CapÃtulo 43
Perdidas num mundo que só a elas pertencia, Raquel e Damarys não notaram de imediato quando o quarto foi invadido por várias pessoas.
--Filha, como é que me dás um susto desses? - Gritou Dina da porta provocando um susto em Raquel.
--Mãe, se eu não morri antes com certeza agora eu morro.
Risos.
--Shhhh, gente, a Raquel está hospitalizada. - Disse Nayami tentando controlar a própria vontade de rir de alegria ao perceber que a amiga estava bem.
--Tia, estás bem? O bebé está bem? - Perguntou Mariana com o semblante preocupado.
--Está tudo bem meu amor, comigo e com a Yuna. - Raquel que já estava com a cabeça nas pernas da mãe, olhou para Damarys e sorriu. Ela retribuiu de forma tímida.
--Yuna...gostei, mas tia tu nem sabes ainda se é uma menina. - Retrucou a sobrinha.
--É uma menina Mari...eu sei disso, e se não for temos tempo ainda para escolher outro nome. - Disse acariciando a barriga.
--E meu neto? Por onde anda o Bruno?
--Explica tudo Naya, porque eu ainda estou cansada. - Raquel sorriu e aconchegou-se mais à mãe.
Nayami olhou para Damarys como que a pedir socorro. Calmamente ela respondeu:
--A Nayami pediu meu auxilio para buscar o Bruno na escola, e quando soube do que tinha acontecido à Raquel, deixei-o com uma amiga que a Raquel e a Nayami conhecem bem e vim para cá. Vou busca-lo e deixo-o na vossa casa.
--Obrigada moça. - Disse Dina sorrindo.
--Ela é a tia Damarys Vó Dina. Ela estava na festa do Bruno e já nos levou para passear. Ela não é linda Vó Dina? Ela trabalha com moda, é toda estilosa. A tia Kela disse que a tia Damarys consegue uns trabalhos perfeitos para ela, aquelas campanhas de moda...
As adultas riram da desenvoltura da menina.
--Mari, acho que acabaste de mudar de profissão. De ginasta campeã olímpica a jornalista de tabloide.
Gargalhadas das adultas.
--Hã?
--Nada meu amor, brincadeira da tua tia. Estás certa, a Damarys é uma grande amiga e é sempre bom ter pessoas com as quais podemos contar em qualquer circunstância. - Nayami abraçou a pequena e piscou para Raquel que sorriu.
Damarys esfregava as mãos nas calças, não conseguindo muito bem disfarçar o nervosismo. Também não entendia aquela adrenalina no corpo todo.
O frenesi entre os membros da família de Raquel continuou, e Damarys aproveitou para deixar o quarto sem ser notada. O momento era deles e Raquel não precisava de tanto tumulto.
No quarto:
--Raquel, desculpa ter chamado a Damarys, mas eu não tinha outra alternativa. Eu sei que tu não deves ter gostado muito da surpresa ainda mais que as coisas saíram ainda mais do contexto...
--Tudo bem Naya. - Raquel interrompeu a amiga. - Tudo bem. A Damarys mostrou ser mais sensata e equilibrada do que eu...
--Tu és apenas muito intempestiva Kela, mas tem um coração enorme aí dentro.
Risos.
--Mas afinal o que aconteceu que não conseguiste buscar o Bruno?
--Quando ligaste eu já sabia que não conseguiria porque o Zeca tinha acabado de me pedir para acompanhá-lo numa reunião, mas eu percebi a tua aflição e não disse que não tinha disponibilidade.
--Oh Naya...obrigada. Eu ainda não sei o que fiz na vida para merecer uma pessoa como tu por perto.
--Deixa de ser doida. Tu fazes o mesmo por mim Raquel.
--Conseguiste chegar a tempo na reunião?
--Hum-hum.
--Correu tudo bem?
--Sim, fechamos mais um bom contrato.
--Mas eu vejo uma coisinha estranha no fundo dos teus olhos...deixa-me adivinhar.
Risos e Nayami um pouco nervosa, mas disfarçando bem.
--Hmmm?
--Saudades da maravilhosa.
--Um bocado obvio, não é mesmo? - Nayami riu, mas o motivo da sua inquietação no olhar era outro. Não tinha nada a ver com Valentina...claro que tinha, no fundo, tudo tinha sempre a ver com Valentina.
Suspirou quando a amiga perguntou por Damarys.
--Não sei Kela, acho que ela já foi embora. Agora estás com a tua família...
--Mãe, viste a Damarys? - Perguntou à mãe que conversava com uma médica.
--Não filha, acho que ela saiu.
--Naya, vá procura-la por favor. Preciso agradecer.
--Ok. Já volto. Fiquei quietinha nessa cama.
Risos.
--A médica disse que estou bem, sua maluca.
--Aham, mas sem exageros. A Yuna agradece e eu também. É com certa implicância que admito que gostei do nome.
Risos altos.
--Raquel, controle-se.
--Vá lá ver se encontras a Damarys.
--Sim senhora, a senhora manda.
Risos.
**********
Nayami encontrou Damarys na cafetaria do hospital. Ela tomava um café e uma água e parecia tranquila.
--Damarys, ainda bem que te encontrei. A Raquel quer falar contigo...
Damarys olhou para Nayami e sorrindo convidou-a para sentar.
--Obrigada. Desculpa se alterei a tua rotina, ainda mais que nem te conheço tão bem assim, mas é que a Raquel estava desesperada e eu não tinha como ajudar...
--Tudo bem. Eu gosto da Raquel e do sobrinho dela, podes me chamar para colmatar imprevistos sempre que for necessário.
Risos.
--Sabes que sou a madrinha da bebé...eu queria escolher um nome, aliás eu e o Zeca que é o padrinho estávamos numa autentica disputa quem escolhia o nome mais esquisito. - Risos. - Mas a Raquel é teimosa e sabe bem o que quer, jamais aceitou nossas sugestões, mas Yuna parece ter sido do agrado dela...é lindo, e vou adorar chamar a minha menina assim.
Damarys olhou para o lado e sorriu. Olhou para Nayami e ela pôde ver uma expressão linda naquele par de olhos verdes.
--Simples e forte, como ela queria.
--Exatamente e acertaste na primeira tentativa...
--Hum-hum...
Sorrisos.
--Ah, fiquei aqui de conversa...a Raquel quer agradecer-te lá no quarto.
--Mas ela já o fez...
--Ei, não podemos negar nada a uma gravida, ainda mais a quem aceita nossa sugestão de nome para a própria filha sem pestanejar.
Gargalhadas.
--Tu és muito engraçada.
--E a senhorita melhor do que eu pensava.
--Olha os julgamentos...
Risos altos.
--Pois é, mania cega de defender as amigas, comadres...
--Que já são adultas e não precisam de nada disso...
--Eu sei, estás coberta de razão. Ainda mais que a algoz virou anjo.
Gargalhadas.
--Menina, teu sentido de humor é maravilhoso.
--E tu és muito espontânea e maravilhosa.
--Ah, vamos ficar assim? Até quando?
Risos.
--Perdoa-me pelo que eu vou dizer, ainda mais se não fizer sentido algum, mas tu e a Raquel combinam como ninguém.
Completamente vermelha, Damarys riu com vontade.
--Vamos garota, a mãe da Yuna, tua comadre, nos espera.
Risos felizes.
**********
--Foste buscar a Damarys em casa? - Perguntou Raquel não disfarçando a ansiedade.
--Quase isso.
Risos.
--Calma garota, ela está aqui. Só estávamos um pouco à conversa, afinal eu precisava agradecer pela disponibilidade dela em ajudar-nos. - Disse Naya piscando o olho e voltando imediatamente a atenção para Dina, para que elas pudessem ter alguma privacidade.
--Eu nem tive tempo de agradecer...minha família chegou e já viste como é...- Ela sorriu timidamente e Damarys sentou-se na beirada da cama.
--Agradeça por ter uma família e amigos que se importam...
--Todos os dias da minha vida...ainda há bocado estava a dizer à Nayami que não sei o que fiz para merecê-la na minha vida.
Emoção aflorada.
--Dizem que colhemos o que plantámos...
--Essa frase parece coisa da Naya, ela é toda cheia de espiritualidade ou sei lá o quê.
Risos.
--Obrigada Damarys...salvaste-me a vida.
Sorrisos.
--E ganhei o privilégio de escolher o nome da tua filha.
Risos.
--Pois é...e ela gostou, aliás ela não para de pular. Parece que quer dizer, mãe, estou mais firme e forte do que nunca.
Sem pensar e agindo no mais absoluto impulso, Damarys colocou a mão na barriga de Raquel. Sorrindo, ela direcionou a mão de Damarys para a lateral. O bebé mexeu imediatamente e Damarys sorriu pressionando ainda mais aquela região.
--Yuna...- Sussurrou Raquel emocionada.
--Sim, definitivamente tem uma Yuna aí dentro.
Raquel sorriu e Damarys teve vontade de abraçá-la, abraçar-lhe a barriga e permanecer.
--O Bruno...- Lembrou-se do pequeno.
--O que tem o Bruno? - Raquel estava em outra galáxia.
--Ele está com a Silene...
--Meu Deus, é verdade. Eu e minhas confusões que englobam o universo.
Risos.
--Exagerada. A Silene gosta de crianças e o Bruno é uma criança muito especial. Devem estar se divertindo e muito. Mas preciso busca-lo porque se não estou enganada ela trabalha na madrugada e precisa dormir cedo.
--Ai si, claro. E ainda terás de deixá-lo no subúrbio...-Concluiu envergonhada.
--Só não ofereço para acolhê-lo no meu apartamento porque amanhã logo cedo tenho um compromisso de trabalho...
--O que é isso? Não, já abusei demais. Já vamos sair, e podes deixá-lo em casa...e nem sei como te agradecer...
--Eu sei...
--Como?
--Permitindo que eu fique por perto. - O olhar de Damarys era terno e forte ao mesmo tempo. Raquel sentiu um alvoroço no peito e foi salva pela mãe.
--Damarys, muito obrigada. Foste uma amiga e tanto da minha filha...da família toda e eu valorizo muito os amigos.
Damarys sorriu nervosa. A frontalidade da senhora a intimidava...
--Vou lá buscar o Bruno. - Disse um bocado nervosa.
--Nós já vamos. Vou levar essa mocinha sem juízo para casa...
--Mãeeeeee. - Raquel repreendeu a mãe.
Gargalhada geral.
--Sem juízo no sentido de não pensares muito em ti e nesse bebé que carregas, calma minha filha, não vou falar mal de ti à frente dos teus amigos, ainda mais quando estás numa cama de hospital.
Risos.
--Quando chegares com o meu pequeno, farei um lanche para nós.
--Não precisa...
--Não recuse um convite da dona Dina, ela fica muito brava. - Disse Naya rindo.
--Façam o favor de deixar a Damarys em paz. - Pediu Raquel fingindo indignação.
--Damarys, não demores a chegar à Reboleira. Vou precisar de reforço para colocar essa moça na cama.
Rindo Damarys deixou o quarto.
--Raquel, é impressão minha ou a tua mãe caiu de amores pela Damarys?
--Ela é sem noção...meu Deus que vergonha...
Risos.
--A Damarys adorou. E sabes de uma coisa?
--O que é Nayami? Não inventes...
Risos.
--Descobri que gosto dela e que vocês combinam como torradas e chá.
Gargalhadas altas.
**********
--Tia Kela, eu comi um pão maravilhoso e gelado de manga, ah também fui brincar no parque dentro do centro comercial. A tia nova é muito boa para o Bruno. Esqueci o nome dela...
Risos.
--Silene. - Disse Damarys acariciando a cabeça do menino.
--Tia Silene. Eu lembro dela, não sei de onde, mas eu já a conhecia...
Risos.
--Tia, a Mariana disse que foste ao hospital.
--Hum-hum, mas já estou bem.
--Levaste injeção?
--Não, amor.
--Tia Damarys foi buscar-me na escola. Eu fiquei contente. Eu tenho muita gente que me busca na escola e só tias bonitas. Sou sortudo, não é tia?
Risos abafados.
--Muito meu amor.
--Bastante, Bruno.
--Bruno, agora deixe a tua tia descansar. Amanhã é dia de escola e o senhor ainda tem de tomar banho, ver a mochila, enfim, todas aquelas coisas chatas que levam a muita reclamação.
--Ok. - Resmungou. - A Mariana ainda está acordada?
--Claro. Lá no quarto.
--Vou lá contar as minhas novidades.
Ele saiu correndo, mas a meio do caminho voltou e beijou Damarys e depois Raquel.
--Esse menino...minha alegria. - Dina sorriu.
--Mãe, vai lá controlar esse banho porque senão amanhã é aquele carnaval para tirar essas crianças da cama.
Risos.
--Sim, tens razão. Já trago um lanche para animar a vossa conversa.
--Não precisa dona Dina...
--Sem dona, pelo amor de Deus...segundo minha filha, só tenho 47 anos, sou uma jovem senhora.
Gargalhadas.
--Não se preocupe com lanche...
--Faço questão. Amiga da minha filha, ajudou a cuidar do meu pequeno tesouro, merece o melhor.
Damarys sorriu completamente constrangida.
Dina saiu do quarto rindo e fechou a porta.
--Não ligue para a minha mãe e nem para o tamanho desse quarto...
--O que tem o teu quarto?
--É um ovo...
Risos.
Damarys sentou na cama ao lado de Raquel.
--Hoje eu e minha família já abusámos bastante...
--Foi um prazer. A senhorita precisa ter juízo...
--Eu preciso trabalhar Damarys...
--Eu sei...
--Não me sobrecarreguei, passei mal por causa do susto, da confusão na escola do Bruno...se acontece alguma coisa a esse menino eu nem sei...
--Calma, não aconteceu nada. Tudo não passou de um grande mal-entendido. Viste o Bruno? Todo feliz, saudável e inteiro e ainda ganhou mais uma amiga.
Risos.
--Tua amiga foi impecável. Preciso agradece-la...
--Ela depois passa no ginásio e terás oportunidade de agradecer.
Elas conversavam num tom baixo e muito intimo. Às vezes ficavam em silêncio, mas ele falava por elas.
Raquel acariciou a barriga lentamente. Sorriu e suspirou.
--Minha Yuna... - Mais um sorriso terno e o foco na barriga.
--Gostaste mesmo do nome...
--Adorámos. Eu, ela, e todo mundo. Até a chata da madrinha...
Risos.
--Podes escolher outro nome...
--Ela já tem nome, Yuna.
Olharam-se profundamente. Silêncio. Intimidade. Aceitação.
Ainda em silêncio, Raquel segurou a mão de Damarys e levou para a sua barriga. De dedos entrelaçados sentiram leves cocegas que o bebé fazia. Damarys sorriu e depois sentiu algo estranho que quase a fazia levitar. Respirou fundo.
Dina entrou no quarto carregando uma bandeja e toda falante.
--Trouxe umas coisinhas leves para a senhora gravida e outras mais gostosas para a nossa amiga.
Risos.
--Mãe, somos duas pessoas...aqui tem comida para dez.
Gargalhadas.
--De fome ninguém morre na minha casa.
--Obrigada. - Agradeceu Damarys comendo um pedaço de bolo de cenoura.
--Hmmm, que bolo maravilhoso. - Gem*u deliciando-se no quitute.
--Especialidade da dona Dina.
--Fiquem à vontade, vou lá controlar aquelas crianças.
Ela saiu e a conversa continuou em ritmo de intimidade e como acompanhamento, comida boa.
Algum tempo depois...
--Preciso ir...- Disse Damarys sem nenhuma convicção.
Raquel olhou dentro dos olhos dela e teve vontade de pedir que ela ficasse, mas desviou o olhar para não trair-se.
--Tenho uma reunião logo cedo...muito trabalho.
--Imagino...daqui a três dias vou ter uma reunião no projeto novo...ganhei uma campanha grande...
--Eu sei...
--Obrigada...sei que foi indicação do teu escritório...
--A marca escolheu-te por mérito exclusivo teu. És perfeita para a campanha...
Sorrisos.
--Preciso mesmo ir...- Levantou-se e depois inclinou o corpo e beijou a testa de Raquel. De olhos fechados ela sentiu o coração acelerar.
--Mais uma vez...obrigada.
--Se precisares de qualquer coisa, não hesite em me chamar. Ok?
--Ok.
Sorrisos.
--Cuida-te e cuide bem da tua menina...
--Cuidarei...Damarys...
--Sim?
--Gostei de ter-te aqui...
Damarys sorriu e foi embora antes que fosse impossível.
Raquel suspirou entre risos e acariciou a barriga.
--Agora podemos dormir em paz, não é filha?
Sorriu e recostou-se na cama.
**********
Deitada no chão do lounge, Nayami perdia-se em pensamentos. Há cerva de meia hora tinha conversado com Nicole por algum tempo. Um lado dela explodia de felicidade, mas havia outro onde duvidas e ansiedade habitavam e a deixavam confusa.
Suspirou profundamente ao levantar-se e dirigir ao quarto. O apartamento estava quase às escuras e aquele ambiente dava-lhe uma sensação de acolhimento. Abraçou-se e experimentou uma espécie de conforto.
Pegou uma caixa no seu antigo quarto e retornou ao lounge. Encheu um copo de agua e abriu a caixa. Mais um suspiro profundo. Por muito tempo a caixa permaneceu fechada, memórias enclausuradas. Outra vida...
Memórias que carregavam dores, não as memórias em si, mas a forma abrupta como elas tinham deixado de ser alimentadas. Havia recortes ali que causaram dor, sofrimento, mas os tempos eram outros. Ela se reconstruira ou se desconstruíra...a caixa poderia ser aberta. Abriu-a.
Sorriu. Experimentou a mesma leveza de outrora...agora sabia valorizar sensações como aquela, pois já experimentara uma dor atroz que era antagónica á leveza de seus dias atuais e de seus dias na outra vida...
Outra vida...às vezes tinha a sensação que a outra tinha sido uma vida normal e que a atual era um sonho e ultimamente tinha medo de acordar. Tinha medo de acordar dos sonhos...que confusão.
Respirou fundo e caminhou até à janela. Ouvia Amaal cantando Coming & Going enquanto observava as luzes ao longe. Precisava ser inundada por muita luz para que não houvesse mais duvidas. Mais um longo suspiro.
Queria poder deixar as palavras ganharem vida pela boca, queria devanear, ouvir algum conselho, embora não houvesse muito o que fazer. A decisão já estava tomada. Mais um suspiro.
Queria poder contar a Raquel o que estava por vir, mas a amiga estava num processo delicado com a gravidez e com a própria vida. Raquel era pratica e via a vida num sentido muito claro...oportunidades.
Olhou para uma foto de Valentina num canto do lounge. Seu coração ficou quente...sorriu e agradeceu em silêncio. Voltou-se para a caixa e pegou uma foto que espelhava a outra vida...ela e Leonard numa viagem...sorrisos...
E mais uma vez a vida lhe colocava á prova, era sempre assim...parecia um campo de batalha com alguns momentos de trégua.
Lágrimas...sim...quentes e abundantes.
Em algum lugar da sua mente escutou a frase que ouvira a vida toda da tia Lola..." Deus nos dá apenas batalhas compatíveis com as nossas forças". Mais do que nunca, precisava acreditar na sabedoria de Carlota.
**********
Por ordens médicas, Raquel permaneceu apenas um dia de repouso. Retomou suas atividades normais e sem qualquer tipo de limitação. Claro que mais consciente, ela evitava situações que pudessem ser extenuantes. Foi nessa linha de pensamento que ela não se inibiu a pedir boleia a Damarys para chegar a tempo num compromisso publicitário. Ela precisou pedir apenas uma vez para aquilo passar a ser rotina. Sempre que possível Damarys a deixava em casa depois das aulas no ginásio e algumas vezes a levava a outros compromissos. Ora Damarys, ora Zeca e até Nayami que já perdera o medo de dirigir o carro de Valentina, que nos últimos dias vivia numa constante ponte aérea Lisboa - Berlim.
Raquel já se sentia mais tranquila ao lado de Damarys. Tranquilidade em termos porque às vezes ela perdia-se naquele olhar e demorava a encontrar um rumo coerente para o que sua mente já definira. Gostava de Damarys, gostava da forma como ela a tratava, gostava da forma que ela via a vida, mas sabia que seus mundos eram muito diferentes e sabia também que Damarys jamais entenderia a história da sua Yuna. Evitava ilusões e procurava ser firme no propósito de não alimentá-las.
Os dias seguiam leves e condimentados com muita esperança.
Mais um fim de noite no ginásio. Raquel arrumava suas coisas para deixar a sala quando foi surpreendida com duas mãos tampando-lhe a visão. O cheiro...inconfundível. Segurou as mãos entre as suas e sorrindo olhou para Damarys.
--Já vi que não vieste fazer exercícios.
Risos.
--Com essa roupa, não.
Risos.
--Tudo bem?
--Sim. E contigo?
--Tudo...um pouco cansada. Turma nova no pilates para gravidas...tem muita gente prestes a nascer.
Risos.
Damarys acariciou-lhe a barriga.
--E a Yuna?
--Ela está bem. Crescendo...
--Tua barriga está linda...
--A Lígia disse a mesma coisa, fez-me levantar a blusa para ver e sentir. Minha menina está cada dia mais forte.
Emoção. Silencio. Sorrisos.
--Já terminaste por hoje?
--Graças a Deus. Será que uma alma boa deixa-me na Reboleira?
Risos cúmplices.
--A alma boa queria levar-te para jantar...a ti e à Yuna.
Raquel sorriu abertamente. Queria tanto fazer algo assim...
--Esse sorriso é um sim?
--Esse sorriso seria um sim se eu estivesse em condições...não posso jantar contigo com essas roupas e toda suada...
--Estás linda, tu és muito linda. O convite é para jantarmos lá em casa e tens um chuveiro maravilhoso, vários sabonetes, toalhas, perfumes, cremes...
--Ok, eu aceito. - Raquel riu alto. - Vais cozinhar?
--Não duvides dos meus dotes..., mas não, vou pedir alguma coisa que seja agradável ao nosso paladar...
--Massa? Lasanha? Ai eu quero.
Risos.
--Lasanha, porque a senhora manda.
--Só preciso avisar à minha mãe que vou chegar mais tarde...
--Tudo bem. Vamos?
--Hum-hum...vamos.
Deixaram a sala rindo.
**********
Raquel demorou algum tempo no banho. Sentiu-se muito bem com a agua morna pelo corpo e uma musica tocando num volume perfeito. O banho na sua casa era sempre corrido porque havia mais gente para usar um espaço pequeno e com as funcionalidades básicas. Ali, ela experimentava deleite, conforto...paz. Deixou-se ficar. Levou algum tempo acariciando a barriga, permitindo que a agua a tocasse sem pressa.
O ritual pós banho obedeceu a mesma calma. Abusou dos cremes de Damarys, dos cheiros maravilhosos que lhe inundavam os sentidos. Em cima da cama tinha um vestido amarelo de algodão que lhe assentou como uma luva e ainda tinha um conjunto novo de lingerie.
Riu muito ao ver aquele cenário sobre a cama...Damarys era muito engraçada e surpreendente.
Prendeu o cabelo no alto da cabeça num coque improvisado porque estava muito quente e descalça deixou o quarto seguindo a musica que a levaria a Damarys.
Na alma, a sensação de enlevo.
**********
--Damarys, colabore com a saúde física de uma gravida...
Risos.
--Eu não tenho culpa se a gravida é sem noção e come por quatro...Raquel, devoraste a travessa inteira.
Risos.
--Que vergonha. E agora vou passar mal...tem chá?
--Eu faço.
--Não...eu faço.
--Fica aí que eu já trago. Queres chá de quê?
--Hortelã e gengibre, tem?
--A Silene diz sempre que sou a louca obcecada por chá...tem.
Gargalhadas.
--Vou esperar na cozinha...contigo.
--Ok. Quem sabe assim a agua não ferve mais depressa.
Gargalhadas altas.
--Parva.
Damarys seguiu na frente em direção à cozinha e Raquel sentiu os pés algures acima do chão de madeira.
Algum tempo depois na cozinha:
--Maravilha. Tem algum toque especial nesse chá...o sabor é divino.
--Meus truques...
Risos.
--Adoro meus momentos com chás. Gosto do ritual da preparação e também da degustação...é um prazer...
--É...esse hábito é muito bom. Lá em casa tomamos muito café e as crianças leite e sumos. Mas com a chegada da Nayami em nossas vidas, o habito do chá passou a ser mais frequente.
--Quando quiseres degustar sabores do oriente em infusões, já sabes o caminho cá de casa...
Raquel sorriu e mordeu o lábio inferior. A sensação de paz era quase palpável. Não queria ir embora...
--Vamos lá para a sala? Ouvir um pouco de música...
--Sim. - Assentiu sem titubear.
--Quero saber as novidades da campanha...ouvi dizer que há coisas novas...
Risos.
--Ouviste dizer...Aham...
Gargalhadas.
Na sala o ambiente era tão acolhedor que Raquel viu-se deitada no sofá sem qualquer cerimónia. Sentada no chão e completamente à vontade, Damarys conversava sobre coisas de trabalho e outros assuntos aleatórios.
--Estás bem?
--Hum-hum...pareço não estar?
Gargalhadas.
--Não é nada disso, é que estás sempre a segurar a barriga e me preocupo...
--É mania de gravida...eu também achava um exagero até ficar gravida. Esse ato nos conecta ao bebé e eu particularmente sinto que ela gosta, às vezes conversamos por longas horas...
Risos.
Silêncio. Contemplação. Cumplicidade.
Damarys estava mais próxima ainda de Raquel. Segurou-lhe uma das mãos...o coração de Raquel começou a dançar num ritmo frenético.
--Gosto de ti Raquel...gosto de estar assim contigo...
A voz dela soava como uma caricia.
Raquel fechou os olhos. Apertou com força. Abriu a boca para dizer alguma coisa mais a voz não saiu.
Raquel não percebeu o momento em que Damarys sentou-se no sofá. Estava tão nervosa que ergueu-se num rompante a ponto de ficar tonta.
--Calma...a Yuna mora aí dentro.
Raquel sorriu experimentando uma confusão de sensações.
--Tens a certeza que não queres saber o sex* do bebé?
Ela mudou de assunto tão rapidamente que Raquel sentiu-se quase à deriva.
--Hmmm?
--O sex* do bebé?
--Eu sei que é uma menina...sinto.
--E se não for?
--Tudo bem. Não tenho nada completamente rosa.
Gargalhadas altas.
--Mas a tua menina só vai usar rosa?
--Claro que não. Ela pode usar o arco iris todo. E se for um menino, a mesma coisa.
--Gosto de bebés de vermelho, roupas com bolinhas e ás riscas.
--Ah, tens o gosto parecido ao do Zeca. Ele comprou muita coisa nesses tons...ele é completamente sem noção. E minhas colegas de trabalho também. Já cansei de dizer que moro numa casa pequena, sem muito espaço para guardar coisas, mas ninguém me ouve.
Risos altos.
--Espere um minuto que eu já volto.
--Damarys, porque será que eu sei que estás a aprontar alguma coisa? - Gritou Raquel enquanto Damarys corria pelo apartamento.
Embalada por Reality de Jacob Lee, ela aguardou com um sorriso esplendoroso no rosto.
Um minuto depois.
--Feche os olhos. - Gritou Damarys.
--Sim senhora...ah meu Deus. Estou gravida, não posso ter muitas emoções.
Risos.
--Podes abrir. - Disse Damarys a escassos metros de Raquel.
Com a mão no peito ela abriu os olhos, devagar.
--Eu não acredito. - Gritou.
Damarys sorriu feliz.
--É lindo..., mas Damarys eu não tenho carro, não vou precisar de um car sit...- As mãos de Raquel tremiam.
--Mas eu tenho...
--Mas...- Raquel tremia da cabeça aos pés.
--Senta. - Damarys ajudou-a a sentar-se e colocou o car sit no chão. - É apenas um presente para o teu filho, mas se isso te incomoda, eu devolvo, ou ofereço a outra pessoa...
--Não.- Raquel sobressaltou-se.- Não é questão de querer ou não, eu não seria indelicada a esse ponto...é que fiquei surpreendida, e eu não tenho carro... - A voz saía num tom mais baixo.
--Tudo bem...
--Damarys, eu gostei do presente...muito.
--Mas não tens carro...
Gargalhadas.
--Abusada.
Risos.
--Eu tenho carro, e quando a Yuna estiver comigo, essa coisa que a senhora desdenhou, será de extrema utilidade.
A forma como Damarys falou, a naturalidade, a beleza impar que invadiu sem semblante naquele momento, deixaram Raquel desnorteada, com a sensação que o coração tinha explodido em muitos tons vivos.
Sem pensar, ou movida por uma vontade que já gritava para ser extravasada, Raquel segurou a face de Damarys com as suas mãos. Explosão de ternura.
--Obrigada...muito obrigada.
Damarys beijou-lhe as mãos. Mantinha os olhos fechados...sentia, apenas.
Raquel não pensou em nada. Seu coração batia numa velocidade que sentia-se quase sem ar. Buscou-o na boca de Damarys.
Ela parecia esperar pelo beijo. Correspondeu com vontade. Ambas explodiam numa vontade há muito represada.
Raquel deliciava-se na forma como Damarys beijava. Era perfeita. Era a forma que a deixava nas nuvens e com o corpo ardendo. Esse ardia e queria mais contato, queria colar-se ao de Damarys. Calor...muito calor. As bocas quentes pareciam saciar-se uma na outra e querer mais, cada vez mais...
No momento em que Raquel percebeu que seu controlo estava por um fio, empurrou Damarys.
--Isso não está certo...- Disse ainda sem ar.
Damarys passou a mão pelo cabelo e respirou profundamente. A passos lentos deixou a sala.
Raquel sentiu um vazio que quase rasgou-lhe a pele.
Não demorou muito e Damarys voltou com um copo de água na mão. Estendeu-o à Raquel que o sorveu num gole.
--Calor...- Disse esfregando a mão na testa.
--Muito.
Damarys sentou-se mais uma vez ao lado de Raquel.
--Podemos ficar com o car sit?
Raquel sorriu e Damarys soube que teria toda a paciência do mundo, desde que a recompensa fossem sorrisos assim...
--Podemos. Essa menina já tem carrinho, car sit, um monte de roupas, berço que a maluca da Nayami vai comprar, brinquedos...
--Ah, brinquedos sonoros para berço e kit de higiene perfeito para recém-nascidos, ela também já tem. - Disse Damarys orgulhosa.
--Meu deus, o que eu faço com esse povo? Ah, e eu vou ganhar muita coisa na campanha...fiquei muito feliz, vou poder ter o bebé numa das unidades da clinica.
Mais um sorriso, agora de Damarys. Raquel atrapalhou-se e mordeu a boca sem querer.
--Ai...
--O que foi?
--Nada.
--Queres dormir aqui?
Raquel teve a sensação de explosão nos ouvidos. Queria demais dormir com Damarys, mas e depois? A boca começou a tremer, as mãos também.
--Raquel, minha casa tem dois quartos, eu não mordo ninguém...
--Desculpa...não é isso...- Ela não conseguia concluir uma frase com nexo.
Damarys a olhou demoradamente. Segurou-lhe a mão e beijou devagar.
--Nós somos diferentes...eu preciso de calma para terminar minha gestação...isso tudo me confunde, e...
--Calma, respira. Tudo bem?
--Hum-hum...
--Vamos? Deixo-te em casa...
--Não precisa, já é tarde...vou de Metro.
--Não vamos discutir agora, ou vamos?
--Teimosa.
Risos.
--Gostaste do jantar?
--Se eu gostei? - Raquel sorriu tão espontaneamente que Damarys foi mais uma vez invadida por certezas irrefutáveis.
--Gostaste?
--Sobrou algum resquício da lasanha?
Risos altos.
--E da companhia?
--Sabes que sim...adorei a companhia. Ah, dona Damarys, quando fores escolher lingerie para mim, lembre-se que gravidas usam peças mais comportadas e confortáveis. Esse pedaço de pano que a senhora me ofereceu mal cabe em mim.
Damarys riu às gargalhadas. Num rompante de felicidade beijou a boca de Raquel, a testa, as mãos e continuou a rir alto.
--Tu és muito engraçada. Adoro-te sua doida...muito. Tenho a certeza que a lingerie coube muito bem...és a gravida mais sexy que eu já vi...
Ela olhou para o corpo de Raquel com desejo deixando-a com os sentidos em alerta.
--Vamos?
--Sim...se abrires a porta...
Gargalhadas.
**********
Damarys seguia para casa de Raquel por uma via alternativa que demorava um pouco mais. Se Raquel percebeu o desvio deliberado, permaneceu calada.
O caminho era feito sem muitas palavras, mas com intensas trocas de olhar e pensamentos que divergiam muito de uma mente à outra. Raquel morria de medo e focava nos impedimentos para não cair definitivamente nos braços de Damarys. Ela, por sua vez, se embalava nas certezas, no desejo, na vontade de descobrir mais daquela mulher que a fascinava em todas as suas nuances.
Damarys ligou o radio do carro e tamborilou os dedos no volante enquanto esperava o sinal abrir. Olhou para Raquel que parecia absorta. Linda. Sorriu e apertou o volante.
No radio começou a tocar Are you dos Arizona.
Raquel olhou para Damarys e sorriu. Olhou para fora e riu alto, batendo com a cabeça.
--O que foi?
--Nada...
Damarys riu, sabia que Raquel estava tão admirada quanto ela pela coincidência da letra da música.
Começou a cantar o refrão, perdida nos próprios pensamentos. No rosto o sorriso mais lindo.
Do lado do passageiro, Raquel era inundada por uma sensação forte de esperança.
**********
O carro de Damarys estava parado nas imediações do prédio de Raquel há alguns minutos. Nenhuma delas parecia muito disposta a quebrar aquele clima de cumplicidade e outras tantas coisas boas que havia se instalado.
Raquel olhou as horas e levou um susto.
--Criatura, amanhã tenho uma consulta logo cedo e um dia repleto do inicio ao fim...
Risos.
--Eu também tenho muitos compromissos. Vou almoçar na praia do Guincho, não queres vir comigo?
Raquel riu alto.
--Sozinha ou com clientes?
--Tenho uma reunião em Cascais com uma marca e depois vou me dar um presente comendo bem...
Risos.
--Infelizmente não vou poder...dia cheio.
--Se mudares de ideia...
--És sempre assim?
--Como?
--Irresistivelmente sedutora, persuasiva...ai ai...- Raquel suspirou e Damarys riu alto.
--Vou descer desse carro porque sinceramente...- Olhou para Damarys e mordeu a boca.
--Não mereço um beijo de boa noite...quase feliz madrugada?
Raquel riu muito e inclinou-se para beijá-la na face. Foi surpreendida com um beijo intenso na boca e não conseguiu controlar um gemid* de desejo. O beijo estendeu-se, cada vez mais exigente e sensual. Raquel apenas deu-se conta do que estava a fazer quando machucou levemente uma das pernas no travão de mão do carro.
As duas riram da situação ainda presas num abraço e com as bocas quase coladas.
--Isso não está certo...tu sabes disso, não sabes? - Raquel sentenciou olhando para Damarys que eximiu-se de qualquer culpa com um simples gesto com as mãos.
--Boa noite. - Disse Raquel com o coração aos pulos.
Saiu do carro e deu a volta ficando parada ao lado de Damarys.
--Adorei nosso jantar...
--Eu tenho até pânico de me acostumar com essas coisas...medo da naturalidade de tudo isso...
--Porquê?
--Não sei...não é hora para mais uma rodada de perguntas sem respostas.
Gargalhadas.
Olhares cruzados. Sorrisos. Suspiros.
--Tchau...
--Tchau...
Damarys puxou Raquel para mais um beijo. Esqueceram-se do local e deixaram-se levar pela delicia que era aquela troca.
Raquel correu, literalmente.
--Ei...- Damarys gritou rindo.
Ela olhou para trás tentando controlar a respiração.
--As respostas estão todas aí dentro...- Ela fez um gesto apontando para o próprio coração.
--Meu coração é burro...
--Não seria o teu cérebro?
Riram muito e Raquel mandou um beijo pelo ar e entrou no prédio.
Damarys ficou parada por algum tempo sorrindo e sentindo-se no caminho certo.
**********
Muito discretamente, Nayami prestava atenção à conversa que iris tinha ao telefone. Não demorou muito tempo para perceber que do outro lado estava Ailine. Já estava intrigada com aquela história, e agora vendo a postura da colega ao telefone, suas suspeitas ganhavam mais força.
Iris parecia implorar por alguma coisa...aquela atitude nem parecia dela, sempre muito pratica e direta. Mas isso era a nível profissional. O emocional da colega sempre foi uma incógnita, ainda mais para ela que não se imiscuía muito na vida alheia.
Mas alguma coisa no comportamento de Ailine a deixava intrigada. E tinha a mentira do aniversário...
Já percebera algum olhar mais ousado da musicista, mas nada muito obvio...estaria ela fazendo algum tipo de jogo sexu*l*? E qual o papel de Iris nessa história?
Sua mente dava voltas e não conseguia chegar a nenhuma conclusão. Ailine continuava com a mesma estratégia e agora já percebia que muitas vezes faltava à verdade. Ela dizia uma coisa e Iris, apesar da sua discrição, dizia outra. Agora, ao telefone, Iris parecia implorar por alguma coisa...jogo de gato e rato? A que propósito? E qual seria seu papel naquela loucura?
Mordeu a ponta da caneta e decidiu sair para tomar um café. A cabeça fervia e claramente o imbróglio Iris/Ailine estava longe de ser sua maior preocupação.
A caminho do café pensou se Ailine apareceria mais uma vez alegando coincidência.
--Claro que não, ela sabe que a Iris está por perto...- Respondeu em voz alta, constatando que a outra apenas aparecia perto do escritório quando a Iris estava ausente.
**********
--Queres ajuda para quebrar a cara dessa Ailine?
Risos.
--Não precisa, até porque eu ainda não entendi muito bem o teor dessa história...
--Eu não gostei da cara daquela mulher...parece aquele povo que sabe que é bonito e usa isso para seduzir o mundo e adjacências.
Risos.
--Nem acho que ela seja tão bonita assim...
--Para mim ela é bonita e ainda tem o charme da musica, dos instrumentos..., mas sei lá, alguma coisa ali cheira a podre...
--Não gosto de julgar mal as pessoas...
--Ai Naya, tu és boa demais...
Risos.
--Nem tanto...
--Tudo bem, mas cuidado com essa mulher. Entendo esse teu lado sensato e altruísta e etc., mas lembre-se que nem todo mundo é assim, aliás, o mundo anda bastante carente de gente assim...
--Deixe essa história para lá...e tu, o que contas?
--Ai Naya...- Raquel mordeu a ponta do dedo.
Risos.
--Damarys...
Risos.
--É obvio, não é?
--Com essa tua cara de gravida apaixonada, sim.
Gargalhadas.
--Nayami, essa mulher é um sonho...sei lá se sonho define, não sei...
--Divague, estamos aqui para isso.
Risos altos.
--Doida. Ah, ela tem sido muito presente nesses dias...sem o Zeca que viaja mais que avião, sem a senhora que além de viajar de vez em quando, nesses últimos dias tem estado muito quieta, ela abraçou a causa ajudar uma gravida do subúrbio a se locomover por Lisboa.
Gargalhadas altas.
--E com sucesso pelo que vejo.
--Ai Naya...socorro.
--Não inventes drama onde não existe.
--Como não Nayami? Achas mesmo que combino com essa mulher? Ela vai cansar de mim em três dias, e tem a minha filha...
--Que ela já adora e cujo nome deste-lhe o privilegio de escolher...ah Raquel, não deixe de viver por medo e muito menos por preconceito. Nós já sofremos preconceitos do mundo, é desnecessário que criemos barreiras à nossa própria felicidade.
--Eu sei Naya...ouvindo os teus conselhos e também o meu coração, eu aceitei jantar com ela...
--Hmmm...evoluímos.
Risos.
--Em casa dela...ela é subtil...maravilhosa. Tinha até roupa para mim depois do banho...
Nayami ouvia tudo com um largo sorriso no rosto.
--Foi tao assustadoramente natural...eu cheguei ao ponto de esquecer de tudo o que já sofri por causa das inseguranças dela, das minhas. Acho que por momentos eu me esqueci até de quem era...
--Ou então deixaste a verdadeira Raquel aflorar...
--Pode ser...ela me beijou ou eu a beijei, nem me lembro mais...ai Naya...
--Foi bom? Já tinha acontecido antes, ou não?
--Sim, já. Mas dessa vez parecia que ela me beijava com a alma exposta, o corpo em chamas, entendes?
--Hum-hum...
--Nayami, eu senti coisas...
--Que coisas?
--Uma vontade avassaladora de arrancar as minhas roupas e as dela...
--E?
--E nada, claro. Corri...gravida sente essas coisas? Esse fogo que parece que varre tudo e deixa uma brasa ardendo...
--Ai...
Risos.
--É sério...sente?
--Raquel, eu não sei. Nunca estive gravida, mas acredito que seja normal. Uma mulher gravida está viva, eu diria que mais viva, é natural que sinta desejo...
--Desejo, louco.
--Fizeram amor?
--Claro que não. Eu fugi...e ela ainda me convidou para dormir lé e com aquela cara de menina inocente...ai porr*.
Gargalhadas altas.
--Sou fã da Damarys.
Risos.
--Eu tenho medo...de quebrar a cara. Não sou mais sozinha Naya, não posso permitir que meu bebé sofra por causa das minhas atitudes...
--Eu concordo com o que acabaste de dizer, mas discordo que Damarys possa ser uma má escolha. Deixe a coisa fluir, permita que ela te mostre quem realmente é...pelo que entendi, ela deu-se uma chance, e parece que a minha afilhada que tu julgas como um entrave à continuidade da vossa história, na realidade tornou-se o elo que faltava...Raquel, atenção aos presentes da vida. Parece-me que essa mulher é daqueles que cabem num contentor.
--Ah Nayami, eu queria ter a tua maturidade, tua visão da vida...queria ser sábia como tu.
Nayami riu discordando do que a amiga acabara de dizer.
--Não tenho nada de sábia...estou num momento bastante conturbado da minha vida, tendo que agir depressa e sentindo-me atada e sem coragem...
--Sem coragem? Tu és muito corajosa...
--Será?
--Já te perguntei antes e não quiseste conversar. Volto a fazê-lo e és livre para falar ou não...
--Eu vou contar-te o que está a afligir-me, até porque a tua visão da vida é muito clara nesse aspeto e provavelmente vá me ajudar, mas daqui a pouco. Esgotemos o assunto Damarys que é bem mais interessante.
Gargalhadas.
--Ok. Só uma pergunta...
--Hmmm?
--Não tem nada a ver com a maravilhosa?
--Quem?
--Ah, vá passear...a Valentina, claro.
--Não...ou sim, de certa forma sim...- Nayami sentiu lágrimas quentes brotarem nos seus olhos.
--Naya, estás a sofrer?
--Sim...muito.
--Oh Naya...
Raquel abraçou a amiga com todo o amor que lhe cabia no peito.
**********
Valentina dirigia em direção ao seu apartamento com uma sensação de vivacidade que quase a fazia flutuar. De todas as possibilidades para a sua vida profissional, aquela com a qual lidava no momento jamais passara-lhe pela cabeça. Era real, agora era e não poderia estar mais feliz. A Life Up não seria de todo extinta, mas para ela o novo formato já não fazia sentido. Mas, os novos donos eram um gigante do entretenimento e a proposta que recebera não dava margem para nada além de um retumbante sim. Estava muito feliz e extremamente realizada. Ainda lhe fora concedido o privilégio de criar a sua equipa e para a sua alegria, Isabela aceitara imediatamente segui-la naquela nova aventura.
Tinha acabado de conversar com ela e Joaquim. Uma conversa informal, já que a comunicação oficial viria em tempo útil. Para Joaquim, assim como era para ela, o novo formato da Life Up não interessava e ele decidiu que era a altura de seguir pelo mundo numa viagem sem pressa com a mulher. No final, todos estavam felizes e entusiasmados com os novos rumos da vida.
Queria chegar logo em casa e contar tudo a Nayami. Já tinham conversado por telefone, mas muito rapidamente desde que chegara mais cedo de Berlim. Estava com saudades dela, tanta que corria pela estrada doida para chegar em casa.
Quase chegando ao Parque das Nações, ela teve uma ideia que soou-lhe perfeita para a ocasião. Sorrindo, acelerou para chegar logo em casa.
**********
Nayami seguia o trajeto pela linha de Estoril quase grudada em Valentina que vez ou outra acariciava-lhe a cabeça ou beijava levemente. Valentina dissera que iriam jantar num restaurante maravilhoso com vista para o mar porque tinham motivos para comemorar. Nada além disso e pelo semblante dela, Nayami pôde notar que a noticia era boa. Sem mesmo saber o que era, já estava feliz, mas não completamente porque precisava comunicar algo que poderia mudar alguma coisa, ou muita coisa.
Enquanto ouvia Dont Pretend de Khalid que tocava na radio do carro, suspirava e se agarrava ainda mais a Valentina.
--Tudo bem, Naya?
--Hum-hum. - Mais um longo suspiro.
**********
Durante o jantar num spot soberbo sobre o mar, tudo o que elas conseguiram extravasar fora a alegria de estarem juntas e o quanto morriam de saudades de momentos assim.
--Descobri que gosto de estar contigo não interessa o lugar...é claro que essa vista sobre o oceano, as estrelas, o barulho do mar e essa comida maravilhosa, são um condimento especial...
--Esqueceste do vinho... - Nayami ergueu mais um brinde e Valentina piscou-lhe o olho.
--Estás linda Naya...consigo ver uma vulnerabilidade no teu olhar que te deixa ainda mais atraente...
Valentina entrelaçou seus dedos nos de Nayami que mais uma vez apertou com força. Ela sorriu e desejou parar o tempo.
--Eu queria que o tempo parasse...- Disse com a voz rouca de emoção.
--E eu preciso beijar-te...agora.
Nayami sorriu e mordeu o lábio. Queria demais ser beijada, queria perder-se naquela mulher...precisava daquilo...
Com as taças de vinho nas mãos, dirigiram-se à imensa varanda que ficava literalmente sobre o mar. Já não havia muita gente no restaurante, e a varanda estava totalmente deserta.
The sea, dos Haevn era a musica ambiente.
Nayami aproximou-se do parapeito e deixou que a brisa lhe acariciasse a face. Respirou fundo e o cheiro da maresia a levou para dentro de si. Sentiu uma necessidade de proteção. No segundo seguinte sentiu os braços de Valentina envolvendo seu corpo. As lagrimas vieram...
Violino...mar...cheiro de maresia e os braços que queria à volta do seu corpo para o resto da vida...
Virou-se lentamente e de olhos fechados recebeu o beijo, aquele pelo qual ansiava...tanto.
Valentina gem*u ao tocar-lhe a língua, Nayami teve vontade de pular no mar e levá-la junto...deliciaram-se no momento. Encontraram-se num abraço apertado, carregado das melhores emoções...assim ficaram por algum tempo.
--Naya...
--Hmmm...já queres ir embora?
--Não...
Risos abafados.
--Está tão bom aqui...
--Sim...perfeito.
Naya olhava para o mar enquanto tinha o corpo todo abraçado. Parecia estar noutra dimensão...
--Naya, estou muito feliz...
--Eu também...muito. - Apertou os braços de Valentina com as suas mãos.
--Não quero mais ficar longe de ti...
Silêncio.
--Já sei meu futuro na revista...
--Hmmm...- Sem conseguir se controlar, Nayami sentiu as pernas tremerem.
--A revista vai fundir-se a outra de maior volume aqui de Lisboa, mas vai perder muito da sua essência...
--E claro que essa nova dinâmica não te atrai...
--Já me conheces...- Valentina apertou ainda mais Nayami e fundiu sua face nos cabelos dela.
Silêncio.
--Lembras-te do meu maior sonho profissional...
--Sim, um programa de televisão...produzir e apresentar...
--Sim. Os novos donos da Life up são uma empresa gigante de comunicação...fui convidada a apresentar um programa incrível, vou fazer parte de todo o processo...é algo enorme, desafiador...estou muito feliz. Ainda estamos em negociação, mas na reunião de ontem as coisas ficaram mais claras.
Nayami estava feliz por ela, muito. Mas, as pernas tremiam e o resto do corpo também.
--Estou feliz por ti...querias tanto... - Nayami não sentia as palavras...
--Vou morar em Berlim e quero que vás comigo.
Nayami tremeu a ponto de Valentina perceber.
--Quando?
--Ainda esse mês. Claro que terás tempo para resolver as coisas no teu trabalho, mas é importante para mim que estejas do meu lado.
Nayami respirou fundo e apertou Valentina quase a ponto de machucá-la.
--Meu bem...estás bem? Eu também fiquei emocionada, e até confusa, mas é uma oportunidade única e...
--Eu não posso ir.
Silêncio.
--Não precisas correr...terás tempo para organizar as tuas coisas, mas não demores muito tempo porque eu preciso de ti...
Nayami finalmente olhou para ela. Estava devastada e Valentina percebeu cada milímetro de inquietude naquele olhar doce que tanto amava.
--O que foi Naya?
--Vou voltar para a Austrália.
O único som que se ouviu foi o barulho de uma onda rebentando furiosamente na praia.
Fim do capítulo
Olá,
E lá se foi mais uma tentativa frustrada de escrever um capitulo com o maximo de 5 mil palavras. Se alguem aqui nao gostar, releve...um dia eu consigo essa proeza.
Boa leitura e uma excelente semana a todas.
Nadine
Comentar este capítulo:
Noooooooossssa q capítulo foi esse, de prender a respiração e só voltar a respirar quando o mesmo tiver acabado.... Ah continue a escrever 10, 20, mil palavras que nós não ligamos não viu kkkk sem problemas autora perfeita. Sabia q veria BOMBA por aí quando Raquel e Damarys se acertam, Naya e Valentina se desacertam mas aguardo cenas do próximo capítulo pra saber oq a vossa senhoria reserva as nossas PROTAGONISTAS moça ABRAÇOS!!!
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Vanderly
Em: 30/07/2019
Ah Nadine! Estava tão perfeito; Raquel e Damaris se entendendo, e agora essa de Nayame ir para Austrália. Será que Leonard está vivo? Assim meu coração não aguenta. Mas se as duas se amam de verdade, vão encontrar uma maneira de ficarem juntas, o amor delas é forte. Mas não demore muito de resolver esse impasse, pois nosso coração não aguenta de tantas emoções
Beijos minha linda!
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Mille
Em: 29/07/2019
Ola Nadine
Damyres se dando uma chance aos seus sentimentos para a Raquel e quando a pequena nascer vai irá conquistar ainda mais a Damyres.
Ah o destino quer brincar com a Naya e Valentina mais acho que ambas vão se separar e voltarao a se encontrar.
Bjus e até o próximo capítulo
E que venha muito longo, amo sua escrita e quando mais longo nos prende ainda mais.
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libriana
Em: 29/07/2019
Boa tarde a todas!!!!
Olha Nadine vou torcer pra que fique, cada vez, mais frustrada em relação a quantidade de palavras. Vou torcer para passar mt da sua meta ... de preferência acima de 15 mil.kkkk
Meu bem, sua escrita é um deleite. Na medida q q vou lendo, percebo q esta chegando ao fim, da uma tristeza danada. Fica aquela sensação de abandono. Que falta algo... e falta mesmo. Como termina deste jeito? E a curiosidade alheia... não pensa em nós, pobres fãs? Ai, ai viu dona Nadine!!! : )
Vamos ao capitulo 43. Lindo de viver!!! A relação de Damarys com Raquel esta renascendo com toda força. Elas se amam! As duas tem um histórico sofrido com as relações anteriores. Como uma forma de defesa, escolhiam pessoas vazias e que não acrescentavam nada a vida delas. Agora com Yuna, elas terão mais um motivo pra essa união vigorar. Qdo a promotora descobrir a concepção do bebe, ela ficara emocionada e mt feliz.
Naya ja percebeu q Ailine é falsa e só aparece qdo Iris não esta. O q era desconfiança, tornou-se verdade... ela vai desmascarar a garota. E tomara q liberte a colega de trabalho desta relação doentia. Bem q Iris poderia ficar com Vika ou com Carina. Aí Ailine descobrira q jogou fora uma pessoa boa.rs
Nosso melhor casal... viu Nadine q escrevi no comentário anterior q Naya voltaria para a Austrália? A reação dela foi denunciadora. Vamos ver como a maturidade de Valentina vai encarar esta situação. Tenho certeza q ela não deixara um sonho por outro. Não é da personalidade da Valentina. Tudo na vida tem jeito, só não tem pra morte. O amor delas desenvolveu na base da confiança. Elas se conhecem bem. Vinah viu o sofrimento no olhar da Nayami, sabe q ela esta sofrendo. É notório o amor... não verbalizaram. Isto é, so, um detalhe. Acredito que falarão com corpo, alma e palavras o q sentem uma pela outra. Escutará o motivo desta volta a Austrália e vão resolver da melhor maneira possível. A poderosa vai sofrer, assim com Naya sofre, porém saberá conduzir da melhor forma possivel.
So não sabemos o motivo desta voltar... sei q tem algo relacionado ao Leonard. Adoro conjecturar... sera q o filho dele ficou órfã de mãe tb? Naya falou q ele tinha filho(s) por isto não cobrava dela.Kkkkkk
Bjs e até breve NH
Libriana
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Manu78
Em: 29/07/2019
Poxa, pelo amor de Deus autora NÃO separe elas.... Tente arranjar um jeito... fiquei com o coração apertadinho.... As vezes a dinâmica da vida é carrasca com as pessoas... e elas têm que se adaptar para sobreviver e assim tb acontece com o amor (adapte-o).. mas não faça esse amor acabar!!! Please!!!
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Carmen
Em: 29/07/2019
Nadineeeee, que capítulo lindo até o final, pq aí, já quero te matar! Como vc ousa separar nosso casal? Nunca vi uma autora que ama tanto testar os casais com separações físicas como você!
Que lindo o desenvolvimento de Damarys e Raquel! Finalmente! Damarys já desistiu de resistir e a entrega dela está linda de se ver! Raquel acredito eu que não vai resistir muito mais, ainda mais com o apoio da Naya! Elas são perfeitas juntas!
Quanto à Valentina e Naya, poxaaa, pq você tem que fazer elas sofrerem e a gente também? Mas confio em você que elas vão dar um jeito. E talvez essa ida da Naya para Austrália não seja definitiva. Eu espero que Valentina não seja a pessoa que tenha que abrir mão do sonho dela pra elas ficarem juntas, pq não consigo pensar em algo que a Naya queira tanto na Austrália. Penso que seja algo relacionado ao marido dela, mas de verdade, espero que seja algo momentâneo.
Quanto ao número de palavras do capítulo, eu peço licença pra fazer minhas as palavras da Bruna. Eu amo seus capítulos longos, a maneira como vc desenvolve sua história com profundidade e você faz isso desde sempre e é só um traço a mais pra gente amar suas histórias! Por isso, também não acho que deveria ser um ponto de preocupação e muito menos uma meta, sem querer soar abusada!
Tenha uma ótima semana! Bjs!
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Keilaspm
Em: 29/07/2019
Como assim naya vai volta pra Austrália pra que pq meu isso não pode acontecer como elas são ficar separadas sério agora que tá indo tudo bem com a Raquel acontece isso sério ( obs não tô reclamando só sofrendo por essa separação ) tão feliz pela Raquel aí acontece isso muito coração não aguenta não
Nadine maravilhoso cap ameiiii e pelo amor de Deus não deixa elas separadas não :(
Beijo ansiosa pelo próximo caps
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brunafinzicontini
Em: 29/07/2019
Bem... Eis-me de volta!
Fiquei tão "tocada" pelo final do capítulo que até esqueci de comentar sobre as notas finais.
Querida Nadine, você tem que, simplesmente, entregar-se à sua inspiração, sem preocupação alguma com tamanho de capítulo ou número de palavras. A gente sente que a história sai "redondinha", do jeito que tem que ser, como resultado natural desse seu dom: dá pra sentir que flui com naturalidade, numa sequência narrativa espontânea. Então, pare de se preocupar ou se "impor meta" de capítulo com número x de palavras. Sinta-se livre, leve e solta, para nosso bem, combinado? O capítulo transcorre com leveza, coerência, digamos quase instintivo e sente-se que você coloca o ponto final no momento certo, exato - naquele momento que nos deixa "doidas" e com "vontade de mais", presas como a boca de um peixe no anzol... No instante impecável para ser postado. Você é mestra nisso... E se nesse ponto o número de palavras for 5.000 - tudo bem. Se for 8.000 0 tudo bem, também. Ele está "maduro", no ponto para ser "servido e degustado" com o maior prazer. A gente vai sempre "lamber os beiços" e querer mais... Ninguém se lembrará de contar o número de palavras ou verificar o tamanho.
E tem mais: mesmo naqueles capítulos que você escreve declarando-se "sem inspiração" (acho isso totalmente impossível... você pensa que não está inspirada - mas sempre está!), sente-se a mesma coisa: você faz a construção do texto com naturalidade, o texto sai delicioso - o que prova, mais uma vez, que realmente você foi privilegiada com esse dom maravilhoso que Deus lhe deu! E nós só temos a agradecer por isso!
Um grande beijo, meu amor! Espero que tenha se recuperado totalmente e que a semana seja bem produtiva! (Espero também que o domingo ressurja milagrosamente daqui no máximo uns três dias... rsrsrsrs...).
Bruna
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brunafinzicontini
Em: 28/07/2019
“O único som que se ouviu foi o barulho de uma onda rebentando furiosamente na praia”... e eu ouvi o som furioso de meu coração disparado!!! A adrenalina tomou conta, descontrolando a respiração... Mas tentarei seguir a ordem cronológica dos fatos no comentário, para que meu coração se acalme e eu encontre o que dizer. Porque fiquei pasma... sem fala...
Adorei a conversa entre Nayami e Damarys! Foi uma ótima oportunidade para que “acertassem os ponteiros”. Creio que desse ponto em diante, poderá nascer uma amizade, com uma lição para que Nayami não se precipite mais em seu julgamento de pessoas levada pelo calor da amizade.
Damarys foi a estrela do capítulo, marcando vários “gols”! Está sabendo reconquistar Raquel e, num arrastão de simpatia, está carregando toda a família – mãe e sobrinhos de Kela apaixonados por ela! Não sem motivos...
Os momentos que Raquel e Damarys viveram foram algo de muito sensacional! O convite para jantar... uau! Maravilhoso! Os presentes... Como não ficar totalmente caída por essa mulher? Não consigo entender como Raquel resistiu ao convite para dormir aquela noite na casa de Damarys... Recusou o convite, mas com muita dor no coração: “sentiu um vazio que quase rasgou-lhe a pele.” Sensacional o momento das duas ouvindo “Are you”, dos Arizona. Letra mais que perfeita para elas! Você, querida Nadine, foi muito inspirada em escolher essa música! Parabéns. Foi tudo muito lindo! Está sendo cativante o rumo do relacionamento das duas!
O retorno de Valentina e o reencontro com Nayami também foi tocante, algo para esquentar o coração! Porém... eu já estava com muito medo do que poderia ter saído na conversa de Naya com Nicole, medo ao vê-la chorar com Raquel, confessando que estava sofrendo, medo ao vê-la relembrar a vida na Austrália, remexendo na caixa de recordações. Achei mesmo que ela precisaria voltar para a Austrália por algum motivo eventual – e ainda que convidaria Valentina para ir junto. Mas não da forma que declarou no final, afirmando que não poderia ir para Berlim e peremptoriamente informando que vai voltar para Austrália! Isso foi uma punhalada no peito! E doeu demais...
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Brescia
Em: 28/07/2019
Boa noite mocinha.
Capítulo maravilhoso como sempre!! Doeu meu coração agora, não sei o motivo pelo qual a Naya tenha que voltar para a Austrália, mas espero que não aconteça.:(
Quanto ao casal Damarys e Rachel, está tudo lindo e emocionante, elas se amam e espero que consigam se entregar e formar uma nova família.
Baci piccola escrittrice.
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HelOliveira
Em: 28/07/2019
Que lindo a relação que Damarys e Rachel estão construído...
Nossa essa possibilidade de separação da Nay e Valentina me deixa tristes, espero que isso não aconteça.
Reclamar de capítulo grande só louco, quanto maior melhor ainda adoro
Até o proximo
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Aurelia
Em: 28/07/2019
Olá, como estás? Torcendo pra que bem melhor. Quanto ao capítulo é um friozinho na barriga esse fim e um vontade de chorar junto com a Naya, o que fazer agora pra respirar se o seu ar não vai está mais contigo, separação de almas é doído demais e elas não conseguiram ficar separadas. Estou aqui numa ansiedade da p@@rra pra que domingo chego logo. Mal terminei de ler e já estava querendo mais... E pra tentar ajudar na meta vou ler desde o início e comentar nos capítulos que não comentei. Abençoada semana é fique bem...
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Rosie
Em: 28/07/2019
Olá autora
Vc é surpreendente, li o cap com medo de respirar rsrs
Raquel e Damarys são lindas demais juntas, ainda quero aquela conversa entre elas, Damarys precisa se desculpar...só acho kkkkk
Ailine sua casa vai cair, sua oferenda rejeitada, mulherzinha prepotente e arrogante, coitada da Íris, faça ela enxergar quem é a Ailine de vdd autora, de um fim apropriado a ela rsrs
O que já estava me deixando preocupada era essa novidade que Naya recebeu, será que é herança? Mas ela não precisaria voltar a morar na Austrália, olha sei que é loucura e tals...Leonard não está vivo está? Sei lá, a Naya passou muito tempo em coma, é melhor eu esperar até domingo kkkkkk
Autora querida não se esforce pra escrever caps menores por favor, adoro seus cap acima de 7 mil palavras
Esse foi curtinho rsrs
Te desejo uma ótima semana NH
Até domingo bjs bjs
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preguicella
Em: 28/07/2019
Uai, e quem é o doido que vai reclamar do capÃtulo muito grande?! Já vi reclamar de pequeno, agora grande, só se for doido! haha
Lindo Damarys e Raquel se entendendo. #chateada de Naya e Valentina em uma possibilidade de separação. Duvido que aconteça, estão tão apaixonadas que mesmo que tentem não vão conseguir ficar afastadas.
Vem domingo! Hahaha
Bjão
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Petra Herrera
Em: 28/07/2019
Eita coisa linda. Ver a Damarys e a Raquel se acertando é gostoso demais.
Autora, nunca, jamais, em tempo algum se policie quanto ao tamanho do texto. Escreva sempre muito. Nós agradecemos. Kkkkk
Fiquei só um pouquinho triste no final por causa das minhas personagens prediletas, mas sei que você não vai aprontar nada de escabroso .... Assim espero. Pena que domingo que vem tá tão longe.... Kkkk beijos
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Petra Herrera
Em: 28/07/2019
Eita coisa linda. Ver a Damarys e a Raquel se acertando é gostoso demais.
Autora, nunca, jamais, em tempo algum se policie quanto ao tamanho do texto. Escreva sempre muito. Nós agradecemos. Kkkkk
Fiquei só um pouquinho triste no final por causa das minhas personagens prediletas, mas sei que você não vai aprontar nada de escabroso .... Assim espero. Pena que domingo que vem tá tão longe.... Kkkk beijos
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cris05
Em: 28/07/2019
Em relação à Raquel e Damarys, meu coração está até mais leve. Finalmente elas estão se permitindo viver esse sentimento tão lindo.
Por outro lado, estou tensa com a Naya e Valentina. Como resolver este impasse? O jeito é rezar para a semana passar rápido e chegar domingo e com ele o próximo capítulo.
NH, eu AMO capítulos longos! Fico até chateada quando vejo" notas finais". É sinal de que o capítulo está acabando...rsrs.
Boa semana!
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NovaAqui
Em: 28/07/2019
Eita que a coisa ficou tensa para elas. Uma quer Berlim e a outra Austrália. Vamos ver como isso irá ser resolvido
Damarys e Raquel lindas
Fiquei sem saber o que falar com esse final kkkk
Boa semana para você nessa sua Terra Linda!
Abraços fraternos procês aí!
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