Capitulo 11

 

 

Cris

 

Enquanto eu esperava Gabi Terminar a ligação, encostei a testa no marco da porta. Eu estava pensando sobre o que tinha acabado de acontecer. Eu havia beijado a Gabi, ta certo que foi ela quem me beijou, mas eu correspondi e ainda ajudei pegando em sua cintura e colando nossos corpos. Só de pensar já sinto o corpo quente, mas eu tinha que ser sensata, não podia enfiar a menina na minha relação. Não era justo com ela e também não era justo com a Alê. Ela terminou e viu que eu não estava do mesmo jeito, talvez o peso na consciência que eu estava tendo se manifestou em meu rosto.

 

-Tudo bem? Ela perguntou.

 

-Precisamos falar sobre o que aconteceu.

 

-Não gostou? Eu soltei o ar pensativa, deveria ou não responder a sua pergunta de forma sincera.

 

-Se eu disser que não gostei, estaria mentindo. Eu gostei, e confesso que eu queria te beijar desde o momento que te vi mais cedo. Dei uma pausa e ela perguntou:

 

-Então?...

 

-Não é justo fazer isto com você, com a Alê. Vi decepção em seu rosto. Não posso trair a Alê e te enfiar no meu casamento, te fazer de amante. Não quero te machucar, esta não é minha intenção. Suspirei... Por isso devemos esquecer. Eu olhando nos olhos dela. Ela dá um sorriso meio nervoso e diz:

 

-Você sabe que essa sua posição só me faz gostar ainda mais de você, né?

 

-Me desculpe, não faço de forma intencional.

 

-Eu sei que você não faz com propósito, você não tem culpa de ser apaixonante. Ela solta mais um sorriso, certamente achou graça do rubor que me subiu à face com o seu elogio. Definitivamente eu não conseguia me acostumar com elogios.

 

-Me desculpe!

 

-Tudo bem, só peço que isto não atrapalhe nossa amizade. Cara, que menina madura! Conheço um monte de gente que daria um show só por esse “fora” que “eu” estava dando.

 

-Adorei a noite, foi maravilhosa! Ela falou.

 

-Eu também!  Nos despedimos, sem beijo e ela foi embora.

 

Fechei a porta. Fui tomar um banho. Tinha falado com a Alê mais cedo. Queria conversar com alguém pra não pensar naquele beijo, mas a Mih já deveria está dormindo, então resolvi ler um livro. Acabei nem conseguindo ler, peguei no sono, só acordei com meu celular despertando às 06:00 da manhã. Levantei, iria dar uma corridinha na praia antes de ir trabalhar.

 

-Bom dia, dona Hellen.

                                                                                                                                                                          

-Bom dia, Maria. Está tudo bem? Perguntei abrindo a geladeira pra tomar uma água.

 

-Sim, está sim. Dona Alessandra vem este final de semana?

 

-Não Maria, eu vou, mas só no outro final de semana.

 

-Perguntei porque ela gosta que tire tudo pra lavar e como está quente eu iria aproveitar.

 

-Não será preciso Maria, eu vou pra lá e está tudo limpo. Alê tem mania de limpeza.

 

-Troco sua roupa de cama?

 

-Sim, só ela, a dos outros quartos não precisa. Tô indo correr um pouquinho.

 

Corri uns 15km, cheguei em casa, tomei banho e fui trabalhar. Chego, vou ver uns pacientes que tinha operado no dia anterior. Iria entrar na sala de cirurgia com minha mãe e sairia tarde. A sexta voou. Marquei o final de semana pra Mih, já estava agendado. Rsrs... eu tinha que dar um pouco de atenção pra ela já que ela estava reclamando demais a minha ausência. Fui pra casa, cheguei eram umas 23:45h.

 

Acordo às 08:00h, perdi a corrida. Levantei, fiz café, tomei. Estava organizando algumas coisas, quando meu celular toca.

 

-Ei amor! Era a Alê.

 

-Ei! Respondi.

 

-Como você está?

 

-Estou bem e você? Me deitei pra conversar com ela.

 

-Estou com saudade.

 

-Semana que vem eu vou aí, aí matamos a saudade. Eu disse.

 

-Não será preciso amor, vou ter que assinar uns documentos, umas parcerias ai no Brasil. Pode me dar o final de semana? Eu ri da pergunta.

 

-Com toda a certeza te daria o final de semana todo, se você aguentasse. Provoquei.

 

-Amor, como você é safada! Ela riu.

 

Terminamos a ligação e eu liguei pra Mih.

 

-Eai minha filha acorda, já está na hora do almoço. Perdeu a hora, foi? Perguntei ao perceber a voz de quem tinha acabado de acordar.

 

-Não grita, escrota! Sai pra beber ontem.

 

-Acorda. levanta que nós temos que curtir o final de semana juntas.

 

-Já falei pra você não se apaixonar! Ela me zoou.

 

-Eca! Você é minha prima e minha best friend. Que nojo.

 

-Kkkkkkkkkkkkkkkk. Já estou levantando.

 

-Tá.

 

-Ah, vamos na praia. Tchau.

 

Peguei um biquini, uma saída de praia, toalha, garrafinha de água, protetor solar e coloquei na bolsa de praia. Peguei carteira só com dinheiro e coloquei na bolsa também e fiquei à espera de minha amiga.

 

-Vamos! Michelle disse assim que chegou na minha casa.

 

-Você demorou hein!

 

-Estava vendo umas deusas na orla. Riu.

 

-Vamos almoçar no Pralion? Era um restaurante muito bom.

 

-Sim, a chefe de lá é muito gostosa!

 

-Nossa, você não toma jeito! Ri.

 

Michelle tinha esse jeitão de dom Juan, mas era bem dócil. As vezes eu achava que esse jeito dela era uma forma de se defender, de não se machucar. Ela tinha um exemplo bem próximo dela: a mãe dela. Minha tia se encantou pelo meu tio, irmão da minha mãe, minha tia engravidou do homem que ela amava, mas o safado quando descobriu que minha tia estava grávida, a expulsou de sua vida, nem a Michelle ele queria que deixassem nascer. Um tremendo babaca. Ele fez minha tia sumir no mapa, depois de cinco anos que meus pais as encontraram. Minha tia já estava doente, ela sofreu muito, tanto que morreu de depressão. Meus pais que cuidaram da Mih e ela é tratada como se fosse filha dos meus pais.

 

Fomos numa praia da cidade vizinha. Manguinhos era o nome da cidade, cidade praiana. O restaurante ficava lá, por isso nós fomos nesta praia. A praia também era boa. Almoçamos e Mih me encheu tanto a paciência que conseguiu arrancar o que aconteceu na noite da palestra.

 

-Não vai falar nada? Perguntei depois de contar tudo o que tinha acontecido pra ela e ela ficar me analisando.

 

-Você sabe que não é uma boa colocar ela nesta situação, né? Ser amante nunca é bom.

 

-Eu sei, por isso já conversei com ela, pra esquecermos o beijo. Ela me olhou com uma sobrancelha levantada e perguntou:

 

-E você, esqueceu? Eu desviei o olhar... eu não tinha esquecido o beijo, estava lutando pra isso, mas ainda sentia os lábios dela nos meus, as mãos dela no meu rosto, o gosto da boca dela, a pele quente... não, não esqueci.

 

-Bem, estou aqui pra não deixar você fazer besteira. Riu.

 

-Que foi? Perguntei após ela soltar uma gargalhada.

 

-Nada. Riu

 

-Vamos refrescar a cabeça, vem!

 

Chegamos na praia, eu tirei a saída de praia, armei a cadeira e já ia me sentar quando a Mih diz:

 

-Olha quem está ali? Apontou pra uma turma que estava a 10 metros de onde nós estávamos. Dentre ela... Gabi

 

 

Gabi

 

Fomos curtir o sábado na praia, os meninos levaram a rede e bola, iriamos jogar vôlei. Estavam Karla, Fernanda, Vitor, Manu, Gui, Vini e eu. Eu contei pra Karla o que aconteceu, Karla dei apoio ao que a Cris tinha dito. Foi coerente, confesso. Eu não queria me meter no casamento de ninguém, o problema é que ela se meteu no meu coração, mesmo sem ser intencional. Eu iria respeitar a posição dela.

 

-Olha quem está ali! Fala meu irmão apontando em direção as meninas e eu quase infartei... que corpo era aquele? Eu nunca tinha olhado pra uma mulher daquele jeito, mas a Cris me fazia ter pensamentos jamais pensados. Rsrs... ver a Cris com aquele mini biquini, me deixou com àgua na boca e pior que não foi só eu quem quase salivou, os meninos nem disfarçaram. Eu fiquei puta de ciúmes.

 

-Nunca viram mulher não? Perguntei brava.

 

-Sim, mas você é comprometida, não posso olhar pra você. Mas aquela loira ali... meu deus do céu! A morena também é espetacular! Falou Vitor.

 

Gui como era pra frente, foi onde as duas estavam.

 

-Ei, vocês vieram! Vão jogar vôlei com a gente, né? Perguntou as cumprimentando com beijos no rosto.

 

-Oba, adoro vôlei! Hellen e eu fomos campeãs por diversas vezes na escola. Falou Michelle toda animada.

 

-Nada modesta você, né? Cris falou.

 

-Ei Cris! Tudo bem? Perguntei assim que cumprimentei as duas. Os meninos chegaram onde logo atrás.

 

-Tudo. Ela responde meio de mau-humor. Não entendi o porquê.

 

 Vitor todo animado já vai se apresentando pra Michelle:

 

-Oi, meu nome é Vitor, prazer! Todo cheio de charme pra cima da morena.

 

-Prazer, Michelle! Ela falou e deu uma secada na Fernanda que até eu fiquei sem graça, imagina o Vitor.

 

Todos foram devidamente apresentados. Gui chama as duas pra jogar vôlei com a gente. Como, segundo a Michelle elas eram boas no vôlei, elas escolhiam os times. Tiraram par ou impar e Michelle escolhia o time dela. Michelle escolheu: Fernanda, era óbvio, Vini e eu. Vini me abraçou comemorando o fato de estarmos no mesmo time. Vi a Cris ficar com a cara ainda mais fechada, olhando pra Michelle. Michelle fez cara de que não tinha culpa... afinal, quem escolheu foi Fernanda. Ela escolheu Fernanda e deu as honras pra minha amiga escolher quem ela quisesse.

 

O time da Cris eram: Vitor, Gui, Karla e ela. Começamos a jogar e eu percebia que ela ficava mais brava a cada momento, principalmente quando fazíamos ponto e o me abraçava. Ela estava com ciúme! Ri ao entender toda aquela raiva; ela ficava linda até com raiva. O ponto mais alto veio quando eu tomei uma bolada na cabeça vinda do Vitor.

 

-Porr* Vitor, joga em cima de homem! Vini foi pra cima do Vitor e ela veio ao meu encontro querendo saber como eu estava.

 

-Está tudo bem? Machucou? Está se sentindo bem? Ela pergunta e nem tem a resposta, pois o Vini chegou perguntado a mesma coisa e com uma garrafinha de água nas mãos, ela ficou irritada e com certa grosseria que até então eu nunca tinha visto diz:

 

-Você é médico por acaso?  

 

-Não, me desculpe doutora, mas entendo que agua não seria uma má ideia! Ele falou o doutora com certa ironia.

 

-Calma gente, ela está bem, foi só uma bolada. Relaxem. Disse Michelle ao ver a amiga querendo dar uma resposta ao Vini.

 

Cris se afastou tirando a saída de praia e indo em direção a água. Eu queria ir atrás, mas não pegaria muito bem. Vi o Vitor babar na minha doutora... minha! Ri com este pensamento. Passou um moço vendendo picolé, nós compramos. Eu não tirava o olho da Cris, não conseguia a perder de vista. Fiquei completamente bugada com aquele ciúme todo. Ela disse que não podia acontecer nada entre a gente, mas e aquele ciúme? Fiquei pensando... precisava falar com ela.

 

Cris

 

Eu precisava me controlar, esfriar a cabeça. Eu estava pistola com aquele carinha e com a Gabi também. Saí da água e vi que eles estavam ch*pando picolé. Queria água de coco, fui até minha bolsa pegar dinheiro pra comprar no quiosque que tinha a uns cem metros dali.

 

-Quer picolé Hellen? Perguntou Guilherme.

 

-Não Gui, obrigada. Vou comprar água de coco. Falei

 

-Vou com você, também quero água de coco. Gabi fala e eu a espero pegar o dinheiro e fomos.

 

-Tá tudo bem? Ela me pergunta assim que nos afastamos da galera.

 

-Sim. Respondi de forma seca.

 

-Não parece, parece estressada.

 

- Não estou.

 

No quiosque vi uma turminha de garotas e percebi que eram ‘’entendidas”. Uma delas secou a Gabi, Gabi estava um pouco afastada de mim ela foi ver umas cangas que o moço estava vendendo na beira do calçadão. Enquanto eu fazia meu pedido, vi que a garota se aproximou da Gabi, eu estava morrendo de ciúmes. Peguei meu coco e o dela e fui em sua direção.

 

-Aqui amor seu coco. Falei entregando o coco pra Gabi e pegando com uma mão em sua cintura. A garota me deu uma olhada e passou o telefone pra Gabi na minha cara e saiu. Eu olhei assustada, com a cara de pau daquela pirralha. Gabi sorri e diz ainda sorrindo:

 

-Obrigada amor! Você fica fofa com ciúme. Ela fala zombando da minha cara pela cena.

 

-Não é ciúme, só achei que ela estava te importunando. Falei séria

 

-E aquilo lá com o Vini? Estávamos nos aproximando do pessoal e não precisei responder.

 

Ficamos por mais duas horas e fomos embora. Mih pegou carona com a Fernanda, Karla foi com o Vitor. O Tal Namorado da Gabi queria levar ela em casa, mas o Gui já tinha me pedido carona... fomos embora. Cheguei na garagem, estacionei o carro e subimos; eu sabia que ela queria falar comigo, mas ignorei. Eu estava brava, e não queria dar explicação à ela. Eles descem no andar deles e eu subo pro meu. Assim que fechei a porta ouço a campainha tocar...

 

-Posso falar com você? Era Gabi.

 

-O que foi?

 

-Eu não te entendo. Primeiro você me diz que não pode acontecer nada entre nós, depois você faz esta cena de ciúme!

 

-Não foi ciúme. Eu disse tentando passar segurança, mas acho que não colou.

 

-Não? Ela pergunta se aproximando. Minha respiração pesou. Ela colou o corpo no meu... por que estava tão brava, então?

 

-Eu não gosto que mintam pra mim. Ela fez cara de que não entendeu e eu esclareci:

 

-Você disse que aquele garoto não era seu namorado. Eu já estava sussurrando, pois estava a milímetros dos lábios dela.

 

-Você sabe que não somos namorados, é mais bonito dizer a verdade. Ela diz roçando os lábios nos meus. Eu a puxei para dentro a encostei na porta que a esta hora estava fechada e a beijei. As minhas mãos estavam na nuca dela, enquanto as dela estavam na minha cintura. Meu corpo a prendi na porta. As respirações estavam a todo o vapor. Minhas mãos agora estavam descendo pela cintura, peguei na barra da blusa dela, ai levantar, mas parei... encostei minha testa na dela e abri os olhos. Ela me olhou e eu falei

 

-Eu não posso fazer isto. Sou casada, você nem maior é, e é hétero!

 

-Você não disse o que poderia ser realmente um problema... você não querer, mas você quer tanto quanto eu.

Fim do capítulo