Capítulo 13
Capítulo 12
Pov Mirela
A noite tinha sido carregada de insônia e quando eu conciliava em alguns momentos o sono, eu sonhava com meu pai, no sonho eu o via acariciando os cabelos de Milena e dizendo a ela que tudo ficaria bem. Depois eu o via segurando a minha mão e caminhava comigo por campos floridos. Depois ele me levava para uma casa e lá estava a minha mãe que vinha ao meu encontro e me abraçada dizendo: - seja bem vinda, minha querida, está tudo bem agora... – e acariciava meu rosto enxugando uma lágrima que descia. Acordei com o corpo trêmulo desejando a presença de Helena.
A noite terminou e eu me sentia cansada. Helena chegou do plantão, tomou banho e deitou-se ao meu lado, enrolando-me no seu abraço. Meu coração jubilou-se naquele aconchego e espantei as minhas inquietações. Logo depois ela levantou-se e seguiu para a universidade, sem deixar de me indagar.
- Como você está, meu amor?
- Estou bem, querida, sente-se um pouco aqui ao meu lado.
Ela sentou-se. Seus olhos azuis cobriram os meus quando eu comecei a falar.
- Eu a amo, muito... eu quero que saiba que esse tempo ao seu lado foi o tempo que eu fui mais feliz, que eu me senti mais amada. Helena, se algo acontecer comigo...
- Eii do que está falando? – ela me interrompeu colocando sua mão perfumada sobre os meus lábios, eu tomei sua mão e beijei, tirando-a com carinho e segurando.
- Por favor, meu amor, é importante que me ouça. Eu vou lutar sempre, mas se caso chegar o momento de outra batalha e eu perder... olhe para mim, por favor, eu quero que se eu perder a próxima batalha, você nunca se esqueça que eu te amo. E nunca se esqueça que além de mim, com certeza tem outra mulher que também a ama. E eu desejo que olhe para ela com carinho e que reconheça o amor em seus olhos... Helena, eu desejo mais do que isso, eu quero que se permita a amar de novo...
Eu estava ofegante e parei um pouco.
Ela tirou os olhos dos meus, mas eu vi o brilho de uma lágrima quando ela os virou para a janela que estava aberta deixando adentrar uma brisa suave.
- Meu amor, eu sei... – eu voltei a falar, precisava falar, talvez não tivesse mais tempo, - eu sei que erramos muito, que começamos de maneira equivocada, eu traindo Fernanda e você me enganando, mas o tempo nos deu a oportunidade de rever nossas atitudes e o amor foi o que nos moveu... e você é grandiosa para amar, então... se eu perder a próxima batalha, não morra junto comigo, ame a vida, ame seu trabalho, ame todos os dias e todas as oportunidades. Helena, eu sei que é um paradoxo o que eu vou falar, mas foi quase morrendo que eu aprendi a viver... foi quando conheci a doença que aprendi a valorizar a saúde, quando perdi o amor de Fernanda que eu conheci o amor por você e foi nos perdendo, que nos encontramos. Eu sei que talvez eu não tenha mais muito tempo para viver esse amor, mas onde quer que eu vá ele estará aqui, - disse isso e coloquei a mão sobre a minha no meu coração.
Helena estava em lágrimas e eu também. Nossos lábios se uniram e nos beijamos sentindo o gosto das lágrimas que molhavam nosso rosto. Ficamos durante alguns minutos abraçadas e deixando o pranto amenizar a dor que sentíamos.
- Está sentindo alguma coisa, meu amor? Eu posso faltar aula hoje, fale a verdade...
- Vá tranquila, meu amor, se eu precisar de algo urgente, ligo para Milena. Eu te amo...
- Eu te amo, Mirela, muito. – ela disso isso e seguiu para a universidade. Um vazio tomou conta do meu coração e senti o calor das lágrimas arderem meus olhos novamente e os fechei. Uma brisa suave adentrou mais uma vez pela janela, quando um cheiro agradável das rosas invadiu meu nariz e eu respirei, buscando na minha mente a imagem do meu pai. A brisa adentrou mais forte como se desejasse trazer a presença dele para junto de mim. Fiquei ali deitada sentindo que a vida talvez me exigisse mais um desafio. Embora tudo parecesse estar bem, eu sentia o contrário, sentia que algo estava estranho e isso me fazia ter medo. Sempre que eu comia, eu sentia como se estivesse inchada, como se tivesse ingerido um boi ou algo parecido. Muitas vezes recorria ao vômito para poder diminuir aquele mal estar. Sentia cansaço demasiado especificamente naquele dia e liguei para Milena, que chegou pouco tempo depois que Helena tinha saído.
- O que houve minha amada? Vamos ao hospital, já liguei para Saima que estará nos aguardando.
- Milena, por favor, não preciso ir ao hospital, é apenas um mal estar... só queria companhia, - eu disse ofegante.
- Ei... é claro que precisa, lembra-se do que disse a doutora Saima, seja lá o que for que sentir de anormal, é preciso falar com ela. Vamos, venha eu vou lhe ajudar a vestir-se melhor...
- Não precisa minha amada, eu consigo fazer isso.
Milena sentou-se numa poltrona macia que tinha ali e ficou me aguardando. Depois seguimos ao hospital onde Saima já nos esperava. Seu abraço envolveu meu corpo e eu senti uma sensação maravilhosa ali dentro daquele aconchego, depois fez o mesmo com Milena, que também tinha caído de amores por aquela mulher.
- Eu queria conversar com Mirela, a sós, Milena se você não se importar...
- Sim, claro, doutora, eu aguardo aqui mesmo.
E minha irmã sentou-se num sofá confortável, pegando uma revista, enquanto eu segui com Saima para a sala.
- Sente-se, Mirela.
Aquiesci e ela fez o mesmo do outro lado da mesa. O aroma que exalava daquele corpo de pele negra, adentrava o meu nariz e me causava deleitamento ao aspirá-lo. Ela deitou seu olhar manso e perscrutador sobre mim e disse:
- Como tem se sentido, Mirela? Por favor, não me esconda nada. Temos seguido rotineiramente as consultas mensais, você escondeu algo durante esse tempo ou somente agora começou a sentir mal estar?
Eu senti vontade de mentir, mas era difícil sobre a mira daquele olhar que tanto me acalentava, e sob a sua mira eu não consegui mentir. Mexi-me lentamente na cadeira e pigarreei.
- Estou sentindo-me mal alguns dias, - omiti o tempo, parei um pouco olhando pela vidraça evitando que as lágrimas descessem sobre meu rosto, eu estava fragilizada novamente, mas com esforço, eu consegui evitar o pranto.
- Alguns dias?... Sim... E o que tem sentido?
- Sempre que como, sinto-me inchada, empanzinada, como dizia a minha mãe. Algumas vezes após a refeição, tenho buscado vomitar para evitar a intensidade do mal estar. Sinto dores, vez ou outra nessa região, - e desci a mão sobre a região do fígado.
- Ok... tem ido ao banheiro normalmente?
- Tem três dias que não consigo...
- Três dias que não defeca, é isso? E porque não me ligou? Mirela...
- Sim, mas isso para mim é normal, sempre tive prisão de ventre, então...
- Mirela, eu acho que você não entendeu o que eu lhe disse na última consulta, nada para você agora, é normal. Eu vou lhe internar para fazermos alguns exames.
- Saima, por favor, eu não quero ficar aqui...
- Eu sei disso, mas não é questão de querer, você precisa ficar.
Saima interfonou para a secretária e logo Milena adentrava a sala.
- Sente-se, Milena. Sua irmã será internada para alguns exames, então providencie algumas coisas para ela, roupa e objetos de higiene e traga. Já vou preencher o pedido de internação.
- O que está acontecendo, doutora Saima?
- Eu ainda não sei, mas vou pedir todos os exames e saberei o que está acontecendo assim que tiver o resultado deles em mãos.
Milena seguiu para a minha casa, depois de me beijar o rosto com carinho. E eu segui para um quarto. Deitei-me. Helena chegou algum tempo depois. O olhar com o qual Saima a cobriu era visivelmente carregado de amor e ali eu constatei o que vinha suspeitando algum tempo. Fechei os olhos quando Helena beijou suavemente os meus lábios, agradecendo a Deus, porque Saima amava a mulher que em breve eu deixaria. Meus olhos sentiam o calor das lágrimas, mas eu as suplantei mais uma vez.
- Eu pedirei os exames amanhã pela manhã, Helena, pois hoje vamos manter uma dieta leve e o soro, está bem assim?
Helena concordou. Saima acariciou minha mão e disse:
- Vamos vencer mais esse desafio, estamos combinadas?
Eu sorri e meneei a cabeça de maneira positiva. Saima saiu, deixando-me sozinha com Helena que colocava o soro enquanto ia falando de como tinha sido sua aula daquele dia. Um sono foi tomando conta de mim e adormeci.
A tarde ia caindo. Eu abri os olhos e Saima estava ali ao lado de Helena, falavam de alguns pacientes sem notarem que eu havia acordado.
- Ela ficará bem, Saima?
Helena tinha os olhos azuis dentro dos negros de Saima que a olhava enlevada e de maneira respeitosa. O amor saltava naquele olhar negro e eu sentia que Helena um dia iria corresponder, um dia quando eu partisse e que ela sentisse o peso da solidão, descobrindo no amor da doutora, a possibilidade de ser feliz. Saima era uma mulher inteligente, linda e as duas tinham muitas coisas em comum, então, eu poderia descansar em paz. Eu amava Helena, mas não queria que ela amargasse a dor minha partida por muito tempo, isso me fazia sofrer. Eu sabia que não teria mais chance contra ele, o maldito câncer, não sairia vencedora daquela batalha. E em minhas conjecturas eu vivia um paradoxo, ao mesmo tempo em que o câncer me destruía, ele me reconstruía, paradoxo sim, mas era real, eu havia aprendido muito e tinha mudado a minha vida desde que ficara doente. Havia sido no calor da dor daquela maldita doença que eu tinha conhecido o amor e não somente por Helena, mas pela vida. Foi de frente com a morte que eu aprendi a desejar viver, como meu pai falava, viver da melhor maneira possível, respeitando os reais valores da vida. E então foi nesses momentos que eu vi o quanto Milena me amava e eu a ela. E foi diante o espelho, vendo-me careca, magra que eu entendi que a vida era muito mais do que as joias que eu ostentava. E que era muito mais do que a conta bancária vultosa que eu tanto sonhara, a vida era muito mais do que tudo o que eu havia valorizado antes dele, do maldito câncer. Ele havia sido meu grande mestre, ele tinha me ensinado como viver melhor e agora voltava para me destruir.
Pensava tudo aquilo enquanto olhava para as duas, meus grandes amores. Sim, eu amava Saima, de uma maneira diferente do que eu amava Helena. O que eu sentia por Saima, era o tipo de amor que eu somente tinha conhecido depois dele, do maldito câncer. Realmente era mesmo um paradoxo, ele tinha me ensinado a viver, me fazendo morrer.
Saima deitou seu olhar sobre mim e caminhou até a cama onde eu estava pedindo que Helena saísse por alguns minutos.
- Como se sente? – era o sexto dia seguido que me perguntava aquilo e sempre com aquele olhar carregado de esperança.
- Melhor, - eu disse.
- Mirela, nesses dias que ficou sem ir ao banheiro defecar, você por um acaso vomitou?
- Sim, uma vez, aiii foi horrível, - eu disse recordando o mal estar que senti e o mau cheiro que invadiu minha narina com o ato.
- Tinha um mau cheiro diferente das outras vezes?...
- Sim, um cheiro horrível de...
- Fezes?...
- Sim, - eu respondi e Helena adentrou novamente o quarto, avisando que um paciente precisava da doutora. Saima saiu encerrando o assunto e saiu.
Helena beijou-me sobre os lábios e indagou:
- Como se sente meu amor?
- Melhor que ontem...
- Eu passei apenas para lhe dar um beijo, preciso ir ver outros pacientes, mas volto assim que puder...
As paredes brancas do quarto pareciam ter olhos e eu os reconheceria em qualquer lugar, eram os olhos do medo que mais uma vez rondava-me sem compaixão. Fechei meus olhos e busquei a imagem do meu pai, relembrando-me dos momentos de nossa infância e de como ele era forte em momentos de desafios. Intimamente rezei, eu acho, fiz um pedido a Deus, ao meu pai na verdade, ele era mais acessível, eu tinha certeza do seu amor por mim. E de olhos fechados pedi a meu pai, que se eu morresse, oh! Meu Senhor, eu ia morrer, eu sabia, mas que ele ajudasse Milena a ser sempre muito feliz e que se a filosofia de reencarnação que aquela mulher havia me falado, ali no dia anterior, fosse real, que eu pudesse um dia voltar ao lado dela, perto dela, fazendo parte da vida dela.
Era o meu segundo dia de internação, quando uma mulher de olhar miúdo adentrou meu quarto depois que pediu licença. Ela trazia um livro na mão. Indagou-me o que me mantinha ali no hospital e eu disse. Ela perguntou se podia ler um pouco para mim, recordei-me de quando Helena fazia isso vestida de Elsa, eu me sentia bem e consenti. Ela abriu um livro e leu uma passagem de Jesus, onde dizia que Elias já tinha voltado. E então me falou da reencarnação e de como nos encontrávamos com as pessoas amadas do outro lado, da vida, ela disse. Relatou-me que a morte não era o fim de nada e nem de tudo, que a morte era apenas do corpo que velho e cansado voltava à mãe terra. Saiu depois de algum tempo e eu a agradeci. Eu nunca tinha parado para pensar nisso, embora soubesse da existência de filosofias assim permeando alguns credos, mas a verdade é que pensar naquilo me fez bem. Se um dia eu voltasse, assim como Elias, eu queria está perto de Milena, eu queria ser alvo do seu amor. E depois pedi a Deus que quando eu partisse Helena pudesse encontrar no amor de Saima o bálsamo para o seu coração entristecido, que ela pudesse se permitir amar novamente. E abri os olhos quando o perfume suave de Milena adentrou a minha narina.
- Como se sente hoje, minha amada?
- Melhor do que ontem.
Milena sorriu e me beijou.
- Saima me disse que os exames devem ficar prontos, semana que vem... – Milena disse, quando uma enfermeira adicionava algum remédio ao soro silenciosamente e saiu.
A tarde caía. O sol ia deixando o universo com um manto colorido de matizes variados e eu olhava pela janela de vidro, sentindo a mão de Milena acariciar meu cabelo que já cobria todo o couro da minha cabeça. Fechei os olhos quando uma brisa suave adentrou a janela e fiquei ali sentindo prazer imenso que aquele gesto de amor da minha irmã me causava.
Saima e Helena adentraram meu quarto, Milena se despediu já era noite e seguiu para casa. Meus olhos cobriram as duas e eu senti mais uma vez que Helena e Saima fariam um casal bonito. Novamente rezei silenciosamente, pedindo ao meu pai que fizesse Helena ver em Saima a mulher que lhe faria feliz e que amenizaria a dor do seu coração quando eu partisse. Uma lágrima brilhou em meu olhar e Saima percebeu.
- Helena, será que pode dar uma olhada na paciente do quarto 345? Esqueci-me de dar uma passada lá, diga a ela que irei assim que eu puder.
Helena beijou-me e saiu.
- Eu vi uma lágrima dançar nesse olhar... quer falar sobre isso? – Saima indagava com a voz carregada de amor.
- Saima, feche a porta, por favor, - ela atendeu o meu pedido e voltou, sentando-se ao meu lado no espaço da cama que eu havia deixado.
- Mirela, esse é mais um desafio e eu sei que você vai vencer...
- Saima, eu não vou vencer, você sabe disso... mas, vou continuar lutando, - uma lágrima quente molhou meu rosto e ela limpou com carinho. – Eu vou lutar até o final, mas, por favor, caso eu perca essa batalha, cuide de Helena, por mim. Saima, eu amo você, sei que sabe disso, sei que sabe que a amo muito além da doutora maravilhosa que você. Somos mais que paciente e médica, somos amigas... – parei um pouco, estava ofegante, um cansaço se apossava de mim sempre que falava por algum tempo. Saima pegou um copo e o abasteceu com água entregando-me e disse.
- Não precisa falar agora, beba e descanse.
Eu sorvi um gole e depositei o copo na mesinha ao lado.
- Eu preciso falar Saima, talvez não tenha mais tempo... olhe, eu sei do seu amor por Helena, não, por favor, não fique assim, - eu disse percebendo que ela havia ficado constrangida. - Eu fico feliz, sim, porque eu amo Helena e sei que ela vai sofrer quando eu partir. Fique ao lado dela, eu sei que o tempo fará com ela reconheça em você a mulher que a fará feliz. Não se envergonhe, por Deus, não, eu sei que isso não foi planejado e sei que nunca traiu a minha confiança e o meu amor por você. Eu peço a você, Saima, quando eu partir cuide de Helena, deixe que ela perceba o seu amor e aceite o dela, caso um dia ela venha retribuir... e eu sei que irá retribuir...
- Você vai vencer isso, minha querida, eu tenho certeza...
- Eu amo você Saima e sei que Helena estará em boas mãos, assim como eu estive todo esse tempo... você sabe que esse desafio eu não vou vencer... Mas, estou feliz, fui feliz, a mulher mais feliz ao lado de Helena. Saima... só mais um favor...
- Sim minha querida, diga...
- Cuide de Milena também...
O sono ia me vencendo... minha voz ia sumindo... diante o olhar negro daquela mulher que eu tinha amado desde primeiro instante, e meus olhos já se fechavam para o sono quando vi o brilho de duas lágrimas descendo pelo rosto de Saima.
O dia amanhecia. Helena estava ali acariciando meu rosto quando meus olhos se abriram para mais um dia ou quem sabe, menos um dia. Outro paradoxo, cada vez que agradecia por mais um dia, eu percebia que era menos um dia, que mais perto estava dele, o maldito câncer me consumir. Eu esperava o resultado dos exames, embora soubesse que ele seria contra mim, mas eu precisava enfrentar mais aquele incitamento. Sorri para ela que beijou-me os lábios me desejando um bom dia.
Logo depois Saima e Milena adentraram o quarto.
- Mirela, ouça o resultado dos exames saiu... vamos precisar fazer mais um cirurgia, pois o seu fígado foi atingido e...
“... a morte está vindo lhe buscar... sim ela está chegando. Ele sairia vencedor, como eu tinha previsto, o câncer venceria... Helena meu amor, cuide-se. Saima, por favor, não deixe Helena sozinha, você a ama e com o tempo ela vai entender isso e eu sinto que ela também lhe devotará amor, um dia...”
Vozes se misturaram ao que a doutora falava e eu não disse nada. Milena tomou minha mão e acariciava enquanto Saima continuava falando, mas eu já não registrava mais, eu já tinha a minha sentença.
- Posso falar com Milena, a sós?
Helena e Saima saíram dizendo que a cirurgia seria às vinte horas.
- Mi, eu amo você, muito... perdoa-me todo esse tempo... olha eu sei que vou partir...
- Não fale isso, você já venceu uma batalha e vai vencer mais essa...
- Por favor, Milena, me ouça... eu sei que vou partir, sei que essa batalha será ele o vencedor. Mas, ouça, minha amada, eu seguirei em paz, pois foi ele, o maldito câncer que me ensinou a viver melhor. Mi, se o que a mulher que veio aqui me falou for verdade, se realmente existir reencarnação e eu puder voltar, eu quero vir para perto de você... – eu disse isso e sorri, Milena sorriu também e disse.
- Se isso for verdade, eu ficarei feliz e se um dia aparecer alguma criança linda assim como você, eu adotarei com prazer e lhe darei seu nome. Eu a amo muito minha irmã... agora pare de falar bobagens, porque essa batalha você será novamente vencedora.
- Mi, você pode me fazer um favor?
Ela balançou a cabeça, esforçando-se para que uma lágrima não caísse.
- Cuide de Helena, por mim, faça com ela enxergue o amor que Saima tem por ela e ajude com ela entenda que pode amar novamente. Promete?
- Eu prometo. Agora descanse um pouco, logo será a sua cirurgia e depois vamos rir dessa conversa tola... – disse isso e me beijo a testa.
Era quase noite quando segui para a sala de cirurgia. Olhei mais uma vez o rosto de Helena, queria levar comigo a imagem da mulher amada, da mulher que havia me ensinado tanto. Desviei meu olhar e cobri os olhos de Saima, ela sorriu e piscou para mim dizendo:
- Essa vitória será sua novamente... acredite.
A anestesia foi aplicada. E eu ouvia ao longe a voz macia de Saima pedindo tesoura e mais alguma coisa que não entendi. Helena estava ali auxiliando junto a outros auxiliares. As luzes apagaram e as vozes sumiam... e eu adormeci...
Fim do capítulo
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Brescia
Em: 17/07/2019
Boa noite mocinha.
Me emocionei muito com esse capítulo, também penso que a reencarnação existe e que estamos aqui de passagrm para melhorarmos e a Mirela conseguiu encontrar a paz que precisava.
Bravissima piccola escritrice.
Resposta do autor:
Bom dia, Brescia, eu também comungo da ideia da reencarnação, caso contrário a vida fica um pouco sem sentido, não é verdade? O que explicaria tantas diversidades e desigualdades, não é mesmo? Mirela encontrou a paz nos momentos de maiores desafios e isso é maravilhoso! Obrigada pelos comentários. Aguarde mais um capítulo hoje, rss
Bjs no coração.
Leoni
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Brucourt
Em: 16/07/2019
Um capítulo triste e cheio de emoções.
Se superando a cada dia autora. Parabéns pela maravilhosa escrita.
Bjs
Resposta do autor:
\verdade, Bru, tirste mesmo, mas faz parte da vida. O mais bacana é o ensinamento que Mirela nos deixa, não é verdade? muitos de nós passamos parte da nossa vida sem viver de verdade...
Amando todos os seus comentários, tenha certeza que isso me inspira ainda mais.
Bjs
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Josiane
Em: 16/07/2019
Nossa que intensidade de emoções foi esse capitulo ,parabéns autora.
Resposta do autor:
Boa tarde, Josiane, verdade foi muito intenso nas emoções, confesso que revivi alguns fatos da minha vida pessoal, a perca de uma pessoa muito amada, com essa doença que atingiu Mirela, mas ela também me deixou uma grande lição. Obrigada pelos seus comentários, isso para mim é prêmio, rssss... eu adoro muito ler cada um deles.
Não sei se conhece A garota favorita, essa história também é minha, caso deseje ler...
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