Passiva Medrosa – Raquel Amorim
Lá vem ela de novo, posso escutar os saltos batendo contra a madeira, a roupa social colada ao corpo, e que corpo, caramba, ele me fode, me enlouquece apenas por observá-lo, por tê-lo perto de mim, as vezes acho que ela faz de propósito, porque sei, ela não precisa estar aqui o tempo todo, droga, ela é a gerente, porque infernos ela tem que vir até aqui embaixo e foder a minha calcinha?
Não tento entender, pois ela vem diretamente para mim. Oh, caramba. Seus olhos, aqueles negros maravilhosos, ardentes, sexys, completamente dominadores. Eles gritam por comando, por ativa, “Alfa”, ela é uma mulher que adora mandar. Ah, puta que pariu, sim, sim, fode minha calcinha quantas vezes quiser.
— Esse está pronto? – A voz, merd*, até a voz dela me entorpece de desejo.
— Sim, sim senhora.
E de novo, de novo e de novo, mais um dia em que a vejo me encarar com aquele olhar penetrante e cheio de segundas, não, milésimas intenções, ah, ela quer, eu sei que sim. Sou uma pessoa trabalhadora, simples e pobre, mas não hipócrita, essa mulher me deseja, assim como eu abriria minhas pernas sem pensar duas vezes para ela.
— Vamos ver como está seu tempero, senhorita Mendes.
Ela pega a colher ao lado, ainda sem deixar de me encarar, leva até o pote em que eu trabalhava e tira um pouco do material batido, coloca em seu dedo e mais fascinante ainda, leva até sua boca. Ah, miserável, é proposital, tem que ser proposital. Não tem como ela entrar aqui todos os dias e fazer isso com meu psicológico, e detalhe, só experimenta as minhas misturas.
Seu dedo desliza por seus lábios, as unhas bem-feitas, sempre perfeitas. Com certeza sua língua deve estar brincando com a pontinha dele, imagino o que aquela língua pode fazer em partes mais sensíveis, ah, piriquita, se aquieta, não fique molhada agora. Mas a quem quero enganar? Estou excitada desde o momento em que ela veio em minha direção.
Engulo seco, respiro com dificuldade, estou suando, tenho certeza, estou transbordando por todas as partes do meu corpo, cada poro, cada pedacinho desse corpo que quero entregar completamente a aquela mulher. Passiva idiota. Uma passiva que ficaria de quatro sem hesitar para aquela fodida mulher dos infernos, sedutora e sexy.
Então ele começa a sair de dentro da boca dela, lento, fazendo minha imaginação criar expectativas sobre aquele dedo e aquela boca, fazendo minha libido foder não só minha mente, mas meu corpo inteiro. Simples, mas me deixa louca de desejo.
— Maravilhoso como sempre, senhorita Mendes, nunca decepciona.
E lá está o sorriso de lado, com a mesma boca que faz parte da imaginação das minhas noites. Trabalho nessa confeitaria há três meses e essa mulher dos infernos continua me fazendo hipnotizar por aquele ato dia após dia, semana após semana, mês após mês, acho que nunca estive tão afetada por alguém assim antes.
— Obri... Obrigada, senhora.
Ela me encara, o mesmo olhar que vem me fazendo ter os mais maravilhosos sonhos eróticos, que vem me fazendo ter as mais pervertidas fantasias, e mais que isso, que vem me fazendo gostar ainda mais de chocolate, ela mistura as duas coisas que mais estou gostando nos últimos meses, confeitar e aquela boca maravilhosa.
—Delicioso. – Ela passa a merd* do fodido dedo nos lábios que tanto quero entre minhas pernas. — Nos vemos amanhã, senhorita Mendes.
Ah, eu sei que sim, sua maldita, eu sei que sim. Porém eu não consigo falar, pois meu olhar está apenas na sua boca que deve ser uma delícia. Minha cabeça se movimenta em afirmação, pois estou hipnotizada. Ela está sorrindo, maldita fodedora de mentes. Então se vira para ir para o andar superior, na sua sala com ar condicionado que também me faz pensar muita sacanagem.
— Senhora Beatrice.
Então ela se vira. Seu olhar negro, seus cabelos longos e lisos caídos nos ombros, ela espera, assim como eu queria ter coragem para falar, como eu queria ter impulso para dizer, mas não consigo, sou uma fodida passiva medrosa.
— Sim, senhorita, Mendes. – Ah, voz molha calcinha dos infernos.
—Algum pedido especial para amanhã? – Medrosa, meu interior grita, acho que seus olhos negros também pensam a mesma coisa.
— Surpreenda-me, senhorita Mendes.
Então ela sai, levando consigo não só o som dos saltos na madeira do chão, não só seu rebol*do tentador, não só minha coragem de dizer algo tão provocativo quanto ela faz comigo, como também levando aquela boca e aqueles dedos que começaram a fazer parte das minhas perversões mais íntimas.
Maldita Passiva Medrosa. Respiro fundo e volto ao trabalho na batida da minha mistura de chocolate com morango, pois o dia seguinte eu tinha que ser surpreendente.
Fim
Fim do capítulo
O Grupo Conexão Literária Agradece a Participação da Autora e informa que a mesma autorizou o compartilhamento do seu texto.
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