudo pareceu acontecer em câmera lenta e percebeu quando o rosto de Vanessa desceu perigosamente para perto do de Lia como se fosse beijá-la. Aquela foi a gota d’água para Liz. Enfurecida e magoada, andou rapidamente, pisando firme até onde as duas estavam.

Lia a viu se aproximar e se separou da ruiva com um sobressalto, como se acordasse para a realidade e arregalou os olhos surpresa. Vanessa notou a sua afobação e seguiu a direção do seu olhar, reparando finalmente em sua presença. Liz ia separá-las, toda a razão e bom senso lhe abandonaram e a única coisa que conseguia pensar era nas duas quase se beijando. Isso não poderia permitir, Lia era sua, apenas sua, de mais ninguém!

Quando aproximou-se em definitivo, Lia se pôs de pé e ensaiou falar alguma coisa, mas Liz adiantou-se, olhando bem aquela face delicada que parecia transtornada naquele momento.

— Então é assim, Liana? — Sua voz saiu alta em um tom cortante e enfurecido, segurou os braços de Lia em desespero e a puxou para si. — Está me traindo?

— Eu não quero uma cena aqui, Liz. Pare com isso! — Lia pediu com a voz baixa, já que estavam na biblioteca e o local estava silencioso e ela olhou ao redor. As pessoas já começavam a olhá-las, mas não se importava. — Eu não estou traindo você, não temos mais nada, lembra?

As palavras duras dela foram como um bofete em sua face. Ela tinha uma expressão de raiva e incômodo. Como estava sendo tão fácil para ela conseguir lhe esquecer? Como ela poderia estar falando aquelas coisas todas?

— Você sabe muito bem que não tinha acabado!

Disparou magoada e as lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto. Lia se desvencilhou das suas mãos que a seguravam firmemente e se afastou. Reparou quando Vanessa se pôs de pé e ficou ao lado de Lia.

— Liz, por favor. — Vanessa foi até ela. Teve vontade de esganar aquela ruiva metida. — Vamos conversar lá fora, não é nada do que você está pensando.

— O que você quer com a minha namorada?

Com a força do ciúme, Liz avançou nela, mas Lia se pôs entre as duas e segurou o seu rosto entre as mãos, fazendo-a encará-la.

— Para, por favor! — Lia pediu mais uma vez. Reparou que os olhos castanhos lindos dela estavam tristes e molhados.

Liz passou a mão pela face dela. Sua respiração estava acelerada, assim como o seu coração. Ver Lia se quebrando na sua frente lhe arrasou completamente. Deixou-se ser guiada por ela para fora da biblioteca e assim que ficaram à sós Liz avançou em seus lábios, não tinha mais controle sobre nada e a única coisa que queria era o beijo dela novamente. Apesar da raiva que sentia, tinha saudades daquele contato, daquele gosto e da textura.

Lia lhe correspondeu por alguns poucos segundos e depois a afastou bruscamente.

— O que pensa que está fazendo?

— Estou beijando a minha namorada. — Liz tentou se aproximar novamente e abraçou pela cintura com firmeza, colando o corpo dela ao seu e enfiando a cabeça em seu pescoço. — Eu adoro o seu cheiro. Adoro você todinha. Por favor, não fica com essa oferecida. — Implorou com a voz manhosa e chorosa.

              Lia a empurrou mais uma vez para longe e a olhou magoada.

              — Eu já aguentei muita coisa sua, Liz. E eu não sou mais a sua namorada. Acho que talvez nunca fui. Você não confia em mim.

              — Isso não é verdade. — Liz tentou se aproximar, mas Lia lhe parou. — Eu confio em você, sim. Por que não pode respeitar o meu tempo?

              — É justamente isso que eu estou fazendo, Liz.

              — Eu não quero ficar longe de você.

              Lia a encarou por um momento e as duas ficaram em silêncio. Ela fechou os olhos e viu quando uma lágrima cortou a sua face linda e delicada. Seu coração doeu com isso.

              — Me deixa em paz, Liz. Sai daqui.

              Lia falou secamente e voltou para a biblioteca. Liz ficou estática ali, vendo-a se afastar, indo cada vez mais para longe dela. Seu coração se quebrou ainda mais e o desespero voltou a tomar conta de si. Saiu praticamente correndo até o carro e tentou segurar as lágrimas. Como Lia poderia ser tão dura com ela? Já estava indo longe demais tudo aquilo. Será que ela não se importava com a sua dor? Como pudera se apaixonar por uma pessoa tão egoísta?

              Liz saiu em seu carro e deu a partida. Foi direto para o seu apartamento. Sem pensar duas vezes pegou uma garrafa de Vodka e trancou-se em seu quarto onde ficou pela tarde toda. Enquanto bebia, ela colocava a música delas “All I wanted” para tocar repetidas vezes. Já não aguentava mais. Precisava dela desesperadamente, como nunca antes. Com aquela música tocando, teve uma ideia súbita. Pegou um de seus violões e saiu. Já sabia o que iria fazer.

              Como sempre, Vivi a abordou preocupada. Ela estava assistindo a um filme na Tv e logo percebeu como Liz estava alcoolizada. Novamente. A amiga pegou suas chaves e dessa vez a discussão foi feia.

              — Me dá logo a droga dessa chave, Vivi! — Liz avançou nela, tentando tomar à força. — Preciso falar com a Lia.

              — Ah sim! Será uma conversa incrível mesmo com você bêbada assim. — Revidou, desvencilhando-se de seus braços. — Será que você nunca pensa?

              — Eu não penso! — Liz declarou furiosa. — Eu não consigo fazer mais nada. Eu só penso nela o tempo todo. Droga!

              — Eu entendo tudo o que está sentindo, Liz. — Vivi falou com pesar. — Não é assim que você vai conseguir tê-la de volta.

              — O que mais eu deveria fazer? — Falou desesperada.

              — Você sabe muito bem o que precisa fazer. Por que não conta se está assim tão desesperada. Ela é a pessoa perfeita para te entender, Liz.

              — Eu vou falar. — Liz sentiu um misto de coragem e determinação. Estava mesmo disposta a falar. Nesse ponto faria qualquer coisa para reconquistá-la. — Me dá minhas chaves que eu vou lá agora mesmo.

              — E esse violão? — Ela observou e tinha um olhar de reprovação. — Vai fazer uma serenata antes?

              — Exatamente!

              Vivi riu para valer e disse quando se acalmou:

              — Lia está mesmo te deixando doidinha. Vem! Vou preparar um banho para você. — Vivi tentou puxá-la pelo braço, mas não saiu do lugar. — Eu não vou deixar você sair por aí dirigindo desse jeito. Vem!

              Vivi foi para o quarto dela e a chamou novamente. Assim que ela atravessou a porta, Liz saiu em disparada. Ok! Estava sem carro. Chamaria um táxi, então...

 

***

 

Pov Lia

Lia chegou em casa arrasada mais uma vez. Depois de deixar Vanessa sozinha na biblioteca, saiu apressada e entre lágrimas à procura de um táxi. Estava confusa, com raiva, triste e se sentindo muito mal. Vanessa lhe ofereceu uma carona e tentou se desculpar pelo que quase havia feito, mas precisava de um pouco de ar para respirar. De alguma forma, acreditava que ela não havia feito por mal, mas ficou puta de raiva com ela também. Não tinha ideia de que Liz as estava seguindo daquela forma.

 

Cris logo viu o seu estado assim que entrou no apartamento. Ela estava com Alberto. Que ótimo! Ele também ficou preocupado com as lágrimas dela, mas nada falou. Lia passou direto para o quarto e colocou Ramones para tocar no rádio. Não queria nada romântico, não naquele momento. Era a última coisa que precisava.

 

Já não chorava mais. Se odiava pro estar chorado tanto nas últimas semanas, se sentia fraca e estúpida. Era tudo culpa de Liz. Tudo. Por que ela tinha que a ter conquistado? Ela poderia ter qualquer garota nas mãos que a permitiria se relacionar da forma que quisesse. Por que logo ela? Por que logo a menina certinha? Estava tão bem e em paz apenas com seus livros e estudos. E só de pensar naquela paixãozinha platônica que sentia por Carlos teve vontade de rir. Ficou imaginando por quanto tempo aquele suposto interesse teria durado.

 

Agora que provara do primeiro amor com Liz, não queria saber de outra coisa e tudo que antes lhe era tão cômodo e familiar havia perdido totalmente a graça. Já não era mais aquela mesma menina. Isso mesmo. Porque era uma menina antes e agora se sentia uma mulher mais viva desde que ela entrara em sua vida. Seu primeiro amor era ela, o primeiro beijo com paixão, o primeiro porre foi por causa dela e aquela primeira vez incrível e perfeita...

 

Foi triste constatar que mesmo apesar de toda a raiva, a saudade era o sentimento que mais a dominava. A quem estava querendo enganar? Fazer Liz sofrer era simplesmente sofrer junto. E as duas últimas semanas lhe provaram justamente isso. Por que Liz não conseguia se abrir com ela e acabar de vez com aquilo tudo? Estava cansada de pensar sempre sobre as mesmas coisas. Queria apagar. Mas como? Será que era justamente por isso que Liz fugia? Quando não conseguia desligar os pensamentos em sua cabeça? Era difícil dizer já que não sabia o que realmente havia acontecido.

 

Cris entrou em seu quarto e deitou-se ao seu lado. Aquilo já estava virando tão rotineiro, a amiga sempre vir ao seu quarto lhe consolar. Lia contou que Vanessa havia tentado lhe beijar e que Liz vira tudo e depois falou da ceninha toda que ela fez na biblioteca. Cris dispensou Alberto para ficar com ela e como sempre, Cris fez brigadeiro para as duas.

 

Já passava das sete da noite quando o celular de Lia começou a tocar. Era Vivi. Seu coração pulou e seu peito apertou de preocupação. Sabia que era algo sobre Liz.

— Alô? — Atendeu temerosa.

— Lia. É a Vivi. Tudo bem?

— O que aconteceu, Vivi?

— É a Liz. — Ela deu um longo suspiro do outro lado da linha. — Você está em casa?

— Estou sim, por quê? — Sentiu ainda mais medo. — Diz logo, Vivi?

— A Liz passou a tarde toda bebendo e queria as chaves do carro para ir até aí falar com você.

A consciência de Lia pesou ainda mais e tentou se manter calma.

— Não deixa ela sair assim.

— Exatamente por isso estou te ligando. Eu vim no quarto preparar um banho para ela e quando voltei ela tinha sumido. — Vivi fez uma pausa e suspirou novamente. — Eu estou com as chaves do carro dela aqui, mas eu não sei para onde essa louca foi.

— Porr*! — Não sabia mais o que dizer ou fazer. Liz estava sempre lhe causando preocupação.

— Lia, eu não sei o que está rolando entre vocês, mas, por favor, se ela aparecer aí não deixa ela sair desse jeito, ok?

— Nem precisa me pedir isso, Vivi. — disse com a maior das convicções. — Você sabe que sou louca por ela, não vou deixar ela fazer nenhuma bobagem.

— Muito obrigada, Lia. Me manda uma mensagem quando ela aparecer por aí. Eu tenho certeza que ela está indo até você.

— Ok.

Lia desligou o telefone e Cris parecia preocupada ao seu lado.

— O que aconteceu?

— O que você acha? — Respondeu procurando o número dela e a desbloqueando. — A Liz sumindo de novo. Vivi acha que ela está vindo atrás de mim e está muito bêbada.

— Meu Deus. A Liz é vida louca demais. — Cris exclamou pasma. — Não tem mais nada de tedioso na nossa vida desde que vocês começaram a se envolver.

 

Lia tentava ligar par ela, mas o telefone chamava, chamava e ia para a caixa postal. Depois de alguns minutos agoniantes a campainha finalmente tocou. Estava com o coração na mão e quando abriu a porta era realmente Liz. Ela estava escorada na parede ao lado e segurava o violão.

 

— Lia! — Ela exclamou emocionada e largou o violão de todo jeito escorando-a na parede e correu para abraça-la. — Me desculpe, minha linda!

— Para, Liz. — Lia tentava afastá-la, ela estava com um bafo terrível de vodka.

              — Vem cá, por favor. — Ela insistia em abraça-la e enfiar o rosto em seu pescoço. — Adoro esse seu cheiro gostoso. Me deixa cheia de tesão sabia.

              Lia ficou vermelha da cor de um pimentão. Quando olhou para o lado viu Cris achar graça baixinho. Que vergonha! Precisava calar logo a boca de Liz.

              — Vamos para o quarto, vem! — Puxou pela mão, mas ela não saiu do lugar.

              — É assim que eu gosto. — Respondeu indo pegar o violão.

              — Deixa de gracinha. Vem! — Lia a puxou novamente e dessa vez ela a seguiu.

              — Hey, Cris. — Cumprimentou ao passar por ela cambaleando.

              Assim que Lia trancou a porta, Liz agarrou-se nela novamente e começou a tentar tirar suas roupas.

              — Que saudades de fazer amor com você.

               Lia estava puta de ódio e empurrou Liz com força, ela a estava sufocando com aquele bafo terrível. Nunca a vira tão acabada antes.

              — Por que você faz isso, Liz? — Falou em vão, ela não parecia ser capaz de entender nada no estado que se encontrava.

              — Me perdoa, linda. — Liz aprumou o violão para tocar e a olhou risonha.

 

              Desajeitadamente ela começou a tocar a música delas “All I wanted”. Lia só ficou com ainda mais raiva. Não acreditava que ela estava usando a música das duas assim tão em vão. Arrancou o violão das mãos dela e o pôs em sua mesa. Queria dizer umas boas verdades para ela, mas sabia que seria perda de tempo agora. Liz a olhou desolada e Lia viu que lágrimas se formavam em seus olhos. Seu coração era mesmo um traidor, vê-la chorar sempre a quebrava.

 

              — Você não quer que eu toque a nossa canção?

              — Não assim, Liz. Vem deitar. 

 

Lia a puxou em direção a cama e a deitou, mas Liz a puxou junto, fazendo-a deitar-se sobre ela e a trancou em um abraço de urso. Como ela poderia ter tanta força se mal conseguia andar naquele momento?

— Me solta, Liz.

— Me dá um beijo.

 

Liz atacou o seu pescoço a fazendo se arrepiar inteira. Mesmo com toda a raiva o seu corpo traiçoeiro reconhecia e pedia pelo dela. Deixou-se ser afagada e com jeitinho, Liz conseguiu tomar os seus lábios. O beijo foi ardente e cheio de saudades, Liz começou a passar as mãos pelo seu corpo por baixa da blusa. Se obrigou a parar. Era errado e ainda estava com raiva.

 

— Não fica com aquela ruiva, por favor. — Ela pediu em desespero e com a voz embolada. Lia percebeu que os olhos dela estavam inchados. — Fica comigo, sou louca por você.

Lia sorriu com a frase, não podia evitar. No fundo sentiu-se vingada ao vê-la tão desesperada. Era inconsciente.

 

— Fica aqui. Eu vou pegar um remédio para você.

           — Não. — Liz tentou agarrá-la novamente. — O único remédio que eu preciso é você.

              Com esforço Lia conseguiu se afastar dela e foi até a cozinha pegar um Engov e água para que ela não amanhecesse tão mal. Quando voltou ao quarto Liz ainda estava deitada e tinha os olhos fechados. Ela cantava baixinho uma música e tentou ouvir qual era.

 

There she goes
There she goes again
Racing through my brain
And I just can't contain
This feeling that remains

 

Ela cantava Sixpence None The Richer. Nunca a ouvira cantar aquela antes. Ela sorria enquanto cantava e parecia feliz. Lia a amparou e a fez engolir o remédio. Ficou por muitos minutos vendo-a cantar até apagar totalmente...

 

 

 

 

 

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Olá pessoas lindas e maravilhosas. Para compensar a demora aqui vai um capítulo grandinho. Espero mesmo que gostem. Me avisem se algo ficar esquisito na leitura. Sou nova nessa de fazer dois POVs. Rsrsrs

Bjs!



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Comentários para 23 - Capítulo 23 - All I wanted was you:
patty-321
patty-321

Em: 17/09/2020

Que coisa teimosa essas duas. Pelamor.


Resposta do autor:

kkkkkkkk teimosas mesmo

 

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Kiss Potter
Kiss Potter Autora da história

Em: 21/10/2019

No Review

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Val Maria
Val Maria

Em: 08/09/2019

Não tem como não amar essa história.

Parabéns autora pela escrita maravilhosa.

Beijocas

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Nina
Nina

Em: 26/08/2019

Oieee, estou em falta completamente, a muito não faço nenhum comentário por aqui, sei o quanto é importante, e norteia os autores, mas sempre fico tímida para comentar, mas essas duas valem o esforço , já comentei com você no insta como gosto dessa raiva inexplicável que de repete amor. E não paro de imaginar o que pode ter acontecido com Liz para ser tão encantadora e ao mesmo tempo, tão difícil e fechada, penso em suicidio do pai, mas que culpa ela teria?!? Enfim, espero ansiosa o desenrolar, abraços 


Resposta do autor:

Oieeee Nina

Cara, não sabe como estou super hiper mega feliz em saber que meu conto te fez comentar novamente. Fico emocionada demais quando vocês falam essas coisas... Own!!! Que lindo que as minhas meninas valeram o esforço para você comentar. Amei e lembro sim da nossa conversa lá no insta.

Olha, você tem razão, os comentários lindos de vocês além de nos nortear, nos incentiva muito mesmo. Escrevo por prazer e porque gosto, mas os comentários ajudam muito.

Então, no capítulo 24 que postei pela madrugada(rsrsrs) você vai conseguir entender mais um pouco da nossa menina rebelde e inconsequente, ela é uma personagem badgirl muito interessante mesmo, te entendo muito. Eu não sabia ou imaginava que ela pudesse vir a se tornar a "queridinha" de vocês. Creio que a minha "paixão" por ela translucidou na escrita e contagiou vocês. kkkkkk

Vamos entender melhor ainda a culpa toda que ela sente em relação ao suicídio dele no próximo, mas por enquanto, espero que goste do 24.

Desculpe a demora em responder...

 Beijinhos e continue por aqui com a gente... espero vê-la no próximo!

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Aurelia
Aurelia

Em: 26/08/2019

Eita que que a Liana deu um monte de fora na Lizandra. Colocou na cabeça que merece mais e segue firme, tem que ser assim ou num dá certo, respeitar os espaço da outra pessoa é importante mas daí não confiar a ponto de perder a passo por medo, só quero até vê quando ela souber que a Liana está concorrendo a vaga pra estudar fora do Brasil. Se elas não tiverem voltando ainda é que a Liz vai sofrer. Capítulo maravilhoso, só não judia muito. Abraços e inté.


Resposta do autor:

Olá Aurelia

Felicidade te ver por aqui novamente. 

Então, a Lia é obstinada e teimosa e tem uma puta autoestima, ela não aceita menos do que merece, mas isso foi muito bom para a Liz. Ela nunca levou um "não" e ela precisava entender que o mundo não gira ao redor da dor dela e que se ela não tomasse uma atitude poderia perder alguém importante outra vez. O assunto é delicado sim, mas não podemos viver fugindo dos problemas.

Essa questão do intercâmbio será abordado um pouco mais para frente, mas você está pensando na linha certa. Veremos o que acontece.

Fico muito feliz que tenha gostado tanto do capítulo, ficou longo e foi trabalhoso mesmo. kkkkkkk... drama faz parte! Se fosse tudo fácil não teria graça. Hahaha

Mas enfim, perdão pela demora em lhe responder e espero que goste do 24, já está devidamente postado.

Bjs e espero por você no próximo...

Responder

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Elna Vale
Elna Vale

Em: 25/08/2019

Oi menina...

Caralho(perdão pelo palavrão)...que Capitulo intenso e fodastico foi esse que vc escreveu?

Já tinha lhe falado q gosto de Capitulos longos,gosto de ler c calma,saborear cada palavra,senti as sensações das personagens e de quem p escreveu,senti o qto vc se dedicou p escrevê-lo, é perceptível o qto vc esta entregue a este conto.Nossa,só tenho a agradecer por vc, está dividindo ele como suas fãs.Para um primeiro conto,vc esta se revelando uma escritora formidável.Quero ser kmo vc qdo crescer rs..

Meus parabéns pelo conto,pela história envolvente,pela sutileza nas suas palavras,pela preocupação com suas fãs...

Sabia que valeria muito a pena esperar pelo Capitulo,mas uma vez,meus sinceros parabéns,de coração

Obs;.Desta vez lembrei de ler e deixar comentário rs

Obs:. Não suportei essa Vanessa,só p ficar registrado mh indignação com essa zinha

Bjs


Resposta do autor:

AAAAAAHHHHH...

Elna querida, você se superou com esse comentário!!! Amei demais...

Olha, quanto ao palavrão, nem precisa se desculpar, tudo aqui é permitido, acho que já deu pra perceber que eu gosto de palavrões. kkkkkkkkkk 

Eu fico feliz que você tenha gostado tanto desse porque ele foi bem trabalhoso de escrever e ficou mais longo do que eu imaginava. Acabou ficando meio arrastado, mas é isso aí. kkkkkk. Nem sempre acertamos 100%. 

Eu te entendo, também sou leitora e amo capítulos longos, quando a estória é boa não há nada melhor. Você está certa, estou mesmo entregue a essa estória. Quanto mais eu escrevo, mais me envolvo com essas meninas. Eu tenho que admitir que amo ler e escrever, sempre gostei e escrevo mesmo porque gosto, por lazer. No entanto, tenho que admitir que vocês estão me animando sempre com as opiniões de vocês, isso incentiva muito.

Muito obrigada mesmo pelos elogios e é um prazer estar dividindo essa estória com vocês, estão se mostrando leitoras incríveis, obrigada mesmo.

A Vanessa é uma personagem interessante, não a odeie. Rsrsrs

Bjs!

 

Responder

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Rosangela451
Rosangela451

Em: 25/08/2019

Grandão adoroooo!!

 

Liz e cabeça dura .... muito sem juizo.... vodka não é amiga de ninguém.   

Lia abalando geral . Vamos vê  se agora rola essa conversa tão importante .. 

Eu acho que liz tem que se abrir para a lia . Contar tudo ,contar sobre a carta ... De repente lia seja a solução para colocar uma pedra em cima desse passado . 

Bjim  

 


Resposta do autor:

Olá RoRo

Ainda bem que gosta de capítulos longos... kkkkk

Isso é verdade, as duas são teimosas. Se bem que Liz é mais imatura, Lia que é teimosa.

Nada do que o bom e velho ciúme para dar um choque de realidade. Vamos ver se dessa vez ela aprende mesmo.

Lia está super disposta a fazer qualquer coisa por ela, vamos ver se Liz permite...

 

Beijinhos!

 

Responder

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