Capitulo 7

 

Gabi

 

-Ah, esqueci meu celular! Disse assim que entrei em casa.

 

-Quer que eu busque pra você? Perguntou meu irmão.

 

-Não, eu vou lá buscar.

 

-Vou tomar um banho enquanto você vai buscar seu celular. Minha amiga fez cara de sonsa e rio. Karla iria dormir lá em casa, já que estava tarde.

 

-Vou lá e já volto. Fingi que não entendi seu sarcasmo.

 

Subi, apertei a campainha. E ela vem abrir a porta, todo linda. Eu já não tinha dúvidas de que queria aquela mulher, mas tinha um problema: ela era casada; nunca me imaginei se envolvendo no casamento de alguém, mas também nunca me imaginei com uma mulher... aquela mulher me perturbava!

 

-Ei, desculpe incomodar, mas esqueci meu celular aí.

 

-Sério? Nem vi. Você o deixou na sala?

 

-Sim, está naquele móvel do lado da poltrona. Entrei, procuramos lá e não achamos. Ela falou:

 

-Deixa eu ligar pra ele, assim vamos achar mais rápido.

 

Ouvimos meu celular tocando atrás das almofadas da poltrona. Parece que alguém colocou ali de propósito. Alguém o escondeu, eu até imaginava quem escondeu meu celular.

 

Achei!

Ela estava em pé, estávamos bem perto uma da outra. Eu ia agradecer e sair, mas não consegui... como ela é um pouco mais alta, eu me aproximei dela e ela olhando fixamente pra mim... parece que o tempo parou. Sei que foi coisa de segundos, mas pra mim foi como se fosse horas. Estávamos tão perto, mas aí o celular dela tocou.

 

-Alô... ei mãe! ... claro, estou indo. Com meia hora estou aí... manda preparar a sala de cirurgia. Bjs.

 

-Algum problema? Perguntei assim que ela encerrou a ligação.

 

-Uma emergência lá no hospital. Esteja sempre pronta a atender um chamado de emergência. Se quer seguir a carreira de médica, tem que estar preparada pra essas emergências.

 

-Tenho convicção do que quero! Falei olhando dentro dos seus olhos. Não sei se ela entendeu, mas fiz questão de mostrar que o que eu falei não foi só em relação a medicina.

 

-Tem que ter sempre certeza do que quer, porque assim ninguém muda os seus planos. Preciso ir. Ela falou já preocupada com a hora.

 

Me despedi dela e fui pra casa. Cheguei e fui direto no closet pegar um pijama e ouço minha amiga atrás de mim:

 

-Me conta tudo. Quero saber todos os detalhes. Perguntou eufórica.

 

-Não tenho nada pra contar!

 

-Ah Gabi, não se faça de sonsa. Você acha que eu não vi você babando na médica? Só faltava devorar ela com os olhos.

 

-Não sei o que está acontecendo comigo. Eu me pego pensando nela, tipo, do nada.  Resolvi me abrir já que não tinha como esconder nada da Karla mesmo.

 

-Amiga, você está apaixonada por ela, esta é a única explicação. Ai, que bonitinho, você está apaixonada.

 

-Será que não é só uma admiração? Fiz cara de desespero pra minha amiga. Eu estava assustada com aquilo que estava acontecendo e tão rápido.

 

-Ei, se apaixonar não é a pior coisa do mundo, é até bom, é gostoso... mas é preciso ser correspondido por quem você está apaixonado.

 

-Karla, ela é mulher, Casada! Falei mais assustada ainda.

 

-E daí? O único problema é ela ser casada, ser mulher não é o problema, pelo menos eu não acho. Disse Karla me tranquilizando.

 

-Eu quase a beijei... foi por pouco.

 

-Sério? Conta mais.

Karla me puxou pra cama pra eu contar o que rolou lá. Contei tudo, ela queria mais detalhes, mas não aconteceu nada demais... tomei banho e quando voltei, Karla estava deitada na minha cama olhando para cima com as mãos debaixo da cabeça e disse assim que me viu:

 

-Hellen não está imune a este sentimento, pode ser que ela nem perceba, mas ela também gosta de você. Ela está sentindo o que você sente.

 

-Você acha? Perguntei com uma insegurança dentro de peito, mas também com bastante esperança. Fomos dormir, na verdade eu nem consegui dormir pensando na Hellen...

 

Cris

 

 

-Qual o caso? O que houve? Perguntei para minha mãe assim que cheguei na sala de cirurgia. Estava com a Mih e começamos a operação assim tive noção do que aconteceu... Meu paciente tinha um nódulo no cérebro, mas estávamos monitorando, fizemos radiografia, ressonância e tudo que podíamos fazer para vigiarmos o paciente, mas ele sofreu um acidente em casa, ele caiu da escadinha doméstica e bateu a cabeça. Isso resultou em sangramento interno e fizemos os exames que podíamos fazer para uma cirurgia de emergência.

 

-Você não estava dormindo? Pergunta minha amiga.

 

-Não, Gabi e uns amigos dela estavam lá em casa. Ela me pediu ajuda num trabalho que ela tem que entregar na faculdade... queriam tirar algumas dúvidas.

 

-Gabi! O que a Alê acha da sua amizade com esta garota? Minha amiga perguntou e eu não entendi o porque da Alê não gostar.

 

-Não acha nada, ela nem conhece a Gabi. E não vejo porque ela não gostar!

 

-Você tão próxima de uma outra mulher...

 

-O que tem? A Gabi tem apenas 17 anos é uma garota!

 

Qual o problema da Michelle? Eu não estava entendendo. Ela estava com ciúme? Não sei dizer, mas sei que ela estava implicando com a Gabi. Ela precisa conhecer a Gabi pra parar com isso.

 

Terminamos a operação às 09:20h. eu tinha que buscar a Alê no aeroporto. Tomei banho no hospital mesmo, já que ela iria reclamar por eu estar “fedendo” a hospital. Eu não voltaria ao hospital naquele final de semana, eu queria aproveitar ao máximo a presença da Alê.

 

Liguei o som do carro e fui. Chegando lá, tive que esperar. O voo dela atrasou uns 20min. Quando olho e vejo aquele linda mulher. Vi alguns fotógrafos tirando fotos dela, ela posou para as câmeras que ali estavam, veio em minha direção. A abracei e disse:

 

-Que saudade de você amor!

 

-Eu também! Se afastou dos meus braços de forma abrupta, me olhou com desagrado.

 

-Que foi? Eu perguntei sem entender o porque daquela atitude.

 

-Você veio direto do hospital né?

 

-Sim. Tive uma emergência ontem a noite. Saí de lá agora, mas tomei banho tá! Já falei porque ela não gostava de cheiro de hospital.

 

-Você sabe muito bem que eu odeio esse cheiro e vem direto do hospital me buscar?!

 

-Amor, eu tomei banho!

 

-Mas esse cheiro fica em você. Caramba, quantas vezes tenho que te dizer isso?

 

-Você queria que eu a deixasse esperando aqui ou que fosse pra casa de Uber ou táxi? Perguntei indignada.

 

-Sim! Vamos entrar no carro e parar de discutir aqui. Ela falou já entrando no carro.

 

-Como foi a viagem? Perguntei já dentro do carro e dando partida.

 

-Foi ótima! Eu sabia que ela estava sendo sarcástica, já que ela odiava viagens e vir ao brasil não era nem um pouquinho confortável pra ela.

 

Resolvi falar de um assunto que ela adorava que era o trabalho dela. Conversamos até em casa sobre os desfiles, projetos, parcerias e tals.

 

Assim que entramos em casa ela liga o ar-condicionado. Como pode ser tão calorenta? Me perguntei, já que se perguntasse pra ela, eu certamente tomaria uma boa mau resposta. Ela era meio mal-humorada, até gostava daquele jeito dela.

 

-Vai tomar banho. Disse depois de ligar os ares-condicionados.

 

-Vem comigo. Convidei e ela aceitou.

 

 

Gabi

 

 

Eu acordei cedo fui correr na praia. Não vi a Hellen no sábado. Iriamos para o clube jogar vôlei. Karla ligou para Susi, Andressa e Aline. Gui ligou para o Vini e o Caio. Curtimos o sábado de boa. No domingo acordei cedo e como sempre faço no final de semana, fui correr no calçadão. Quando chego no prédio e cumprimento o porteiro, ouço uma voz conhecia no hall do elevador.

 

-Não Mih, não dá... Tá, talvez mais tarde. Bjs. Hellen estava falando com alguém ao telefone.

 

-Bom dia! A cumprimento com um sorriso enorme sorriso.

 

-Oi, Bom dia! Ela estava muito linda. Ou eram meus olhos...

 

Engatamos num assunto até o elevador chegar, quando chegou continuamos conversando e rindo de assunto de forma bem descontraída, quando o elevador para no sexto andar entra uma mulher, alta cabelos Chanel olhos verdes e da um beijo na Hellen. Nossa, aquilo doeu tanto. Eu fiquei totalmente sem graça, mas a Hellen ficou ainda mais, ela não sabia onde pôr a cara.

 

-Alê! Ela repreendeu a mulher. Esta é Gabi, nossa vizinha. Gabi, esta é...

 

-Alessandra Ferraz, esposa dela! A mulher nem deixou a Hellen terminar de falar e já disse que era mulher dela. Não entendi, mas senti uma insegurança da parte da mulher.

 

-Prazer! Eu disse. Ela grudou no braço da Hellen, como se quisesse dizer: é minha, tira o olho. Dei graças a deus que chegou no meu andar, dei tchau e saí aliviada, aquela mulher me sufocou.

 

 

Cris

 

 

-O que foi aquilo? Perguntei assim que chegamos dentro de casa.

 

-Aquilo o que? Não posso mais beijar minha mulher?

 

-Não do jeito que você fez! Você não faz isso e fez aquilo por quê?

 

-Porque estava com vontade de te beijar, só isso.

 

O dia correu bem... almoçamos num restaurante chinês, a Alê gostava já eu não. Mas como fazer ela se sentir da melhor forma possível era meu objetivo, fiz sua vontade. Alê recebe uma ligação.

 

-Sim, claro! Ótimo, vamos sim.

 

-Vamos pra onde? Perguntei assim que ela terminou a ligação.

 

-Vamos pra Guarapari. Tenho uma reunião com uns colaboradores e eles querem conversar comigo primeiro. Vai, arruma suas coisas.

 

-Eu pensei que que este final de semana seria só nosso! Falei decepcionada.

 

-Você sabia que eu viria aqui pra uma reunião. Coisas do trabalho. Enquanto ela falava, ela ia arrumando sua mala.

 

-É sério isso? Perguntei incrédula.

 

-Sim é! Arruma suas coisas. Falou impaciente.

 

-Não posso ir. Tenho cirurgia amanhã de manhã. Não dá pra ir à Guarapari e voltar amanhã cedo.

 

-Amor, sua mãe é ótima, nem precisa de você e é só um dia, não vai atrapalhar em nada.

 

-Eu tenho consultas agendadas para amanhã. Não posso me dar o desfrute de faltar e a Julia me mataria se eu fizesse isto.

 

-Claro que pode! Você é dona daquela porcaria, manda tanto quanto sua irmã. Fala logo que não quer ir, é mais bonito.

 

- Por que é sempre assim, você tem que sempre me culpar em nossas discussões? Além do mais, não é assim que se age. Não é porque sou herdeira que tenho o direito de faltar quando quiser, não é assim.

 

-Eu que não posso me dar esse privilégio, tenho que ralar pra conseguir o que quero... ensinuou que eu não busquei o que tenho.

 

-Eu não acredito que você está falando isso. Você mais do que qualquer um sabe o quanto eu ralei pra conseguir o que tenho e agora vem me dizer que tenho porque nasci em berço de ouro?!

 

-E estou mentindo? Você dá uma de independente, de que conseguiu a posição que tem com seus próprios méritos, mas se não fosse tua família, você não seria o que é!

 

-Não acredito nisto! Falei incrédula.

 

-Você não vai? Ela viu que nem me movi, se levantou e saiu.

Fim do capítulo